Instituição JGMB - Interativa escrita por AceMe


Capítulo 7
Descobertas Que Levam a Aparentemente Lugar Nenhum


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão, leitores amados?
Não vou nem pedir desculpas e dar todo aquele lenga-lenga dos motivos por ter ficado duas semanas sem postar. Os mesmos motivos de sempre: Semana de provas e envolvimento em um projeto da escola. Se eu ficar um tempo sem dar oi, já sabem o que ocorreu.
Bem, então é isso. Espero que gostem e boa leitura!



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Os bastidores atrás da Sala Mestra não eram nada mal. Tinha um abastecimento razoável de água e comida para o caso de uma longa reunião. As paredes brancas e o chão de madeira davam um ar tranquilo ao ambiente, como se nada fosse acontecer ali. Como, por exemplo, o diretor da Instituição chegar vomitando rodeado de pessoas.

Harold estava realmente mal. Seu rosto parecia levemente esverdeado e exalava um mau hálito para todos os lados que se virava. Aquele já deveria ser o terceiro balde que usava para pôr a comida para fora. Reconheceu até mesmo a janta no meio de toda aquela gororoba verde e aguada.

Harold estava evidentemente envergonhado. Vomitara na frente de seus pupilos e, de certo modo, fizera com que os outros especialistas fossem socorrê-lo. Anjuta Simeonov, especialista búlgara em estratégia, chamava um dos funcionários da limpeza para arrumar a bagunça, enquanto Arthur Guedes, especialista brasileiro em negociações, batia de leve em suas costas para tentar melhorar a situação, entre outros.

–Mais um balde saindo! – O loiro chegava com outro recipiente de metal para substituir o último.

Isso que era o mais estranho. David Moore estava sendo legal com ele. Depois dos foras da noite anterior, Harold poderia jurar que eles seriam uma espécie de rivais, mas parece que David não planejava isso. Muito pelo contrário, parecia até que estava se esforçando para ser um amigo. Mas Harold não teve muito tempo para pensar nisso, pois logo um jato verde saiu de sua boca ao balde.

Dessa vez, saiu muito menos do que ele havia botado para fora antes. Não podia continuar daquele jeito, com todos ao seu redor e os aprendizes sozinhos, somente na presença dos guias. Meio contra peso, se levantou e desajeitadamente deu um passo para desviar do balde. Os outros especialistas ao seu redor ficaram surpresos pelo movimento repentino dele, pois não parecia estar nada melhor.

–Venham. É melhor voltarmos e darmos uma explicação a eles. – A voz dele estava baixa e enjoada. Não era nada convincente.

–Tem certeza, senhor Laudrup? –Jessica Manson, a especialista escocesa em geografia, alertou-lhe. – Você não parece ter melhorado muito.

–Manson tem razão, senhor. – Moore interviu. – Está muito pálido e mal consegue andar direito. Me desculpe, mas se planeja aparecer assim, é melhor permanecer aqui. – Ele se aproximou ainda mais do diretor, que apoiando-se nas paredes, estava indo na direção do palanque da Sala Mestra. – Tenho comigo alguns remédios para enjoo. Se eu fosse você, não dispensaria.

Harold olhou bem para os comprimidos que Moore havia acabado de retirar do bolso da calça. Os pensamentos de Harold estavam muito embaralhados para pensar se confiaria nele ou não e aceitou o medicamento. No fundo, estava tão desesperado por algo que o melhorasse, que pegou-os da mão de Moore e sem nem precisar de água, engoliu-os de uma só vez.

Todos apenas seguiram o diretor até a frente, tentando faze-lo não cair. Todos menos Moore, que seguiu sorrindo atrás deles.

...

–Aqui! Eu achei alguma coisa! – Carol falou abrindo um livro sobre a mesa e procurando a página desejada.

O grupo todo se reuniu ao redor, menos Henry e Arícia, que continuaram sentados do lado oposto da mesa. Depois que Laudrup saiu com os outros para a parte de trás vomitando, alguns funcionários foram limpar a bagunça. Agora, todos já estavam de volta, inclusive o diretor, e passavam as vezes pelas mesas para auxiliá-los. Miguel permaneceu o tempo inteiro sentado na cabeceira da mesa, sem ter o que fazer.

–Achei! – Carol pôs o dedo sobre o segundo paragrafo e retirou um pouco os óculos de leitura. – Esse livro fala sobre os conflitos no Oriente Médio. Parece que essa história toda é mais antiga do que parecia.

–É mesmo. – Isis apontou para uma parte do livro. – Aqui diz que há uns trinta anos atrás, a Rússia e o Oriente Médio entraram em guerra para conseguir uma informação do laboratório deles. Parece que estavam trabalhando em algo muito secreto.

–Mas é claro! – Jean exclamou de repente. – A guerra Árabe-Russa. Quando a Rússia suspeitou de que o Oriente Médio estava produzindo sem consentimento da ONU uma arma que diziam ser mais poderosa e eficaz do que as nucleares. – Ninguém esperava que Jean realmente soubesse de algo.

–Ah, sim. Me lembro das aulas de história. – Ed começou. – Mas, é praticamente impossível de acreditar em algo assim. Para ser mais poderosa que uma arma nuclear, deveria encontrar algum elemento mais radioativo do que plutônio ou urânio, ou pelo menos mais potente do que a que destruiu a China, que por causa dela, está há séculos praticamente inabitável. Além, é claro, de precisar reunir impressionantes conhecimentos em física.

–Mas não precisa ser necessariamente baseada em material radioativo. – Chris opinou. - Pode ser uma arma biológica, química, ou algum tipo de gás tóxico.

–Ou então algo mecanizado. – Hyun-ae sugeriu outra hipótese. - Pensem bem: Na visão governamental as pessoas podem ser substituídas, mas computadores onde estão armazenados os segredos mais confidenciais, caso alguém de fora consiga as informações não tem mais volta.

Henry lentamente se aproximou de Arícia e murmurou em seu ouvido:

–Você está entendendo alguma coisa do que eles estão falando?

–Não.

–Nem eu. – Os dois não puderam deixar de sorrir um para o outro. – Cara, o que eu vim fazer aqui?

–Parece que nós dois viemos fazer papel de trouxa. – Arícia respondeu com bom-humor. – Eu fico quieta, a não ser se for para zoar meu primo, e você, bovino, fala mal de tudo o que nós fazemos que você não seja acostumado.

Henry expressou um esboço de risada sem graça em seu rosto.

–Não entendo como Chris pode se achar traumatizado por você. Você até que é engraçadinha.

–“Engraçadinha”? “Traumatizando o Chris”? Olha quem fala. O puxa-saco do Edward. – Arícia começou a tentar imitar a voz do Henry. - “Ó, Ed! Você saiu sem comer, aí eu te trouxe um bombom! Aproveita e vomita arco-íris em mim depois, para eu ter o prazer de limpar sua sujeira!”.

–Ei! O rapaz tem uns problemas sérios. Só estou tentando ajudar. Diferente de você, a senhorita “Ó, Chris Christian! Meu priminho precioso, quer que eu te dê de comer? Oh, essa não! Um fio de cabelo seu caiu! Quer que eu cole novamente em sua cabeça, ou posso usar como fio dental para o resto de minha vida?”.

–Nossa, o Senhor Gentileza sabe revidar. – Arícia disse ironicamente, o encarando de cima para baixo.

–Somente quando estou muito nervoso.

–Gente! – Isis estalou os dedos na frente dos dois para chamar a atenção deles. – Não sei se o casalzinho reparou, mas estamos em um grupo sério aqui!

Arícia e Henry coraram um pouco por terem que serem chamados a atenção. Chris os observava com um ar desconfiado, mas pensando melhor, desde que o diretor se recolhera em outro lugar, ele olhava para tudo com certa suspeita.

–Senhorita Khumalo, me desculpe, mas você realmente é meio... Exaltada. – O guia Miguel se intrometeu. – Senhorita Ford e Senhor Murray, compreendo que vocês não saibam do que eles estão falando, mas vocês são um grupo. Poderiam pedir para eles, ou então para eu explicar.

–Tudo bem, Miguel, mas não precisa chamar a gente pelo sobrenome. – Arícia respondeu.

–Me lembrarei disso, Arícia. – Ele sorriu. Isis pareceu não gostar da forma como ele se referiu a ela. Ela realmente achava Miguel irritante. – Podem continuar agora.

–Bom, continuando... – Carol recomeçou. – Acho que para realmente entendermos ao que está acontecendo, precisaríamos conversar com algum russo ou mediano para ficar por dentro do que está acontecendo.

–Mas, onde nós acharíamos um russo no meio de tanta gente? – Hyun-ae apontou para os lados. – Levaria muito tempo até encontrarmos alguém.

–Caham! – Miguel tossiu do lado dela. A tosse de quem quer chamar a atenção. - O erro de vocês é quererem procurar a distância quem está bem perto de vocês.

Henry olhou-o de uma forma um tanto quanto confusa.

–O senhor é russo? Você parecia ter uma cara de árabe, mas eu tenho cara de indiano e sou inglês, então acho que é valido.

O árabe não pôde deixar de conter um pequeno sorrisinho.

–Não, eu não sou russo. Sou mediano.

O grupo todo parou tudo o que estava fazendo e o encarou. Um mediano? Isso era impossível! Deviam ter ouvido errado, só pode! Mas, na verdade, haviam ouvido muito bem. Tirando o Ed, claro:

–O quê?

–Eu disse que sou nascido e criado no Oriente Médio.

–Isso não é possível! – Isis bradou. – Aquele lugar é uma ditadura! Ninguém sai, nem entra, quanto mais é chamado para sair.

Miguel assumiu uma expressão vaga.

–Vocês acham que lá é o que? A idade da pedra? Que moramos em cavernas e caçamos camelos para sobreviver? – O mediano se ajeitou. - Desculpe, mas não aguento quando falam assim de minha pátria.

–Mas, então como você chegou aqui? – Jean quis saber. – Quero dizer, de onde você é e por que está aqui?

–Bem, eu nasci na Jerusalém do Sul. Vocês sabem disso não, é? Da divisão de Jerusalém em Norte e Sul. Bom, quando eu era criança, e saia da escola judaica, ia direto para casa. Mas, um dia, eu tive que ficar mais um pouco por causa de um problema que teve lá em casa. Pensaram que eu era um dos alunos que iriam prestar uma prova para conseguir uma vaga no programa científico do governo. Nessa época eu deveria ter uns catorze anos, mas fui aprovado. – Miguel respirou fundo. – Porém, nunca fui mais do que um capacho lá, já que havia começado cedo demais. E então, o Diretor Laudrup me chamou para ser um guia. Se prestarem atenção, todos os outros guias terão histórias semelhantes. Nós todos temos a habilidade, mas nunca tivemos a chance de sermos bons como vocês.

–Espera, você quer dizer que era do programa científico médio? – Chris perguntou entusiasmado. – Então você é a solução! Pode nos contar tudo o que estão tramando!

–Não é tão fácil assim. – Miguel disse entre um gole e outro do cantil de água que ele havia pegado do cinto. Assim que terminou, devolveu-o ao lugar. – Lembra? Eu só fui capacho. Sei muito pouco sobre o que estavam planejando. Isso é, se eu sei alguma coisa. Tudo o que tinham me contado poderia ser só para disfarçar.

Antes que pudessem falar mais alguma coisa, um dos especialistas que acompanharam o diretor se aproximou deles com um leve sorriso.

–Olá. Eu sou David Moore, especialista em história. Como estão indo? Precisam de alguma ajuda?

Chris não deixou ninguém responder. Em sua terra, entre outras coisas, Chris era conhecido por prestar muita atenção até onde não era chamado. Percebeu algum grau de satisfação, ou então de alívio, quando o diretor começou a passar mal. Não sentia que ele fosse um cara em que se pudesse confiar, e resolveu seguir seus instintos.

–Não, senhor. Estamos bem e não precisamos de nada.

–Muito bem, então. Chamem se precisarem de algo.

Moore caminhou em direção à outra mesa. Arícia observou Chris de maneira confusa:

–Por que disse que não? Ele poderia ter nos ajudado.

–Ora, terá uma reunião uma vez por semana, lembra? Acho que até lá, nós devemos resolver tudo por nós mesmos, para vermos até onde conseguimos ir. – Chris inventou uma desculpa só para não ter que responder mais perguntas.

–Pode continuar então, senhor Miguel. – Ed pediu.

–O máximo que eu sei de projeto desse gênero no Oriente Médio é que há alguns testes com um tipo de veneno que parece que demora a fazer efeito. – Miguel percebeu que o grupo ficou um pouco desapontado com a notícia. – Mas, se quiserem, de noite eu posso fazer uma pesquisa intensiva sobre isso com meus relatórios.

–Seria bom. – Jean respondeu.

–Bom demais. – Isis completou – Essa história estava boa demais para ser verdade...

Nesse instante, parou ao lado da mesa, o diretor daquela instituição. Harold Laudrup, mesmo não se sentindo bem, estava tentando ajudar os grupos, apesar dos mesmos não o receberem bem. O olhavam feio e sussurrando ao seu respeito, como se ele fosse um ladrão. Chris não achava isso justo, afinal, não é todo dia que se está bem.

–Olá a todos, sou o Diretor Laudrup. Como estão indo?

–Estamos bem até. – Carol respondeu.

–O raciocínio lógico está fluindo. – Hyun-ae completou.

–Bom. – Ele assentiu com a cabeça. – Se precisarem de algo maior, se dirijam a mim diretamente. Estarei em minha sala.

Ao dizer isso, Laudrup se virou e andou em outra direção. Chris não aguentou e se levantou, ignorando os colegas perguntando aonde ele iria. Apertou o passo para chegar perto de Laudrup. Durante o caminho, ouviu alguém cochichar algo como “bêbado”, apontando na direção do diretor. Quando ele finalmente o alcançou, Laudrup se virou prontamente ao ouvir seu nome.

–Sim!? Algum problema?

–Senhor Laudrup, sou Christian Ford, do grupo cinco. Eu sei que vai parecer estranho, mas eu não confio no senhor David Moore, um de seus especialistas. Quando o senhor começou a passar mal lá em cima, ele parecia de certa forma aliviado. Eu sei que o senhor não acredita em mim, mas me sentiria culpado se não te dissesse isso. – Chris soltou tudo para fora.

Laudrup o escutou atentamente, sem desviar o olhar dele uma única vez durante o discurso. Quando terminou, ele pôs uma das mãos sobre o ombro esquerdo do menino. Tentando parecer calmo, disse:

–Eu acredito em você. Muito obrigado pela informação.

Laudrup então novamente se virou e continuou o percurso.

...

David estava andando pela Instituição, quando avistou Klaus Jorgensen no final do corredor. Assim que recebera a informação do que estava acontecendo com Harold Laudrup, terminou tudo o que tinha que fazer o mais rápido possível para ir falar com David. Sabia que sua unha não o enganara. David era o que estava cheirando mal nessa história, e não o chão onde Harold vomitou.

–Senhor Jorgensen! Boa tarde. O que faz aqui? – David perguntou como quem não quer nada.

–O que queres dizer perguntando o que eu faço aqui? – Klaus perguntou agressivo. – É melhor para todos se falares imediatamente! O que o senhor fizeste?

–Como assim o que eu fiz? Do que o senhor está falando?

–Não se faças de desentendido! O que colocaste na refeição de Laudrup? Veneno? Comida estragada? Laxante que sai do lado de cima? Fale-me tudo, não esconda-me nada!

–O senhor está querendo dizer que acha que eu... Causei o mal estar de Laudrup? – Moore parecia surpreso. – Mas é claro que não, Jorgensen! Por que eu faria isso? Até mesmo o ajudei a melhorar dando a ele alguns comprimidos para enjoo.

Klaus estreitou os olhos.

–Tentando ser amigo do diretor. Então é esse o seu plano. Se passar como um colega de Laudrup, para retirar todas as suspeitas de cima do senhor. Muito inteligente.

–Me desculpe, senhor, mas eu não sei do que está falando. Pode acreditar, eu sou inocente.

Klaus pôs dois dedos na frente dos olhos e os virou para David, enquanto voltava pelo caminho de onde veio, mostrando que mesmo saindo, estava de olho nele. David continuou pelo caminho contrário.

“Ele descobriu”. – Pensou. – “E imaginar que esse cara é um rival inteligente. Só espero que não seja o suficiente para descobrir o que eu pus no café da manhã de Laudrup.”.

...

–O que é isto? – Arícia perguntou ao ver o objeto estranho em sua cama.

Em todas as camas do quarto haviam sido postas bolas de metal que não estavam lá pela manhã. Arícia pensou que era ela que não conhecia essas modernidades, como aqueles óculos de leitura que traduziam qualquer idioma para o que estivesse habilitado, mas nenhum deles parecia saber também o que seria aquilo.

–O que é isto!? – Miguel começou. – Vocês devem ter reparado que aqui não tem sinal de celular.

–Sim! – Jean fez drama. – É praticamente um filme de terror! Não estarei surpreso se durante a noite o Peterson lá daquele filme pular de debaixo da cama e puxar meu pé.

–Então, como eu ia dizendo, vocês não tem sinal de celular, portando, para se comunicar com as pessoas do exterior, devem usar esse aparelho. Ele é como um celular comum, só que só liga.

–E como funcionaria isto? – Ed perguntou enquanto mexia no negócio.

Por sorte, ele conseguiu acionar o estranho objeto. Apareceu uma luz, que então se materializou na imagem de duas pessoas. Um homem e uma mulher, aparentando terem a mesma idade que ele.

–Ed! – A menina falou ao vê-lo. – Por que demorou tanto? Estamos aqui há horas esperando para conversar com você!

–Discreta como sempre, Annie. E, Mitchael, oi para você também. – Ed parecia estar feliz ao começar a conversar com seus amigos.

A partir daí, todos conseguiram ligar seus aparelhos.

–Daisuke, filho! Como está se saindo sozinho aí em casa? – Hyun-Ae perguntou a um menino que parecia ter uns catorze ou quinze anos.

–Mãe! Pai! Vocês não conseguem acreditar como aqui faz frio! – Carol comentou animada com um casal que parecia ter uns quarenta anos.

–Mãe, não briga comigo que pega mal! – Jean disse antes que a mulher pudesse abrir a boca. - Claro que eu não falei com você antes por causa do sinal...

–Pai, como você pode deixar esses chatos entrarem na sua casa? – Isis franziu o cenho para os homens ao redor de um com cabelos brancos. - Pelo menos manda eles embora depois de falarem com o Zulu.

–Olá, filho! Espero que esteja se divertindo na Instituição! – Um homem que parecia uma cópia mais velha e pesada de Henry o cumprimentou.

–Querido, não dê forças ao nosso filho! - A mulher ao lado dele não parecia tão feliz. -Henry Kamadewa Murray, como pôde mentir para sua mãe!?

–O quê? Mas eu não fiz nada! Sou inocente! – Henry ficou nervoso e parecia confuso quanto a mentira.

–Você disse para mim no aeroporto que não tinha mais aquele tigre de pelúcia, e olha o que eu achei no fundo de seu armário!

A mulher levantou uma das mãos e mostrou um tigre de pelúcia verde e um pouco sujo.

–Kléber! – Henry falou alto meio sem querer e logo depois tapou a boca.

Arícia não pôde deixar de dar uma risadinha. Nem todos lá eram o que ela achava que seriam. Hyun-Ae parecia uma adulta séria, e realmente era, mas não era severa como a fachada dizia. Carol parecia tímida a ponto de não falar nada, mas até que as duas conversaram muito por trás das câmeras. Henry para ela era um fresco sabe-tudo, mas na realidade era uma figura bondosa e disposta a ajudar. Isis parecia ser daquelas que só sabe dar foras, mas sabe que ela faz isso para que nada saia do controle, como a conversa dela com Henry na hora do trabalho. Sobre o Ed, ela ainda não tinha muito a dizer, já que ele era muito fechado e saia de repente, sem avisos. E Jean era o Jean mesmo.

E também tinha Chris, seu improvável primo distante. A aparência era a de um rico metidinho, daqueles que joga o copo de champanhe vazio em alguém passando simplesmente por ela não aparentar ser da mesma classe social. Já haviam feito isso com ela, e não foi nem um pouco legal. Principalmente porque depois de Arícia tê-lo dado um soco na face, chamou um dedetizador, e não a polícia para pega-la. Se fosse a polícia, teria sido menos humilhante. Até que Chris era um bom menino, só que demonstrar que não gostava da implicância dela com ele só a fazia querer implicar com ele mais.

Foi então que, ao se virar para vê-lo, percebeu que ele estava falando alegremente com um homem e uma mulher mais velhos, dois homens da mesma idade que ele e um menino e uma menina pequenos muito parecidos. Seria essa sua família? Ou melhor, a família deles? A única família de verdade que Arícia já teve a abandonou. Ela considera os amigos sua família a partir de então, mas eles não deviam ter recebido aquele comunicador, pois por mais que ligasse, não tinha ninguém do outro lado para atender. Será que deveria aparecer no meio da conversa de Chris, ou apenas ignorar a tentação?

–Algum problema, Arícia? – Carol perguntou enquanto os pais dela estavam procurando alguma coisa para mostra-la. – Não está falando com ninguém.

Arícia fez o maior sorriso que podia.

–Não é nada. É que aos finais de semana o pessoal lá de casa sai para fazer alguma atividade juntos à noite. – Mentiu. - Eles não podem atender se não estão em casa, não é mesmo?

–Bem, você é quem sabe. – Carol não estava muito convencida. - Mas se precisar de qualquer coisa, ou de alguém, pode contar comigo.

–Pode ter certeza de que vou lembrar disso. – Arícia dessa vez sorriu de verdade.

–Christian. – Miguel chamou-o com uma expressão surpresa. Arícia parou de prestar atenção na Carol para ouvi-lo. – Uma pessoa está te chamando. É melhor você ir. Depressa.

...

–Tem certeza de que foi ele quem fez isso, Harold?

–Absoluta, Margareth. Parecia que Moore tinha tudo planejado. Sabia exatamente o que fazer quando eu passe mal. Afinal, quem fica carregando remédios para enjoo no bolso da calça?

Harold Laudurp estava em seu escritório, conversando com Rainha Margareth pelo micro computador, enquanto Klaus Jorgensen estava em outra sala, pegando o resultado dos exames de Harold. Apesar de tudo, ele estava gostando de ficar “a sós” com a Rainha, pois assim poderiam conversar normalmente e se chamar pelo primeiro nome sem ninguém incomodá-los.

–Se acha isso, infelizmente terei que eu mesma conversar com ele.

–Não, não precisa se dar o trabalho de ter que fazer isso! – Harold não queria parecer um homem que não consegue se impor, principalmente na frente dela. – A partir de agora pode ter certeza de que terei mais cuidado.

A Rainha respirou fundo e fingiu se contentar com a resposta teimosa de Harold, que a fez lembrar dela mesma. Algo que falaria fácil se tivesse na situação dele. Margareth imaginou se sua família ou funcionários, assim como ela, de alguma forma ignoraram as respostas teimosas todas as vezes que ela as deu.

–Só estou preocupada com você e a Instituição. Não quero ficar sentada aqui sem fazer nada. Do que adianta ser importante se não faz nada de útil, afinal?

Antes que Harold pudesse responder, Jorgensen entrou na sala, visivelmente furioso.

–Eu sabia! Eu sabia! Disse-lhes que há algo de errado nessa história e realmente tem! – Klaus mostrou os papéis para eles.

–Mas... não é possível que ele tenha posto isso dentro de mim.

–Onde ele teria conseguido algo assim? – Margareth se surpreendeu com a perspicácia do rapaz estadunidense e agradeceu internamente pelas letras serem grandes e as palavras serem simples.

–Esse é o ponto da questão, Majestade. Como ele teria...

Klaus Jorgensen não conseguiu terminar a fala, pois um jovem entrou calmamente na sala, apesar de sua expressão esconder um pouco de nervosismo, e talvez até mesmo preocupação.

–Me chamaram? – Christian Ford passava o olhar entre as três pessoas e se perguntava o que elas iriam querer com ele.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Eu, particularmente, estou apreciando muito escrever essa história. Tenho muitos projetos futuros para incrementar o universo dela, tanto no passado, quanto no futuro na linha do tempo. Além, de outras ideias para inúmeras outras histórias que estou querendo muito escrever, mas não consigo, pois tento me focar o máximo possível nessa. Por isso, espero de verdade que meu trabalho esteja sendo curtido pelos outros, apesar deu ama-lo por eu mesma de qualquer forma.
Até a próxima, :)!