“Acho que podemos melhorar essa imagem...” Pepper comenta enquanto analisa a foto “que câmera você usou? De algum celular de 1900?” pergunta irônica encarando Clint.
“Desculpe okay? Foi o melhor que consegui com o que tinha em mãos.” Ele dá de ombros.
“Tudo bem.” Pepper afirma e vai para o computador, pronta para scannear a imagem. Maria e Natasha estavam afastadas, conversando baixo. Clint as observava e usava todo o seu bom senso para não fazer algum comentário infeliz. Seu filme já
estava bastante queimado.
“Maria, não precisa se desculpar.” Natasha afirmava pela vigésima vez, mas Maria parecia não ouvi-la.
A morena estava completamente irritada com Clint por ter tentado criar
problemas na relação delas com as amigas, mas no fundo ela sabia que não devia ter ido ao encontro com Brock sem informa-las. Um milhão de coisas poderiam ter dado errado.
“Aquele psicopata deve estar se achando o máximo agora.” Comenta desgostosa “me enganou direitinho.”.
“Mas isso é bom! Pela primeira vez estamos um passo a frente deles.” Esclarece.
“Graças ao Barton.” Maria cospe as palavras.
“É tão difícil pra mim quanto pra você atura-lo, acredite.”
“Já podemos expulsa-lo agora?” Natasha ri baixo.
“Calma. Vamos esperar a Pepper fazer sua magica e o colocamos pra fora.”
As duas vão até a loira que fazia alguns ajustes na foto. Natasha havia
memorizado o básico, mas agora com os ajustes era possível definir melhor algumas coisas.
“Cabelos pretos.” Pepper afirma.
“Hum, não sei, me pareceu quase avermelhado.” Clint diz se aproximando das três.
“Castanho avermelhado, talvez?” sugere Pepper.

“Acho que sim. Estava escuro.” comenta num tom de desculpas.
“Certo. O que mais?” Natasha questiona.
“Branca. Traços finos. Deve ter entre 1,75 a 1,80.” Maria continua.
“Alta hein?” Pepper comenta, mas é ignorada.
“Acho que ela tem uns 25 anos.” Diz Maria.
“Tem passagem ou algum registro?” Natasha pergunta.
“Nadinha. Chequei pelo scanner facial, mas não bate com nenhum registro que já temos nos sistemas. Desconhecida.” Pepper informa.
Natasha bufa irritada. Estava lidando com alguém inexperiente, provavelmente nova no ramo... Ou alguém muito boa e que por isso nunca foi pega. Seu instinto dizia se tratar da primeira possibilidade.
“Tem certeza que ela estava com o Brock?” Pergunta incisiva.
“Claro!” afirma Clint. “eles saíram juntos do bar depois que a Maria foi embora.”
“E como você tem tanta certeza que ela é a Harrison?” Maria pergunta.
“Quem mais poderia ser?” ele arqueia as sobrancelhas esperando por sugestões que não vem. “ela ficou o tempo todo escondida, observando a distancia. É obvio que se tratava de alguém com interesse.” Completa.
Maria suspira, era uma droga ter que admitir que não só fora feita de idiota como provavelmente acabara por dar informações ao inimigo.
“Não foi sua culpa.” Clint parece ler seus pensamentos. “Eu mesmo levei algum tempo para notar a presença dela.” Ele dá um sorriso cumplice, mas Maria apenas fecha a cara e se afasta dele. “O que eu fiz?”
“Isso é uma pergunta retórica, né?” Pepper ergue uma sobrancelha, irônica.
“Eu já pedi desculpas!” exclama irritado. “olha, eu já passei por situações assim antes e acho que o melhor a ser feito é colocar todos os envolvidos cara a cara e expor o problema, assim às chances de divergências são mínimas.”
“Então você achou que se confrontasse a Maria ela iria mentir para você?” agora é a vez de Natasha perguntar.
“Não! Quer dizer, eu não sei.” Suspira derrotado.

“A Maria pode ser várias coisas, mas mentirosa ela não é.” Pepper defende a amiga.
“Lealdade e confiança são nossos lemas. Se você não consegue compreender o significado dessas coisas, melhor ir embora.” Natasha fala dura.
“Eu não quis ofender ninguém. Juro.”
“Que seja.” Pepper dá de ombros.
Clint suspira, obviamente seu excelente trabalho não compensaria o estrago causado por sua falha tentativa de colocar tudo em pratos limpos. Ele vai até o sofá e pega sua jaqueta e mochila que estavam ali.
“Eu sinto muito.” Murmura para Maria que continua olhando para a janela. Ela só vira o rosto quando ouve o som da porta batendo.
“Ele não fez por mal.” Natasha diz assim que a porta é fechada.
“Não acredito que você está defendendo ele!” Pepper exclama incrédula.
“Não estou defendendo-o.” Defende-se “ele só agiu por impulso, provavelmente ficou com raiva de a Maria ter ido se encontrar com o Brock depois de tudo o que
aconteceu e quis se vingar, expondo o acontecido diante da gente. Além do mais, ele queria ter certeza que você diria a verdade sobre o seu encontro com o Brock.”.
“Você está dizendo que ele ficou com ciúmes?” Pepper questiona.
“É uma possibilidade.” Dá de ombros.
“Oho! Alguém está apaixonado?”
“Eu não disse isso.”
“Vocês são ridículas!” Exclama Maria, enraivecida. Ela abre a boca pronta para protestar, quando o celular de Natasha começa a tocar. A ruiva o pega e se afasta, enquanto Pepper continua fazendo insinuações acerca das intenções de Clint.
“Droga!” Natasha se aproxima das amigas, pegando sua bolsa e casaco. “Preciso ir, parece que o Pietro se meteu numa briga.” Suspira “e hoje foi apenas o primeiro dia deles no colégio.”.
“Ele não seria seu irmão se não se metesse em confusão.” Pepper afirma e Natasha revira os olhos.
“Qualquer coisa, me contatem no celular.”

“Okay!” Pepper confirma e Maria concorda com um aceno de cabeça. “Boa sorte!” desejam em uníssono.
“Com certeza vou precisar.” Murmura ao sair.
                              +++
“Uma briga?” Steve questiona cético. “O Pietro não me parece ser do tipo que se mete em brigas.”
“As aparências enganam.” Natasha responde enquanto buzina freneticamente para o carro parado a sua frente começar a andar. “eu espero que ao menos tenha
sido por um bom motivo.”
“Não há “bom motivo” quando se trata de brigas.” Retruca. Natasha revira os olhos.
“Hum... Eu só espero que ele não seja expulso. Imagine a dificuldade que seria para encontrar um colégio que o aceite depois disso?”
“Ele não será.” Tranquiliza. “eu gostaria de poder te ajudar com isso, mas tá uma loucura aqui, alguma celebridade virá jantar e Sam quer que causemos uma ótima impressão.”
“Não precisa se preocupar com isso. Eu dou conta sozinha.” Afirma “Manda o Sam relaxar, vocês estão na lista dos melhores restaurantes da cidade, impossível deixar a desejar.”.
“Exatamente por isso. Temos nome a zelar!” ri “eu preciso ir agora, me liga
quando tudo estiver resolvido.”.
“Pode deixar.”
“Até mais.”
“Até.” Natasha desliga o celular e continua dirigindo em direção ao colégio, ela afirmara que conseguiria resolver tudo sozinha, mas não tinha tanta certeza agora que começava a avistar o prédio.
“O que aconteceu?” Bucky pergunta ao perceber o semblante preocupado do amigo.
“Pietro se meteu numa confusão e a Nat foi chamada para ir até a escola.”
Explica.

“Hum, ele apanhou ou bateu?” pergunta curioso.
“Isso importa?”
“Claro que sim!” exclama “se ele apanhou vai ficar marcado como um cara fracote e virara alvo fácil dos idiotas do futebol, mas se ele bateu... ninguém vai mexer com ele novamente.”.
Steve balança a cabeça descrente, só mesmo Bucky para se importar com as hierarquias idiotas criadas por adolescentes idiotas para supostamente manter a ordem.
“Isso é patético.” Diz por fim.
“Concordo. Mas infelizmente é como as coisas são.”
“Você sofreu bullying o colégio?” Bucky se assusta ao ver Sharon atrás de si.
“Como você apareceu aqui?” pergunta olhando para os lados. “Estava ouvindo nossa conversa?”
“Não, claro que não.” Ela ri da cara de Bucky “Fiz sinal para Steve não me
denunciar. Não foi minha intenção te assustar.” Desculpa-se.
“Hum, claro que não.”
“Então. Você sofreu bullying?” repete a pergunta.
“Por incrível que pareça, eu nem sempre fui incrível assim.” Responde ríspido e se afasta.
“Ops, não foi minha intenção chateá-lo.” Comenta com uma careta.
“O Bucky fica meio sensível quando se trata da vida escolar dele.” Steve
comenta. “Ele vai ficar bem.”
“Fico aliviada.”
“Relaxe. Você provavelmente foi a rainha do baile, não?”
“Não, não mesmo.” Sharon ri constrangida “como disse o que o Bucky: “Eu nem sempre fui incrível assim.””. Steve ri.
“Acho que a escola não foi muito agradável para a maioria de nós.”
“Hierarquias, regras, pressões, muitas coisas para serem administradas por
pessoas tão novas.”

“Verdade.”
“Mas é isso que nos torna quem somos hoje. As dificuldades pelas quais passamos, elas nos endurecem e nos ensinam a revidar.” Steve tenta disfarçar sua surpresa com as palavras de Sharon.
“Um pouco rancorosa, não?” brinca.
“Só um pouco.” Responde no mesmo tom.
“Espero que o Pietro não seja.” Steve divaga, voltando seus pensamentos para o cunhado e a esposa, que naquele momento devia estar conversando com o diretor.
                             +++
Natasha olhava de soslaio para o irmão que tinha um corte no lábio inferior e o olho esquerdo inchado, enquanto diretor fazia um discurso sobre o comportamento agressivo e violento de Pietro. Natasha parara de prestar atenção há muito. Quatro contra um e ainda assim, o diretor insistia em afirmar que seu irmão estava errado. Segundo Wanda, ele apenas a defendera quando os caras
começaram a mexer com ela.
“Espero que a senhora tome as devidas providencias para evitar que isso volte a acontecer, Sra. Rogers.” A voz grave do diretor a trás de volta ao presente.
“Não se preocupe, esse infortúnio não se repetira.” Afirma, porem o diretor continua a encarando, obviamente esperando que ela dissesse quais providencias iria tomar a respeito. Natasha vasculha rapidamente sua mente em busca de
respostas. “Esporte. Esportes vão ajuda-lo a ter disciplina.”
“Hum, isso é verdade.” O diretor divaga “Temos no nosso quadro algumas modalidades...” ele vasculha sua mesa e estende a Natasha alguns folders com informações. “Vocês podem escolher o que melhor se adeque as habilidades do Sr. Maximoff.”
“Obrigada.” Natasha agradece enquanto dá uma lida rápida nos papeis. Ela estende a mão, que logo é apertada pelo diretor.
“Espero não vê-lo novamente tão cedo.” Diz a Pietro que encara o diretor com certa petulância. “Você e sua irmã estão liberados por hoje.”
Natasha e Pietro se retiram da sala e logo encontram com Wanda, que os
aguardava na sala ao lado. Eles caminham em silencio, embora Natasha saiba que os gêmeos devem estar conversando do jeito “telesquisito” deles. Quando já
estão dentro do carro, Natasha joga os folders para Pietro.
“Escolha um.”
“Você não estava falando sério né?”
“Eu pareço estar brincando?” retruca “você teve sorte de não ter sido expulso. E antes que vocês achem que eu não apoio o que você fez, fique sabendo que eu apoio sim. Fez muito bem em defender a Wanda, embora eu realmente não ache que tenha sido muito esperto da sua parte ter dado o primeiro soco. Se é que podemos chamar aquilo lá de soco” Conclui.
“Então por que eu tenho que me inscrever nisso?” pergunta Pietro ignorando a ofensa da irmã.
“Porque é ótimo ter uma ocupação. E acho que praticar esportes ajudara vocês a se enturmarem.” Explica.
“Vocês?” pergunta Wanda.
“Sim, é bom que você aprenda alguma coisa também. Nem sempre você poderá contar com o Pietro para te defender.” Esclarece.
Wanda bufa irritada, contudo Pietro começa a analisar suas possiblidades.
Futebol estava fora de questão, assim como basquete, esportes coletivos não lhe atraiam... Talvez atletismo fosse uma boa. Sempre lhe diziam o quão rápido ele era.
“A partir de amanhã vou ensinar vocês a darem um soco decente.” Natasha murmura mais para si mesma que para os gêmeos. “meus irmãos e não conseguem dar um soco decente. Absurdo!”
Natasha manda uma mensagem para Steve assim que chega em casa, informando-lhe de que estava tudo bem. Natasha arrasta o irmão para os fundos da casa e usando um velho saco de pancadas, começa a ensina-lo como dar um soco, causando danos somente ao adversário.
Wanda assistia tudo da varanda, rindo do irmão toda vez que ele errava o alvo. Natasha não parava de gritar broncas a todo o momento, contudo, quando Pietro consegue se esquivar de um soco seu e lhe imobilizar, ela o parabeniza com
entusiasmo.
“Acho que agora é sua vez Wanda.” Natasha fala quando o irmão começa a desenfaixar as mãos. “Hã, acho melhor começar a preparar o jantar.” Sugere se levantando. “Vocês deviam ir tomar banho, o cheiro não está dos melhores.” Desconversa e sai, sem
dar oportunidade de Natasha insistir.
“Ela prefere usar o cérebro ao invés de força física.” Pietro comenta, indicando a irmã que já não estava mais ali.
“Hum... tenho de pensar em algo que ela possa fazer então.” Natasha guarda as luvas que usava. “Obrigada.” Agradece ao irmão que apenas da de ombros.
“Só estou fazendo a minha parte.” Responde “tentando fazer dar certo.”.