Hello, I Love You escrita por Queen Of Peace


Capítulo 4
Under Pressure


Notas iniciais do capítulo

antes de qualquer coisa, quero agradecer muitoooo mesmo a pietra Mellark Salvatore por ter indicado a fic. Você é um amor e obrigada mesmo mesmo por recomendado a história ♥♥♥♥♥
como sempre, o título do capítulo é tirado de uma música, e a de hoje é essa aqui https://www.youtube.com/watch?v=a01QQZyl-_I
espero que gostem da música e do capitulo de hoje ♥♥♥♥



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KATNISS EVERDEEN

Aquilo não podia ser real. Será que ela tinha pegado no sono e tudo aquilo não passava de um sonho bem maluco que sua mente confusa estava criando? Talvez ela estivesse em sua cama, encolhida e agarrada ao travesseiro, lutando pra acordar daquele sonho horrível.

Mas seria mesmo um sonho tão ruim assim?

Quantas vezes ela tinha sonhado com o dia em que Gale apareceria na sua porta daquele mesmo jeito e lhe diria aquelas mesmas palavras? Foram tantas vezes que já era normal que ela tivesse esse sonho. Ele dizia que sentia sua falta, eles se abraçavam, se beijavam, e tudo ficava bem. Mas as coisas não eram tão simples assim. Não eram mesmo.

O fato era que agora era Katniss quem não queria ficar com ele. O pé na bunda que tinha levado tinha sido doloroso demais e ela ainda estava tentando se recuperar dele. Gale não tinha o direito de aparecer ali, ou de ficar ligando pra ela e enchendo seu saco com todas aquelas mensagens idiotas dizendo que ainda estava apaixonado por ela e que os dois precisavam ficar juntos.

— Não vai me convidar pra entrar? — ele perguntou, acordando Katniss de seu devaneio.

— O que você quer, Gale? — Mesmo sem vontade ela acabou dando um passo pro lado, abrindo espaço pra que ele entrasse no apartamento. Ela ficou quieta, observando-o enquanto ele fazia sua vistoria pelo apartamento. Ele sempre fazia isso. Era uma mania que ele tinha. Sempre que entrava ali, dava uma boa olhada na sala e na direção do corredor, só pra ter certeza de que estavam sozinhos.

— Eu queria te ver — ele disse, virando-se pra ela e exibindo um sorriso enorme.

Ela podia se lembrar da época em que aquele sorriso fazia com que seu estomago se agitasse e que suas pernas ficassem moles. Mas isso já não acontecia mais. Existia alguma coisa em tomar um pé na bunda que fazia desaparecer todas essas sensações bobinhas que se sente quando está apaixonado.

Mas ela ainda o amava, não amava?

Olhando pra ele ali, parado próximo ao seu sofá e com aquele maldito sorriso nos lábios, ela só conseguia ficar se perguntando se ainda o amava ou se finalmente tinha seguido em frente.

— Bom, você já me viu. Pode ir embora agora — resmungou, indicando a porta com as mãos.

— Katniss... — ele bufou e caminhou em sua direção. Ela pensou que ele estava indo embora já que foi direto até a porta. Mas ao invés disso ele apenas fechou a porta e parou de frente pra ela, com poucos centímetros de distância entre os dois. — Pare de resistir à mim. Eu te amo. Você é minha.

Seus olhares se encontraram e ele manteve aquele contato pelo máximo de tempo possível, e foi ela a primeira a desviar o olhar. Sentia-se inquieta e meio sem jeito por estar passando por aquela situação. Por mais que tivesse sonhado com isso diversas vezes, a realidade era meio frustrante agora que ela já pensava que ele era um babaca.

Mas não teve tempo de dizer nada. Sentiu as mãos de Gale em seu corpo. Uma em sua cintura e a outra no pescoço, afastando seus cabelos e entrelaçando os dedos nos fios escuros. Agora já não existia mais qualquer distância entre os corpos, e quando ela abriu a boca para protestar e pedir que ele se afastasse, Gale a beijou com urgência, separando seus lábios pra que pudesse abrir caminho pra sua língua.

Ela nem ao menos conseguiu resistir.

Aquilo era familiar demais. Ela e Gale. Gale e ela. Seus corpos juntos. Seus beijos, seus abraços, seus braços ao redor do seu corpo. Quando se deu conta, ela já estava correspondendo ao beijo e Gale aprovava isso. Ela podia sentir seus lábios se repuxando num sorriso vitorioso enquanto ele a beijava. Ela deveria mesmo estar fazendo aquilo? Deveria mesmo não estar resistindo?

Ela se afastou quando ele começou a caminhar com ela em direção ao sofá. Sabia que se não se afastasse naquele momento, as coisas não terminariam bem. Pelo menos não emocionalmente.

— O que foi? Volta aqui. Você estava gostando. — Ele tinha aquele sorrisinho nos lábios de novo, e ela agradeceu mentalmente por ter se separado dele antes que fosse tarde demais.

— Não podemos fazer isso, Gale. Nós terminamos. Eu já estou em outra. — Ela nem sabia de onde tinha saído aquela mentira, mas percebeu como aquilo poderia ajudá-la a se livrar de Gale naquele momento.

— Como assim você está em outra? Que outra?

— Eu estou meio que... namorando uma pessoa.

— Que pessoa? Me diz quem é o cara. — Ele parecia furioso e Katniss rezava pra que ele não se descontrolasse ou ficasse violento com ela.

— Ele se chama... — Céus, por que tinha que ter mentido? Agora teria de inventar um nome e não conseguia pensar em nenhum. Mas então, ao olhar ao seu redor, ela encontrou um LP dos Smiths jogado no chão e imediatamente lembrou-se de Peeta, o guitarrista bonitinho que tinha conhecido na outra noite.

— Ele se chama Peeta.

— Peeta? — Gale bufou, cruzando os braços. — Pois bem. Quero conhecer esse tal de Peeta. Quero ver se ele merece ter uma namorada como você.

PEETA MELLARK

Tudo o que poderia dar errado naquela semana aconteceu.

A primeira coisa da lista era Katniss. O número desativado. Ainda não sabia se ela tinha lhe dado um número falso ou se realmente tinha desativado aquele. Ele não fazia ideia de como poderia encontrá-la agora. Ela tinha seu número, é claro, mas quando é que uma garota ligaria pra um garoto? Isso não acontecia. Nem mesmo nos filmes onde coisas desse tipo costumam acontecer.

A segunda coisa foi seu pai lhe dizendo que não daria nem um centavo pra que ele pudesse voltar a estudar. Ele disse que aquele era seu castigo inicial. Ele só voltaria a ajudá-lo quando percebesse que ele estava mesmo interessado nos estudos e se esforçando pra conseguir se formar. Talvez isso levasse um tempo.

A terceira coisa foi não conseguir um emprego no Devil's Bar. Mesmo que o dono do lugar fosse tio de Finnick, ele não parecia muito interessado em ter gente nova trabalhando por ali. Mesmo que esse alguém fosse um conhecido dele. Ele disse que já estava satisfeito com sua equipe e que ela já estava cheia. Se abrisse uma vaga, talvez, ele poderia chamá-lo pra trabalhar.

E a quarta coisa foi Jim dizer que largaria a banda pois havia resolvido ir pro Canadá.

A Devil's Band estava na ativa há dois anos e meio. O nome da banda era meio que uma homenagem ao tio de Finnick que sempre sonhou em ser um astro do rock. Mas as coisas não deram muito certo pra ele, então ele acabou se tornando o dono de um bar. O que não lhe rendia muito dinheiro, diga-se de passagem. Peeta, Finnick e Jim eram amigos desde a época do colégio. Cresceram juntos e eram inseparáveis. Sempre quiseram montar uma banda, mas as coisas só deram certo quando os dois conheceram Cato, um garoto grandalhão que tocava baixo. Ele foi o empurrãozinho que os garotos precisavam pra começar a tocar. Cato tinha todos os instrumentos em casa, e não demorou muito pra que eles começassem a tocar.

E agora, com Jim querendo ir embora, o futuro da banda era incerto. Cato queria abrir audições pra que pudessem achar um outro baterista, mas Finnick batia o pé e dizia que sem Jim a banda não existiria mais. Ele não achava que qualquer pessoa poderia substituir o amigo. Peeta estava em cima do muro. Por um lado não queria parar de tocar, mas por outro sabia que não faria muito sentido continuar com aquilo se Finnick e Jim não estivessem juntos com ele. E talvez, se a banda acabasse mesmo, ele teria mais tempo pra estudar e arrumar um emprego. Pelo menos por alguns meses, só pra que seu pai parasse de pegar tanto no seu pé.

Jim havia dito aos rapazes pra que eles não se preocupassem. Ele contiuaria por ali por algumas semanas. Era o tempo que precisava pra se organizar e ir embora.

Peeta ainda não sabia o que fazer. Por mais que Jim fosse meio idiota, eles eram grandes amigos e ele sabia que sentiria sua falta. As coisas não poderiam estar piores.

E como se já não bastasse tudo isso, ele não conseguia deixar de pensar em Katniss. Naquela noite que tiveram juntos e que agora era uma lembrança distante que mais se parecia com um sonho que ele se recusava a esquecer. Apenas desejava com todas as forças que um milagre acontecesse e eles se encontrassem novamente.

Depois de muita burocracia com a faculdade, ele finalmente conseguiu destrancar seu curso e a volta às aulas estava prevista pro início do próximo semestre. Sentia-se um pouco incomodado com aquilo. Incerto se estava ou não fazendo a coisa certa. Ele sabia que aquilo era necessário, pelo menos por enquanto. Mas assim que arrumasse um bom emprego que lhe desse um salário suficiente pra se sustentar, ele deixaria aquela história de faculdade de lado.

Já fazia uma semana que tinha conhecido Katniss, e ela ainda não tinha telefonado ou dado qualquer sinal de vida. Ele aos poucos começou a aceitar o fato de que eles não se encontrariam outra vez. Não era pra ser. Ou como Jim havia dito, "não era o desejo do destino".

Naquela tarde todos os rapazes da banda se reuniram no Devil's Bar. Como tinham feito todos os dias naquela semana, eles se reuniram pra mais uma "reunião de emergência". Queriam decidir qual seria o futuro da banda. Cato insistia na ideia de abrir audições pra encontrar um novo baterista, e Jim concordava com ele.

— Vocês não podem desistir da banda só porque eu estou indo embora. Entendam isso. Quem está desistindo aqui sou eu. Vocês não precisam se privar de fazer algo que gostam só porque pensam que existe algum código de ética moral que diz pra que vocês parem de tocar por minha causa.

Jim era bem inteligente quando não estava chapado.

— Viu?! Ele concorda comigo. Nós não podemos desistir da banda apenas por causa dele. — Cato deu um longo gole na cerveja gelada, esperando que Peeta e Finnick finalmente esquecessem daquela ideia de acabar com a banda.

— Mas a alma da banda não será a mesma sem o Jim. Não podemos colocar outro em seu lugar — disse Finnick.

— Cara, pelo amor de Deus, olha o que você está dizendo. Alma? Que alma? Nós somos merda de uma banda que toca num bar pra meia dúzia de pessoas. E isso só começou recentemente. Pára de pensar tanto e achar que tudo é tão sério. Vocês gostam de estar numa banda, e eu só entrei na onda de tocar por causa de vocês. Então relaxem, achem outro baterista e vivam o sonho. Eu já estou indo viver o meu.

Todos ficaram em silêncio. Por um lado Jim tinha razão. É claro que ele tinha razão. Mas os outros sempre pensaram que ele também gostava de estar na banda e não que fazia isso apenas por companheirismo. Aos poucos Peeta começou a concordar com Jim, e logo se viu dizendo isso em voz alta e surpreendendo Finnick, que ainda não queria colocar outra pessoa no lugar de Jim.

— Olha só, eu ainda vou ficar na cidade por algumas semanas. Nós vamos continuar tocando e depois que eu for embora vocês decidem o que querem fazer. Mas eu já disse o que penso, e podem apostar que não vou achar nada inteligente vocês desistirem disso tudo só porque eu estou indo embora.

Finnick resmungou em concordância, mas ainda não conseguia enxergar outra pessoa no lugar de Jim. Eles eram amigos de infância, e agora ele ia embora pro Canadá e sabe-se lá quando eles se veriam novamente. Achava que sua insistência em não colocar ninguém no lugar do amigo era porque passava a sensação de que ele estaria substituindo o amigo depois que ele fosse embora.

Eles terminaram a tarde bebendo cerveja e conversando amenidades. O clima aos poucos foi melhorando entre eles, e quando anoiteceu, eles já tinham se esquecido da história da saída de Jim da banda e sua mudança para o Canadá. Esqueceram-se ao menos momentaneamente, porque "Canadá" era uma palavra que não cansava de sair da boca de Jim. A todo instante ele pontuava coisas que queria fazer no país, os lugares que queria conhecer, e todas as garotas que tinha conhecido virtualmente e que finalmente teria a oportunidade de ver pessoalmente.

Naquela mesma noite eles tocariam no bar. Usariam a setlist antiga já que não tiveram tempo de ensaiar a nova por causa de todas as reuniões de última hora que fizeram por causa da saída de Jim da banda. Antes do horário "oficial" da abertura do bar, eles organizaram seus instrumentos no palco improvisado e Finnick e Jim abasteceram o "camarim" com seus maços de cigarro e engradados de cerveja. Por mais que já estivessem dentro de um bar, eles eram preguiçosos demais pra deixar o camarim pequeno e abafado pra buscar uma cerveja no balcão.

Enquanto eles enchiam o camariam com suas bebidas e cigarros, Peeta aproveitou para sentar-se no balcão e observar o tio de Finnick, Haymitch, lavar e secar os copos que ele organizava sob o balcão. Ele fazia tudo lentamente, como se não tivesse pressa ou vontade alguma de receber clientes ali. Haymitch era um homem calado e de feições duras, que só provavam que ele passava a maior parte do tempo de cara amarrada. Peeta nunca tinha entendido como ele tinha se casado com uma mulher tão alegre feito Effie. Ela irradiava alegria enquanto o marido mal sorria e vivia bebendo. Talvez os apostos realmente se atraíssem.

— O que foi, garoto? — resmungou Haymitch, mastigando um palito de dentes enquanto colocava mais um copo sob o balcão. Ele era um homem inteligente e tinha seus bons momentos. Por exemplo, ele tinha sido legal o suficiente pra deixar que Finnick e seus amigos usassem o bar como casa de show, e tinha até mesmo liberado aquele quartinho inútil pra que eles usassem como camarim. E quando ele estava realmente bêbado, até mesmo contava piadas e ria das brincadeiras do sobrinho e seus amigos. No fundo ele não era um cara tão ruim assim.

— Apenas pensando — respondeu Peeta. Ele e o homem não eram de conversar muito. Então ele se sentia um pouco desconfortável em se ver preso no mesmo ambiente que ele, ainda mais por sentir a necessidade de preencher o silêncio só pra que não ficasse estranho ou constrangedor demais. Mas naquele dia ele nem mesmo tinha pensado nisso. Estava tão fixado em seus próprios pensamentos que não pensou que Haymitch fosse notar sua presença e tentar iniciar uma conversa com ele.

— O burro morreu de tanto pensar — ele resmungou. — Ou algo assim. — Ele deixou de lado o pano que usava pra secar os copos e recostou-se sobre o balcão. O palito que mastigava corria de um lado a outro da sua boca, dando-lhe um ar engraçado. — O que 'tá pegando?

— É uma garota — Peeta se viu respondendo, mesmo que nem tivesse formado aquela resposta em seus pensamentos. Será que ele queria mesmo ter aquela conversa com Haymitch?

— Mulheres são os maiores problemas na vida de um homem. Ou pelo menos de quase todos os homens. Aquele primo da Effie parece não ter muitos problemas nessa área, se é que você me entende.

Peeta não entendia, mas ficou calado. Será que Haymitch poderia ajudá-lo? Será que daquela mente bêbada e confusa poderia sair algo que realmente poderia ajudá-lo a esquecer Katniss ou talvez conseguir conquistá-la?

— Eu conheci uma garota. Uma garota muito legal. Nós passamos uma noite incrível juntos, mas ela sumiu.

— E você foi burro o suficiente pra não pedir seu telefone? — o homem o interrompeu.

— É claro que eu pedi! E eu liguei pra ela, ao contrário do que dizem por aí sobre homens que nunca ligam. Enfim. Mas quando liguei só ouvi uma mensagem dizendo que aquele número tinha sido desativado. Só não sei se ela me passou um número falso ou se realmente desativou o número.

— É bem provável que seja um número falso. Algumas mulheres fazem isso quando querem se livrar de um cara chato.

Então seria ele um cara chato? Katniss não pareceu achá-lo chato, mas é claro que as pessoas podiam fingir e esconder seus verdadeiros sentimentos. Só não pensou que Katniss fosse esse tipo de garota.

— Mas o que eu faço, então? Deixo isso pra lá ou tento encontrá-la?

— Você ficou mesmo interessado nessa garota? — Haymitch perguntou, finalmente jogando fora o palito que já estava todo mastigado.

— Sim, fiquei mesmo. Ela é incrível. É o tipo de garota que não se encontra com facilidade.

— Então vá atrás dela, garoto. Eu senti a mesma coisa quando conheci a Effie. E quando percebi que a queria pra mim não desgrudei mais dela. E hoje estamos casados.

Peeta deu um sorriso e tentou imaginar como seriam Haymitch e Effie quando eram mais jovens. Será que o homem sempre tinha sido daquele jeito ou apenas tinha endurecido por conta da idade e dos sonhos e projetos frustrados?

— Só não sei como encontrá-la — suspirou o loiro, sentindo um peso enorme sobre os ombros.

— Pra um garoto tão inteligente você é muito burro, Peeta. — E então Haymitch voltou a lavar e a secar seus copos.

Peeta nem ao menos se deu ao trabalho de perguntar o que ele queria dizer. Sabia que aquela conversa tinha chegado ao fim, e não seria ele quem tentaria quebrar o silêncio outra vez. Ao invés disso, pulou pra longe do balcão e caminhou de volta até o camarim, onde encontrou os rapazes fumando e rindo alto de alguma coisa que Jim provavelmente tinha dito. Sentou-se ao lado de Cato, pegando uma das latas de cerveja que estavam sobre a mesa e abrindo-a rapidamente.

— Finnick, como é mesmo o nome daquele cara que veio aqui semana passada? Aquele do cabelo escuro que namora aquela menina negra. Sabe quem é, não sabe?

— O Enzo? — ele respondeu, arqueando as sobrancelhas.

— Isso, Enzo. Você não tem o número dele aí?

— Tenho sim. Por que? Tá querendo convidar ele pra sair? — Todos os caras riram entre um gole ou outro de cerveja.

— Ha ha ha. Muito engraçado. Mas não. Na verdade, quero pedir um favor pra ele.

— Toma. O número está por aí na agenda.

Peeta pegou o telefone que Finnick tinha empurrado em sua direção e rapidamente fez uma busca na agenda telefônica pelo nome "Enzo". Só havia um contato com esse nome, então pensou que não teria como ligar pra pessoa errada. Gravou o número em seu próprio telefone e devolveu o celular pro amigo. Agora só lhe restava mais uma coisa a se fazer: Ligar pra Enzo e tentar conseguir um meio de falar com Katniss.

Só esperava que dessa vez as coisas dessem certo.

Mas não deram. Enzo não atendia o telefone, e depois de telefonar cinco vezes seguidas Peeta achou melhor desistir e deixar essa ideia pra lá. Talvez não fosse mesmo pra ser. Talvez o destino não quisesse que ele e Katniss se reencontrassem.

KATNISS EVERDEEN

— Por que você resolveu que quer sair? Justo hoje? — Rue resmungou, virando-se na cama pra que pudesse encarar a amiga que estava parada na porta do seu quarto, com os braços cruzados e uma expressão suplicante em seu rosto. Enzo estava deitado ao seu lado, abraçando-a enquanto beijava seu pescoço. Ele nem ao menos se preocupou em parar quando viu que Katniss tinha chegado. Os dois não eram nada tímidos.

— Mas não era você mesma quem vivia dizendo que eu precisava sair da toca e conhecer gente nova? Não era você quem vivia dizendo que eu tinha que sair do quarto, esquecer Gale e beijar na boca? Então. Agora eu quero mesmo fazer isso. Vamos lá.

— Será que você não percebeu que hoje eu não estou no clima? Eu e Enzo só queremos ficar na cama, assistir algum filme idiota e transar até o amanhecer. Não nos atrapalhe, por favor.

Enzo deu uma gargalhada ao ouvir a parte do "transar até o amanhecer". Aqueles dois eram uns pervertidos.

— Seus safados. Vocês poderiam muito bem transar até o amanhecer quando voltássemos pra casa. Mas não tem problema. Eu posso ir sozinha. — E então Katniss saiu do quarto, fechando a porta atrás de si e deixando Rue e Enzo sozinhos outra vez. Era uma sorte que ela tinha fechado a porta, pois talvez não fosse gostar de ver o que os dois começaram a fazer assim que ela saiu.

Pouco tempo depois a morena estava descendo de um táxi em frente ao Devil's Bar. Ela tinha se arrumado sozinha (pra variar) e checou sua escolha de roupa uma última vez antes de entrar no bar. Usava uma camiseta velha com uma estampa legal do The Who. Tinha comprado aquela camiseta num brechó já fazia um tempo, e apesar da camiseta não estar num estado tão bom quanto as outras roupas disponíveis, ela se apaixonou de cara pela estampa. Era uma daquelas camisetas antigas que era praticamente impossível de se encontrar por aí. E custou apenas dois dólares, o que foi praticamente de graça porque a dona do brechó estava com medo de não conseguir se livrar dela. Fora isso, ela usava calças jeans escuras, botas (nada de sapatos de salto dessa vez) e uma jaqueta. Estava apresentável, não estava? Rezava pra estar.

O Devil's Bar estava igual ao que ela se lembrava. O mesmo cheiro de cerveja e fritura, as mesmas pessoas bêbadas e barulhentas... Enfim, o de sempre. A banda de Peeta já estava tocando, e dessa vez as pessoas pareciam ainda mais animadas com a apresentação. As mesas mais próximas ao palco quase não estavam ocupadas já que as pessoas se aglomeravam junto ao palco, com os braços pra cima enquanto dançavam de forma animada junto com a música. Katniss percebeu que Peeta e os amigos pareciam feliz com a pequena plateia, e isso talvez pudesse significar que ela o pegaria de bom humor.

Decidiu se sentar no balcão, ao lado de um homem bem arrumado e com roupas moderninhas demais pra estar num lugar como aquele. Ela pediu uma cerveja e o barman sorriu pra ela de um jeito amigável. Tentou responder ao sorriso, mas sabia que tudo o que conseguiu reproduzir foi uma careta estranha.
Terminou sua cerveja rapidamente e só conseguia imaginar sua mãe reclamando e enchendo sua cabeça com aquele papo de que ela se tornaria uma "bêbada de marca maior" se continuasse bebendo daquele jeito. Esse sempre tinha sido o maior motivo pelo qual sua mãe não queria que ela saísse de casa. Tinha medo de que se ela fosse morar sozinha, acabasse se afogando nas bebidas. Mas ela não era assim. Era tão dedicada à sua dança que bebia vez ou outra, e depois de terminar com Gale tinha passado a beber menos ainda.

— Eles são bons, não? — o homem ao seu lado comentou, e só então a morena percebeu que estivera com os olhos fixos no palco durante todo esse tempo. Mas ela não estava realmente prestando atenção na banda, apenas devaneando enquanto olhava pra eles. Tinha essa mania estranha.

— Ah, sim. Eles são ótimos. O guitarrista é um cara legal — ela disse.

— O loiro?

— Esse mesmo.

— Sim. Ele parece gostar do que faz. — E então o homem estendeu a mão na direção de Katniss, abrindo um sorriso. — Eu sou o Cinna.

— Katniss.

— Bonita camiseta, Katniss. É difícil ver alguém hoje em dia que ainda goste de The Who.

— Mesmo? — ela perguntou, realmente surpresa. Podia citar várias pessoas que gostavam de The Who. Sua mãe, Enzo, Peeta provavelmente também deveria gostar. Não era tão difícil assim achar pessoas com bom gosto pra música por aí.

— Mesmo. A garotada da sua idade só pensa nesse indie rock. Não que eu ache ruim — ele foi logo se explicando, dando mais um sorriso. — Mas nada é melhor do que rock antigo.

Katniss achou que ele era meio esnobe. Até parece que gosto musical definia caráter. Gostar de "rock antigo" ou de bandas como The Who e Beatles não te fazia melhor do que ninguém. A morena revirou os olhos e pediu outra cerveja. Ela dispensava uma conversa com alguém esnobe feito esse Cinna.

— Fico me perguntando se eles são apenas uma banda cover ou se possuem músicas próprias — o homem comentou, tentando chamar a atenção de Katniss mais uma vez.

— Não faço ideia — ela deu de ombros. Será que ele continuaria mesmo tentando arranjar assunto com ela? O que ela poderia fazer pra deixar mais óbvio que não estava com a mínima vontade de conversar com ele?

O barman voltou com sua cerveja e ela deu um bom gole, sorrindo ao sentir o sabor. Cerveja era uma bebida complicada. Ou a pessoa realmente gostava ou ela detestava. Não existia um meio termo. E Katniss, pro desespero de sua mãe, fazia parte do grupo que realmente gostava de cerveja.

O homem ao seu lado ficou observando-a sorrindo e saboreando sua cerveja. Ele sorriu. E a morena bufou, revirando os olhos e voltando a fixar seus olhos na banda. Aquele homem bem que poderia ir embora dali e deixá-la sozinha com seus pensamentos.

— Eu sou um produtor musical, sabe? Estou sempre descobrindo novas bandas. Sabe o Antivirus? — Ele sorriu quando Katniss acenou positivamente. É claro que ela conhecia aquela banda. Todo mundo conhecia. — Eu sou o produtor deles. Eu que os descobri. E essa bandinha aqui muito me interessa também — ele apontou com seu copo na direção do palco.

Katniss sorriu. Talvez as coisas fossem melhorar pra Peeta e seus amigos.


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Notas finais do capítulo

e ai??? o que será que vai acontecer com a banda?
gostaram? comentem dizendo o que estão achando



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