Crianças. escrita por Secret


Capítulo 1
Tarde no parque.


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas fiz!
Quando digo que vou postar numa data, eu posto nem que seja às 23:59!
Espero que esteja bom, até porque escrevi hoje!
É, eu não presto atenção em prazos!
Presente de aniversário para Black Canary.
Parabéns! Já pode dirigir, ser presa, é responsável pelos próprios atos e pode ser pedida em casamento!
Tenho que dizer quantos anos ela fez?
Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639308/chapter/1

— Acorda, amor! — Fui acordado por um beijo. — Já fiz o café da manhã. — Levantei surpreso e fiquei encarando a pessoa a minha frente. Gustavo, meu marido, apenas sorria. Ok, tem algo muito errado acontecendo aqui!

1: Ele nunca acorda antes da hora do almoço em fins de semana.

2: Quando, por algum milagre, ele acorda (ou é acordado) fica com um mau humor terrível! Sério, da última vez que eu o acordei “cedo” num feriado ele jogou todos os travesseiros da cama em cima de mim!

3: Ele só me chama de “amor” quando quer alguma coisa.

4: E o mais importante: Ele é péssimo em cozinhar! Gustavo é a única pessoa que eu já vi que consegue queimar miojo!

Isso mesmo, miojo! Quem mais teria essa capacidade?

— Espera um minuto, vou trocar de roupa e já vou para a cozinha. — Eu vou descobrir o que o Gustavo está aprontando. Mas antes quero ver o que ele cozinhou! E, é claro, rir do estado em que a cozinha deve ter ficado!

A melhor comparação que eu posso fazer com o estado da cozinha seria uma zona de batalha da terceira guerra mundial! Tinha leite derramado no chão, pó de Nescau na mesa, margarina na pia, casca de ovo por aí e ele tinha derramado óleo na pia inteira!

— O que você tentou fazer aqui? — Frisei bem o “tentou” e, obviamente, ri da situação!

— Eu pensei em fazer bolo, mas não deu muito certo. Então eu fiz sanduíche com Nescau para a gente! — Forçou um sorriso. Bem, como ele não me atacou física ou verbalmente, com certeza quer alguma coisa!

— Ok — Disse enquanto pegava o lanche e ligava a TV. — , o que você quer?

— Quem disse que eu quero alguma coisa? — Disse rápido e guinchou no fim da frase. Culpado! Será que ele não percebe que é quase transparente? Muito fácil de ler.

— O que quer? — Repeti quase cantarolando. É muito divertido irritar o Gustavo! Aproveitei o momento de silêncio e coloquei num canal infantil. Estava passando Dragon Ball GT! O dia já começou divertido!

— Consegue passar cinco minutos prestando mais atenção em mim que nesses desenhos? — Bufou. Mas logo suavizou o tom de voz. — Eu prometi ficar de babá hoje e preciso de ajuda.

— Só isso? — Sério? Ganhei beijo de bom dia e café da manhã pronto por uma ajudinha com crianças? Legal! Eu adoro crianças mesmo! — Quantas crianças e quando vai ser?

— Quatro e... Hoje à tarde. — Sussurrou a última parte.

Legal. Vamos dar uma de babás hoje e ele me avisa com algumas horas de antecedência... Tudo bem, eu posso aceitar isso. Mas ele vai ter que me compensar depois!

— Tá, não ia fazer nada hoje mesmo. — Dou de ombros. — Mas vai ficar me devendo! — Sorri zombeteiro e vi uma expressão levemente temerosa no rosto dele. Ah, eu não sou tão imprevisível assim! Mas admito que aquilo me divertiu e muito!

— Tudo bem. — Suspirou. — Te devo uma. As crianças chegam depois do almoço.

— Ótimo, então temos tempo para arrumar a zona de guerra que a cozinha virou! — Caçoei um pouco das “habilidades culinárias” dele. Logo ele ficou emburrado— Ah, não fica com essa cara, eu te ajudo.

Limpar aquela bagunça levou umas duas horas, mas no fim tudo ficou impecável! E por razões óbvias eu fiz o almoço! O Gustavo é demais, mas se tratando da cozinha eu prefiro mantê-lo a uma distância segura! Como por exemplo da porta para fora! Também, ele é o filho mais novo! Sempre teve a irmã mais velha e os pais para cozinhar!

E agora ele tem a mim, então acho que vi demorar um tempo até conseguir não destruir a cozinha fazendo sanduíches!

Depois do almoço as crianças começaram a chegar. Eu ainda quero saber como ele topou cuidar de quatro crianças na mesma tarde! O Gustavo é muito bonzinho, mas não pensa nos detalhes. Até por que ele não sabe cuidar de crianças!

Mas se não fosse assim não seria divertido, certo? E eu adoro diversão! Mesmo que custe um tapa ou um chute do meu “querido marido” facilmente irritável. Ele realmente não sabe brincar!

A primeira a chegar foi a Renata, prima do Gustavo. Ela estava com uma calça social, camisa roxa, sobretudo preto e cachecol azul. Mal chegou e já me abraçou! Não que eu não goste, ela é demais!

— Oi, Renata! Há quanto tempo! — Cumprimentei, depois percebi um garotinho meio escondido atrás dela. — E você, rapazinho. Não quer entrar?

— Lembra do Arthur, certo? Meu filho. Que bom que você e o Gustavo podem tomar conta dele hoje! — Ela sorriu. — Eu queria ficar para conversar mais, mas estou atrasada! Volto lá pelas 7 da noite, ok? Outro dia eu venho com mais calma e a gente conversa! Manda um beijo para o Gustavo por mim! — Ela me deu um beijo rápido, se despediu do filho e saiu.

Às vezes eu acho que a Renata gosta mais de mim que do próprio primo. Isso soa convencido demais? De qualquer modo ela foi embora e o garoto ficou parado no meio da sala, acho que ele é meio tímido.

— Espera só um minutinho que eu já volto, tá? — Ele assentiu. Fui chamar o Gustavo, que estava terminando um banho. Finalmente! Quem leva uma hora e meia num simples banho?

— Se seca e se veste logo que as crianças começaram a chegar! — Avisei enquanto batia na porta do banheiro.

— Já estou indo! Quem chegou?

— Arthur. E a Renata mandou um beijo.

Voltei para a sala, Arthur ainda estava no mesmo lugar, parecia até que tinha esperado feito uma estátua até alguém voltar!

— Vem aqui, vamos brincar um pouco. — Eu o chamei para o tapete da sala e espalhei alguns blocos de lego no chão.

E, antes que alguém pergunte, sim o lego era meu! Qual é o problema? Lego é para todas as idades! Já flagrei até o Gustavo brincando escondido! Mas não contei para ele, acabaria com a cena!

Depois de um tempo entretendo o garoto a campainha tocou de novo, mas o Gustavo chegou antes de mim para atender.

— Olá, Natália! Como vai? — Perguntou com um sorriso amigável e um abraço. Se eu fosse um pouquinho mais ciumento teria ido separar, nunca falei muito com essa amiga dele, então não a conheço direito.

— Bem, obrigada! Agradeço muito poder cuidar dos meninos hoje! Vai me ajudar muito!

— Sem problemas. Entrem, crianças! — Esse se voltou para mim. — Essa é a Sofia e esse o Matheus. Natália, esse é o Bruno, meu marido. — Sorriu e mostrou a aliança. Será que eu deixei na cara demais o ciúme? Ah! Dane-se! Ele é MEU marido!

Ela foi embora depois de uma conversa e ficamos somente nós e as crianças.

— Já chegaram três, quem é o último? — Perguntei. Não pode me culpar por não saber, fiquei sabendo hoje que ia ser babá! Mas admito que é muito bom ter companhia para brincar! Já tentei com o Gustavo, mas ele fica reclamando que já é adulto.

— Gabrielle, lembra-se dela, né? Filha da minha irmã.

— Mais ou menos, não vejo ela há uns meses. Devíamos visitar sua família mais vezes! — Ele não teve tempo de responder. A campainha tocou de novo e o Gustavo abriu para a irmã.

— Olá! Bom te ver! — Gritei do tapete mesmo. Ela é da família, para que boas maneiras?

— E aí, Bruno? Beleza? — Cumprimentou de volta. — Oi, maninho! Curtindo a vida de casado? — Riu.

— Oi, mana. Oi, Gabi! — Ele decidiu ignorar a pergunta. Que chato! Eu adoraria ver ele se enrolando para responder!

— Oi, tio Tavo! — A garotinha respondeu. Acho que ela tem uns 5 anos. Mas sou péssimo para lembrar datas e aniversários, então não tenho certeza. De qualquer modo ela é uma gracinha. Olhos castanhos e cabelo preto ondulado como a mãe.

A irmã do Gustavo se despediu e sobramos nós e as quatro crianças.

— Só por curiosidade, como te convenceram a cuidar de quatro crianças na mesma tarde? Nem comigo você brinca! — Isso é algo que eu realmente gostaria de saber! Seria mais fácil ele preparar uma refeição decente sem explodir a cozinha que aceitar brincar com crianças! Eu até tenho minha dúvidas se ele brincava quando era criança!

— Não fale como se eu detestasse crianças! Além do mais tinha certeza que você me ajudaria! Você não brinca com crianças, você é criança!

— Ok, senhor adulto! — Me voltei para as crianças. — Que tal irmos todos ao parque? O tio Gustavo pode pagar um sorvete! — Sim, isso foi pura provocação! E logo você vai ver o porquê.

— Por que o “tio Gustavo”? Até onde eu sei a ideia foi do tio Bruno! — Se irritou. Eu apenas ri! Como é fácil irritar esse ser dramático!

— Infelizmente eu “sou” criança, e crianças não pagam sorvete, pedem para adultos! — A cara do Gustavo ao ouvir isso foi impagável! Mas achei melhor suavizar. — Vamos, será bom. O parque é espaçoso, tem árvores, sorveteria perto e muito espaço para as crianças correrem. Ou quer deixar quatro pessoinhas soltas pela casa?

— Ok, vamos. — Essa foi fácil. Eu e ele moramos de aluguel, então é claro que ele prefere a ida ao parque à crianças correndo pela casa! O que é ótimo, porque arrastar o Gustavo para um parque é mais difícil que arrastar uma criança para o dentista! Nunca entendi por que.

Chegamos até que rápido. O parque não estava muito cheio, havia apenas algumas famílias fazendo piquenique, pessoas passeando com cães e encontros de casais. Nós resolvemos dividir as crianças. Eu fiquei com a Sofia e o Arthur e ele ficou com a Gabrielle e o Matheus.

Eu e as crianças corremos um pouco e brincamos de pega-pega e pique-cola. Pude sentir um ou outro olhar de estranhamento, mas isso não me incomodava antes e não incomoda agora. Sou só um adulto feliz brincando com crianças, e caindo na grama de vez em quando, mas faz parte.

Depois de algum tempo resolvi deitar na grama um pouco. Não tenho mais o mesmo fôlego para brincar que na infância! Arthur e Sofia se aproximaram, ambos ofegantes.

— O que está fazendo, tio Bruno? — Sofia perguntou. Acho que ela tem uns 6 anos.

— Procurando besouros. — Respondi. — Caçar besouros é minha brincadeira favorita desde pequeno! — Que foi? É divertido! E no parque tem vários mesmo!

— Legal! Podemos tentar? — Arthur disse baixo. É a primeira vez que ouço a voz dele, que menino tímido! Bem diferente da mãe! Se bem que o Gustavo falou que ela é meio tímida em público.

— Claro! Sabiam que foi caçando besouros que eu conheci o Gustavo? — Comentei. Ainda hoje rio lembrando daquele encontro!

Até hoje não sei de onde tirei “prove” como resposta para “eu gosto de você”! Mas foi a melhor resposta que eu já dei na vida!

— Aí vocês se apaixonaram e viveram felizes para sempre igual nas histórias? — Sofia perguntou com os olhinhos brilhando. Adorável, não?

— Mais ou menos isso. Te garanto que ele fez tantas loucuras quanto um príncipe de histórias! — Ri. — Aposto que ele teria até beijado um sapo se eu pedisse! — Consegui arrancar algumas risadas dos dois. É uma boa sensação.

— E depois vocês se casaram com uma festa grande cheia de flores e pombos brancos, tipo nos filmes? — Ela continuou as perguntas. Dessa vez eu tive uma crise de risos antes de conseguir responder! Digamos que o casamento não foi digno de filmes românticos ou contos de fada.

— Espera aí que eu tenho uma foto! — Peguei meu celular e procurei a foto. Depois mostrei para os dois curiosos.

Eu e o Gustavo tivemos a maravilhosa ideia de um escolher a roupa do outro para o casamento. No civil. Nenhum de nós é muito religioso e estávamos juntando dinheiro para alugar uma casinha bacana. Moral da história? Eu acabei com um terno e cabelo lambido... De novo! (como se não fosse ridículo o bastante no aniversário dele). E ele teve que ir para a rua de pijama com estampa do super-homem.

Sim, foi um casamento lindo! Tinha até as testemunhas para rir comigo! (já ele não riu, ele detesta quando é o motivo das risadas. Quanto mau humor! Mesmo assim eu o amo!).

— Por que vocês estão vestidos assim? — Arthur indagou curioso.

— Porque somos dois loucos! — Respondi simplesmente. E é a mais pura verdade!

Finalmente vi um besouro! Já ia pegá-lo quando o Matheus chegou correndo.

— Olá! — Cumprimentei. — Cadê o Gustavo?

— Então. — Ele tentava recuperar o fôlego. — Ele tá meio que preso numa árvore.

Espera aí! O Gustavo subiu numa árvore? E ainda por cima ficou preso! Ok, eu tenho que saber como isso aconteceu!

Eu e as crianças corremos, Matheus nos guiando. Logo chegamos numa parte do parque com mais árvores, pessoalmente eu gostava de lá, mas o Gustavo não. Tive que me controlar para não rir da cena a minha frente! Gustavo em cima de uma árvore, o que já é impressionante, olhando com medo para baixo e uma garotinha embaixo olhando curiosa.

— O que aconteceu aqui? — Perguntei, minha vontade de rir devia estar muito na cara, já que senti o olhar do Gustavo de “nenhuma palavra ou eu te mato”. — Eu não disse para não chamar o tio Bruno, que eu consigo descer sozinho? — Disse encarando Matheus.

— É! Mas isso já faz uns 10 minutos! — Matheus é um pouco mais velho, tem 9 anos, então consegue se justificar melhor que a maioria. — Então eu chamei o tio Bruno para te descer!

Dessa vez eu tive que rir! Gustavo preso em cima de uma árvore perde uma discussão para uma criança! Se desse eu teria filmado esse momento!

—Bem, se o tio Gustavo diz que saí sozinho, ele saí sozinho. — Disse para ninguém em especial e sentei na grama, observando o Gustavo com um sorriso zombeteiro. As crianças me imitaram e ficamos lá sentados esperando.

Gustavo me olhou com raiva de novo, entendendo meu jogo.

— Tá bom! — Ele suspirou. — Eu não consigo descer dessa maldita árvore! Dá pra me ajudar agora?! — Estranhamente é muito bom ver o Gustavo engolindo o orgulho, tira a pose de adulto dele. Ele fica chato quando se faz de maduro.

— Sem problemas. — Ri e comecei a subir para ajudá-lo. Ele não estava a sequer dois metros do chão, mas isso para quem tem medo de altura e nunca subiu em árvores deve ser assustador. Além disso, como eu poderia negar o papel de “salvador da donzela indefesa”?

Se eu disser isso em voz alta o Gustavo me mata!

Quando acabamos percebi que Arthur e Sofia estavam faltando no grupo. Encontrei-os num canto do parque cavando a terra com as mãos.

— O que estão fazendo?

— O Arthur disse que tem ossos de dinossauro enterrados aqui! — Sofia explicou sorrindo. Resolvi examinar esses tais ossos.

— Detesto estragar a diversão, geralmente o Gustavo faz isso por mim, mas são só ossos que os cães enterram por aqui. — Disse vendo um cachorro cavar um buraco com um osso na boca. — Levantem e vamos comer alguma coisa, exploradores! — Sorri, crianças são divertidas.

Depois resolvi cobrar o sorvete do Gustavo. As crianças superapoiaram! Gustavo e eu montamos os quatro sorvetes antes de pegar os nossos. Dividi a conta com ele, seria maldade deixá-lo pagar seis sorvetes sozinho!

— Então, vai me contar como foi parar em cima de uma árvore? — Questionei depois de sentarmos na mesa da sorveteria.

— Vamos só esquecer isso! — Ele olhou para o lado e ruborizou. Agora eu quero mesmo saber! Já ia perguntar de novo, mas a Gabrielle me cortou.

— Eu pedi para o tio Tavo subir na árvore. Ele disse que não queria, então eu disse que tinha certeza que ele não sabia subir. Aí ele ficou bravo e disse que sabia subir. Aí eu disse para ele provar e ele ficou preso lá! — A garotinha de cinco anos explicou. Eu só pude encarar meu marido com um sorriso irônico.

— Impressão minha ou a palavra “prove” tem um efeito especial sobre você? — Vi ele olhar para o lado e ignorar a pergunta. Claro que eu continuei! — O “senhor adulto” subiu numa árvore por ser desafiado por uma garotinha e ainda ficou preso?

— Dá pra ficar quieto?! — Resmungou, fechando a cara.

— Sabe, eu amo quando você tenta provar alguma coisa e faz confusão! — Comentei. — É adorável, e divertido. — Ele ruborizou e ficou menos emburrado. — É quase seis e meia, melhor ir para casa! — Uau! O tempo voa quando você se diverte! Só percebi isso porque olhei meu relógio de pulso de relance.

Voltamos para casa num clima preguiçoso. As crianças acabaram cochilando no banco traseiro e eu também estava meio cansado da tarde de brincadeiras.

— Eles trouxeram roupas limpas, certo? — Perguntei. — Eu, Sofia e Arthur rolamos na grama durante os jogos!

— Sim, todos trouxeram uma roupinha para trocar. — Ele assentiu. — Devíamos dar banho neles, não é?

— É, você dá? — Claro que vai sobrar para mim, mas quero ouvir o motivo da boca dele, será mais engraçado!

— Pode fazer isso? Eu nunca dei banho em criança. — Passou a mão na nuca, meio embaraçado. Ele estaria perdido sendo babá sozinho!

— Sem problemas. — Ri um pouco e balancei suavemente as crianças para acordá-las. — Hora do banho, criançada.

Gustavo ficou me observando, curioso, dar banho nas crianças. Banhei e vesti as quatro e ele as colocou no sofá para esperar as mães. Depois de alguns minutos elas começaram a chegar e pegar as crianças adormecidas no colo. A maioria estranhou encontrá-los tão quietos, mas uma tarde no parque drena a energia de qualquer criança! Algumas das mães até ficaram para bater um papo com a gente! A Renata foi uma delas,gosto de conversar com ela.

Depois que todos saíram já estava meio tarde, então nós fomos deitar. Cara, essa tarde me cansou! Ficamos alguns minutos abraçados na cama sem fazer nada, mas o Gustavo quebrou o silêncio.

— Sabe, você daria um bom pai. — Ele disse com a voz baixa, meio cansado.

— Você também não seria ruim. — Brinquei. Ele bateu de leve no meu peito.

— O que diria se eu dissesse... Que podíamos adotar uma criança? — Perguntou temeroso. Espera aí! Então tudo isso de ficar de babá é por que ele quer ser pai? Essa realmente me surpreendeu. Acho que demorei demais para responder, porque ele continuou. — Quer saber, esquece. Foi uma ideia idiota. — Tentou disfarçar.

— Tá brincando? Seria demais! Só fiquei meio surpreso de querer formar família tão cedo. — Me expliquei.

— Diz o cara que me pediu em casamento aos 18 anos. — Ironizou. Ei! Só eu uso ironia aqui!

— Seria incrível! — Eu o beijei.

— É uma pena que seja tão difícil adotar. A fila de espera para bebês é enorme. — Comentou.

— Por que não adotamos uma criança maior? — Perguntei mais sério, talvez ele tenha notado. Digamos que é um assunto pessoal para mim.

— Criança maior? Mas... — Ele tentou achar um bom argumento. — Crianças maiores são mais difíceis de lidar. Não dá mais para ensinar as coisas como fazemos com crianças. Não acha arriscado demais? Vamos tentar um bebê.

— Preocupado com mau comportamento? Justo o garoto que pichou o muro da escola? — Ok, fui sarcástico demais. Certos assuntos mexem comigo.

— Não me leve a mau. — Se defendeu. — Mas crianças criadas num orfanato não devem ser muito confiáveis no comportamento ou personalidade. É só por causa do ambiente onde foram criadas, nada demais, — Ele se enrolou um pouco na explicação.

— Não acho que adotar uma criança maior seja um erro. A maioria é bem legal. — Tentei me controlar um pouco. Afinal é comum temer a adoção tardia, o Gustavo apenas segue o consenso geral.

— Como você pode saber? — Ironizou.

— Porque eu fui adotado aos 15 anos. — Rebati. Devo ter sido duro demais, depois disso só ouvi o silêncio e senti o Gustavo se remexer desconfortável. Eu quase podia ver a fumaça saindo da cabeça dele de tanto pensar no que dizer depois dessa.

— Relaxa, pensar demais não é seu forte. — Tentei amenizar o clima. — Não é nada demais, sério.

— Por que nunca me contou? — Ele disse inseguro. Devia estar com medo de cair em outro assunto delicado.

— Queria que eu fizesse o quê? Me apresentasse dizendo “Oi, meu nome é Bruno e eu sou adotado?”. O assunto nunca surgiu e não achei importante comentar.

— Não achou importante falar do seu passado para seu marido? —Disse irônico.

— Para com isso. Ironia não combina com você. Se quer saber eu passei 15 anos num orfanato dividindo quarto com outras crianças. Havia algumas “tias” bem legais e eu cuidava dos menores, era quase o “irmão mais velho”. Por isso sei lidar bem com crianças. Aos 15 meus pais me adotaram, aos 17 te conheci, aos 18 te pedi em casamento e a história segue.

— Então... Vamos visitar um orfanato um dia desses? Podemos dar uma olhada nas crianças maiores. — Tentou fazer a conversa ficar natural.

— Vemos isso amanhã. — Dei um beijo de boa noite nele. Era só um beijinho inocente, eu juro! Mas ele decidiu aprofundar e, para não ficar pra trás, desci os beijos para seu pescoço.

Espera aí, eu disse que o dia foi cansativo? Esquece! Ainda tenho bastante disposição! Agora, se me dá licença, tenho algo mais divertido para fazer. E certas cenas não precisam de público, não acha?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Isso aí! Primeira vez com o ponto de vista do Bruno.
Espero que tenham curtido a mudança.
Agradeço também a:
Snowflake, pelo comentário e recomendação em "Presente."
LittleHobbit, pelo comentário adorável.
Black Canary, a querida aniversariante que também comentou!
Dony, por comentar quase todas as minha fics como uma boa stalker! Além do mais seu comentário foi bem engraçado!
Kake55, uma pessoinha bem legal que leu as duas one-shots de uma vez e foi meio que esquecida por mim um pouquinho!
Kally, Funny, Little Hobbit, Stefhany Malfoy, Black Canary e Kake 55 pelos favoritos!
...
Eu sei que fica uma lista enorme e chata de ler de agradecimentos, mas todos vocês me animam, então merecem ser reconhecidos!
Até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crianças." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.