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CAPÍTULO 1 – O concurso

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Ela se remexia na cama ao ouvir o som estridente do toque de celular. A última coisa que queria era ter de acordar cedo. Depois de um certo esforço para se levantar, foi preguiçosamente até o seu banheiro para cuidar da higiene e aparência. Tomou um susto ao se olhar no espelho: parecia um monstrinho... Tudo culpa das malditas entregas, queixava-se.

Ao voltar para o seu dormitório, pegou o celular na cômoda e viu que alguém havia lhe enviado uma mensagem. Assim que deslizou os dedos pela tela para ver qual era o assunto, constatou que parecia ser algo importante. Não havia muitos detalhes no texto, mas o colega tinha deixado claro que tinha para ela uma proposta irrecusável.

— Sei... — Bufou após proferir.

— x —

O ruivo andava pelo largo corredor sem o mínimo de pressa. Era bastante agradável admirar a paisagem do jardim do campus pela janela em fita do principal acesso às salas de aula. O jardim não parecia ter sido planejado adequadamente, mas certamente transmitia uma serenidade que o tranquilizava bastante.

Passou pelo quadro de avisos e decidiu ler o que os cartazes expunham. E dentre tantas informações irrelevantes para si, uma delas conseguiu chamar sua atenção.

— Interessante. — Proferiu após ler a última palavra do aviso.

— x —

— Ficou sabendo do concurso? — O de cabelos azuis claros perguntou ao amigo enquanto ambos caminhavam lado a lado pelo jardim do campus.

— Sim. — Respondeu somente.

— Você acha que...

— É óbvio. E isso é um saco. — Cortou o menor.

— Você sempre diz essas coisas...

— Mas, vocês sempre me convencem a participar, não é?

— Claro. Seu talento é indispensável, Aomine-kun.

— x —

Rukia entrou, literalmente, se arrastando na sala de aula. Ichigo, seu melhor amigo (ou nem tanto assim), aguardava-a com um sorriso amarelo estampado no rosto.

— Olá. — Cumprimentou casualmente. — Então... Qual é a grande notícia?

— Você viu o quadro de avisos no corredor? — Perguntou ele apontando para a porta que levava ao corredor de acesso à sala.

— Não. Você sabe que eu sempre passo-

— Abriram as inscrições para mais um concurso.

— O que...? — O raciocínio de Rukia ainda estava muito lento. Ela sentia falta do café que havia recusado receber de seu pai.

— Você aparentemente está mais lerda que o normal. — Ele constatou.

— Vai tomar no cu. — E ela rebateu.

— A equipe deverá ter seis pessoas. — Ichigo aparentemente havia ignorado a provocação da morena. — No caso, precisaremos encontrar mais um.

— O que te faz pensar que eu vá participar desta vez?

— Seu pai não deixaria você perder a oportunidade de enchê-lo de orgulho.

— Ah, é claro... — Ela debochou revirando os olhos.

— E acredite: este será um grande concurso.

— Então não terei escolha. — E somente aí que ela havia percebido que não sabia absolutamente nada sobre o tal concurso. — Mas, o que é e onde o projeto será desenvolvido?

— Um projeto em escala urbana. Em São Paulo, Brasil. Existe um viaduto desativado no centro da cidade que terá de ser convertido num parque.

— Hum... — E pela primeira vez, Rukia demonstrou real interesse naquela conversa, fazendo com que Ichigo lhe explicasse tudo que sabia sobre o dito cujo.

— x —

Quando Akashi adentrou a sala de aula, viu duas figuras conhecidas conversando. O de chamativos cabelos laranjas estava quase gritando, tamanha sua empolgação. Pelo visto já estava sabendo da novidade.

— Vejo que já ficou sabendo do novo concurso. — Concluiu se aproximando.

— Akashi! — Exclamou contente ao ver o amigo. — Claro! O que me diz?

— Participarei, com certeza. — Disse em meio a um sorriso.

— É isso aí! — Ichigo deu um tapa nas costas do amigo, empurrando-o levemente para frente. Rukia riu da cena. Era extremamente fofo ver o Kurosaki daquela maneira.

— Já falaram com o Kuroko? — Akashi perguntou.

— Ainda não... — Respondeu Ichigo com o indicador na boca.

— Vão tentar chamar o Aomine de novo? — Rukia parecia desesperançosa, ela queria que o azulado participasse também, mas temia que ele não fosse.

— Sim. Mas, precisamos de uma estratégia para convencê-lo a participar. — Concluiu Ichigo.

— A mesma de sempre. — Akashi respondeu. — Convencer inflando o ego dele.

— Ou ameaçar queimar qualquer uma de suas revistas adultas. — Rukia acrescentou em meio a risos. Mesmo que achasse, em parte, um saco participar do concurso, se Aomine estivesse no grupo, certamente daria boas risadas.

— Acho que saber o prêmio será suficiente para convencê-lo. — Ichigo apontou o mais óbvio.

Akashi soltou um risinho confirmando o que foi dito pelo outro.

— Mas, ainda faltaria um.

— Verdade. — O de cabelos vermelhos disse olhando diretamente para Ichigo.

— Alguém em mente? — A morena perguntou.

Ambos pararam para refletir por alguns instantes. Era difícil imaginar mais alguém capacitado e disposto a participar do concurso. Seria preciso alguém inteligente, hábil e que, de preferência tivesse dinheiro para gastar com uma possível viagem.

— Bom dia. — Desejou a pessoa mais sem presença do mundo.

— Kuroko! — Ichigo gritou.

— Vocês pretendem...

— Sim! Já íamos te chamar pra saber se você gostaria de fazer parte do grupo de novo. — Ichigo se adiantou mais uma vez.

Kuroko assentiu com um sorriso singelo. Estava realmente feliz em saber que eles estavam pensando em sugerir o mesmo que ele. Já não seria a primeira vez que trabalhariam juntos e mais um projeto feito em conjunto seria ótimo!

— Por um acaso vocês estão pretendendo me incluir nessa coisa? — Aomine perguntou fazendo pouco caso da situação.

— Claro. Seu talento é indispensável, Aomine. — Ichigo disse.

— Vocês estão combinando em dizer isso? — Perguntou ele nitidamente confuso.

A conversa se estendeu por alguns minutos até que o professor de história da arquitetura entrou na sala. As horas passavam devagar, como em qualquer aula de história, e todos estavam ansiosos para continuar conversando sobre o concurso. Bom, quase todos... Rukia e Aomine tinham seus motivos para não estarem assim tão empolgados. Mas, colocando na balança as vantagens e as desvantagens, concluíram que seria uma boa ideia participar de mais um projeto voltado para estudantes de arquitetura e urbanismo de todo o mundo.

Após o término da aula. Os quatro caminhavam lado a lado indagando quem poderia ser o sexto membro da equipe. Vários nomes vinham à mente deles, mas nenhum parecia ser bom o suficiente para Ichigo e Akashi. Ambos eram bastante exigentes.

— Já ouviram falar que do estudante transferido do 1–A? — Kuroko perguntou ao se lembrar de que havia um aluno novo na turma do primeiro semestre do curso.

— Aquele do cabelo branco? — Rukia tocou em seu próprio cabelo ao se referir ao novato.

— Sim. — Confirmou Kuroko.

— Verdade. Ele estava na palestra do Shigeru Ban-sama¹. — Constatou Aomine enquanto colocava seus desenhos desleixadamente dentro do tubo de projetos. — Bem, por mim tanto faz, só espero que ele não nos atrapalhe.

— Ele é insuportável! — Exclamou Rukia. — Faz muitas perguntas! Prefiro que o grupo sejamos somente nós cinco a ter aquele nanico conosco! — Reclamou pisando duro.

— Falou a garota mais alta do campus. — Aomine provocou.

— Cala a boca! — E ela retrucou.

— Ele parece ser inteligente... — Ichigo comentou enquanto ainda tentava se lembrar de mais algum episódio vivenciado com o tal garoto prodígio. — E não podemos nos inscrever somente nós cinco, Rukia. — Acrescentou.

— Ainda sou contra essa ideia. — Rukia reforçou a sua opinião.

— O importante mesmo é se ele acrescentará algo para a equipe, Kuchiki-san. — Kuroko tentou defender sua própria ideia. — O gosto pessoal é algo secundário.

— Muito bem falado, Kuroko. — Akashi defendeu.

Rukia bufou, mas não podia discordar. Todos ali almejavam mais uma vitória em seus currículos. Aquele grupo de cinco alunos já havia conquistado um número razoável de prêmios para a academia onde estudavam. Algo considerado incrível para quem estava apenas no quarto ano da graduação.

— Certo... Então, vamos atrás do tal garoto prodígio. — Rukia expressou derrotada.

— E... Alguém sabe o nome dele? — Perguntou Aomine.

— Hitsugaya Toushirou, se não estou enganado. — Respondeu Akashi.

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¹Shigeru Ban: Renomado arquiteto japonês.