O outro lado da moeda : Skye escrita por Blake


Capítulo 3
Capítulo 3




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SHIELD TEAM

May apenas esperou até ela e Coulson estarem a sós no escritório do homem para libertar todo seu descontentamento.

– Eu não gosto disso, Phil – ela iniciou enquanto andava de um lado para o outro,visivelmente contrariada.

– Eu sei – o homem disse simplesmente, jogando-se na enorme cadeira giratória e passando a encarar a asiática, parecia quase divertir-se ao vê-la tão perturbada – Pensei que nada fosse capaz de entrar em seus nervos, May – prosseguiu num ar brincalhão, o que aumentou ainda mais a ira da mulher.

– Isso não é hora para brincadeiras, Phil – ela o alertou no seu costumeiro tom letal.

– Eu sei, por isso você vai ser a CO (commanding officer) dela – ele tornou a impor seu tom sério e encarava a chinesa do outro lado da mesa. May conhecia Phil a muito tempo, sabia que ele não mudaria de ideia sobre aquilo – Você é a única que conseguirá mantê-la em rédeas curtas, Ward sequer foi capaz de assistir o interrogatório, aparentemente o homem de lata tem um coração – finalizou em tom jocoso, pegando uma bola de baseball bastante desgastada e levando-a até a estante as suas costas.

– Ela é praticamente uma criança, Phil, não podemos levá-la para o campo – May anunciou o óbvio, mesmo sabendo das qualidades únicas de Skye, tinha algo amoral naquela proposta que a deixava inconfortável.

– Ela vai passar a maior parte do tempo nesse avião e sem duvida precisaremos das habilidades dela – ele falou e ao virar-se encontrou o olhar feroz de May que o fuzilava mentalmente – Eu digo, as habilidades dela com o computador – ele se retratou rapidamente e seguiu até a mulher, ficando frente a frente com a mesma.

– Só precisamos ter certeza de que ela não irá machucar ninguém – ele disse num tom brando enquanto tocava levemente o ombro da morena.

– Não é com ela que eu estou preocupada Phil ... – ela o deixou com aquela reflexão.

May perdera algo extremamente valioso dentro dela a muito tempo atrás; sua alma, e sabia o quão doloroso era, simplesmente não estava disposta a permitir que Coulson seguisse o mesmo caminho, pois uma vez nele, não havia retorno.

– Vamos – a chinesa ordenou ao abrir a porta da sala onde a menina era mantida.

Skye não se moveu, apesar de ter ouvido o chamado da mais velha, apenas encarava o vazio, sequer piscava ao fazê-lo, parecia ter se perdido em outra dimensão – Agora que eu estava começando a ficar confortável – apesar da frase sarcástica seu semblante não demonstrava nenhum divertimento. Levantou-se e caminhou alguns metros atrás da mulher que lhe “mostrava” o avião sem muito ânimo, o que não fazia diferença, Skye estava no mesmo estado de espírito de May. Pararam defronte uma porta de correr marrom e May apontou-a para a garota.

– Seu dormitório – a mulher anunciou o óbvio quando Skye abriu a porta, suas poucas coisas já estavam lá.

Era um cubículo, tinha que admitir, mas tinha uma cama, alguns armários e Skye nunca estivera no luxo antes, pelo menos daquela forma não estranharia tanto. Sentou-se na cama e encarou os próprios pés, Miles provavelmente estaria procurando-a, talvez pensasse que ela o havia deixado e aquilo lhe comprimiu o coração. Miles fora a única coisa boa que tivera na vida e agora, não tinha mais nada.

– E Mike ? – questionou quando conseguiu tirar sua mente daqueles pensamentos.

– Está numa base da SHIELD, em monitoramento – May respondeu calmamente e fechou a porta ao sair.

– É ... Só espero que o monitoramento dele não seja como o meu – sibilou baixo, para o nada.

SKYE

Óbvio que não permaneceria naquele cubículo por muito tempo, já sentia-se claustrofóbica, isso era o quão pequeno aquele dormitório era, até porque vivera numa van pelo último ano e nunca se sentira um peixe enlatado.

O avião era muito maior do que May fizera questão de lhe mostrar e a garota o percorreu inteiro, mas foi no laboratório de Jemma e Fitz que a menina mais se demorou, não mexeu em nada, mas isso não a impediu de olhar cautelosamente para tudo.

– Acabamos de saber da novidade, bem vinda ao time, Skye – Fitz retornava ao laboratório e parecia genuinamente contente com aquela novidade. O que de certa forma a fez sentir-se melhor.

– Você sabe que eu não tive escolha né ? – retrucou e esboçou um sorriso, não estava brava e não tinha porque se sentir ressentida, não conhecia aquelas pessoas, elas não a deviam nada, assim como Skye não as devia nada, aquilo era meramente um contrato e se Coulson cumprisse sua parte no acordo, um que acabaria em poucos meses.

– Ótimas novidades! Seja muito bem vinda, Skye – dessa vez foi Jemma a lhe dar os cumprimentos, assim como um abraço meio sem jeito. Gostava deles, pegou-se pensando enquanto sorria de soslaio e agradecia um tanto sem graça.

– Pelo menos alguém ficou feliz pela minha presença – comentou de forma divertida.

– Claro que ficamos, mas tenho que admitir que fiquei mais feliz quando soube que você não queria nos matar, isso definitivamente não seria tão legal – Fitz emendou o raciocínio de Jemma e eles pareciam tão mentalmente conectados, era até engraçado ver a forma que Jemma concordava com tudo que ele dizia e vice-versa.

– É! Um enorme alívio, de fato – Jemma completou, ainda sorrindo e Skye deu uma gargalhada de puro divertimento. Aqueles dois eram hilários.

– Fiquem tranquilos, vocês são muito adoráveis para alguém matá-los. Ok, qualquer um, menos May, ela definitivamente seria capaz de matar vocês – anunciou de forma provocativa apenas para ver a reação deles.

Jemma encolheu-se com o pensamento e Fitz fez uma careta de terror, May tinha uma baita reputação pelo visto.

– Mas ela não faria isso, ela é a Cavalaria – eles responderam em uníssono e voltaram-se para todos seus gadget’s, sem estender-se numa explicação sobre o que diabos aquilo significava.

Deixou-os e subiu a escada que levava até o primeiro andar do avião, lá ficava a cozinha, o bar,os dormitórios, assim como os banheiros e o escritório de Coulson. Estava faminta.

Skye não era exatamente uma “mulher de parar o trânsito”, na realidade, ela passaria despercebido bem facilmente. Primeiro, era baixinha, não o baixinha tinha anã,mas seus 1 m e 62 cm não lhe concebiam o posto de modelo, segundo, era deveras esguia, não que não tivesse peito ou um pouco de bunda, mas como dito anteriormente, nada que fosse chamar a imediata atenção de alguém. Era em seu rosto que residia sua beleza e convenhamos, é a última parte que os homens olham. A garota tinha grandes olhos castanhos, contornados por cílios longos, o que lhe dava um ar quase infantil, o nariz era levemente arrebitado e toda vez que falava duas covinhas formavam-se ao lado dos seus avermelhados lábios. A pele era naturalmente bronzeada e Skye sempre acreditou que fosse filha de uma mexicana, a possibilidade disso ser realmente verdade sempre a fez sorrir.

Distraia-se na preparação de um sanduíche vegetariano quando notou a presença de Ward. A cara dele dizia tudo, ele não confiava nela e não a queria no avião, ele não era o único a pensar daquela forma, refletiu com amargura. Queria estar naquele avião na mesma proporção que um criminoso gostaria de ser condenado a prisão perpétua, a diferença é que não deixaria ninguém notar isso.

Num ar sarcástico estendeu o cabo da faca com a qual fazia o sanduíche na direção do moreno, tendo a parte afiada apontada diretamente para o seu coração e o encarou longamente. Ele não pegou a faca e a menina apenas a largou sobre o balcão da cozinha.

– Nunca diga que não teve sua chance – comentou enquanto pegava o sanduíche e saia do cômodo.

**

O avião estava extremamente calmo quando Skye acordou, às duas da manhã, alguns hábitos eram mais difíceis de largar do que outros. Trocou-se rapidamente e desceu até a sala de treinamento, onde passou a fazer séries de exercícios, treinava um pouco de tudo; ioga, tai chi chuan, krav maga, boxe ... Mas enquanto socava aquele saco de pancada a única coisa que lembrava-se era do seu treinador: “Ela está inconsciente ?! Então não pare!” e aquilo a fazia dar socos cada vez mais fortes no saco, imaginava a cara do seu treinador enquanto o fazia, até em fim ir a exaustão, deixando o corpo desabar no chão frio. Tinha que recuperar seu auto controle, voltar a ser a máquina que eles a projetaram para ser ou não conseguiria suportar aquilo novamente.

– Você está zangada – a voz de May a atingiu como um tiro, levou o susto da sua vida. A mulher era um maldito ninja.

– Jura ?! Não sei o que faria da minha vida sem você me iluminando dessa forma, obrigada – disse debochada e revirou os olhos.

– Só estou me certificando que você está zangada com as pessoas certas – a chinesa prosseguiu sem se abalar pela forma desrespeitosa da garota.

– Claro ... Até porque vocês são os mocinhos, certo ? – o tom sarcástico ainda estava lá quando ergueu o braço, mostrando-a seu novo adereço – Acho que tenho bastante alternativas de quem ficar zangada primeiro – finalizou e levantou-se, ficando de costas por míseros segundos, segundos suficientes para May imobilizá-la no tatame.

– Isso é o que acontece quando você deixa a raiva lhe dominar, você comete erros – a asiática falava sem demonstrar nenhum aborrecimento, enquanto segurava o braço de Skye e pressionava a cabeça da mesma contra o chão – Não existem inocentes nesse ramo, aprenda isso. Fazemos decisões e depois vivemos com as consequências, simples assim – ela sussurrou antes de largar a garota.

– Agora levante-se e lute – a mais velha ordenou e foi exatamente o que Skye fez.

Treinaram por longas horas, era reconfortante finalmente ter achado uma oponente a sua altura e mesmo que tenha levado alguns socos, fez questão de dar os seus e May parecia respeitá-la um pouco mais toda vez que conseguia a acertar.

– Ok, super ninjas, temos uma missão – Coulson surgiu e trazia um meio-sorriso sobre os lábios – Um 0-8-4 – ele completou e May largou as luvas rapidamente, partindo até a cabine do avião.

– O que é um 0-8-4 ? – questionou para Coulson.

– Algo feito você, objeto de origem desconhecida – ele respondeu e estava num bom humor assustador.

– Por que você está tão feliz ? – não conteve a língua e a pergunta escapou dos seus lábios antes que se desse conta.

– Vamos para o Brasil, quem não ama o Brasil ? – ele anunciou erguendo ambas as mãos com a obviedade, que só ele notava, daquele fato.

Skye permaneceu com a cara de estranheza por bastante tempo após Coulson deixar o recinto – Wtf ... – sussurrou antes de ir tomar uma ducha e se preparar para a tal missão. Ninguém naquele avião parecia completamente normal, estavam mais para um grupo de desajustados e se pensasse um pouco, ela se encaixaria perfeitamente num grupo de freaks.


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