Os segredos mais bem guardados escrita por magalud


Capítulo 7
Parte Sete




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Capítulo 21 – Desconhecidos na estradinha

Os meses se passaram. Ártemis, criança quieta, ficava sempre ao lado da mãe. Ela demonstrava dia a dia que seu nome tinha sido mais do que bem escolhido. Ela adorava ficar fora da casa, rodeada de verde, mesmo quando o tempo estava frio. Era um bebê que se entretinha com bichinhos da terra, que soltava gritinhos quando Hagrid vinha visitá-los, porque sabia que tio Hagrid sempre tinha um bichinho que ela pudesse pegar e acariciar. Ela também gostava muito de Héstia, e soltava gritinhos quando a coruja entrava ou saía de seu poleiro.

Quando começou a engatinhar, Ártemis rapidamente ganhou mobilidade: ela atravessava a sala, ganhava a varanda e logo estava na relva, colocando as mãozinhas na terra e indo em direção ao lago. Rebeca tudo observava, cuidando para que ela não se machucasse ou se sujasse – ao menos em demasia. Ela era capaz de ficar bem quietinha para observar um passarinho ou bichinho na mata, ao lado de Rebeca, com os olhinhos verdes brilhando de fascínio. Outra atividade favorita de Ártemis era trazer bichinhos para dentro de casa: formigas, lagartas, besourinhos, joaninhas, até mesmo pererecas... Ela ficava fascinada com os animais, e queria trazer todos para dentro de casa. Como a mãe, Ártemis também gostava muito de histórias, e as favoritas eram as de bichinhos. Ela também tinha bichinhos de pano e espuma, e adorava colocar todos eles no seu berço, para que dormissem junto com ela.

Depois que deu os primeiros passinhos, a criança percebeu que poderia ir muito mais longe, e logo começava a deixar claro seu desejo de sair do ninho que era a cabana. Mesmo com as perninhas cambaleantes de quem dá os primeiros passinhos, a pequena Ártemis mostrava que tinha personalidade, e sempre pedia para ficar do lado de fora da cabana, apesar das temperaturas baixas. Lá ela corria pelos campos, mesmo com neve, tão encasacada que mal podia se mexer, um gorrinho de lã a lhe cobrir o cabelinho preto igual ao do pai, as faces rosadinhas, às vezes sentando no chão para tentar comer neve. Do jeito que ela se desenvolvia, logo estaria falando as primeiras palavras.

Logo as temperaturas baixas se foram, e Ártemis começou a olhar a direção do lago. Ela ainda não falava, apenas emitia sons comuns de bebês. Em breve completaria um ano, e não havia como negar que era uma criança precoce, mesmo sem falar. Ela era esperta, sabia muito do mundo a seu redor.

Tinha paixão especial por Severo. Desde muito bebezinha, ela gostava de puxar-lhe os cabelos, rindo alto quando ele tirava as mãozinhas rechonchudas de suas madeixas pretas. Ela gostava muito de ir para o colo dele, e quando aprendeu a pedir colo, era para ele que ela se dirigia. Ele evitava demonstrações de afeto, mas quando ele a jogava para cima, Ártemis gritava em meio a risinhos altos, que ecoavam pela casa. Severo tinha que refazer o feitiço do abafamento do som pelo menos uma vez por mês.

Um dia ela ficou resfriada, e Rebeca achou melhor não deixá-la ir para fora. Desnecessário dizer que foi grande a revolta, e Rebeca precisou de toda a paciência para explicar que estava doente, e precisava se cuidar. Os bichinhos de pano e plástico também ficaram na cama com ela, todos eles subitamente resfriados e tomando poções para incentivar a pequenina a fazer o mesmo.

Foi um pouco depois disso que o inesperado aconteceu. Era uma tarde magnífica de primavera, com um sol cálido a repousar nas árvores e um vento benfazejo a beijar as folhas. Rebeca e Ártemis estavam perto do lago, procurando conchinhas e pedrinhas, com cuidado para não encontrarem murtiscos. A menina recebeu uma reprimenda por quase ter se molhado e correu para a relva, para examinar as pedrinhas e conchinhas. Rebeca foi atrás dela e foi então que viu: alguém vinha pela pequena trilha em meio à mata. Eram duas pessoas.

Desconhecidas.

Se por um instante todo o sangue fugiu de Rebeca, no instante seguinte, ela passou à ação. Suavemente, ela disse a Ártemis, sorrindo para não assustar sua filha:

– Vamos ver essas conchinhas lá dentro? Mamãe vai mostrar para você outras conchinhas, querida. Vamos lá?

A pequena deixou-se levar e Rebeca acelerou o passo, vendo que os desconhecidos estavam chegando perto. Rapidamente, ela entrou na cabana e aferrolhou a porta, dizendo:

– Winky, desconhecidos! Estão chegando perto da cabana.

A elfa arregalou os olhos e foi à janela. Virando-se para Ártemis, ela disse:

– Mamãe vai pedir para Héstia levar um bilhete pro tio Hagrid. Você quer ajudar mamãe a mandar Héstia, meu bem?

Os olhinhos verdes brilharam. Héstia era uma de suas criaturas favoritas no mundo. As duas se sentaram à mesa e Rebeca começou a rabiscar um bilhete. Héstia saiu do poleiro e pousou na mesa, provocando um gritinho de Ártemis.

Winky voltou, dizendo:

– Aquele é Harry Potter e sua amiga Hermione Granger.

Rebeca alarmou-se:

– Harry Potter? O que ele está fazendo aqui? Ele deveria estar em aula! Como ele nos descobriu aqui?

– Winky não sabe. Mas Winky pode falar com Harry Potter.

– Isso! Tente despistá-lo. Vou chamar Hagrid – ela amarrou o bilhete na patinha de Héstia – Entregue isso a Hagrid com toda urgência, Héstia, por favor.

Héstia deu um pio decidido e voou um pouco pela cabana, antes de sair pela janela afora. Ártemis, inocente e sem saber do perigo que corria, apontava com o dedinho o trajeto da ave e Rebeca a levou para a janela, para que ela acompanhasse o vôo da coruja.

Winky deixou a cabana e aparentemente Harry Potter e sua acompanhante estavam bem próximos da cabana, porque Rebeca se colou na porta e pôde ouvir:

– Harry Potter, senhor! Winky tem grande satisfação em ver jovens mestres, mas aqui é proibido! Este lugar é proibido para estudantes de Hogwarts!

– Winky! – ouviu-se a voz de uma moça, com certeza Hermione Granger – Você está livre? Trabalha nessa casa?

– Winky mora aqui. Agora Harry Potter e Hermione Granger devem voltar para Hogwarts!

– O que está acontecendo, Winky? Nós vimos uma mulher e uma criança entrarem nessa casa. São seus patrões?

A elfa deveria estar tremendo, porque ela repetiu, em tom choroso:

– Harry Potter não deve repetir isso! Harry Potter tem que esquecer o que viu! Harry Potter tem que voltar ao castelo de Hogwarts!

– Não até você me explicar o que está acontecendo – insistiu o garoto – Madame Pomfrey também veio nessa direção um outro dia. Aqui tem alguém doente?

– Winky não pode dizer! – a elfa se agitou ainda mais – Harry Potter tem que ir embora! Hermione Granger também!

Hermione disse, alarmada:

– Harry, ela pode tentar se machucar, como Dobby fazia quando era elfo dos Malfoy!

– Winky – o garoto dizia pacientemente –, tudo o que nós queremos saber é o que está acontecendo. Quem é aquela mulher? Você a conhece?

A pobre elfa estava cada vez mais angustiada:

– Harry Potter tem que voltar para o castelo de Hogwarts!

– Saia da frente, Winky!

Rebeca pegou Ártemis no colo e correu para o quarto, a tempo de ouvir um feitiço:

Alohamorra!

A criança começou a se assustar e choramingou, sentindo a mãe angustiada. Aquilo atraiu os invasores, e logo Rebeca estava frente a frente com os dois teimosos adolescentes. Embora tremendo dos pés à cabeça, ela pediu, com Ártemis em seus braços:

– Por favor, saiam daqui. Estão assustando minha filha.

Os dois se entreolharam e indagaram:

– Quem é você?

– Meu nome é Rebeca, e vocês estão invadindo minha casa. Por favor, vão embora.

Winky veio atrás, dizendo:

– Mestra Rebeca, desculpe! Eles enganaram Winky!

– Não tem problema, Winky – disse Rebeca, enquanto Ártemis choramingava – Eu sei que você tentou.

Harry perguntou:

– O que você está fazendo em Hogwarts? Alguém sabe que você está aqui?

Ela garantiu, vendo que Ártemis olhava intrigada para os dois recém-chegados:

– Olhem, eu não invadi esse local. Mas eu estou me escondendo aqui. Ninguém pode saber que estamos aqui.

A menina disse:

– Não viemos machucar ninguém. Só ficamos curiosos. Madame Pomfrey vem para cá com muita freqüência. Nós a vimos pegar esse caminho e de repente sumir no meio do mato.

– A cabana é escondida. Como conseguiram chegar?

– Estamos tentando achá-la há meses – confessou Harry Potter – Sabíamos que alguma coisa estava acontecendo nessa parte do lago. Por que está escondida aqui?

– Olhe, vocês não sabem em que se meteram. Isso é muito perigoso. Ninguém pode saber que eu estou aqui. Por isso eu estou pedindo que voltem para a escola e esqueçam o que viram.

Ártemis pediu para descer do colo e Rebeca a colocou no chão. Imediatamente, a menininha correu para se aproximar dos dois desconhecidos, olhando-os cheia de curiosidade. Hermione agachou-se, sorrindo:

– Sua filha é linda. Como é o nome dela?

– É Ártemis.

– Oi, Ártemis – ela sorriu para a bebezinha – Você tem um nome muito bonito. E você é muito bonita também.

Foi nesse momento que alguém entrou correndo dentro da cabana – alguém extremamente grande e esbaforido:

– Rebeca! – Hagrid olhou os dois adolescentes – Harry? Hermione?

– Hagrid!

– Mas que diabos vocês dois estão fazendo aqui? – Hagrid parecia contrariado – Vocês são muito abelhudos para seu próprio bem, eu sempre disse isso!

– Viemos ver o que está acontecendo aqui.

– Oh, isso não é nada bom. Vocês não tinham nada que vir aqui se meter em assuntos que não lhes dizem respeito!

Hermione parecia decepcionada:

– E como você conseguiu esconder isso da gente? Pensei que fôssemos amigos.

Hagrid garantiu:

– Isso é muito grave. Rebeca está abrigada em Hogwarts porque corre um risco muito grande. Ninguém deve saber que ela está aqui.

Harry quis saber:

– E o Prof. Dumbledore sabe disso?

– A idéia toda foi dele.

– Ele nunca nos conta nada – disse o garoto, emburrado.

– Porque é perigoso vocês saberem. Além do que, como eu disse antes, vocês não têm nada a ver com isso!

O Menino-Que-Sobreviveu olhou para Rebeca e quis saber:

– Isso tem a ver com Voldemort, não é?

Ela sentiu as lágrimas a lhe encherem os olhos e assentiu:

– Sim. Se ele souber onde estou, ele virá atrás de mim.

Hermione indagou, agora brincando com as mãozinhas de Ártemis:

– E você vive aqui sozinha? Não é muito solitário?

– Alguns professores sabem que moro aqui e vêm me visitar – disse Rebeca – Winky e Hagrid também têm sido bons amigos.

– Por isso Madame Pomfrey vinha aqui com tanta freqüência – deduziu Hermione – Deve ter sido por causa de Ártemis. Ela era um bebezinho. Posso pegá-la no colo?

– Se quiser...

A bebezinha estava encantada com Hermione, e Rebeca achou melhor avisar:

– Ela adora puxar cabelo, e um grande como o seu...

Hermione olhou para a menina com outros olhos. A bebê abriu um sorriso como se soubesse que falavam dela. E logo em seguida, ela soltou um gritinho de felicidade. Héstia acabara de entrar voando, maravilhando a criança, que se esticava toda para junto dela. Rebeca pegou Ártemis e a levou para acariciar Héstia, que gostava das demonstrações de agrado da criança.

Harry quis saber:

– Vocês moram sozinhas aqui? E o pai de Ártemis?

Rebeca estremeceu e disse:

– Eu não gostaria de falar sobre isso, por favor.

Hermione ficou apavorada:

– Voldemort o matou?

– Não – disse Rebeca – Mas é perigoso vocês saberem quem é ele.

– Ele não abandonou vocês, foi?

– Não! – Rebeca estava escandalizada – Não, ele é um pai muito diligente, e vai ficar furioso quando souber o que aconteceu.

Hagrid insistiu:

– Além do mais, isso realmente é muito enxerido da parte de vocês. Eu já disse que isso não é problema de vocês dois. Precisam esquecer isso!

– Mas se o pai de Ártemis não está com elas, ele deve ser um pai relapso! – disse Hermione, parecendo contrariada – Ou covarde!

Rebeca ficou sentida:

– Jamais repitam isso! É muito injusto! Vocês nem sequer sabem do que estão falando! Ele ficaria furioso se ouvisse o que vocês estão dizendo.

Hagrid completou:

– Sim, ele é muito dedicado à família. Vocês não têm o direito de falar isso! Estou dizendo, vocês realmente gostam de se meter em assuntos que não lhe dizem respeito!

– Queremos proteger Rebeca e Ártemis – disse Harry – Eu sei o que é ter Voldemort no seu calcanhar. E se vocês não têm um homem na casa para protegê-las...

Uma voz diferente soou na porta:

– Então Harry Potter, salvador do mundo bruxo, agora se arvora no papel de único protetor de minha mulher e minha filha?

Nem fotos bruxas poderiam eternizar a expressão estampada nos rostos de Harry e Hermione quando se viraram e viram às suas costas as capas esvoaçantes de seu professor mais temido olhando para eles, um olhar positivamente homicida. Se Severo Snape pudesse lançar raios de seus olhos, ele teria à sua frente duas pilhas fumegantes de cinzas ao invés de dois de seus alunos mais odiados.

Capítulo 22 – A fúria de Severo Snape

Harry Potter estava achando que isso era karma. Toda vez que ele dava alguma mancada (como o episódio da penseira), invariavelmente Snape estava envolvido.

E sempre quem saía chamuscado era ele, Harry.

Rebeca notou o olhar do marido, e pior, viu que ele estava tremendo de ódio. Se ela não intervisse, poderia acontecer alguma tragédia.

– Severo!...

Alheia a tudo que se passava em volta, Ártemis soltou um gritinho ao ver o pai, balbuciando fragmentos de palavras e abrindo os bracinhos para ele. Mas Severo sequer olhou para filha, fixo que estava nas duas figuras com uniforme de Grifinória que tremiam diante de sua fúria.

– Prof. Snape – começou Harry Potter –, eu posso explicar...

– Explicar?! – a voz de Severo era baixa, controlada e provocava muito medo – Que explicação possível o senhor pode ter que não seja a invasão de minha casa, perturbando a tranqüilidade de minha família?

Hermione tentou dizer:

– Mas nós não sabíamos...

Ele interrompeu de novo:

– Precisamente, Srta. Granger. Vocês nunca sabem, e ainda assim insistem em meter o curioso bedelho de vocês onde não são chamados. Vocês não têm idéia de onde estão se metendo. Tampouco se importam com o sentimento das pessoas, incluindo uma criança inocente. Vocês deveriam estar envergonhados. Se tivessem o mínimo de decência e respeito pelas pessoas, estariam saindo dessa casa direto para o gabinete do diretor, a quem confessariam tudo que acabaram de fazer! E ele deveria expulsá-los, quando não por nada, pelo simples motivo de serem enxeridos!

Os garotos abaixaram a cabeça, parecendo envergonhados até o último fio de cabelo. Rebeca chegou perto do marido, dizendo:

– Severo, tente se controlar. Você vai ter um ataque.

– Eu estou calmo, Rebeca. Eles estão vivos, não estão? Isso é o atestado de que estou em pleno controle de minhas emoções.

Ártemis continuava balbuciando, pedindo para ir para o colo do pai. Ele a segurou nos braços e a menina imediatamente agarrou-se aos cabelos dele, feliz. Hermione arregalou os olhos ao ver a cena, mas não disse palavra.

Harry Potter disse:

– Professor, jamais foi nossa intenção prejudicar ninguém. Apenas ficamos curiosos. Não sabíamos se havia alguma ameaça à escola.

– Quase dois anos, e ninguém nunca descobriu – disse Hagrid – Como conseguiram? Como suspeitaram?

– Nós vimos Madame Pomfrey se dirigindo para esses lados há alguns meses. Desde então temos tentado achar o que havia por aqui. Sempre éramos despistados. Mas Hermione descobriu um feitiço para dissipar despistamentos.

Rebeca torceu as mãos, angustiada:

– Senti muito medo. Foi um susto grande.

Harry disse, arrependido:

– Desculpe. Não tivemos intenção de assustar ninguém. Mas com essa guerra, estamos todos muito alertas. Pensamos que poderia haver algo errado por aqui.

Rebeca sentiu os músculos de Severo se retesando, e interveio:

– Sei que não tiveram má intenção. Mas precisam entender que é muito perigoso.

Esperta como sempre, Hermione disse:

– Quando falou que seria perigoso, pensei que você estivesse em perigo. Agora vejo que o perigo é muito maior para o Prof. Snape.

– Foi uma boa dedução, Srta. Granger, mas espero que não vá repeti-la por aí afora. Onde está o terceiro de seu trio, Sr. Weasley?

– Rony está treinando quadribol – disse Harry – Ele é goleiro, sabe, e não é muito bom. O novo capitão do time quer que ele treine mais do que os outros.

Só então Snape deu um meio sorriso:

– Vou me certificar de que Sonserina também tenha treinos extras de quadribol. O Sr. Weasley sabe o que vocês vieram fazer?

– Claro – disse Hermione – Ele queria vir junto, mas achou melhor manter o treino para não levantar suspeitas. Agora está esperando um relatório completo.

Severo olhou para Rebeca:

– Isso está ficando muito arriscado. Acho melhor aplicar um feitiço de memória nos dois.

Os garotos ficaram apavorados, e Hagrid indagou:

– Mas esses não são muito arriscados? Eles podem ficar sem memória permanentemente.

Severo garantiu, com sinceridade, enquanto Ártemis agora tentava brincar com os muitos botões de sua roupa:

– É um risco que eu estou disposto a correr.

Rebeca interveio:

– Acho que você está exagerando, Severo. Os meninos não vão contar para ninguém. Eles já devem ter entendido a importância de se manter segredo, e vão falar com o Prof. Dumbledore. Não é mesmo?

– Sim, senhora.

Mas Severo estava irado:

– Não vou deixar que Dumbledore decida sobre algo que claramente viola a conduta ética. Eles deveriam ser expulsos da escola!

– Aí mesmo é que nosso segredo seria descoberto, querido – disse Rebeca pacientemente – Até eu sei que Harry Potter é um aluno popular, e a Srta. Granger é uma boa aluna. Teria que ser algo muito grave para expulsá-los e todos iriam querem saber o que aconteceu.

– Eu vou querer aplicar punições! Pessoalmente!

Antes que Rebeca abrisse a boca para replicar, uma vozinha ouviu-se:

– Pá-pá?

Todos se viraram para a pequena Ártemis, que estava olhando interrogativamente para seu pai. Os olhos dele faiscavam quando indagou:

– O que você disse, Ártemis?

Os olhinhos verdes brilharam e ela deu um tapinha na bochecha dele, rindo:

– Pa-pá!

Naquele momento, toda a ira e a tensão se esfumaçaram no ar. Rebeca chegou perto deles e pegou a mãozinha da filha, dizendo:

– Está chamando papai, filhinha?

Ártemis se virou para a mãe e disse:

– Ma-ma!

A moça estava extremamente emocionada:

– Severo!... Nossa filhinha está falando as primeiras palavrinhas!

Ela encheu a filha de beijos, e Snape fez o mesmo. Se não estivessem tão emocionados pelo que estavam vendo, Harry e Hermione estariam surpresos ao verem a capacidade de seu professor de Poções em ser gentil e amoroso com sua família.

No final, foi mesmo a pequena Ártemis quem salvou os dois enrascados grifinórios. Uma vez passada a emoção pela capacidade da menina em articular palavras, Harry e Hermione levaram a bronca do século por mais alguns minutos, depois se deram conta que o humor de Severo não iria melhorar, e tentaram ir embora. O que eles não esperavam é que seu mestre de Poções se oferecesse para ir com eles até o castelo de Hogwarts e levá-los pessoalmente até o diretor.

Quando os três voltaram ao castelo, era hora do jantar. O Salão Principal estava cheio, e Grifinória inteira sabia que algo não ia bem quando Snape atravessou o salão a passos duros e olhos faiscando de ódio, trazendo atrás de si Harry e Hermione, extremamente envergonhados. Rony e Gina ficaram de cabelo em pé, sentindo que eles tinham se metido em algo muito mais perigoso do que tinham imaginado inicialmente.

A reunião no escritório de Dumbledore, à qual também compareceu Minerva McGonagall, foi rápida e implacável. O diretor ficou muito desapontado com a aventura dos dois, que tiveram por castigo a retirada de 100 pontos de Grifinória (idéia de Minerva) e um mês de detenção com Snape todos os dias, sem falar na retirada dos privilégios de visitação a Hogsmeade. Snape reclamou que isso era pouco, mas pensou melhor e achou que poderia despejar sua cólera durante as detenções.

Inédito em toda estória de Hogwarts, Rony Weasley, que sequer esteve perto dos dois amigos, também foi incluído nas detenções. Ele se queixou, mas depois que foi inteirado do segredo da cabana à beira do lago, não reclamou mais.

Ao sair do gabinete do Prof. Dumbledore, Hermione Granger pediu:

– Prof. Snape, se tomarmos cuidado para que ninguém nos veja, poderíamos visitar Rebeca e Ártemis algumas vezes? Elas podem gostar de uma visitinha.

O primeiro impulso de Severo foi de encher a garota de desaforos, mas algo o fez deter-se. Não seria justo privar Rebeca de companhia, pois ela vivia tão sozinha. Quando podia, Artêmio Gall ia visitá-los, mas isso era um tanto raro com a guerra acontecendo. Hagrid sempre dava uma passadinha, pois ele gostava de fazer Ártemis sorrir levando algum animal. Mas fora isso, elas recebiam poucas visitas – e eram jovens demais para viverem tão sós.

Portanto, ele respondeu:

– Isso vai depender de Rebeca. E vocês devem tomar o máximo de cuidado. Vocês sabem que isso é muito perigoso.

– Sim, senhor.

E foi assim que, como consentimento de Snape, o trio de ouro de Grifinória passou a freqüentar a casa dos Snape.

Capítulo 23 – Espiões e contra-espiões

– Sim, Narcisa?

– Meu senhor, meu filho Draco me mandou uma coruja falando sobre estranhas atividades em Hogwarts.

– Em Hogwarts?

– Uma parte da escola parece estar fechada, meu senhor. Ele diz ter visto Harry Potter e seus amigos saírem furtivamente quando pensam que ninguém está olhando.

– Hum, isso pode ser interessante. Peça-lhe que descubra mais. E diga que mande a coruja para mim. Nagini reclama sangue fresco.

Ele disse algumas palavras em língua de serpente. A cobra serpenteou por entre as pernas de seu mestre, satisfeita. Provavelmente antecipava sua presa.

Narcisa Malfoy suspirou. Era culpa de Lúcio ter sido preso e agora ela tinha que ser a representante da família junto ao Lord das Trevas. Não era uma posição que ela tivesse qualquer tipo de prazer ou satisfação. E ver seu filho metido nesse tipo de envolvimento também não era agradável ao coração de uma mãe. Felizmente, tudo indicava que o garoto poderia ser aproveitado no esforço de guerra.

Eles tinham de ganhar, pensou ela. O Lord das Trevas não toleraria fracassos e era melhor ser preso do que enfrentar a fúria dele.

Lúcio tinha muita sorte, desgraçado.

– Severo, meu servo, eu estou recebendo informações interessantes de Hogwarts.

– Hogwarts?

– Sim. O jovem Draco Malfoy diz que uma parte da escola parece estar fechada. Mas Harry Potter e seus amigos têm acesso a ela.

Severo teve que se cuidar para não empalidecer, e rapidamente acrescentou:

– Pode ser isso que está deixando Dumbledore estranho. Ele pode estar treinando secretamente Harry Potter para a guerra. Meu senhor, vou verificar isso agora mesmo.

– Faça isso, Severo, ou eu vou achar que meu espião em Hogwarts pode ser ultrapassado por um garoto de 16 anos.

Espumando de raiva, Severo Snape voltou para Hogwarts, e na primeira detenção que se seguiu, ele vociferou na cara dos três grifinórios:

– Vocês foram vistos! São tão discretos que vão atrair até a atenção dos trouxas!

– O quê?

– Como?

– Não se façam de santinhos! Eu disse que vocês deveriam ter sido expulsos! – Snape estava muito agitado – Draco Malfoy mandou uma coruja ao Lord das Trevas falando de atividades suspeitas e uma parte da escola estar fechada.

– Não!

– E agora?

– Eu tenho uma solução, mas vocês precisam me obedecer ao pé da letra, se é que terão inteligência suficiente para isso. Quero que atraiam Malfoy para um local longe da cabana, sem que ele saiba, e comecem a praticar defesa contra as Artes das Trevas.

– Quer dizer como a antiga AD, a Armada Dumbledore?

– Precisamente, Potter. Deixem que ele pense que vocês são uma espécie de reserva técnica da guerra, um esquadrão de elite, se quiserem pensar que são importantes. Ele precisa pensar que isso tudo foi idéia do Prof. Dumbledore.

Rony Weasley assentiu:

– É fácil. Não teremos problema.

– O problema foi criado por vocês mesmo, Sr. Weasley. E eu aconselho vocês três a evitarem as visitas à cabana por um tempo, ao menos até essa ameaça ser contornada.

Os três desanimaram:

– Sim, senhor.

– Não faça essa cara, Srta. Granger, ou eu sou capaz de estender sua detenção por mais dois meses!

– Sim, senhor. Quer dizer, não, senhor.

Levou apenas três dias, e o resultado apareceu:

– Severo, meu servo, você estava certo – Voldemort parecia satisfeito – Aquele tolo Dumbledore está treinando crianças para enfrentar meus Comensais. Ele deve ter pensado que o que aconteceu dentro do Ministério da Magia não foi somente incompetência de Lúcio Malfoy. É mais tolo do que eu imaginava, provavelmente está em estado adiantado de senilidade.

Pedro Pettigrew concordou:

– Isso mesmo, meu mestre.

Severo disse:

– Meu senhor, se quiser que eu dedique mais atenção a Potter e seus amiguinhos, farei isso. Nada me dará mais prazer do que deixar o pestinha em apuros.

– Não se dê ao trabalho, Severo – disse Voldemort – Mas recompense o jovem Draco Malfoy. Ele parece ser muito promissor.

– Sim, meu senhor.

– Avery, Rokwood, conseguiram o que eu pedi?

Dois Comensais se aproximaram:

– Meu Mestre, estivemos por todas as bibliotecas particulares em busca da informação. Nada pareceu confiável.

– Hum, isso não me satisfaz. Severo, diga-me: Hogwarts ainda tem aquela irritante Seção Restrita em sua biblioteca?

– Com certeza, meu senhor, mas os professores não têm qualquer restrição. Estou a seu dispor para buscar a informação que necessita.

Voldemort pensou um pouco e disse:

– Não. Se os livros com esse assunto vierem à tona, Dumbledore pode deduzir o que queremos. Não, Severo, você só será acionado em último caso. Mas você pode ajudar nessa frente de batalha. Quero que me prepare algumas poções das mais fortes que tiver: uma de invocação e outra para desabrochar poderes ocultos. Não precisa se apressar. Por enquanto não encontrei um dos ingredientes principais, mas sinto que estou perto.

– Como quiser, meu senhor.

– Agora volte para Dumbledore, Severo, e certifique-se de que ele continue ocupado treinando adolescentes enquanto eu me preparo para minha vitória final.

– Ouço e obedeço, meu senhor.

Snape saiu da reunião de Comensais e Voldemort aproximou-se de seu servidor Rabicho:

– Quero que você esteja em Hogwarts ainda esta noite. Diga-me o que acontece. Veja se Severo está em posição de nos ajudar, ou se devemos retirá-lo da escola.

Orgulhoso da missão que lhe era confiada, o homem-rato sorriu:

– Sim, meu Mestre.

– Tem certeza? – quis saber o Prof. Dumbledore.

– Não, eu não tenho certeza de nada – garantiu Severo – Estou apenas deduzindo. Se tem a ver com poderes e está na biblioteca de Hogwarts, pode ser que seja relativo aos Primeiros.

O diretor parou de se movimentar e ficou encarando Severo para ver se ele falava sério. Pela primeira vez, desde que a guerra tinha começado e apesar de todas as baixas na Ordem, o Mestre de Poções viu Dumbledore aparentar seus mais de 150 anos. Ele suspirou, fechando os olhos e disse, em voz cansada:

– Se isso for verdade, é muito grave, meu caro Severo. Isso pode explicar a demora de Voldemort em lançar seu ataque. Ele primeiro precisa reunir os elementos da profecia. Para todos os propósitos práticos, a profecia está absolutamente fragmentada.

– Então é verdade? Hogwarts possui o segredo?

Dumbledore se levantou, andou pelo seu gabinete e viu que os retratos de antigos diretores de Hogwarts estavam todos extremamente quietos, sinal de que prestavam atenção máxima ao que diziam.

– Os fundadores de Hogwarts foram visitados pelos Primeiros. É assim que sabemos deles. Contudo, com a cisão de Salazar Sonserina, parte dos documentos se perdeu. Minerva e eu temos procurado pelos documentos na Câmara Secreta, mas não estão lá. Obviamente quando Voldemort a abriu, há alguns anos, tratou de sumir com eles.

Snape lembrou:

– Mas de acordo com a lenda, ninguém poderia fazer uso das informações contida na profecia. É extremamente perigoso! Até mesmo os fundadores de Hogwarts mal conseguiram afastar os Primeiros quando eles apareceram.

– Sim, meu querido Severo – concordou Dumbledore – Você tem razão: isso é muito perigoso. E se Voldemort está contemplando um plano nesse sentido, precisamos impedi-lo. Vou mobilizar a Ordem. Nem preciso lhe dizer para exercitar extrema cautela e tentar verificar essa pista.

– Sim, diretor.


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