A Dream Twice escrita por laurakr


Capítulo 3
Capítulo 3




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                                  Então... é assim que ele seria?

 

                         Se eu o visse hoje, é assim que ele estaria?

 

 

Achei que seria fácil mantê-lo longe mas me enganei. Leonard cismou que se tornaria “responsável” por mim já que tinha me feito passar mal no primeiro dia de aula. Mesmo isso não deixando de ser verdade, eu tentei explicar que ele deveria viver mais na realidade e ouvir o que as pessoas dizem, mas não adiantou nada. Por mais que eu tentasse ficar longe, ele parecia se sentir bem em me seguir o tempo todo. Já se passou uma semana desde que voltei pra cá e gostaria de poder dizer que estou lidando bem com tudo isso, mas a verdade é que não dá. Porque toda vez que eu olho pra ele, eu vejo outra pessoa. Quando ele sorri ou faz qualquer tipo de brincadeira pra me irritar, eu não consigo deixar de pensar em como o Tony seria se estivesse aqui. E de como tudo poderia ter sido diferente. 

 

Não é justo.

 

A quanto tempo essas palavras ecoam na minha mente?

 

Ei Tony... Porque tudo tem que ser desse jeito?

Não é justo... Não é justo isso ter acontecido.

Não era pra ser você!

O que eu vou fazer agora, sem te ter por perto?

Eu sou fraca, você sabe disso... Então porque me deixou aqui sozinha?

 

Embora eu já tenha me conformado... Porque eu não consigo fazer com

que elas desapareçam dos meus pensamentos?

 

Um braço... E três costelas quebradas... O golpe na minha cabeça foi tão

forte que demorei dois dias pra acordar e sinto como se ela fosse explodir

a qualquer momento.

Tudo isso... Nem se compara a dor desse vazio enorme que se abriu

no meu peito.

Eu não vou agüentar... Não vou ser capaz... De suportar isso...

 

Apesar de estar aqui,  respirar, falar e me locomover, não posso dizer que estou devidamente viva. É como se o tempo tivesse parado desde aquele dia. Eu me tornei vazia. Uma existência vazia.

 

 

- Em que está pensando?

 

Sabe o que mais me assusta quando ele está por perto? É que quando o vejo, é como se o relógio voltasse a funcionar, e eu percebo que na verdade o tempo não parou. Que sou apenas eu, me negando a seguir em frente.

 

- Passando mal por minha causa de novo?

 

E lá vamos nós com o segundo sorriso convencido do dia.

Quando foi que eu comecei a contá-los?

 

- Já te disse pra parar de distorcer as coisas conforme a sua vontade.

 

- Ahahaha... Você é estranha.

 

- Eu que sou a estranha?

 

- É. Suas respostas são sempre muito diretas. Algumas pessoas não se sentem confortáveis em conversar com você.

 

Não é como se eu não soubesse. Ouvi isso tantas vezes que até perdi a conta. Fiquei pensando em algo para falar, mas antes que pudesse, ele continuou:

 

- Você também está sempre com essa expressão de indiferença, o que faz com todos te achem seca demais. – Ele se aproximou e sorriu – Mas se eu for pensar bem... Você nunca deixou de me responder, não importa o quão idiota tenha sido a pergunta que te fiz.

 

- Tem razão, eu sou mesmo estranha. A partir de agora vou te ignorar completamente.

 

- Isso é algum tipo de desafio?

 

- Não.

 

- Que bom, porque você acabou de me responder de novo.

 

- Infantil.

 

- Parece que não consegue evitar.

 

Evitar.

 

É isso o que eu deveria estar fazendo, então porque continuo aqui discutindo com ele?

 

- Ei, espere aí! Aonde é que você vai?

 

- Banheiro feminino. Vai me seguir até lá também?

 

- Isso é um convite?

 

Revirei os olhos e continuei a andar.

 

- Espera, espera, espera! Já que estamos falando de convites, o pessoal

do terceiro C está organizando uma festa de boas vindas pra uma menina do clube de teatro que precisou ficar ausente por causa de uma operação que ela fez, vai ser nesse final de semana... Se quiser ir, considere-se convidada.

 

- Valeu, mas vou estar ocupada. Agora, será que você pode me dar licença que eu preciso ir ao banheiro?

 

Eu já estava ficando irritada com a presença dele.

 

- Tudo bem, te vejo na sala Kate.

 

- É Kaitlin! – Falei entre dentes.

 

Posso jurar que o vi sorrir ao perceber meu protesto, ele então apressou o passo e começou a correr na direção oposta a minha. Eu tenho cara de palhaça por acaso? Porque ele parece estar se divertindo bastante às minhas custas.

 

O começo das aulas se passou da seguinte forma: Leonard tentando me irritar enquanto eu fazia o possível para ignorá-lo. Ele estava me atormentando tanto que quando bateu o sinal para o intervalo eu saí correndo até a sala onze atrás do Lucas.

 

- Veja só quem decidiu vir me ver... Aconteceu alguma coisa?

 

Eu sou assim tão óbvia?

 

- Nada de importante, só queria te ver mesmo.

 

Eu me sentei em uma cadeira próxima a dele, e pude ver um grupinho de meninas cochicharem enquanto olhavam em nossa direção. Provavelmente algum boato estranho começaria a se espalhar pela escola nos próximos dias. Típico dessas idiotas que não tem o que fazer. Pra não me aborrecer, evitei de pensar mais nisso.

 

- Acho que vou dar uma passada na sua casa hoje à tarde. Pode ser?

 

- Claro, você sabe que eu não faço nada o resto do dia, e a minha mãe vai ficar feliz em te ver. Ela quer que eu leve “uma vida normal, você deve imaginar não é?

 

- Ela só quer te ver feliz que nem antes.

 

- Até parece meu pai falando... Vai querer me dar conselhos também, de que eu preciso arrumar amigos, um namorado, seguir em frente, toda essa baboseira e depois vai dizer que é pro meu bem e que só quer me ver feliz?

 

- Se eu te pedisse pra fazer isso, seria puro egoísmo da minha parte. Já que sou eu que quero te ver feliz deveria ser capaz de te dar essa felicidade ao invés de ficar mandando você buscá-la por aí, não é?

 

- Porque toda vez que a gente conversa acaba chegando nesse assunto?

Eu não quero mais falar sobre isso.

 

- Nós nunca conversamos sobre isso, você foi embora sem dar nenhuma

explicação se lembra? – disse sarcasticamente, e isso me irritou muito.

 

- É claro que eu fui embora... Eu precisava ficar longe dessa escola já que pra cada lugar que eu olhava me trazia uma lembrança feliz que nunca mais se repetiria. Estava cansada de pessoas que fingiam se importar comigo como se me conhecessem... Alunos, professores, vizinhos, todos eles!

Eu já não podia passar um minuto sequer sozinha sem cogitar a idéia de suicídio. Qual seria o problema em fazer isso? Já que a única coisa que importava pra mim tinha desaparecido da minha vida num piscar de olhos como se nunca tivesse existido? Então porque as pessoas continuavam sorrindo se o meu mundo tinha desabado? Eu senti como se fosse a única pessoa que estava sofrendo, e tudo parecia falso demais, insignificante demais... Perto da minha dor. Nada mais tinha importância pra mim aqui... Ninguém precisava de mim, ninguém me entendia.

O mundo era injusto. E eu só queria desaparecer. 

 

Ele queria uma conversa, então porque ficou calado depois de me fazer perder

o controle desse jeito? Apoiei minha cabeça sobre uma das mãos e o fitei.

 

- Uma tremenda egoísta não é? Eu tinha ficado cega e me fechado

no meu próprio mundo sem me dar conta de que as coisas não giravam

em torno de mim. A pessoa que fez com que eu me desse conta disso foi

você, aquele dia... Na varanda.

 

 

Lembro-me como se fosse hoje. Fazia duas semanas que tinha recebido alta do hospital, era o segundo dia desde que voltara pra escola, e eu parecia uma boneca oca, uma marionete abandonada. As poucas pessoas que se aproximavam para falar comigo eram ignoradas, eu não tinha paciência pra elas. Meus pais tinham medo que eu fizesse uma loucura por isso esconderam todas as chaves de quartos e banheiros, também remédios e coisas que aparentassem ser de risco... Um tempo depois fiquei sabendo que haviam escondido os talheres também, mas como eu não saía do quarto, nem reparei em tal coisa. Eu não tinha vontade de fazer nada. Chegava da escola e subia direto para o quarto, não tinha fome, mas era obrigada a comer por causa da minha mãe. A única coisa que eu fazia era dormir, a tarde toda.

E quando acordava, abria a janela da varanda e ficava lá de pé, como uma estátua olhando pro nada. Continuei assim por dias e dias, até a noite em  que Lucas veio me visitar. Eu tinha acabado de acordar, tivera um pesadelo com o acidente e precisava esfriar a cabeça. Abri a porta do meu quarto que dava para fora e caminhei até bem perto de onde a varanda acabava.

Era bem alto e calmo, além de conseguir ver muitas estrelas de lá, essa era a parte boa de morar em um edifício. Como de costume eu fiquei em pé olhando pro nada e pensando em tudo que havia acontecido... Eu estava absorta em meus pensamentos quando senti que havia alguém se aproximando, me virei para ver o que era e ele estava lá... Parado atrás de mim, com um braço esticado e parado no ar, cheio de incerteza... E de tristeza. Quando eu me dei conta do que ele estava tentando fazer, uma vontade enorme de chorar se apossou de mim, e não pude deixar de me sentir uma idiota, e o sentimento de culpa me dominou. Eu vi o horror nos olhos dele, quando ele se deu conta do que estava tentando fazer.

 

Me... Desculpe... Eu... Não... Sei... Porque...

 

As lágrimas simplesmente caíam e eu não sabia o que fazer, como eu fora idiota...

 

Você não tem que se desculpar...

Eu é que deveria estar me desculpando, por ter feito você ficar

tão preocupado a ponto de tentar me mandar pra perto dele...

 

Ele me abraçou.

 

Eu deveria estar cuidando de você...

Prometo que nunca mais vou pensar em algo tão estúpido como isso...

 

Nesse momento eu tinha me dado conta do quão egoísta estava sendo agindo como se fosse a única pessoa que estivesse sofrendo. Eu percebi que se continuasse assim ia acabar machucando as pessoas que realmente se importavam comigo. Eu não queria perder mais ninguém. Decidi que passaria por isso, nem que tivesse que me tornar a pessoa mais fria desse mundo pra que nada nunca mais me abalasse. Mas não conseguiria fazer isso aqui, nessa cidade... Eu precisava ir pra longe. Foi então que eu conversei com os meus pais, que como estavam muito preocupados comigo decidiram que seria a melhor opção, mesmo que temporariamente. A condição era que eu voltasse depois de um tempo, pra ter certeza que tudo estava superado. 

 

- Me desculpe... Eu ainda me sinto mal de pensar nesse dia.

 

- Tudo bem, era a única maneira que você tinha encontrado de trazer a minha felicidade de volta. Agora que você já conseguiu conversar sobre o assunto que queria eu vou voltar pra minha sala.

 

- Pelo visto não serei bem vindo a sua casa hoje.

 

- É, não será. Até depois.

 

- Tchau...

 

Sei que não é certo falar desse jeito com ele. E normalmente não falaria, mas eu tenho um certo problema em relação a ser contrariada. E ele me fez relembrar de muitas coisas hoje com essa conversa estúpida. Definitivamente não foi um bom dia pra mim. Pelo menos é sexta-feira, e vou ter o fim de semana todo longe de todo mundo.

 

 

                                   E eu sei que algum dia, bem lá na frente,

               eu vou me lembrar dessa época e me arrepender profundamente

                                            Mas eu não quero me mover.

 

 

As duas últimas aulas após o intervalo, foram estranhamente quietas. Leonard não tentou conversar comigo nem uma vez sequer, e eu agradeci mentalmente, pois quem sabe o que eu teria feito se ele tivesse me irritado. Fui pra casa e consegui dormir por um bom tempo, acordei e fui tomar banho – geralmente é nesse momento que eu faço as minhas reflexões – depois decidi que deveria ligar para o Lucas e me desculpar por ter sido grossa com ele hoje de manhã. Ah não, decisão errada.

 

- Eu estou indo pra festa de boas vindas que a minha sala organizou... Você deveria ir.

 

- Você sabe que eu não sou de ir em festas. Além disso, até o Leonard vai estar lá, e eu nem conheço a menina que...

 

- Annie. 

 

- Como assim Annie?

 

Ok, isso me pegou totalmente de surpresa.

 

- Ela faz parte do clube de teatro, praticamente toda a escola a conhece, ela é bastante popular sabe – ele riu nervosamente – quem diria...

 

- Mas... Ela... Ainda não...?

 

- Não. Mas achei que você fosse querer vê-la. Você deveria mesmo ir.

 

- Isso é tentador... Você passa aqui?

 

- Passo sim, daqui dez minutos eu chego aí.

 

- Ok.

 

Legal, eu iria para uma festa. Eu, senhorita animação, indo para uma festa. Não faço a mínima idéia do que usar, aliás não tenho o que usar! É por isso que eu amo calça jeans e tênis, tão práticos. Coloquei uma blusa preta, um pouco de maquiagem, soltei os cabelos e fui assim mesmo, não estava tentando impressionar ninguém afinal, só iria para ver Annie.

 

- Kate! O Lucas está aqui em baixo!

 

- Já estou descendo mãe – gritei.

 

- Porque você não me disse que ia sair querida? Estou tão feliz de ver você fazer uma coisa normal, finalmente!

 

- Tudo bem mãe, agora me deixa sair que nós estamos atrasados.

 

Lucas sorriu e eu saí correndo antes que ela me obrigasse a tirar uma foto ou algo do tipo. A festa seria na casa de uma amiga de Annie, os pais da menina estavam sempre viajando e deixavam a filha fazer o que quisesse, não quero nem pensar que tipo de festa será essa.

 

 

Bem o que eu imaginava, música eletrônica, casa lotada e casais se pegando por toda parte. Tudo o que eu mais odeio. Fazer o que não é? Como a “bagunça” se concentrava mais na sala e cômodos próximos, eu resolvi procurar a cozinha que provavelmente estaria mais calma. Eu já tinha perdido Lucas de vista no meio daquele monte de gente e sem falar que estava tudo apagado, o local era iluminado apenas por aquelas luzes coloridas que não paravam de piscar. Depois de muito esforço consegui chegar na cozinha, me deparando com uma cena um tanto... Como poderia explicar? Foi meio estranho encontrar o cara que é idêntico a pessoa com quem eu namorei por três anos agarrado com uma menina que eu nunca tinha visto na vida. Percebendo a minha presença, ele desgrudou dela – o que a deixou muito desapontada, pois me fuzilou com o olhar – e veio conversar comigo.

 

- Olha só quem veio... Nada poderia ter animado mais a minha noite do que isso. – E então o típico sorriso convencido - Sentiu saudades não é?

 

Eu o teria achado encantador se não estivesse agarrado com outra

menina poucos instantes atrás - não que isso me importe, claro.

 

- Não vim por você.

 

- Direta como sempre.

 

A garota parecia bem irritada por ter sido deixada de lado e isso me alegrou muito.

 

- Leeeooo, deixa essa meninaa pra láá, vamos terminar o que estávamos fazeendo. – então ela fez beicinho.

 

Que tipo de menina faz beicinho?

 

- Desculpa eu estou ocupado agora, não está vendo? – ele apontou com a cabeça na minha direção.

 

Ela começou a reclamar, mas ele a ignorou e continuou a conversar comigo, como se a garota não existisse. Ela então ficou muito irritada, atirou um dos copos que estavam em cima da mesa no chão e saiu correndo. O que na minha opinião foi muito idiota de se fazer, já que o copo era da dona da casa e não faria diferença nenhuma para Leonard.

 

- Ela é... Interessante. – não pude deixar de alfinetá-lo.

 

Ele riu.

 

- Se ela fosse interessante eu não estaria aqui conversando com você, não acha?

 

Porque será que me senti bem ao ouvir isso?

 

- Hum.

 

- Mas então... Se não foi por minha causa... O que veio fazer aqui?

 

- Não te interessa.

 

Ele fez cara feia.

 

- Tudo bem, se você diz. Veio sozinha?

Se quiser te dou uma carona quando estiver afim ir embora.

 

- Não precisa, o Lucas me trouxe.

 

- Ah.

 

Ele ficou sério subitamente. Um silêncio tenso se formou e ele não falou mais nada. Ficou passando o dedo na borda de um copo que estava em cima de uma mesa. Como todas as cadeiras haviam sido levadas para outros locais – nem me perguntem quais porque não faço a mínima idéia de quantos cômodos tinha aquela casa- eu optei por fazer do balcão uma cadeira improvisada e sentei-me em cima dele. Leonard continuava a rodear a borda do copo com o dedo, e sem desviar o olhar do que fazia, começou a falar:

 

- Esse Lucas... É o mesmo que estava com você no primeiro dia de aula não é?

 

- Sim.

 

- Se conhecem há muito tempo?

 

- Seis anos.

 

Ainda mexendo no copo, seu olhar se direcionou para onde eu estava.

 

- Ele é seu namorado?

 

- Porque o interesse?

 

Ele parou com o que estava fazendo, e se apoiou no balcão.

 

- Nada, apenas curiosidade.

 

- Ele é um amigo importante.

 

- Entendo.

 

Foi se aproximando, até que ficasse de frente comigo. Colocou as mãos

ao lado das minhas pernas apoiando-se enquanto seu rosto ficava

perigosamente perto do meu.

 

- Eu posso te beijar?

 

- Isso é algum tipo de aposta?

 

- Porque a desconfiança?

 

- Apenas responda sinceramente.

 

- Sua resposta vai depender da minha?

 

- Talvez.

 

Ele pareceu pensar sobre isso antes de responder.

 

- Não... Não é uma aposta.

 

Eu fui com o corpo mais para trás no balcão, fazendo com que a distância entre nós ficasse novamente segura.

 

- Então não. Não pode me beijar.

 

- Se eu tivesse dito que era uma aposta, você diria que sim?

 

- Se fosse apenas uma aposta, você ficaria satisfeito com um beijo e então me deixaria em paz.

 

- Não tenho tanta certeza.

 

Ficamos em silêncio por um tempo. Essa, definitivamente era uma situação muito estranha. É claro que eu não sou idiota ao ponto de não ter notado que ele ficava me seguindo o tempo todo porque provavelmente queria alguma coisa comigo, mas achei que era por eu ser uma aluna nova.

 

- Posso te perguntar uma coisa agora?

 

Ele se afastou e encostou na mesa onde ficara mexendo com o copo a pouco tempo atrás.

 

- Vai em frente.

 

- Você está apaixonado por mim?

 

- Porque o interesse?

 

Eu voltei à posição que estava inicialmente no balcão.

 

- Nada, apenas curiosidade.

 

Ele sorriu, não o sorriso convencido como de costume.

 

- Não.

 

- Entendo.

 

Eu desci do balcão e andei lentamente até a mesa em que Leonard se encontrava. Apoiei os braços sobre ela e comecei a passar o dedo indicador sobre a borda do copo como ele já havia feito antes.

 

- Então, será que você poderia me deixar em paz?

 

- Você... tem alguém de quem gosta?

 

- Porque quer saber isso?

 

- Apenas responda sinceramente.

 

- Sua resposta vai depender da minha?

 

- Talvez.

 

Eu não sabia o que responder, então apenas disse a verdade.

 

- Sim... Eu gosto de alguém.

 

Ele veio até mim, e pegou o copo da minha mão, fazendo com que eu olhasse pra ele.

 

- Então não. Não posso te deixar em paz.

 

- Se eu tivesse dito que não gostava de ninguém, você me deixaria em paz?

 

- Se você não gostasse de ninguém, então o problema seria comigo. Mas como você gosta, isso quer dizer que eu ainda tenho uma chance. Já que você não namora, provavelmente não é um amor correspondido, então eu só tenho que fazer com que você se apaixone por mim e o esqueça.

 

- Não tenho tanta certeza de que vai ser fácil assim.

 

Eu tenho medo de ficar perto dele. Não porque ele é irritante ou porque não goste dele. É mais como se fosse o contrário. Eu tenho medo porque eu nunca vou ter certeza se é ele mesmo que faz com que eu me sinta à vontade, ou se é apenas a aparência dele que faz com que me sinta assim.

 

Não seria justo... Com ele.

 

Parecendo se divertir com alguma coisa, ele colocou o copo que segurava sobre uma mesinha de canto perto de onde estava. Me olhou e abriu o típico sorriso convencido.

 

- Se fosse você, não me subestimaria.

 

Típico.

 

Eu estava pronta para dizer algo grosseiro e ignorá-lo, quando uma voz

conhecida me interrompeu:

 

- Aháá eu não fui a única que teve a idéia de vir pra cozinha... Vieram procurar algo pra comer também?

 

Annie.

 

 

                                 Enquanto eu vivo com a cabeça nesse sonho,

                             lentamente a minha vida vai se tornando um pesadelo.

                                                  Mas eu não quero acordar...

                                                      Eu não quero acordar...

 


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