[Isso se passa antes deles ficarem juntos]

Eu passei minha vida nas mãos de meu irmão, eu não direi que aquilo foi ruim, eu sempre gostei de servir a família... Mas, depois que eu encontrei-o, depois que vi aquele sorriso e todo aquele jeito desengonçado, mas ao mesmo tempo tão firme e decidido foi como se eu tivesse me decidido, me encontrado. Depois daquilo eu vi o que queria, e eu não poderia aceitar outra opção. Outra ordem. Antes de conhecê-lo eu não me importava em segui-las, ou o que elas resultassem em minha vida. Eu tenho alguém que me faz sentir borbulhas no estômago. Que me faz querer algo, ser alguém.

[Nessa parte eles já estão juntos]

Eu observo-o todos os dias, observo seu modo de falar, de comer, de se vestir. Eu sinto que a cada gesto, a cada segundo, eu o amo mais. Ele se preocupa tanto comigo, cada decisão ele me pergunta se está tudo bem se a tomar, eu não consigo parar de sorrir quando vejo isso. Quando ele segura minha mão, eu sinto que poderia enfrentar o mundo. Mas eu não quero enfrentar o mundo, eu quero segurar a mão dele, só isso. Ele nunca falou as palavras que eu tanto li nos livros, aquelas que você diz só para uma pessoa. Eu me pergunto quando ele falará, ou se ele sente isso por mim, esse famoso amor de livros. Eu vi nos livros que li muitas guerras, e separações por causa dela. Eu fico com medo, de que uma hora Nagamasa tenha que ir. E eu fique aqui, mas eu decidi que irei junto caso isso aconteça. Eu sou forte, e consigo lutar.

[Aqui, é durante todo o tormento da luta de Nagamasa e Nobunaga]

O que eu temia aconteceu, Nagamasa teve que ir até uma guerra. Eu estou junto dele. Contra meu irmão. Ele está tão inseguro e com medo de que eu vá odiá-lo por precisar lutar contra meu irmão. Por algum motivo que eu não conheço, eu não estou com medo de Nobunaga morrer, ou assustada por estarmos lutando contra ele. Estou indiferente com o que irá acontecer a meu irmão. Mas, eu estou com um pressentimento ruim sobre como essa luta pode acabar. E por isso eu não estou conseguido descansar direito quando estou só, mas nas noites que Nagamasa pode passar comigo eu fico bem. Enfim, estou me mantendo forte, porque Nagamasa precisa disso, e eu quero ser um porto seguro pra ele.

[Isso é pós a morte de Nagamasa]

Hoje faz exatos três dias desde que Nagamasa morreu. Eu não queria pensar nisso, ou gravar o tempo que passo sem ele. Eu fui obrigada a voltar para minha família. E eu me sinto um lixo por isso. Eu me sinto horrível com qualquer coisa, com qualquer borboleta que passe por mim. Eu sinto que poderia ter evitado toda aquela guerra entre eles. Que Nagamasa ainda estaria comigo, e eu com ele. Eu não quero respirar nesse mundo sem ele. Eu não quero nem sequer pensar. Mas eu não consigo, toda minha cabeça e meu coração estão uma bola negra de tormento, e tudo grita que é minha culpa. Que eu não o impedi. Ou salvei. Eu só observei-o, o tempo todo. Só vi. Não fiz nada além. Por que foi ele que morreu? Por que não eu? Por que eu não pude impedir? Por que eu o perdi? Por que ele teve que morrer? Eu ainda sinto o calor dele em meu colo. Ainda lembro-me do cheiro dele, e de como era acordar e vê-lo ao meu lado. Lembro-me de todas as risadas, de todos os abraços, e de todas as conversas trocadas. Isso é muito mais que lembrar, eu sinto que vivi isso ontem. Mas, a pior coisa de todas que eu lembro é do som... Dele falando que me ama. Ele falou as três palavras tão desejadas. Eu imaginei por tanto tempo que ficaria feliz nesse momento, que eu me sentiria em casa ou que borboletas voando surgiriam e colocariam coroas de flores em nossas cabeças. Mas quando ele falou foi mais como se as borboletas tirassem a maior flor que existiu em minha vida. Eu fico pensando que haveria um jeito de mantê-lo ali, vivo. Impedindo-o de morrer com meus braços... Eu desejei tanto ser alguém quando o conheci, mas agora que o perdi, eu só quero voltar a ser um nada. Mas isso não é possível, né? Afinal, quando você preenche um nada com algo tão grande, quando tirar esse algo, o nada será só mais um vazio. É isso que me tornei, um vazio.