Ressoar do Trovão escrita por Petr0va


Capítulo 4
Novos Amigos? Eu Acho Que Não.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários do capítulo anterior! Eu demorei um pouco para responde-los porque eu ando bem ocupada.
E aqui vai o capítulo que o meu personagem favorito aparece, não vou aguentar hahah'
Boa leitura!



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Jodie Mees

Revirando de um lado para o outro, encostei sem a intenção em uma parte gelada do lençol, e essa parte gelada denunciava que o visitante de horas atrás não estava mais ali. Fechei os olhos fortemente e abracei o travesseiro, não queria acordar só por isso. Porém não adiantou nada. Levantei da cama mecanicamente, sem emitir som algum, encarei o lado vazio da minha cama e dei de ombros. Fitei a poltrona automaticamente, estava vazia, sem sinal da mochila de Samuel e muito menos dos óculos. Dei de ombros outra vez.

O dia estava radiante por causa do sol que infiltrava em minha janela. Fiquei confusa, desde quando fazia tanto sol de manhã cedo? Nem parecia que noite passada caiu uma enorme tempestade. Confusa, peguei meu celular que estava embaixo do meu travesseiro e desbloqueei a tela.

Meio dia e meia.

O sinal batia às treze horas na minha escola.

Eu estava atrasada, eu sempre - sempre - saia de casa essa hora, ainda mais porque gostava de conversar com Patrick durante a entrada. Eu nem havia almoçado ainda!

Peguei a primeira coisa que apareceu em meu closet, ou seja: uma calça jeans, camisa de lã, e uma jaqueta, sem me esquecer do cachecol, claro. Peguei os mesmos tênis que eu estava ontem e corri para a cozinha, esquentando a mesma comida de ontem - e antes de ontem.

Meio dia e quarenta e cinco: saí em disparada de casa, saí correndo mesmo. Queria chegar cedo, ainda mais porque eu precisava bater um papo com Samuel, queria que ele esclarecesse exatamente o que aconteceu para ele aparecer nu em minha sacada.

Cheguei na escola em dois minutos, meu recorde pessoal. Desci as escadas que davam em direção ao pátio e dei uma bela olhada naquele lugar, e lá estava Samuel, com seus típicos óculos e uma touca vermelha. Ele estava gatinho. O garoto estava sentado em um banco de madeira sozinho, encarando o nada e parecia realmente concentrado. E eu, sem vergonha alguma, caminhei até lá e sentei-me ao seu lado. Tentei encarar a mesma coisa que Samuel para descobrir o que ele achava tão interessante, era apenas uma árvore... tudo bem, ela era bem bonita.

— Você gosta da natureza? — perguntei com uma voz tranquila, só a voz mesmo.

— Sim, adoro entrar em contato com ela. — respondeu ele sem se dar conta de quem era, inebriado com aquela paisagem.

— Por isso você costuma dormir pelado perto de alguma floresta? Para entrar em contato com ela?! — Inquiri cínica e bem alterada, fitei o garoto com as sobrancelhas arqueadas

Samuel arregalou os olhos ainda olhando para a árvore, sem coragem nenhuma de me fitar e ver repreensão em meus olhos. Mas foi inevitável, olhou-me com hesitação e engoliu em seco. Só porque eu parecia com um anjo não queria dizer que eu agia como um.

— Me desculpe, sério. Eu não sei o que deu em mim. Por favor, só esqueça, tudo bem? — ele deu uma pausa para respirar. — Eu juro que não era minha intenção acordar pelado na frente do seu quarto, e muito menos dormir na sua cama. Fala sério, eu tenho namorada!

Pisquei seguidas vezes, fiquei tonta de tantas palavras que Samuel usou em uma frase só, continuei olhando para ele e um vinco se formou sobre minhas sobrancelhas. Eu só ouvi ele falar frases monossilábicas e gaguejar, imagine minha surpresa ao ver que ele fala mais que isso.

— Tá tudo bem, garoto! Passou, deu. — o repreendi por causa de sua agitação. — Qual era sua intenção afinal? Se não era dormir pelado na frente do meu quarto, era o quê?

— Eu não sei, tudo bem? Eu só... só acontece isso. — disse ele nervoso.

E a partir daí a conversa foi embora, já que uma garota de cabelos castanhos, um pouco baixinha e de um corpo bonito estava se aproximando. Samuel abriu um sorriso de orelha a orelha ao encarar sua namorada, ele abriu um espaço no banco, ficando entre mim e sua namorada.

— Oi, como foi com o seu pai ontem? — perguntou Samuel ainda com o sorriso em seu rosto.

— Foi terrível, nem toque no assunto, por favor. — murmurou a namorada dele com uma cara melancólica. Eu seria chata se falasse que ela estava sendo meio dramática? Eu não sei do que ela está falando, porém...

Me senti deslocada quando ela chegou, com certeza ela pensaria que eu dava de Samuel. Era o que se esperava da vadia da escola, não é mesmo? Não pronunciei uma palavra sequer, temi que qualquer ruído que eu soltasse a garota voasse no meu pescoço. Me senti burra, erro só sair daquele lugar e pronto. Eu estava prestes a sair, entretanto ouvi meu nome.

— Você é Jodie, certo? — perguntou a namorada de Samuel com um sorriso simpático no rosto, sentando-se na ponta do banco para ver meu rosto. Fiquei estática por um segundo.

— Sim, prazer. Como você sabe meu nome? — abri um sorriso mínimo pra ser pelo menos um pouco simpática, mas bem pouquinho mesmo. Eu não estava muito a fim de socializar hoje, no entanto não queria ser rude também, ainda mais que eu tinha mais papo para bater com o quatro olhos, apenas não queria complicar as coisas.

— Quem não sabe? — ela deu uma risadinha fraca, franzi o cenho para ela. — Você sabe a sua fama, certo?

Okay, acho que a cobrinha interior dessa garota está se manifestando., pensei depois do que ela disse. É claro que eu sabia da minha fama, só eu não precisava que estranhos me lembrassem dela.

— Você é...?

— Sou Annabeth Donavan, mas pode me chamar de Anna. Olá! — peguei sua mão estendida de Anna e a apertei, logo eu não sabia mais o que fazer. O único adolescente no qual eu sabia socializar era Patrick, aquele idiota que não ligava para o quanto eu era fria e sem sentimentos. Palavras dele.

— Sobre o que vocês estavam conversando? — interrogou Anna.

Samuel me olhou assustado, garanto que ele estava com medo de que eu falasse toda a verdade sobre a varanda, e ainda mais, sobre o fato de que dormimos juntos.

— Só coisas sobre a aula. Ele vai apresentar um trabalho pra minha turma, e eu queria saber todos os detalhes, sabe? — abri um falso sorriso de entusiasmo, expressando-me com as mãos para aquilo se tornar ainda mais convincente. Nunca agradeci tanto por fazer aulas de teatro.

Samuel suspirou aliviado, que exagerado.

— Legal! O que você vai apresentar, Sam? — perguntou Anna totalmente interessada no assunto, e por causa daquele apelido eu torci o nariz, “Sam” era hilário. Ou talvez não.

— Um vulcão. — falou ele rapidamente, possivelmente falando a primeira palavra que passou na sua mente.

— Não tinha uma ideia melhor? Isso é tão clichê, vulcões...

— É, não é? Eu disse para o Will que era uma péssima ideia, mas ele insistiu e eu não aguentei! — exclamou Samuel, ele era extremamente exagerado, sério mesmo, e um péssimo ator.

— Eu ouvi meu nome, o que foi?! — gritou um garoto com os cabelos ondulados negros e olhos castanhos com uma mochila tiracolo, sentou-se ao meu lado e nem notou que era eu realmente que estava ali. Nós quatro ficamos espremidos naquele banco

— Eu estava falando sobre o nosso vulcão, aquele que temos que apresentar na turma de Jodie. Se lembra, William? — perguntou Samuel desesperado e esperando que o garoto concordasse com aquela mentira.

Com o meu nome citado, William olhou ao seu lado, deparando-se com uma menina de cabelos negros, olhos azuis e traços delicados, mais conhecida como eu, prazer. Ele arregalou os olhos, mas decidiu não falar nada.

— Oh, claro. Aquela coisa linda que estamos fazendo. — ele maneou a cabeça em concordância. — Ele vai explodir e lançar lava para todo o lugar, mal posso esperar pra ver. Anna, que pena que você não vai estar lá para testemunhar isso.

Eu dei um sorriso – sincero dessa vez – por causa de William/Will, só de ver ele falando já dava para notar que o garoto era uma figura, e pessoas engraçadas são agradáveis. Olhei para frente ignorando todos os murmúrios e falas que eu ouvia de William, Samuel e Anna, vi Trevor. Ah, Trevor, aquele cara... não tinha palavras. Cabelo loiro e corpo escultural, arrancava suspiros de qualquer um. Menos de mim, claro, eu já havia provado uma casquinha.

Continuei olhando, e o loiro se aproximava ainda mais. Me esqueci completamente que às vezes ele estava junto a Samuel e os outros. Mas só às vezes mesmo.

Trevor estava parado bem na minha frente.

— Jodie! Você por aqui?

Todo mundo parou de conversar o que quer que estivessem conversando anteriormente, começaram a encarar aquele ser.

— Algum problema? — perguntei tentando não ser ríspida, porém acho que foi em vão.

— Não, é apenas... surpreendente.

Voltei a olhar para frente e revirei os olhos, me certificando que ninguém tenha visto - claro, se Trevor tivesse visto não seria problema algum-, e lá perto da árvore bonita estava Patrick, com os olhos cerrados e encostado em seu tronco. Eu conhecia bem esse olhar, era ciúmes.


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Notas finais do capítulo

Ah, William, o que falar sobre você?
Obrigada por ler até aqui!
Eu não sei, mas vocês se interessam em saber como eu imagino os personagens e como se pronunciam alguns nomes? Eu acho bem bacana quando os autores falam os atores que inspiraram a descrever os seus personagens.
Não se esqueça de expressar sua opinião aí embaixo, e se quiser, sugestões são sempre bem-vindas.
Até o próximo capítulo!