Rachel estava morta.

Eu realmente acreditei que ela estava viva. Que ela só tinha fugido, indo para algum lugar distante. Que havia se cansado do marasmo de Arcádia Bay e então partira para a Califórnia.

Eu tinha esperanças de encontrá-la, como Chloe também tinha.

Chloe está dirigindo para sua casa. Seu rosto ainda está inchado, e seus olhos estavam bastante vermelhos. Desde que entramos no caro ela se fechou em uma carranca que, se outras pessoas vissem, achariam verdadeiramente assustadora. Durante o trajeto, ela já tragou cinco cigarros.

O que eu sinto nesse momento sequer é digno de comparação com o que ela deve sentir.

Naquele silêncio, repassei todos os acontecimentos desde o celeiro dos Prescott. Tudo havia acontecido muito, muito rapidamente, e naquele momento eu pude organizar os fatos e perceber a dimensão das coisas. Todas aquelas pastas... todas aquelas meninas que passaram pelo mesmo que Rachel e Kate... Relembrar das fotografias das duas me causa um arrepio, e só de lembrar do rosto absorto de Kate, minhas mãos suam frio no mesmo segundo.

Me pergunto quem seria insano em fazer tais coisas com meninas inocentes...

Ouço Chloe fungar discretamente ao meu lado. Eu a olhei de soslaio, e acho que ela percebeu, pois murmurou “merda” enquanto tragava o restante do cigarro de uma única vez.

— Aquele filho da puta vai pagar caro pelo que fez.

Percebo que ela está falando sobre Nathan.

— Você tem certeza? — Pergunto, um tanto receosa. Chloe é bastante temperamental, e eu detestaria contribuir em piora ao seu humor.

— É Claro que eu tenho! — Ela diz, exasperada. — Eu não quero nem imaginar o que ela passou nas mãos daquele porco imundo. E ele fez o mesmo com sua amiga.

Lembro-me de Kate. E do quanto ela ficou desoladamente arrasada com a repercussão dos acontecimentos envolvendo ela. Sim, eu sentia raiva de Nathan, mas era tudo tão confuso, tantas coisas sendo desencadeadas em um curto intervalo de tempo, que eu não sabia ao certo qual seria o próximo passo. E diferente de mim, Chloe agia sob seus impulsos. E eu temia aquilo.

— Eu sei, mas... — As palavras se perderam, e eu não sabia o que dizer.

— Você não precisa ir. — Diz Chloe, com a voz meio pesarosa, meio dura. — Posso fazer isso sozinha.

— O quê? — Aquilo me surpreendeu. — Chloe, se alguma coisa der errado, eu posso concertar! Eu tenho que ir com você.

Um esgar de um sorriso surgiu no rosto de Chloe.

— A grande superhero Max é incapaz de ficar longe do perigo.

— É sério, se alguma coisa acontecer, pelo menos poderemos mudar.

— Eu sei disso, só estou dizendo que se você está com medo, não precisa ir.

— Chloe! — Exclamo. — Eu vou com você, ok? Por garantia.

— Garantia?

— É.

— Adorável guarda-costas a que eu tenho. — Diz, divertida. As oscilações do humor de Chloe as vezes me pegam de surpresa. — Tudo bem, então.

Aceno, e respiro fundo. O que estamos prestes a fazer?

— Vamos nos vingar por Rachel, e por Kate. E por todas aquelas garotas. — Chloe diz, com vigor e confiança.

Concordo silenciosamente. No entanto, há algo que me incomoda em relação ao rumo que as coisas estão tomando. Sinto uma onda de ansiedade tomar conta de mim, e algo me diz que, apesar de tudo, ir à festa do Vortex Club daquela noite não é a melhor ideia...

Respiro. No caso de problemas, poderei concertar as coisas.