Projeto Princesa escrita por Suéllen Costa


Capítulo 12
POV Reed Mallary Frazier




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Uau, alguém tinha provado aquelas tortas caramelizadas? E as panquecas? E os maca... Como era o nome daquilo mesmo?
"Oh, meu deus!" Ouvi Chaley, uma garota de cabelos castanhos muito amigável, exclamar ao meu lado. "Isto aqui tá melhor que novela!"
"O que? Que foi que perdi?" Perguntei, mastigando rápido todas as garfadas dos doces que havia enfiado na boca.
"Você não viu? Um selecionado e a princesa estão discutindo!"
"QUÊ?" Berrei, e tamanha foi minha surpresa, que derrubei meu suco no vestido da outra que sentava bem ao meu lado. Na hora, me levantei junto a ela, tentando ajudar a limpar seu vestido - uma enorme roda na saia - da melhor forma que pude, pedindo mil desculpas. Mas ela parecia muito irritada, arrancaria meus olhos se pudesse.
"Garota, olha o que você fez!" Teitei dar, mais uma vez, um pedido de desculpa, mas ela continuava a cuspir palavras sobre mim, inconformada. "Isso é o que dá ter que conviver com gentinhas como você. Meu deus, és uma assassina de vestidos!" No mesmo instante, criadas apareceram para ajudar a moça, e ela saiu resmungando pelos corredores.
Voltei a me sentar na mesa, entristecida, e como um passe de mágica, toda minha fome passou.
"Ei, não dê ouvidos a ela. Desde que a conheci, vejo-a apenas reclamando com todos." Chaley me falou, baixinho, um sorriso tímido no rosto.
Provavelmente ela tinha razão, mas isso não tirava a culpa de minha mãos. Decidi então tomar um ar, sair de toda aquela loucura e ir para um lugar onde eu não poderia trazer desgraças a ninguém. Era exatamente disto que eu precisava. E de algum modo, perambulando por aí, consegui chegar até o jardim, e dizer que fiquei babando logo na entrada seria muita pouca descrição a minha reação. Tudo lá era tão lindo, tão colorido, tão cheiroso e tão cheio de vida, que meus olhos chegaram até a duvidar do que viam. Mas havia outra pessoa que decidiu fazer o mesmo que eu, fugir da realidade que tínhamos agora no castelo, e resolveu bater umas fotos, a câmera na mão.
"Olá," tentei dizer, a voz baixa demais, mas ainda assim ela conseguiu me ouvir, virando-se para trás. "sou a Reed. Se importa de eu lhe fazer companhia? Este é o único lugar que consegui achar sem que tivesse um milhão de pessoas me cercando, sabe?" Fui dizendo, já caminhando até a garota e sentando no banco.
"É, tudo isso ainda é muito insano para mim também." Ela ajustou a máquina, mirou para um arranjo de rosas brancas e amarelas, e tirou mais uma foto. "Sou Carmelita."
Franzi um pouco a testa, estranhando seu sotaque. "Como?"
"Ah, é uma longa história." Ela riu, abaixando a câmera e revelando seu rosto. "Você não vai querer saber."
Essa é uma pequena frase que geralmente me irrita. Na verdade, sempre. E Yvette costumava fazer bastante isto, antes de me contar sobre algum novo encontro dela ou qualquer outro segredo, como o dia da grande festa na nossa província, as luzes todas acesas em homenagem a cada pessoa morta no massacre dos rebeldes, e lá estava ela, se aventurando de novo. Ainda era um choque para mim estar aqui e ela não, sozinha no meio de vários estranhos sem ter ela para me ajudar. Era como estar perdida em uma ilha qualquer.
Fiz bico, implorando-lhe para que me contasse mais.
Ela revirou os olhos, um pouco desanimada, mas se levantou e veio até a mim, sentando-se ao meu lado no banco. "Meu pai é um fotógrafo. Hoje em dia, ninguém diria que ele faz seu trabalho com amor, mas ele já foi apaixonado pelas câmeras e fotografias, e se animava ainda mais quando era eventos internacionais. E, em um deles, ele conheceu minha mãe, no México." Ela suspirou, quase bufando. "Ele diz que foi amor à primeira vista. Bobagem. Mas eles acabaram se apaixonando, e ele passou mais tempo que deveria lá, onde se casaram. Acontece que meu pai nunca quis sair aqui de Illéa, e não era lá os planos de minha mãe ir embora de sua cidade natal. Então, a solução que mamãe arranjou foi, bom, trazer o México pra cá . No fim, eu também levei o pato. Por isto meu nome. Tudo lá em casa é algo de sua cidade, a língua, as comidas, a decoração, até mesmo as danças! Isto é loucura demais pra mim, e apesar de entrar nesta competição não foi uma decisão minha, sair um pouco daquele ambiente está sendo bom." Ela sorriu, mesmo que não estivesse alegre. "Sou nova demais para virar uma maluca."
"Sem querer desanima-la," comecei, me lembrando de todas as pessoas que me cercaram no salão das mulheres, na minha grande transformação. "mas aqui, não estamos exatamente protegidas de ficarmos piradas."
Ela encarou sua câmera novamente, o reflexo de seu rosto desenhado na lente. "É, talvez."
Um estralar, como um galho se partindo, foi ouvido, o som vindo perto de nós.
"Quem está aí?" A garota, um pouco nervosa, perguntou para o nada, apenas a espera de uma resposta. "Irei chamar os guardas se não apareceres!"
Um rapaz alto surgiu detrás de um arbusto, as palmas da mão à nossa mostra, como se dissesse Sou inocente, não gritem. "Está bem, está bem! Estou aqui!"
"E o que você estava fazendo atrás da planta?" Ela perguntou, entretida. "Não achou o banheiro a tempo? Ou estava nos espionad-"
"Eu não estava espionando ninguém!" Ele a interrompeu, exclamando um pouco alto, parecendo ofendido com a acusação. "E não estava a procura de banheiro." Terminou a frase, apertando os olhos para a moça.
"Então, o que?"
Ele suspirou, enchendo o peito de ar, e então o soltou rapidamente, bufando. "Emprego novo." Ele ergueu uma filmadora que trazia consigo, em um tamanho bem menor que os outros fotógrafos do castelo tinham. "Não comecei muito bem. Me tiraram das gravações, e então eu vim pra cá relaxar, mas quando as vi, não quis assusta-las." Ele colocou sua máquina dentro de uma bolsa preta e deu meia volta, se afastando. "Viu? Não sou um assassino em série, nem entrometido. Já podem continuar com a adorável conversa de vocês, não estarei aqui para atrapalhar."
"Ei, eu ainda não estou convencida sobre você!" Ela gritou, eu apenas assistindo a cena dos dois, meus cotovelos apoiados no joelho, observando-os como se estivesse vendo um filme.
"Eu sou o mais normal neste castelo. Se acostume, vás enlouquecer aqui dentro." Ele falou, já saindo do jardim. Apenas olhei para ela, as sobrancelhas erguidas, e tive vontade de dizer Eu falei, mas ela continuava a encarar o lugar onde o rapaz esteve, embasbacada.
Sorri pra ela, me levantando do banco. "Não se apegue."


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