Um último para sempre. escrita por A Mestiça
Ela segurava seu corpo já frio por entre os braços as lágrimas ainda lhe caiam pelo rosto, seu rei Thranduil ainda estava a observando, mas pela primeira vez em toda sua vida ela não se preocupou em manter a compostura diante dele, não tinha forças para isso, ela permaneceu ali aos prantos por muito tempo, até sentir uma mão pousar em seu ombro, ela levantou o rosto e Balin, e toda a companhia de Thorin estavam lá, ele tinha os olhos carregados de dor assim como todos ali, todos haviam perdido pessoas que amam.
-Vamos enterrá-lo junto com Thorin e Fili. – disse Balin.
Ela apenas assentiu e se afastou dele, ficou olhando eles o levantarem e o carregarem para longe dela, ela não sabia se o que fazer, eles o levariam para longe dela, e ela nem sequer poderia se despedir dele, antes que ela se afastasse ouviu uma voz atrás dela:
-A senhorita não vem conosco?
Virou num súbito com os olhos arregalados:
-Posso?
Balin assentiu, ninguém contrariaria sua decisão, ela caminhou junto deles e o acompanhou até o pedestal de pedra onde ao seu lado estavam seu irmão Fili e seu tio Thorin, a linhagem de Dúrin acabara ali, com eles.
Tauriel não saiu do lado de Kili um só minuto, houve um emocionante funeral, canções foram entoadas, homens, elfos e anões prestaram suas últimas homenagens a linhagem de reis, e por todo esse tempo ela continuou ali com ele, com seus dedos entrelaçados, suas lágrimas não paravam de escorrer, já era hora de colocá-los em seus túmulos, ela selou seus lábios em um beijo de último adeus, e viu um último lampejo de seu rosto antes de selarem o túmulo.
Anos se passaram, mas ela não superava aquela dor, todos os meses no mesmo dia, ela saia na calada da noite e voltava ao amanhecer, todos sabiam onde ela ia, mas ninguém sequer a impedia. Ela sempre ia visitar o túmulo de Kili, passava a noite debruçada sob o mesmo contando para ele o que havia acontecido durante o tempo que não viera, e já quase na hora de ir chorava rios de lágrimas, ela não conseguia não chorar. Dez anos se passaram desde então, e em uma fatídica noite, quando ela adentrou os salões de Erebor, que agora eram lar apenas dos túmulos dos filhos de Dúrin, uma luz fraca pairava sob o túmulo, ela se aproximou devagar e a luz tomou forma, era a forma de uma anão, de costas ela o reconheceu, mas assim que viu seu rosto não pode segurar o espanto, Kili, ele pairava sobre seu próprio túmulo.
-Isso é um sonho? – perguntou ela.
-Pode acreditar nisso se quiser.
-Quero que seja real. – ela se aproximou.
-Então é real.
Eles estavam perto demais um do outro, ela quis esticar a mão para tocá-lo, mas tinha medo de não conseguir, então recuou, ele se aproximou dela e pegou sua mão, a levou até seu coração que batia forte:
-Estou aqui Tauriel, é real.
Eles se abraçaram e se beijaram, naquela noite, eles conversaram até o amanhecer, mas o sol já despontava e ele tinha que partir:
-Quero ficar com você. – disse ela.
-E você pode.
-Mas como? – ela indagou.
-Deixe que os anos se passem, e essa dor que sente cicatrize, assim que tiver sua mente limpa, e seu coração satisfeito, pegue um barco de Lothlórien e se deixe levar pelas águas que levam ao Argonath, nesse dia, poderá me encontrar.
-Porque não posso ir agora? Não sei se poderei aguentar tanto tempo.
-Você é imortal Tauriel, e onde estou não posso envelhecer, temos todo tempo do mundo, venha apenas quando estiver pronta, só assim poderá me encontrar. – eles se beijaram pela última vez naquela madrugada, e assim que o primeiro raio de sol despertou por uma janela e iluminou os salões, ele desapareceu.
60 anos se passaram desde então, o tempo realmente curou as feridas da Batalha dos Cinco Exércitos, as feridas do coração, numa manhã, Tauriel acordou leve, e resolveu caminhar pela floresta, e perto de um pequeno ponto iluminado de sol, viu novamente a luz que estava nos túmulos à anos atrás, correu ao seu encontro, ele se virou para ela e sorriu:
-Venha ao meu encontro meu amor, está pronta para isso.
E desapareceu. Tauriel não se despediu de ninguém e nem pegou nada, não precisaria, deixou apenas um recado para seu senhor “ Estou indo ao encontro de meu grande amor”. E assim partiu para Lothlórien e de lá pegou um barco navegou para as águas que levariam ao Argonath.
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