Era extremamente doloroso quando eu chegava em uma loja e a atendente já me dizia que não havia roupas do meu tamanho. Era deprimente ver aquela roupa bonita na vitrine e saber que não caberia em mim.

Era horroroso sentar na mesa de uma lanchonete e ver as pessoas me olhando por comer um hambúrguer e cochicharem sobre meu peso.

— Não dê atenção a eles, Helena. — era o que Álisson me falava sempre.

Ele segurava minha mão e sorria para mim, mas eu sempre estive mais preocupada com os olhares tortos e os sussurros preconceituosos.

— Por que as pessoas precisam cuidar da vida dos outros, Álisson? — questionei, subitamente.

— Acho que elas estão tão frustradas com suas próprias vidas, que precisam achar defeito na vida dos outros para não se sentirem tão sozinhos. Faz sentido, não é? — Álisson sorriu como se tivesse dito algo incrivelmente inteligente, colocando seu cabelo volumoso para trás.

— É, acho que faz. Fico surpresa… Às vezes você consegue falar coisas que não são idiotas — comentei, gargalhando de sua careta.

Era incrível como eu só conseguia me soltar perto de Álisson, apenas ele me fazia rir daquela maneira. Apenas ele me fazia ver que eu era uma garota incrível — por mais difícil que fosse de acreditar.

— Ei eu não falo coisas idiotas, falo coisas engraçadas, é diferente. Não tenho culpa se você não sabe reconhecer um comediante — novamente eu gargalhei.

— Eu gosto das suas piadas, pelo menos elas não envolvem aquele padrão de que toda loira é burra e sobre gordas também. Suas piadas são inteligentes. — confessei, sorrindo timidamente.

Eu nunca fui dona da minha própria história. As pessoas sempre me disseram o que eu deveria ser e como deveria me portar, as pessoas sempre escreveram minha história por mim. Mas com Álisson eu fazia a minha história. Eu a escrevia, eu a desenhava, eu a coloria.

Infelizmente, eu não tinha essa mesma coragem quando Álisson não estava por perto. Com certeza aquilo era uma fraqueza minha, mas por mais que eu quisesse, não conseguia encarar os olhares e dizer que eu sou maravilhosa mesmo não estando nos padrões de beleza da sociedade.

— Admita, eu sou muito inteligente — disse ele, com aquele ar brincalhão de superioridade.

— É, você é. — respondi, arrancando um sorriso de seu rosto.

Eu realmente gostava dele. Mas creio que não era recíproco. Por mais que Álisson me dissesse que eu era linda e incrível, acho que ele jamais quereria ficar com uma garota como eu. Afinal, ele merecia alguém melhor.

E isso me deixa triste, pois tudo que eu gostaria era ficar ao lado dele, mostrar a ele como ele é importante pra mim. Mas, tudo bem, eu já coloquei em minha cabeça que viverei sozinha.