Fogo e Gasolina escrita por Didilicia


Capítulo 2
Cap 2 - A PAIXÃO




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Algum tempo depois, uma das mulheres do bando de cangaceiros entrou trazendo água e um prato de sopa.

A duquesa acordou quando a moça deixou ao seu lado na mesa.

– Obrigada.

A mulher não disse nada e ia se retirar quando mais que depressa ursula lhe perguntou:

– Onde está seu chefe?? O capitão herculano???

– Ele pediu para trazer isso.

– Diga que quero vê-lo.

– O capitão não tá no acampamento. Foi à cidade. - a mulher deixou escapar e saiu.

O que ele teria ido fazer na cidade àquela hora? Ursula temia que ele fosse lhe entregar à Corte, mas no seu íntimo confiava que o amor que ela sabia que ele sentia por ela a deixaria segura.

...

O cavalo galopava rapido por entre a mata e Herculano tinha o semblante sério. Uma ruga entre a testa marcava seu rosto, evidenciando que sua mente fervilhava em pensamentos.

– Diacho!

Alguns minutos depois, ele alcançou a divisa da cidade de Brogodó. Uma multidão se aglomerava na frente da delegacia para onde estava sendo levado Timóteo Cabral.

– VOCÊS VÃO TODOS SE ARREPENDER! EU SOU TIMÓTEO CABRAL - O TERRÍVEL!! SOU O REI DE BROGODÓ E VOCÊS TEM QUE ME OBEDECER! TEM QUE ME OBEDECER! ORDENO QUE ME SOLTEM AGORA!

A multidão ria e xingava o falso rei, que não passava agora de um lunático com manias de nobreza. Herculano viu com os próprios olhos que a Duquesa tinha razão: Timóteo enlouquecera.

Ele ainda precisava checar mais uma coisa antes de voltar para o acampamento e tomar sua decisão.

Amarrou o cavalo numa árvore, vestiu sua capa e colocou o capuz cobrindo o rosto. As sombras da noite que começavam a cair aumentavam seu disfarce, evitando que fosse visto.

Nos arredores de onde a Família Real de Seráfia estava hospedada, não havia grandes movimentações. Herculano contornou a casa e observou pelas janelas. Viu quando um serviçal terminou de tirar a mesa e caminhou para a cozinha. O capitão seguiu se esgueirando até a porta de serviço e quando o empregado saiu, ele o arrastou pra longe dalí.

– Fique quieto!

– Me deixe ir! Me deixe ir! - o rapaz queria gritar.

– FIQUE CALADO, já disse! Me responda o que quero saber e você pode ir.

Diante do silêncio do rapaz, Herculano continuou:

– Quando a Corte vai embora de Brogodó??

– Estão arrumando tudo... em uma semana talvez estejam indo embora daqui.

– Mas porque não foram ainda?

– Estão procurando a Duquesa.

Herculano deixou o homem ir, mas antes o ameaçou caso contasse algo.

Suas desconfianças estavam certas. O rei Augusto não partiria sem levar a duquesa consigo para ser punida em Seráfia.

Ele voltou ao acampamento pensando no que fazer.

...

Encontrou Ursula dormindo em sua cama. Nesse momento, tudo em que havia pensado no caminho se desvaneceu diante da imagem dela. Ela parecia tão frágil, tão dele.

Se livrou da capa, do facão e se aproximou dela. Sentou com cuidado na beirada da cama para não acorda-la. Uma mecha de cabelo estava fora do lugar e cobria o rosto dela. Ele a retirou, delicadamente e sentiu a textura em seus dedos. Conteve a vontade de se inclinar para sentir seu perfume também.

Fechou os olhos recobrando a sanidade. Ele não podia se deixar envolver pelo feitiço da duquesa outra vez.

Ia levantar quando Úrsula segurou o braço dele. Herculano virou-se pra ela assustado, como se tivesse sido pego no flagra.

Ela lhe olhava com um sorriso discreto no rosto.

– Tu tá acordada é?

– Acordei com o toque do meu capitão... – provocou.

Ela sentou um pouco na cama e puxou ele para o seu lado. Seus braços o envolveram e ela respirou fundo com o nariz enfiado na camisa dele.

– Eu vou me jogar uma água... tu pode voltar a dormir.

– Fica aqui comigo. Tanto tempo sem sentir esse teu cheiro... selvagem, de mato, de suor... Eu fico louca. – ela agarrou os braços dele e apertou sentindo os músculos dele entre seus dedos. Em seguida, uma de suas mãos foram parar na nuca dele, massageando sua nuca, seus cabelos. A respiração dos dois já estava alterada. O ar parecia que faltava e ele já não tinha mais controle sobre si mesmo. Era dela. Totalmente envolvido pelo feitiço da duquesa.

Suas bocas se procuravam com desespero, nenhum dos dois pensava mais em resistir. Ursula tirou a camisa dele e o deitou na cama, rolando por cima dele. – Me ama Herculano. – ela pediu. Ele beijava seu pescoço, afastava o vestido dela revelando seu colo, sua pele branca em contraste com a dele, queimada de sol. As mãos dele vagueavam, lânguidas, pelos ombros e costas dela, acompanhando a curva da sua espinha e deixando-a toda arrepiada.

Ela era como uma rosa: linda, delicada, perfumada... e cheia de espinhos. Ele sabia que tinha que tomar cuidado com eles, mas não era homem de recusar uma mulher como ela em sua cama.

Ele a beijava cada vez mais urgente enquanto suspendia o vestido dela, revelando a lingerie que ela usava por baixo. A satisfação não extinguia a necessidade que ele sentia dela. Ele retirou com facilidade, sem se preocupar em rasga-las durante o processo. Depois desatou a própria calça e a penetrou gentilmente.

– Diz que me ama. – ela pediu enquanto ele a conduzia num ritmo lento.

Ele balançou a cabeça e não disse nada. O fogo se reacendeu dentro dela, um calor que se espalhava por suas veias. A boca dele momentaneamente se enredou nos cachos sedosos do cabelo dela, antes que ele os afastasse para investigar umidamente o pescoço dela.

Ele agarrava-se a cintura dela, forçando o ritmo. O desejo alimentado pelos quadris dela a se contorcerem contra ele, ruídos animais, gemidos abafados de prazer selvagem que saíam de sua garganta. Não houve como prender a explosão de desejo quando chegou.

Ursula levou uma das mãos até o rosto dele e fez um carinho. – Eu sei que você me ama. Eu vejo nos seus olhos, que quando a gente se encontra somos como fogo e gasolina.

Ele a olhou demoradamente antes de se afastar dela, levantar da cama e abotoar a calça.

– Eu vou dormir lá fora na rede.

A duquesa viu ele sair e um sorriso apareceu em seus lábios. Ela sabia que ele ainda estava preso no mesmo feitiço que ela: a paixão.

(...)


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