Justiceira escrita por Clarisse Arantes


Capítulo 4
Parte três


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/638344/chapter/4

Para a minha sorte, ou azar, porque estava começando a deixar-me levar, Pedro seria meu parceiro no evento que cobriria na Zona Leste.

A reunião já tinha sido finalizada há meia hora e eu estava ajeitando minhas coisas para podermos ir para a Zona Leste no evento. Meu bloco de notas estava no bolso de minha calça e minha caneta fazia-se presente também. O evento seria um importante evento de famílias ricas. Eles estariam proporcionando um almoço de caridade que duraria até o jantar. Eu tinha que ficar pelo menos três horas por lá e entrevistar pessoas. Depois escrever minha matéria sobre o ocorrido e entregar à diretora.

— Está tudo pronto? — ouvi Pedro perguntar, um pouco atrás. — O carro já está pronto, é só irmos.

Assenti e saímos de meu escritório.

— Você era de onde? — perguntei, enquanto descíamos para o estacionamento. O motorista já nos esperava pronto para ir. — Não parece ser daqui mesmo.

Ele encolheu os ombros.

— Tão obvio? — Assenti, sorrindo. — Bom, na verdade eu sou meio que de Santa Catarina — explicou ele, com calma. — Nasci lá e morei quase minha vida inteira por aqui mesmo. Depois me mudei de volta para lá e... voltei.

— Nossa, que legal — falei.

— Não é lega ficar se mudando — disse ele, rindo.

Entramos no carro, e deixei-o ir à parte da frente com o motorista, já que o mesmo quem sabia qual era o local. Durante o caminho não trocamos nenhum tipo de palavra, a não ser sobre a estrada. Permaneci quieta e prestando atenção em pontos para me localizar na cidade.

Soube que tínhamos chegado ao evento quando os lugares para estacionar começaram a ficar difíceis de serem achados. O motorista já estava frustrado com o tanto de carros que brigavam por determinada vaga, então resolveu-nos deixar na porta do evento e ir procurar vaga longe.

Concordamos e deixamos o carro.

— Fique perto de mim — pediu Pedro — para que não nos percamos um do outro. — Consenti.

Ele pegou em minha mão, o que me fez olhar estranho para ele. Ele sorriu e sussurrou que era para que não nos perdêssemos. O local estava cheio. Bem cheio mesmo. Então consegui entender o porquê. Vários repórteres como nós, estavam dispersos sobre o gramado do local. E outros possuíam câmeras e carros de entrevistas. Respirei fundo. Seria difícil o dia.

Por ser um almoço beneficente, mas nem tanto, fomos barrados na entrada para dizermos nossos nomes. O evento tinha selecionado diversas famílias e sorteado-as para vir ter o almoço de suas vidas. Caso contrário, o caos estaria estabelecido dentro também.

Conseguimos entrar, quando o segurança localizou nossos nomes na lista

— Esse lugar é bem chique — falei, observando o local luxuoso.

Tudo no ambiente possuía um ar refinado. As louças eram de porcelana, as mesas estavam devidamente arrumadas. As famílias estavam bem vestidas. Um lustre gigante e maravilhoso pendia sobre nossas cabeças. A iluminação estava no ponto e a música também. Uma música clássica, calma e baixinha.

— Bastante — concordou Pedro. Só então me lembrei que estávamos, ainda, com as mãos dadas. Soltei-a e comecei a corar.

Dei alguns passos à frente.

— Acho que vou procurar senhoras e entrevistá-las quanto ao evento. — Ele assentiu. — Te encontro mais tarde, tente com os jovens.

O cheiro do ambiente era outra coisa que estava excepcional. A mistura de vários odores de alimentos fazia meu estômago revirar-se de fome. Não sei por que não havia comido antes de sair de casa. Ah é, eu estava atrasada. Respirei fundo e prossegui meu caminho entre as várias mesas.

Durante a próxima hora que se passou, consegui arranjar uma entrevista com duas senhoras de meia idade. Elas me contaram o quanto estavam empolgadas para desfrutar dos alimentos quando chegassem e o quão benéfico para a sociedade era um evento como aquele, e como ajudava as famílias necessitadas.

— Ei — alguém cercou minha cintura, fazendo-me arrepiar. Meu coração acelerou-se e me virei para o individuo. — Consegui a entrevista com duas jovens já. — Contou-me Pedro. Afastei-o de mim com cautela. Meu corpo ainda estava preocupado com seu toque. — E você?

— Duas senhoras, também — sorri embaraçada. Desvencilhei-me dele. — Preciso ir ao banheiro.

Ele consentiu e estiquei minhas pernas na direção do banheiro.

Ele foi atrevido, pensei. Porém, o pior fora que eu gostei.

Pousei minhas mãos sobre a pia do banheiro e encarei meu reflexo no espelho. O batom claro já estava quase deixando meus lábios. Retoquei-o e a maquiagem restante. Depois ajeitei o cabelo em uma trança para o lado.

O toque de meu celular começou a ecoar no banheiro calmo. Peguei-o com velocidade e atendi a chamada, sem antes mesmo de checar se era um número conhecido.

— Alô?

— Olá, Raquel. — Era ele, novamente.

Um tremor tomou conta de meu corpo e sentia que eu começava a tremer.

— O que você quer? — sussurrei ameaçadora. — Nossa luta final? Quer que eu te encontre agora e arranque essa sua cabeça? É só falar o lugar que voo direto para aí.

Ele riu.

— Não, Raquel. Você sabe que eu sou melhor que você e sabe que eu sei quem você é. E se não quiser que isso se espalhe é melhor sair desse banheiro.

Paralisei.

— Como você sabe? — questionei alarmada. Conseguia perceber o meu medo por minha própria voz. Ele poderia fazer o mal a tantas famílias. Estavam todos expostos ao terror e eu não poderia salvá-los. Não todos.

— Eu falei que venho te seguindo.

Ele estava aqui.

Deixei o banheiro imediatamente. O salão continuava agitado, com vozes agitadas. Comecei a andar de um lado para o outro e observar todos os homens com celulares nas mãos.

Nenhum parecia tão ameaçador quanto ele era.

— O que você quer? — repeti.

— O que te faz pensar que eu quero alguma coisa?

— A ligação me faz pensar isso.

— E você está certa. — Ouvi-o rir. — Eu não quero favores seus, minha querida. Quero jogar com você. — Eu conseguia sentir-me ficar vermelha.

— Só me diga o horário que irei brincar com você. Você sangra? Pois vai sangrar. E tenha certeza de uma coisa. Será um jogo sangrento, o maior que você jogaria um dia.

Ouvi sua risada do outro lado.

— Não sabia que as heroínas de hoje em dia eram tão violentas.

Eu sentia o sangue subindo cada vez mais.

— Eu não sou uma heroína qualquer. Eu sou a Justiceira. E você andou aprontando bastante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, obrigada!
OBS.: Há algumas falas que são de outros filmes e tal. Mas é porque é requerido no challenged que estou participando.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Justiceira" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.