Ao ficarem a sós com Tommy, os médicos o examinaram por alguns instantes, enquanto isso, do lado de fora do quarto, Kimberly, ainda apreensiva, esperava pela liberação, não queria mais se afastar de seu amado, esses momentos em que ele esteve inconsciente foram mais do que suficientes para ela entender que sem ele, não há condições de continuar sozinha nessa caminhada, ainda mais agora que esperava o primeiro filho deles.

Trini observava sua amiga e de jeito solidário aproximou-se de Kimberly e a abraçou, ficando em silêncio enquanto tentava transferir paz e calma para a pequena que mesmo que já tivesse conversado com Tommy, ainda encontrava-se inquieta, o rapaz poderia estar melhor, mas com os medicamentos, nada impedia que Tommy tivesse uma recaída, ainda estava fraco.

Que irônico era pensar em todos eles, amigos desde a infância e adolescência, passaram por tantas coisas juntos, salvaram o mundo e tudo o que as pessoas poderiam imaginar e o que não podiam imaginar também, mas o que eles eram sem esses poderes? Nada mais do que simples seres humanos sujeitos a qualquer tipo de situação. Claro que suas vidas sempre foram ameaçadas enquanto salvavam o mundo, mas se fosse o caso de perder a vida, todos em comum acordo, perderiam suas vidas lutando para salvar muitas outras, isso era um fato que não precisava sequer ser discutido por nenhum deles. Mas, desde que deixaram outros cuidando do planeta em seus lugares, tornaram-se todos seres humanos comuns e agora lutavam contra seres humanos que faziam maldades contra outros seres humanos, como na vez em que Kimberly quase foi violentada, o que seria de sua amiga se Tommy não estivesse por perto e não a tivesse salvo daquele rapaz? Trini sabia da história que foi contada por Kimberly:

***

Flashback

Kimberly havia acabado de ficar noiva, a correria para os preparativos estava sendo tanta que naquele dia em específico a garota havia esquecido da prova do vestido, mas conseguiu um horário pouco antes da loja fechar, a qual localizava-se no Centro mais isolado de Angel Grove.

Ao sair da loja já havia anoitecido e Kimberly resolveu encontrar com Tommy que vinha busca-la na frente da loja e lá estava o esperando, foi quando dois caras passaram e começaram a cercar a garota que se preparou para lutar contra os dois, mas repentinamente um deles a segurou pelos braços, prendendo a garota pelas costas, o outro que já havia tomado a bolsa da mão de Kimberly e a jogado no chão se aproximou e com as mãos sujas passou a explorar as partes expostas do corpo de Kimberly: pernas e braços. Quando o outro rapaz conseguiu abrir o botão do short que a garota usava, Kimberly soltou um grito em desespero, ela já havia entendido as intenções dos dois logo quando os viu se aproximarem dela, mas seu desespero e desgosto não a deixou gritar por socorro, não até que o outro abrisse seu short.

Naquele instante um carro chegou ao local e estacionou próximo aos três, desse carro outro rapaz desceu rapidamente e separou o agressor que prendia Kimberly pelos braços, dando um soco em seu queixo e outro ao lado da cabeça, deixando o rapaz desacordado, quando Tommy se voltou para pegar Kimberly em seus braços o outro rapaz já havia fugido e assim ele pode abraçar sua garota fortemente em seus braços, a fazendo sentir-se protegida. Internamente, Tommy agradecia à Deus por nada mais grave ter acontecido com sua princesa, ela não sabe o que teria feito se algo mais grave do que essa tentativa suja de violenta-la tivesse se concretizado.

Respirando fundo, Tommy beijou Kimberly no topo de sua cabeça e a levou até o carro, colocando-a sentada ao banco e fechou a porta. Ao entrar no carro, ainda sem dizer uma única palavra, Tommy dirigiu pelas ruas tranquilas da cidade e levou Kimberly para sua casa. Kimberly dormia tranquilamente quando ele estacionou o carro, sorrindo voltou-se para ela e suavemente beijou sua testa sussurrando:

— Graças à Deus não aconteceu nada mais sério! – Ele sorriu e a observou por alguns segundos enquanto Kimberly sussurrava novamente.

— Obrigada por chegar a tempo. – Kimberly abriu os olhos e olhou nos olhos de Tommy sorrindo. – Você sempre me protegendo.

— E continuarei assim enquanto puder!

Tommy então saiu do carro e foi até a porta de Kimberly e a pegou no colo, fechando o carro em seguida. Ele então levou a garota para dentro de casa e a deitou em sua cama, enchendo sua pequena de carinhos. Kimberly estava tão tranquila que não parecia ter acabado de ser resgatada de uma tentativa de estupro. Pensando na reação dela quando ele chegou e no jeito forte em que ela se agarrou nele, Tommy pode concluir que Kimberly sentia-se protegida ao lado dele, por isso toda aquela tranquilidade naquele momento, ela sabia que estava com ele e que ali nada de ruim ou contra sua vontade aconteceria.

Após mais alguns minutos de carinhos, Tommy acabou adormecendo ao lado de Kimberly e ali ficaram até o dia seguinte ou até que Kimberly acordasse com a necessidade de tomar um banho e se livrar daquelas roupas que a incomodava.

***

Kimberly respirou fundo e soltou-se de sua amiga ao ver o médico saindo do quarto de Tommy, correu até o rapaz e pediu respostas sobre a situação de Tommy. Uma fratura na perna que deveria ser cicatrizada em poucos dias de repouso e uma batida na cabeça que pedia observação de no mínimo 24 horas, se nada mais grave acontecesse, Tommy poderia ir para casa no dia seguinte.

Feliz e sorrindo, Kimberly agradeceu ao médico e voltou para o quarto em que seu marido se encontrava. Ela o observou por algum tempo, ele estava de olhos fechados e tão sereno, decorava os traços de seu rosto, como se nunca houvesse parado para fazer isso em sua vida, ele era tão lindo, mesmo depois de ano ele continuava ficando ainda mais lindo, quanto mais adulto Tommy se tornava, ainda melhor ele ficava, tanto fisicamente quanto em seu caráter. O Tommy adulto atraía os olhos de Kimberly muito mais do que o Tommy adolescente havia atraído, ela riu internamente com esse pensamento e como se sentisse a presença de Kimberly, Tommy a chamou baixinho e voltou seu olhar para sua mulher, a admirando.

Não era diferente com Tommy, ele foi muito atraído pela Kimberly adolescente, ela era linda, tinha um corpo perfeito e a altura ideal para uma princesa como ela, aparentemente necessitada de cuidados, mas muito mais forte e corajosa do que qualquer outra garota que tentasse se comparar a ela. Mas a Kimberly adulta, essa sim o atraía ainda mais, não apenas por sua beleza física que continuava intocável, mas por seu caráter e sua maturidade. Desde adolescente Kimberly demonstrava ser uma garota madura, mas depois de tudo o que ela vivenciou, seu caráter se moldou de tal forma que se tornou impossível não sentir-se ainda mais atraído por ela, sua força de vontade de vencer na vida, seu esforço contínuo para chegar onde queria. Tommy admirava tanto aquela mulher, sua mulher.

Ao chegar perto do rapaz Kimberly sentou-se na cadeira ao lado de sua cama e se aproximou dele beijando seus lábios com carinho.

— Eu te amo tanto! – Declarou Kimberly. – Tive tanto medo de te perder.

— Você nunca irá me perder Kim. Mesmo que eu não esteja aqui, jamais se esqueça: eu quero você para sempre e sempre, na tristeza, na alegria ou na doença. Por favor, se lembre, mesmo que eu não esteja aqui. Eu sempre irei te amar, para sempre e sempre!

Ao terminar sua declaração Tommy a beijou novamente e o coração de Kimberly acelerou como nunca. A ideia de perder Tommy a deixou tão desesperada que era impossível sentir paz de imediato, ela não saberia como iria reagir se algum dia, algo de ruim acontecesse com ele.

She finishes the vows but the beeps are getting too slow

His voice is almost too low

As he says, “I love you forever, forever and Always

Please just remember even if I’m not there

I’ll Always love you, forever and Always.”

THE END