Linha alternativa escrita por ServineHXP, Raguer


Capítulo 3
Episódio 3: A coruja, a borboleta e a corça


Notas iniciais do capítulo

Sim, essa é a continuação. Boa leitura.



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Estávamos de volta ao dormitório e andávamos calmamente e em silêncio.

̶̶̶̶ Eu não consigo acreditar que é real. – Warren falou triste, e quase desconsolado.

Tínhamos deixado Max com a Joyce, ambas entraram no quarto para chorar junto ao corpo da Chloe e logo após a chegada o padrasto dela decidimos ir embora, eles pareciam querer privacidade.

̶̶̶̶ Aquele garoto tem que pagar pelo que ele fez, custe o que custar! – Falei decidido.

̶̶̶̶ Te vejo depois. – Warren se despediu e seguiu para o dormitório, ele pareceu ignorar meu comentário.

Tentei segui-lo, mas então uma coisa me chamou a atenção. Uma borboleta escarlate passou em minha frente pousando em uma pequena árvore e ficou parada lá. Aquela era minha chance de anotar uma borboleta daquelas. Eu tinha fissura por borboletas desde que minha mãe tinha morrido. Peguei o pequeno bloco de notas que levava em minha mochila e anotei os mínimos detalhes que conseguia observar naquele maravilhoso inseto.

“Asas tamanho grande com detalhes em escarlate e toda preta com pequenas falhas no final das cores”, fiz um pequeno e rápido sketch e então senti uma mão gelada em meu ombro.

A mão estava sobre meu agasalho, mas mesmo assim, consegui sentir o frio que emanava de sua pele. Fiquei paralisado por um momento.

“De novo não!” - Pensei assim que imaginei a possibilidade de ser o fantasma da noite passada.

Virei ao encontro da figura e então me deparei com uma enorme caveira sorridente. Gritei e cai no chão assustado enquanto a figura ria e tirava a máscara.

̶̶̶̶ Você precisava ver a sua cara! – Era a Kate.

̶̶̶̶ Nossa Kate, não faz isso, você quase me matou!

̶̶̶̶ Calma, foi só um sustinho. – Ultimamente Kate não estava feliz, sempre que eu a via ela estava encolhida pelos cantos. E se não estava assim, estava em seu quarto chorando. Às vezes nós conversávamos, mas não era nada sério.

̶̶̶̶ Você está realmente feliz, o que aconteceu?

̶̶̶̶ Você não soube? O Nathan foi preso!

̶̶̶̶ O que? – Perguntei um pouco confuso.

̶̶̶̶ Sim, ele foi preso. – Ela pulou de alegria. – Que foi? –Ela me olhou com um olhar de dúvida tentando entender o motivo de não estar comemorando - Você não parece feliz.

̶̶̶̶ Ah, não é nada Kate. – Eu não queria estragar a felicidade dela, ela havia estado tão triste que seria um pecado deixá-la preocupada novamente.

̶̶̶̶ OK, tenho que ir agora, mas você pode ficar com essa máscara, te vejo por aí. – Ela jogou aquele pano sobre meu colo.

Depois daquilo segui para meu quarto. Warren me esperava encarando a porta do quarto do Nathan.

̶̶̶̶ O que foi? – Perguntei um tanto quanto curioso. Ele apenas fez um sinal com a cabeça apontando para a porta do Nathan a qual eu encarei e visualizei melhor, ela se encontrava aberta.

̶̶̶̶ Você acha que... – Ele balançou a cabeça concordando antes mesmo de eu terminar a frase.

̶̶̶̶ Vamos! – Ele me puxou.

̶̶̶̶ Não, alguém precisa ficar vigiando. Eu vou e você fica aqui! – Ele não questionou e apenas largou meu braço deixando-me ir. Provavelmente ele estava muito chocado sobre a Chloe para entrar em qualquer tipo de discussão.

O quarto do Nathan era tão horripilante quanto o esperado, quadros bizarros estavam nas paredes e todo o ambiente estava escuro, um Datashow exibia um filme de tortura com muito sangue jorrando. Tive de me conter para não vomitar. Olhei ao redor e dei de cara com um bloco de notas em cima da cama, corri para ele e o abri. Tinha vários desenhos bizarros lá. O primeiro era umas folhas cheias de mensagens aparentemente aleatórias.

“Arcadia vil mata”, “Bem-vindo ao inferno”, “Arcadia Vil”, “Mate todos”, “Maligno”,”A tempestade está vindo”. Fiquei confuso lendo tudo aquilo.

A letra era bem garranchada, como se a pessoa que tivesse a escrito estivesse tendo alucinações ou apenas estivesse tentando dar um ar de loucura a cada uma das palavras.

̶̶̶̶ O que diabos é Arcadia Vil? – Indaguei em voz baixa. A próxima mensagem me deixou intrigado, e ainda mais confuso.

“Emily em Arcadia Vil”

̶̶̶̶ Então Emily está em Arcadia vil, já é um começo.

Aquelas palavras tinham um ar diferente, e por algum motivo, eu sentia que elas diziam muito mais do que aparentavam. Eu encarava tentando descobrir o que era que me incomodava naquilo, mas não pude afirmar com certeza.

Virei a página e então me deparei com um desenho. O desenho não era tão detalhado, mas dava para entender boa parte dele. Tinha um caminho que levava até uma caveira com chifres bem medonha com uma placa escrita “Bem-vindo a Arcadia Vil”. Algumas caveiras estavam ao lado e no fundo havia uma espécie de barraca.

Virei a página outra vez. Agora era um desenho de alguém totalmente pintado de preto segurando algo que parecia uma navalha em uma das mãos, com a outra ele segurava uma cabeça que tinha um semblante triste e um garoto estava sentado de canto e vendo aquilo. Ele apenas chorava enquanto visualizava a cena. Olhando melhor a menina era parecida com a Max.

“Filho da...” Pensei mentalmente assim que imaginei ser a Max no desenho. Eu odiava a ver sofrendo.

Virei outra página. Agora a cena estampava uma garota com os olhos sangrando, ela segurava uma faca enquanto sorria, ela me lembrava a Rachel, mas não tinha certeza se era ela.

Ignorei os meus pensamentos e apenas virei outra página. Agora uma garota estava chorando e uma pessoa pintada de preto a observava com uma faca. Aquilo era bizarro demais. Tirei umas fotos com meu celular e saí pasmo do local.

̶̶̶̶ E ai, o que achou? – Warren veio ao meu encontro preocupado. Puxei-o para dentro do meu quarto e entreguei o celular a ele. – Isso é muito bizarro... – Ele completou olhando as imagens.

̶̶̶̶ Nem me fala e, aliás, o que diabos é “Arcadia Vil”? – Sentei-me de frente para o computador com o intuito de encontrar algo na internet.

̶̶̶̶ Eu não faço ideia. – Ele ficou em silencio uns instantes e depois voltou falando. – Guilherme, você jura para mim que isso não é nenhum tipo de brincadeira? – Olhei com olhar de descrença, eu não podia acreditar que ele cogitava a ideia de eu ter inventado algo daquele tipo.

̶̶̶̶ Eu juro, Warren! – Falei um tanto quanto sério. Pude ver uma expressão de culpa em seu rosto.

Procurei por “Arcadia Vil” no Google maps para ver se encontrava algum local com aquele nome. Nada, mas curiosamente o Google havia parado em cima de Arcadia bay.

̶̶̶̶ Droga. Eu tinha esperanças que fosse fácil assim. – Coloquei o cotovelo sobre a mesa, como uma forma de me apoiar.

̶̶̶̶ Eu preciso de um tempo.

̶̶̶̶ O que você quer dizer? – Falei desatento sem nem mesmo tirar os olhos do computador.

̶̶̶̶ É muita coisa para pensar, se continuarmos nesse ritmo vamos acabar loucos, principalmente depois do que aconteceu com a Chloe. – Ele realmente parecia abatido, mas eu não conseguia deixar aquilo pra outra hora.

̶̶̶̶ Warren, isso é questão de vida ou morte, aquela coi... aquela garota de ontem pode estar precisando de ajuda, nós temos que descobrir onde ela está!

̶̶̶̶ Do jeito que estamos não vamos conseguir pensar em nada. É melhor dar um tempo e continuar amanhã, okay? E ainda temos de estudar para a prova.

̶̶̶̶ Sim, um fantasma aparece no meu quarto durante a noite, a Chloe morre baleada e eu vou estar preocupado com prova?!

̶̶̶̶ Gui! – Ele gritou, chamando minha atenção. – Ouça o que está dizendo! Você está chocado com que aconteceu, assim como eu. – Ele parou um momento e me encarou e logo deixou o tom de voz mais suave - Vamos apenas continuar isso amanhã, ok? – Ele me entregou o celular.

̶̶̶̶ Sim, acho que você tem razão. –Abaixei a cabeça um tanto quanto timidamente. Eu sabia que provavelmente seria melhor pegar um pouco mais leve com a velocidade com a qual eu estava agindo, desde que havia voltado tinha apenas pegado muito mais informações sobre o Nathan e sobre essa tal garota sem descanso ou pausa.

Ele se despediu e saiu do local. Aquela situação estava acabando comigo, eu precisava relaxar, era realmente muita coisa para pensar em tão pouco tempo.

Assim que decidi apenas dormir e recomeçar amanhã me deparei com um livro em cima da mesa perto do sofá, junto estava um bilhete.

“As corujas podem te guiar pela escuridão, pois elas não são afetadas por meras ilusões. Esse exemplar pode te trazer respostas futuramente.”

Assim que analisei o livro me deparei com o nome, “A coruja, a borboleta e a corça”. Provavelmente havia sido Samuel que deixara o livro.

A minha vontade de esquecer todo aquele mistério se encontrou com a minha sede por respostas me fazendo abrir o livro.

A noite caiu rapidamente, sem nem mesmo perceber já estava praticamente terminando todas aquelas 300 páginas de livro. Era uma história bizarra de uma coruja que possuía duas amigas, uma borboleta e uma corça, até aí nada de espantador. O problema era que o livro era contado em uma espécie de enigma difícil de entender. Por algum motivo, um período havia chamado a minha atenção.

“Então, a corça cheia de angústia passou pelo matadouro em busca de provas, mas isso só foi possível com a ajuda do matador, aquele que havia usurpado o lugar do pai corça, que, por ventura, cuidava da pequena borboleta. E após isso a coruja, com a ajuda de seu próprio espírito, usará o poder da borboleta para mudar todos os destinos...”

Duas bicadas rápidas no vidro tiraram minha atenção, fazendo-me ter um leve sobressalto. Curiosamente, uma coruja me olhava através do vidro bicando-o. Respirei fundo e pensei no quanto odiava aquele animal.

O alarme de Blackwell tocou inesperadamente, por algum motivo aquilo me deu arrepios. O alarme indicava a entrada de alguém na sala do diretor.

Corri para ver o que estava acontecendo e encontrei o Warren do lado de fora com as mãos na cabeça e sussurrando algo que não pude entender.

̶̶̶̶ Vamos! – O chamei para me acompanhar.

̶̶̶̶ Eu não acredito que ela fez isso. – Foi a única resposta.

Todos estavam chocados com o alarme e saiam dos seus quartos confusos, muitos gritando, achando que seria um incêndio. Assim que sai do lado de fora a mesma coruja me fitava de cima de um dos lustres do local. Uma multidão de pessoas estava indo em direção a escola, mas por alguma razão, apenas nós dois estávamos correndo.

A polícia chegou e entrou em Blackwell, logo depois trazendo uma garota do lado de dentro, isso fez com que eu ficasse surpreso.

̶̶̶̶ Max! – Meu espanto foi tão grande, que ergui as mãos na tentativa de impedir o policial de levá-la. Meu coração batia tão rápido que era difícil ouvir o que acontecia ao redor. Eu podia sentir minha cabeça pulsando no mesmo ritmo dos batimentos cardíacos e minha respiração tornando-se escassa e então puf.

Olhei ao redor espantado. Aquilo não poderia ser real. Eu estava... De volta à sala de ciências?


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Notas finais do capítulo

Agora em fim vocês poderão esperar pelo próximo, onde as coisas começam a ficar divertidas - Risos maléficos.



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