“Parabéns mamãe!” Bucky parabeniza Natasha novamente, contudo, o tom de voz dele é sério. “Eu realmente não esperava por isso.” Completa.

“Tão pouco eu.” Natasha responde enquanto enche uma vasilha com salgados variados. “Foi uma surpresa para todos nós.”

“Não tenho dúvidas.” O moreno dá um gole na sua bebida “O Steve está radiante... Parece até que é ele quem está gerando uma criança.” Natasha observa o marido que estava na sala, rindo com a sobrinha e o irmão.

“Não é ele quem vai ter que fazer força para expulsar uma melancia por um buraco que só sai um limão.” Natasha repete a fala de um filme bastante conhecido.

“Uh!” Bucky comenta franzindo os lábios ao imaginar a cena.

“Pois é.” Natasha pega a vasilha e leva até a sala. Jane rapidamente ataca a mesma. Sua barriga de gêmeos bastante proeminente.

“Obrigada Nat!” a mesma agradece e Natasha dá um sorriso mínimo. A visão da concunhada lhe embrulha o estomago.

“Acho que isso não vai cair muito bem.” Comenta fazendo uma careta que Jane retribuiu.

“Entendo.” Fala com a boca cheia.

“Acho que vou beber agua...” a ruiva vira-se rapidamente e volta para a cozinha. “Estou atrapalhando?” pergunta ao ver Bucky e Wanda entretidos numa conversa.

“Não. Só estava perguntando como ela está, depois do incidente.” Bucky esclarece e Natasha percebe que o moreno acariciava gentilmente o braço da garota, que corou diante do olhar da irmã.

“Como eu disse, estou bem. Obrigada pela preocupação.” Wanda responde novamente e discretamente puxa seu braço para perto de si, os cruzando no peito.

“Se você ainda quiser sair... você e seu irmão, darem uma volta, como eu falei no outro dia, ainda está de pé.”

“Claro, verei com ele.” Wanda dá um sorriso contido.

“Você tem o meu número, é só ligar.” Bucky fala, para completo constrangimento de Wanda que se retira rapidamente da cozinha, deixando apenas Nat e o moreno sozinhos.

“Então você está mesmo dando em cima da minha irmã.” a afirmação da ruiva soa quase como uma acusação, mas Bucky não recua.

“Seria muita hipocrisia minha negar.” Os dois se encaram. Natasha se sentia dividida: uma parte de si gostaria de arrebentar a cara de Bucky, mas a outra parte sabia que na atual situação, seria bom ter mais alguém perto da garota. Bucky era completamente apto para defende-la e convenhamos, apesar das implicâncias entre eles, era notável a lealdade de Bucky e ele não arriscaria a amizade de Steve sacaneando a cunhada – adorada – do mesmo.

“Se você machuca-la de alguma forma... eu juro por Deus que acabo com você.” a ameaça é clara e Bucky engole seco.

“Eu jamais faria isso.”

“Isso é o clássico que todo cafajeste diz. Eu sinceramente esperava um pouco mais de originalidade.” Debocha.

“Eu sei que não sou nenhum santo, quem fez minha reputação foi eu, mas você também não precisa ficar jogando na minha cara o tempo todo como se seu teto também não fosse de vidro.” O moreno retruca no mesmo tom e Natasha semicerra os olhos.

“O que você está insinuando?”

“Não venha cheia de moralismos para cima de mim Nat. Sei que não conheço sua história, mas é um pouco de arrogância querer que todos acreditem que o seu passado é imaculado.” A voz de Bucky soa clara porem baixa, obviamente ele não queria que aquilo se transformasse num show.

“Ela é minha irmã e eu tenho a obrigação de defende-la.” Natasha sibila.

“E quem disse que eu não posso defende-la também?” argumenta “Você realmente acha que eu faria algo com sua irmã? com a cunhada do meu melhor amigo? Com uma garota que ainda é menor de idade? Você realmente acredita que sou tão filho da puta assim?” a descrença e magoa na voz de Bucky desarma a mulher.

Apesar de tudo, Natasha tinha de admitir, Bucky nunca iludira nenhuma das garotas com quem saia. Nunca prometia nada que não pudesse cumprir e sempre arcava com sua responsabilidade quando as coisas saiam do controle.

“Tudo bem aqui?” Steve pergunta entrando na cozinha e se deparando com a esposa e o melhor amigo num clima bastante estranho.

“Tudo sim.” Responde a ruiva “O Bucky estava me dizendo os locais que ele pretende mostrar a Wanda e ao Pietro. Certo, James?” o moreno encara a ruiva por alguns instantes, engolindo a confusão.

“Exatamente. Tudo dentro do perímetro de segurança.”

“Hum, ótimo então!” Steve suspira aliviado e surpreso. “Esse passeio será logo após o nosso retorno?”

“Naturalmente.” Natasha responde. “Uma pena que o Bucky não possa ir com a gente.” Comenta.

“Alguém tem fazer o trabalho do seu marido enquanto ele se diverte.” Devolve.

“Só espero que você não tome meu lugar...” Steve fala numa falha tentativa de ser ameaçador.

“Tirar o emprego de um pai de família? Jamais!” brinca o moreno, fazendo Steve sorrir como um idiota e Natasha o amaldiçoar por existir.”

“Você tá fazendo café ou um teste pra ver em quanto tempo consegue secar um cafeteira inteira por meio da vaporização?” Pepper questiona ao lado de Maria, as duas observam Natasha tentando salvar o resto do café.

“Droga! Maldito Bucky! Maldita Harrison! Maldita gravidez!” Natasha exclama completamente exasperada. 

“Okay, agora senta aqui e se acalma.” Pepper vai até a ruiva e a guia até a sala, onde Natasha se larga no sofá.

As duas mulheres haviam chegado a pouco mais de uma hora, e durante esse tempo ajudaram a ruiva a arrumar a casa que estava uma bagunça graças a comemoração da noite anterior, enquanto a ruiva relatava todo o ocorrido.

“Qual o problema?” a loira questiona segurando a mão da amiga.

“Sério?” retruca descrente diante da pergunta idiota da amiga.

“Não seja tão mau humorada.”

“Eu cometi o maior erro da minha vida.” confessa. “Steve nunca vai me perdoar. É bem provável que os meus irmãos me abandonem quando descobrirem a verdade também. Eu ficarei completamente só.”

“Você ainda tem a nós, sempre terá.” Maria afirma, reconfortando a amiga. “Sei que não é o mesmo, mas serve de consolo.”

“Vocês são tão importantes quanto eles.” Assegura.

“Mas não somos o bastante.” Pepper completa.

“Não vamos pensar nisso agora, okay?” Maria intercede antes que a onda de lamentações de Natasha comece. “O que foi feito, está feito. Vamos focar no agora e no que está por vir. Cuidamos disso depois.”

Natasha e Pepper concordam. As três vasculham a casa, recolhendo todas as armas que Natasha tem ali. Elas as analisam e escolhem as melhores, as deixando em lugares estratégicos. Não fazia parte do plano levar a Harrison ou os capangas dela ali, mas segundo Brock (ele realmente não descobrira as escutas na casa) atacar a ruiva e a família dela na própria casa era uma opção que vinha sendo constantemente debatida e aparentemente apreciada pela Harrison. Fazia sentido, se ela tinha realmente alguma ligação com o Ian Harrison, atacar a família de Natasha na própria casa – no lar – seria uma vingança mais plena, uma vez que Natasha adentrara o lar de Ian para poder detê-lo.

 O deposito no qual Natasha chorara na madrugada anterior também fora revistado. O carro pessoal da ruiva que Pepper havia pegado naquela manhã, tivera todos os pneus trocados e passara por uma checagem geral. Maria instalara um sistema de minúsculas câmeras de vigilância na casa, garagem e deposito. A ideia de Maria era bastante simples e tinha tudo para dar certo, e embora Natasha achasse um pouco exagerado tudo aquilo, ela sentia que Harrison também estava nos preparativos finais para a atacar.

“Vai dar tudo certo, Nat.” Maria afirma, observando o semblante da amiga tomar novamente aquele ar vago e preocupado.

“Sei que sim... minha mente só fica vagando constantemente para ontem a noite. Para essa maldita comemoração.” O saco contento os detritos da noitada estavam amontoados num canto.

“Qualquer pessoa no seu lugar teria feito o mesmo. Não se julgue tanto.”

“Não estou me julgando.” Defende-se.

“Tem razão: você já se decretou culpada e está decidindo qual a melhor pena.” A morena retruca e Natasha suspira. Maria realmente a conhecia muito bem.

Por volta das 4 da tarde, tudo o que deveria ser feito, estava feito.

“Agora o último passo em direção ao fim.” Anuncia Pepper.

Natasha senta entre as duas amigas, o notebook no colo e o olhar decidido. Um a um, ela confirma as 4 passagens para Cancun, que colocara Steve e os seus irmãos longe do fogo cruzado.

“Feito.” Declara.

“Feito.” As duas concordam. “Precisa de ajuda com as malas?” Pepper oferece.

“Eu não posso ajudar, tenho algumas coisas para fazer.” Maria informa e Natasha e Pepper trocam um olhar. “Preciso pegar minhas roupas na lavanderia, encher a dispensa e estudar um novo sistema de defesa, satisfeitas?”

“Na verdade não.” Diz Pepper.

“Nenhum pouco.” Reafirma Natasha.

“Me deixem em paz!” a morena exclama e começa a se preparar para ir embora.

“Precisa de ajuda?” insiste Pepper.

“Não. O principal já está pronto.” Fala se referindo a uma pequena mala contendo armamentos.

“Tudo bem, se precisar, sabe onde me encontrar.”

“Vocês deviam fazer um pouco de sexo... desestressar sabe? Tem trabalhado bastante.” Nat sugere com um olhar malicioso.

“Você é quem mais precisa disso.” A loira afirma.

“Pode até não parecer, mas minha sexual está em dia. Eu não poderia dizer que estou gravida se não estivesse transando com regularidade.” Esclarece.

“Eu não quero saber sobre sua vida sexual.” Maria caminha até a porta e as duas a seguem.

“Eu também estou em dia.” Garante Pepper. “E você Maria?”

“Eu vou usufruir do meu direito constitucional de permanecer calada.” Responde mau humorada.

“1 mês?” pressiona Pepper.

Maria continua calada.

“2?” Natasha sugere.

Maria apenas revira os olhos.

“4?” Pepper questiona claramente preocupada.

Oh meu Deus! 6?!” exclama Natasha surpresa, constrangendo a amiga.

“9 okay?” confessa Maria para surpresa e espanto das amigas.

“Mas você já saiu com outros caras e....”

“E nada!” Maria corta Pepper. “Não sou obrigada a transar com alguém só porque sai com ela.”

“Mas você devia.” Natasha dispara e recebe um olhar ameaçador da morena. “Só falei o que penso.”

“Pois guardem os pensamentos de vocês sobre a minha vida sexual para si mesmas!” exclama dando um fim na conversa.

“Tudo bem, não está mais aqui quem falou.” Pepper abraça a amiga que estava claramente irritada.

“Não irei mais te irritar com isso. Prometo.”

“Acho bom.” A morena agradece pelo fim do assunto e ela e Pepper finalmente vão embora, deixando Natasha sozinha para preparar as malas dela e do marido.

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Steve conversava animadamente com Sam e Bucky sobre os preparativos finais para sua viagem e ausência no trabalho. Ele e Bucky já haviam resolvido algumas coisas, mas era necessário informa-las a Sam para em seguida comunicar a todos os funcionários.

“Droga, devo ter deixado no carro.” Steve supõe quando não encontra uma planilha com algumas informações sobre o funcionamento da cozinha. “Se você não se importa Sam, eu vou procurar, tudo bem?”

“Pode deixar que faço isso.” Bucky se oferece. “Continua explicando pro Sam nossa ideia.”

“Okay.” Steve agradece e entrega as chaves para Bucky que rapidamente sai da sala do gerente.

 O carro de Steve ficava estacionado na garagem do restaurante, e ele se encaminha para lá.

“Olá Bucky,” Sharon o cumprimenta, quando o mesmo está cruzando o salão. “Você parece bastante animado.” Comenta.

“E estou.” Afirma sem parar.

“Pode compartilhar o motivo ou é segredo?” ela insiste.

“Serei tio, todo mundo aqui já sabe disso.” Bucky responde, se voltando para a loira que tem o semblante impassível.

“Oh, verdade.” Comenta “O Steve deve estar bastante feliz.”

“Radiante.”

“Desejo o melhor a ele.”

“Claro que sim.” A afirmação do moreno tem um leve toque de acidez.

“Por falar nisso, você o viu?”

“Ele está conversando com o Sam.”

“Algum problema?” é perceptível a preocupação – e curiosidade – na voz da mulher.

“Só ajeitando os últimos detalhes da viagem.” Responde.

“Viagem?” agora Sharon não consegue permanecer impassível e a surpresa fica estampada na sua cara, assim como a curiosidade.

Bucky pensa um pouco, dali a alguns minutos todos seriam informados mesmo, que mal havia em compartilhar a informação um pouco antes? Além do mais, ele queria ver a cara da Sharon.

“O Steve vai viajar com a família. Descansar e comemorar a novidade.”

“A esposa dele também vai?”

“Acho que ela está inclusa na família.” Responde irônico.

“Quando?”

“Ai você pode perguntar a ele né?” ou esperar mais um pouco, logo todos serão informados.” Bucky avisa “Melhor você voltar ao trabalho.”

“Claro.” Os olhos de Sharon faíscam de ódio.

Bucky ignora completamente a loira e em poucos minutos ele está diante do carro do amigo. Ele adentra o mesmo e logo no banco do motorista ele encontra um envelope marrom.

“Só você mesmo Steve para esquecer isso.” Ele resmunga e pega o envelope, contudo o envelope estava mais pesado do que ele imaginara, e num movimento descuidado ele o deixa cair. O conteúdo se espalha pelo chão e Bucky agacha-se para recolher. “Isso não são planilhas.” Sussurra descrente ao pegar uma foto na qual Natasha estava de pé, num descampado, diante do corpo de um homem.