A Dream Twice escrita por laurakr


Capítulo 1
Capítulo 1




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                                   Sabe aquele tipo de sonho

                      Que te deixa tão feliz que você poderia viver

                         Nele pra sempre e nunca mais acordar?

                                       Bem, você foi o meu.

                  Pena que eu só descobri isso depois que acabou.

 

 

 

“Nova” escola. Primeiro dia de aula. Aqui estou eu de novo, na cidade onde eu nasci, na cidade de onde eu fugi há dois anos atrás. Eu poderia ficar aqui tentando explicar tudo direitinho pra você do porque disso ter acontecido, mas a verdade é que eu não quero falar disso, porque eu acabo me lembrando e já não basta ter que voltar pro lugar de onde eu não vou poder fugir dessas lembranças.

O que eu posso fazer? Já está mais do que na hora de encarar isso, e eu sei, mas acontece que eu não quero encarar. Eu prefiro continuar ignorando esses pensamentos e ficar bem longe de tudo. Dói quando eu penso nisso. Dois anos se passaram, e eu já superei a perda. Dele, só me restam as boas lembranças... Mas são justamente essas, as que mais me doem, porque me fazem querer ter aquela felicidade de volta, e eu sei que não vai acontecer, é impossível acontecer.

 

Porque uma hora ou outra, o sonho acaba, e nós temos que acordar.

 

Tudo continua o mesmo, as paredes, o corredor, a quadra vista da janela... inclusive aquela árvore enorme, onde eu já passei vários dos meus intervalos. A única coisa que mudou, foram as pessoas. O que é inevitável, claro. Cresceram, e provavelmente eu nem tenha reconhecido outros – o que espero que aconteça com eles em relação a mim.

Também há os alunos “novos”- digo novos pra mim no caso já que eu só conheço aqueles de dois anos atrás – muitos deles, o que é completamente normal em uma escola. Tirando isso, tudo continua igual, como se tivesse congelado, depois que ... bom, depois da minha “fuga”. É como se eu fosse abrir a porta da sala sete e encontrá-los lá, sorrindo pra mim como de costume, e logo depois a Annie começaria a reclamar do quanto o Tony era desligado e irresponsável e do quanto ele só ligava pra... Ahh aí está, o sentimento de novo...

 

- Ei, cuidado! 

 

Droga, eu já tinha esbarrado em alguém? É isso que acontece quando você vem para um lugar que te faz lembrar a cada segundo das coisas que você mais quer esquecer. Eu devo estar parecendo uma retardada.

 

- Você é retardada ou o quê?

 

Estava pronta para acionar o meu sorriso simpático e me desculpar quando outra voz atrás de mim interrompeu:

 

- Ah qual é, deixa a novata em paz. Nós já não temos muitas meninas bonitas nessa escola, você está querendo espantar as poucas que aparecem?

 

Idiota, pensei. Tentando me ajudar? Como se eu precisasse disso.

Minha intenção era lançar-lhe o mais gélido dos olhares e ignorá-lo, como sempre fazia com os garotos nas outras escolas, mas quando me virei para fazê-lo... Ele me era sinistramente familiar, tanto que as palavras acabaram simplesmente desaparecendo.

 

Você já teve o mesmo tipo de sonho duas vezes?

 

Não era ele. Não tinha como ser ele. E embora eu estivesse completamente consciente disso, meu coração batia feito louco e minhas mãos e pernas tremiam, eu estava suando e uma onda de um sentimento que eu não consigo nomear e muito menos descrever, começou a se espalhar pelo meu corpo. Os olhos, o cabelo... Era fisicamente impossível alguém se parecer tanto assim com outra pessoa. Mil coisas se passaram pela minha cabeça nesse instante. Mil lembranças e mil perguntas.

E tudo o que eu consegui fazer foi ficar lá parada em estado de choque.

 

- Meu nome é Leonard Campdell, mas pode me chamar de Leo. Não liga pra aquele cara não, ele tá todo estressadinho com umas coisas aí e fica descontando em todo mundo. Ta tudo bem com você? Parece meio pálida...

 

Eu precisava fazer alguma coisa, sair do estado de torpor, estava confusa e afetada demais com tudo aquilo. Por sorte meu “lado social” foi ativado e eu consegui fazer com que as palavras saíssem da minha boca.

 

- Ahn, eu estou bem, valeu. Acho melhor eu ir procurar a minha sala.

 

- Se você quiser eu posso te ajudar, e...

 

E não fiquei pra ouvir o resto. Tinha que sair daquele lugar pra que eu pudesse raciocinar e tentar encontrar uma explicação lógica pra tudo isso. Já fazia um bom tempo que eu não perdia o controle desse jeito. E eu não gosto de perder o controle, principalmente dos meus sentimentos... pelo menos, não mais. Precisava de ar e de um lugar para ficar sozinha, decidi que a enfermaria seria o melhor pra isso e me apressei em chegar lá.

A única coisa que eu conseguia pensar, era que tudo isso não devia passar de uma grande brincadeira. Deus, definitivamente, só podia estar brincando comigo.

 

 

 

 

                                     Sabe aquele tipo de sonho

                        Que te deixa tão feliz que você poderia viver

                           Nele pra sempre e nunca mais acordar?

               Eu pensei que ele estava se repetindo na minha mente.

                                   Mas... tudo ficou tão escuro...

                              Que já não era mais o meu sonho.

                  Ele havia se transformado em um grande pesadelo.

 


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