Amarelo Manga escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo único




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— Ok, calem a boca. — ordenou James, enxugando o suor da testa. O Time da Grifinória ficou em silêncio para ouvir o Capitão. Sirius olhou atrás do amigo o pseudo leão que parecia se esconder, envergonhado. O cabelo tinha uma cor que deixou Sirius paranoico. Não tinha uma cor definida. Escuro demais para ser louro platinado, vivo demais para ser um louro dourado... Bizarro. — Touchwood, como você é um imprestável, eu vou ter que te substituir.

O garoto arregalou os olhos.

— Você disse que eu fui ótimo! — protestou, chocado. James estalou a boca, balançando a mão.

— Olha, Hitler disse que não ia invadir a Polônia e invadiu. Bem vindo ao mundo real. Precisamos mentir para sobreviver. Treine na sua casinha e faça o teste para a próxima temporada. — James ficou em silêncio por alguns segundos. — Pode ir agora, obrigada pelo seu serviço.

O garoto de cachos negros ainda estava indignado quando retirou-se, saindo do campo. Emmeline Vance segurava o riso ao lado de Sirius, com a mão na boca. James então saiu da frente da garota que escondia, segurando sua vassoura.

Sirius uniu as sobrancelhas.

Ela tinha cachos extremamente armados e o rosto era mais sardento do que ele pensou que alguém poderia ter. Seu nariz era de batata e conversava bem com os olhos grandes, verdes. Ela olhou-o e ele desviou o olhar, focando-se em James:

— Essa é a nossa nova goleira, Marlene McKinnon. Eu treinei com ela semana passada inteira e tive uma visão de nós ganhando a Taça de Quadribol. — ele apertou o ombro da garota, deixando-a vermelha. Sirius girou os olhos. Não suportava as garotas bobas que se apaixonavam por James.

...

O bar estava lotado mais uma vez.

Sirius continuou próximo a jukebox, observando o local. Emmeline comentou algo sobre eles enfeitiçarem a máquina para tocar um pouco de punk, mas Sirius disse que esvaziaria o bar em segundos. Algumas pessoas do time se aproximaram para conversar e com eles vinha a McKinnon. Sirius tinha aversão a garota enquanto não descobrisse exatamente que tom de cabelo era aquele. Ela apareceu com dois copos de Uísque, sorridente:

— Eu trouxe um para você. — ofereceu, com seu batom vermelho. Sirius sequer deu-se o trabalho de tirar as mãos do bolso, apesar maneou a cabeça negativamente.

— Eu não bebo. — ela ergueu as sobrancelhas, parecendo chocada, mas o garoto apenas desviou o olhar, esperando que ela se tocasse e saísse de perto dele. Ela colocou o copo cheio na mesa de alguém e acendeu um cigarro, oferecendo para Sirius. — Não fumo.

Ela engasgou-se e quase morreu tossindo. Sirius suspirou e olhou para Emmeline, os dois conversaram por olhares, avaliando Marlene com maldade. Ela não era espontânea. Provavelmente estava fazendo aquela serie de coisas apenas para impressionar James.

Típico, pensou Sirius.

— Você não tem cara de santo. — riu ela, tomando um gole do uísque, tentando esconder a careta de reprovação. Sirius passou a mão pelos cabelos, dando de ombros.

— Não sou santo, só não vejo sentido em envenenar meu corpo e morrer de câncer aos trinta. — Ela engoliu seco, desviando o olhar. Avistou James perto do bar e sorriu feito uma criança que encontra o doce. Sirius mais uma vez girou os olhos e despediu-se de Emmeline com os olhos, saindo do bar.

...

O garoto interrompeu sua leitura para observar, com muito nojo, James sussurrar coisas no ouvido da McKinnon.

Tentou volta a ler sua revista de música, mas era impossível. Ele estava fazendo seu ritual de acasalamento. Sirius sabia cada etapa: Primeiro arranja a garota, vira amigo dela, faz com que ela se apaixone mais ainda por ele, se aproveita e por fim, cai fora. Mas o que Sirius não conseguia entender era como uma garota inteligente feito ela estava fazendo com um completo imbecil como James.

Esperou o amigo sair da Sala Comunal e fingiu ler sua revista enquanto a McKinnon sorria para a lareira, toda apaixonada.

— James me convidou para o Banquete dos Fundadores. — sorriu ela. Sirius ergueu as sobrancelhas rapidamente e assentiu, sem olhá-la. — Ele não é ruim como as pessoas falam, sabe.

— Você acha? — Sirius estava morrendo de gargalhar por dentro.

— Acho. Ele parece gostar de mim.

— Aposto que gosta. — o garoto levantou e espreguiçou-se, saindo da Sala Comunal sem se despedir da garota. Andou pelos corredores, olhando para os lados, até achar James conversando com uns garotos da Corvinal. Agarrou-o pela touca da capa, quase o matando de susto.

— Sirius, não faça isso, você sabe que sou cardíaco...

— Deixe a McKinnon em paz.

— Quê?

— Deixe Marlene McKinnon longe do seu pinto. — repetiu Sirius, mais claro. James gargalhou, arrumando os óculos. Parou e colocou as mãos na cintura, analisando o amigo por alguns segundos.

— Você está apaixonado por ela?

— Eu estou com dó da garota. Ela parece ser boazinha... Não merece suas mãos sujas em cima dela. — James gargalhou mais ainda, não acreditando no melhor amigo. Aproximou-se de Sirius, sorrindo.

— Ahhhhh, meu doce Sirius, assim que o mundo gira, você precisa quebrar alguns ovos para fazer um omelete, não foi isso que Merlin disse?

— Ele nunca disse isso, James.

— Tanto faz! — sorriu o garoto. — Olha, eu gosto da McKinnon, ok? Ela é bonita, engraçada e muito inteligente. Vou leva-la para o Banquete, dar uns beijinhos quem sabe, e a vida segue. Certo?

...

— Ele... Ele me dispensou! — chorou Marlene, no corredor vazio.

Sirius ficou em silêncio, não se aguentando de raiva enquanto a garota soluçava de tanto chorar. Provavelmente ele foi o primeiro garoto que ela gostou na vida. Ele continuou segurando seus livros enquanto ela limpava seu rosto molhado em sua capa, ainda soluçando.

— Olha, James é um babaca... Você já devia saber disso, estuda com ele, é impossível não notar isso. — Ela olhou-o, ainda chorando.

— Ele não é um babaca. — disse Marlene. — Ele é engraçado, inteligente, autêntico, único... Não sabia que ele tinha esse lado ruim.

— Eu só vejo o lado ruim dele e olha que sou o melhor amigo. — disse Sirius, dando de ombros. Marlene acabou rindo. Sirius quase esboçou um sorriso, mas controlou-se, desviando o olhar. Respirou fundo e pensou mais um pouco enquanto ela arrumava seu rosto inchado. — Quer que eu te leve ao Banquete?

Marlene arregalou os olhos.

Verdade seja dita, Sirius nunca convidou nenhuma garota de Hogwarts para sair. Ele beijou pela primeira vez aos quatorze, Emmeline Vance, na casa de James. Mas os dois perceberam que serviam apenas para serem amigos. Chegou a interessar-se por Mary MacDonald quando ela mais novo, mas foi apenas uma quedinha passageira. Teve um pequeno caso de verão com uma prima distante dos Lestrange, mas arrependeu-se assim que voltou para Hogwarts, quase limpando sua boca com solvente.

— Você nunca vai com ninguém. — disse ela finalmente, ainda em choque. Sirius girou os olhos, impaciente.

— É, mas agora estou convidando você, então, o que vai ser? — questionou ele. Marlene McKinnon enxugou as lágrimas, em um sorriso.

— Sim, eu aceito.

— Só como amigos. — disse ele. Marlene assentiu solenemente.

— Só como amigos. — sorriu.

...

Sirius estava perdido.

Ficou nervoso pela primeira vez na vida enquanto andava ao lado da garota de vestido azul, com seu braço envolvido no dele. Jamais tivera aquela sensação. Por sorte, ao contrário dele, Marlene era extremamente extrovertida.

— O que mais eu não sei sobre você? — ela admirou-o, apaixonada. Ficou minutos e minutos ouvindo-o falar sobre suas bandas preferidas, motos, quadrinhos e filmes de ação. O achava cativante e perfeito. Ele tinha um jeito único e intocável, ela podia sentir a vibração ao redor dele. Tinha tiradas tão inteligentes, espontâneas e objetivas. Era desbocado, inconsequente, mas ao mesmo tempo precavido e educado.

— Tenho parentes criminosos. — disse ele, observando-a tomar seu suco, assim como ele. Ela era extremamente inteligente. Culta e perspicaz, o que ativava o interesse de Sirius. Ele ficou encantado, por mais que não gostasse de suas gírias típicas de uma garota rica e criada em berço de ouro, mas ficava embasbacado com sua cultura farta: Qualquer assunto, por mais chato que seja, ela conseguia tornar extremamente interessante e até mesmo engraçado. — E você? O que não sei sobre você?

— Eu tenho cecê em só uma das axilas. Acho que é uma doença. — Sirius gargalhou. Nenhuma garota o fazia gargalhar. Foi uma atração instantânea.

Ela ficou apaixonada por seu cabelo longo e sua vestimenta trouxa. Ele era tão excêntrico, ela sequer conseguia explicar o quão enigmático e culto ele era. Era idêntico a James em atitudes e pensamentos, mas havia nele uma pincelada de maturidade que sempre fora ausente no Potter. Marlene gostava disso.

O Black sentia que seu coração iria parar de bater cada vez que Marlene se afastava, mas então voltava, entre sorrisos carinhosos e risos envergonhados. Os dois comeram entre conversas e gargalhadas e dançaram algumas músicas, comentando sobre as vestes sempre muito elegantes de Dumbledore.

No fim do encontro, Sirius finalmente perguntou o que queria saber desde que notou a existência da garota:

— Qual... Qual é a cor do seu cabelo? Desculpe a pergunta. — Marlene tocou seu coque de cachos grossos, sorridente.

— Não sei. Minha mãe diz que é amarelo manga.

Amarelo manga, pensou Sirius. Escuro demais para ser platinado, vivo demais para ser dourado... Fazia sentido. Ele observou a garota sem notar que estava a deixando envergonhada. Ele gostava daquela cor.

Marlene pegou sua mão.

Sirius sorriu.


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Notas finais do capítulo

Eu ouvi durante uns trinta minutos She Will Be Loved do Maroon 5 enquanto escrevia, acho que o Adam vai cantar na mente de vocês enquanto vocês leem hahahahaha

O que acharam?

Eu sei que tenho uma visão estranha do Sirius, mas é que eu precisa haver um equilibrio de babacas nesse quarteto, né? Prefiro concentrar tudo em James. hahahaha Eu me baseei nos Straight Edge para formatar o Sirius, são pessoas adeptas aos punks, mas que não bebem, fumam e normalmente são vegetarianos.

Eu achei isso muuuuuuito interessante e gostei de imaginá-lo dessa forma. Ele continua descolado, charmoso e incrível, mas sem precisar ter todo aquele contexto de bebida, drogas e etc.

Espero que tenham gostado.



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