Encore escrita por Tachibana Aoi
Encore un blackos shooté dans le bide.
O seu trompete era dourado e sua flauta era preta. Pensava em customizar seus instrumentos quando comprasse tinta; esperava terminar as aulas de piano até o final do semestre. E viu que era mais difícil do que imaginara. Seus dedos doíam com os dedilhados fortes e se cortavam com os metais célebres e as teclas de plástico. O que tingia além das notas, era seu próprio sangue.
E qual seria o próximo instrumento a se aprender, dominar, subjugar? Talvez violino ou contrabaixo, talvez saxofone ou tuba. Não, não… Queria algo mais original, mais desconhecido, mas retorcido e distorcido, tal como era ela, menina sozinha e alegre na solidão.
Olhando para o lado, viu uma de suas poucas amigas da escola; estavam numa aula de música que conseguiram desconto num concurso. Olhou sua partitura e lá se estampava uma das páginas de músicas para clarinete. Será que ela iria começar com outro instrumento ou já sabia tocar esse há muito tempo? Virou-se para ver as mãos dela. E achou.
Eufônio.
Um eufônio do mais puro e pesado e insano prateado. Todo frio, todo mudo.
E não somente nele via tristeza, mas na voz de sua amiga, que não saía de modo algum. Nem os sopros nem nada. Mas se sentia. Todo o ambiente era desconhecido e feliz, mas se sentia toda aquela melancolia exibida nos olhos sombreados e na dificuldade de se dedilhar enquanto a respiração era controlada. Tantos detalhes sincronizados para se ouvir um único som: o som da foice prata que o eufônio era. Um instrumento metálico baixo.
Ela queria aprender a tocar aquilo. E sabia, mais do que tudo, que teria de compartilhar do mais íntimo de sua infelicidade para ser ensinada.
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