“Eu posso entrar com você.” Sharon sugere.

“Não precisa, mas obrigado pela preocupação.” Devolve irônico e caminha até uma sala, se sentando numa maca no canto.

O caminho até o hospital havia sido feito em silêncio, tanto por ele não ter o que falar com Sharon quanto por estar extremamente chateado com Steve. Ele não era o tipo de fazer fofoca, causar intriga ou inventar coisas sobre as – poucas – garotas que lhe davam fora, ou mesmo sobre as garotas com quem havia ficado. Ele tinha certeza que Sharon havia mentido durante a festa e que estava dando em cima de Steve, ela era claramente problema.

“Sonhando acordado?” uma enfermeira negra pergunta assim que adentra a pequena sala.

“Apenas pensando.” Ele responde sem olha-la. “Vai demorar muito? eu ainda quero voltar ao trabalho hoje.” Ele finalmente ergue a cabeça e olha para a mulher.

Ele a analisa de cima a baixo e ao concluir a ‘inspeção’ abre o seu melhor sorriso, fato que não passa despercebido pela mulher.

“Eu sou o James.” Ele se apresenta estendendo a mão ainda enrolada.

“Claire.” A mulher pega a mão dele e começa a retirar o pano. “Como isso aconteceu?”

“Estava cortando algumas coisas e ai.” Ele faz um gesto indicando como a faca cortou sua mão. “Estava distraído.” Admite.

“Pessoas distraídas não deviam trabalhar na cozinha.” Ela comenta enquanto limpa a mão dele com gaze.

“Não sou distraído. Só estava pensando em algumas coisas.” Se defende. “Fui um idiota com uma amiga e não sei como me desculpar.”

“Você deu em cima dela?”

“Não!” exclama “Ela é esposa do meu melhor amigo. Acusei ela injustamente, embora a acusação fizesse sentido.” Explica.

“Meio vaga essa sua explicação, mas acho que você pode começar pedindo desculpas. E ser sincero.” Claire aconselha e ele fica pensativo.

“Porque você achou que eu dei em cima dela?” pergunta Bucky mudando de assunto.

“Porque você quase me devorou com os olhos. Tem cara de dar em cima de qualquer uma.” Comenta num tom descontraído.

“Isso é.... verdade.” concorda relutante “Você é muito observadora.”

“Eu tento.”

“Mas então Claire, se eu der em cima de você, vou levar um fora ou?

“Vai levar um fora.” Claire avisa o interrompendo.

“Droga! Realmente não estou com sorte!” Bucky resmunga.

“Melhor ficar paradinho James, hora da anestesia.” A mulher avisa e rapidamente coloca uma agulha na palma da mão do moreno e pressiona o embolo, fazendo o mesmo gemer e virar a cara. “Com medo de agulha?” Claire pergunta desdenhosa.

“Só um pouco.” Bucky responde ainda sem olha-la.

“Prontinho!” a mulher exclama “Agora vou suturar.”

“Argh!” o moreno geme.

“Qual é James, você é bem grandinho não acha?”

“Bucky, me chame de Bucky.” Pede.

“Tudo bem Bucky.” A morena concorda e começa a suturar o corte.

“Então, porque eu levaria um fora?” pergunta puxando assunto.

“Você quer que eu me distraia?” pergunta parando o movimento da sua mão.

“Não. Mas conversar me distrai disso.” Ele afirma franzindo os lábios.

Claire suspira, mas acaba cedendo.

“Tudo bem. Eu te daria um fora porque tenho namorado.”

“Definitivamente não estou com sorte.” Balança a cabeça negativamente “o que ele faz?”

“É advogado.”

“Advogado criminalista?”

“Também, porque?” Claire pergunta com uma sobrancelha arqueada.

“Você parece gostar de caras que se envolvem com o perigo.” Ele comenta e ela ri.

“Não gosto não.” Afirma rindo.

Bucky sente o leve puxão e em seguida Claire finaliza seu trabalho. Enfaixa a mão dele rapidamente e joga no lixo os materiais descartáveis.

“Acho melhor você não voltar ao trabalho hoje.” Avisa “e tomar algum remédio para dor.”

“Tudo bem. Acho melhor ir para casa também.” Bucky concorda se levantando “Meu dia já deu o que tinha pra dar.” Completa.

Claire ri e acompanha o moreno até a recepção.

“Então, tudo bem?” Sharon pergunta se aproximando deles.

“Ele levou 5 pontos mas vai sobreviver. Só não poderá voltar ao trabalho hoje.” Claire avisa e Sharon concorda.

“Você quer carona pra casa?”

“Não. Eu pego um taxi.” Bucky fala e Sharon concorda com a cabeça.

“Melhoras Bucky.” Sharon deseja e vai embora.

“Sua amiga é muito simpática.” Claire comenta com a testa franzida.

“Até demais.” Ele completa desgostoso “Obrigado Claire e caso você e seu namorado terminem...”

“Nós não vamos.” A morena afirma com convicção.

“Mais um ponto pra ele.” Bucky fala com um sorriso derrotado “Até mais Claire.”

“Até mais Bucky.” A morena de despede e volta ao trabalho.

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Natasha bate com os nós dos dedos na porta de entrada da casa, que ficava no fim de uma rua pouco movimentada. A casa parecia vazia, porém Maria havia visto movimentação dentro da mesma por trás das persianas.

“Tô perdendo a paciência.” Natasha murmura fazendo a morena rir.

“Deixa comigo.” Maria tira um objeto que parece uma pequena chave de fenda da bolsa e a introduz na fechadura da porta, alguns segundos depois ela vira a maçaneta e a porta abre. “Voilà!”

Natasha observa admirada e Maria ri com certo orgulho.

“Você primeiro.” Maria fala e Natasha rapidamente toma a dianteira, pegando a arma que estava escondida na parte de trás da sua calça e a posicionando na frente do corpo, pronta para disparar ao menor sinal de perigo.

“Hey, nós só queremos conversar.” Natasha avisa alto e com um movimento de cabeça indica o caminho para Maria. “Sabemos que está aqui, não adianta tentar fugir.”

As duas mulheres rapidamente revistam todo o térreo, que consistia em duas pequenas salas, uma cozinha com dispensa e um banheiro nos fundos, elas param diante da escada e rapidamente sobem, parando diante de um corredor com 3 portas.

“Te dou cobertura.” Natasha fala e Maria abre a primeira porta que estava destrancada e encontram apenas um quarto de casal vazio.

Elas verificam o segundo e o terceiro quarto e ambos também estão vazios.

“Mas que diabos!” Natasha exclama irritada.

“Ele não pode ter saído, teríamos visto.” Maria afirma frustrada.

“Ele pode ter pulado o....” um barulho vindo do quarto do casal interrompe Natasha e as duas mulheres vão até o mesmo.

Elas entram com o máximo de cuidado, evitando fazer barulho.

“Deve ter sido o vento...” Maria comenta indo até a janela que estava aberta e dava diretamente sobre as farpas de uma cerca de madeira. “Se alguém pulasse daqui ficaria empalado.” Informa.

Natasha suspira ainda mais frustrada e se vira para ir embora, porém um pequeno movimento atrás da porta a faz hesitar. Ela indica a porta com um meneio de cabeça e Maria estreita os olhos, com a arma em punho. Natasha dá dois passos calculados em direção a porta que estava completamente escancarada e antes que pudesse registrar o que acontecia, a porta foi empurrada abruptamente contra ela.

Natasha perde o equilíbrio e cai com o impacto da porta contra si e um homem alto salta sobre ela, contudo, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Maria desfere um violento chute nas costelas do homem que cai ao lado da ruiva. Maria se aproxima rápido pronta para desferir outro golpe quando o homem gira ainda no chão e a golpeia na barriga com o pé direito. A morena geme de dor e se apoia sobre a cama, enquanto tanto o homem quanto Natasha se põem de pé.

A ruiva desfere um soco na altura do queixo do homem que o bloqueia com os punhos. Ela tenta novamente atingi-lo na face e em seguida nas costelas, porém o homem é ágil e consegue bloquear os golpes da ruiva. Ele tenta acerta-la no rim do lado esquerdo mas a ruiva esquiva com facilidade, contudo não é tão rápida e é atingida no maxilar por um soco certeiro. Ela titubeia, com os punhos ainda cerrados e rentes ao corpo. Maria salta sobre o homem e desfere um forte soco no mesmo, mas ele se mantem firme e tenta acertar uma joelhada na altura do estomago que a morena bloqueia com as mãos. Ele é rápido e desfere uma cotovelada no rosto da morena que desvia por pouco, e aproveita para ela mesma dar uma joelhada na virilha dele.

O homem recua e por alguns segundos todos ficam imóveis. Maria pronta para atacar, Natasha recobrando o equilibro e o homem levemente curvado com uma expressão de agonia no rosto. Os três trocam olhares apreensivos.

“Quem são vocês?” o homem pergunta por fim, a voz cheia de dor.

“Não te interessa. Quem é você?” Maria pergunta com autoridade e o homem franze a testa.

“Vocês não são da polícia, são?” as mulheres trocam um olhar rápido.

Aquele definitivamente não era o cara que estavam procurando, contudo, ele estava na casa do suspeito e provavelmente sabia alguma coisa a respeito do seu morador.

“Estamos procurando Jeremy Curtis.” Natasha fala por fim. “Você o conhece?”

O homem pôde perceber todas as implicações daquela pergunta.

“Talvez.” Dá de ombros. “Agora me respondam, quem são vocês?”

“Desculpe, mas isso é informação privilegiada.” Maria fala e os olhos do homem se arregalam diante do reconhecimento.

Em um átimo ele abre a porta com violência e corre corredor afora, sendo seguido pelas duas mulheres. Ele desce as escadas pulando de três em três degraus, contudo Maria salta com agilidade por sobre o balaústre e agarra o homem, que perde o equilíbrio e cai sobre a mesinha de centro da sala. Natasha se aproxima dos dois e ajuda uma Maria ofegante a se levantar.

“Quem é você?” Natasha pergunta.

“Vão pro inferno!” o homem exclama tentando se levantar.

“Eles sempre preferem o jeito mais difícil.” Natasha comenta e pegando uma das pernas quebradas da mesinha, desfere um violento golpe no rosto do homem, que cai desacordado.