Cold Blood escrita por Miss America


Capítulo 6
Capítulo 5 — Bitch's Hunting Season (Parte II)


Notas iniciais do capítulo

(Temporada de caça às vadias: parte II)

Demorei um pouquinho, mas aqui estou. Primeiro, Milly Winchester, muitoooo obrigada pela recomendação. Te agradeci pelas mensagens, mas vou agradecer aqui de novo. Sério, você é um amor e eu só tenho que dizer obrigada. Fiquei muito feliz. Quero também agradecer quem deixou comentário no último capítulo e queria deixar um boas-vindas para as mais novas leitoras, Katherine Maddox e Raven. O capítulo tá grande (eu sei), mas ele tá recheado de emoções, tenho certeza que vocês vão suspirar aí do outro lado da tela.

Músicas do capítulo:
Little May - Hide
Fractures - It’s Alright
Ruelle - Bad Dream

Capítulo betado pela minha querida amiguinha Vanessa da Mata, também conhecida como Nocking (amo você, por favor, não me mata), do Beautiful Design.



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Capítulo 5

 BITCH'S HUNTING SEASON

(Parte II)

 

A represa Holloway era uma das construções mais antigas de Santa Kennedy, ela havia sido construída na década de 60 e desativada pouco antes de Elvis Presley começar a fazer sucesso. Com quatro andares, todos eles separados por plataformas e escadas de metal, a sala de máquinas por culpa da inutilização havia virado um lugar empoeirado e passara a cheirar mofo. As portas estavam com as pinturas descascadas, as janelas sujas e o chão cheio de folhas secas do outono passado e galhos retorcidos.

Erin não sabia como funcionava um lugar como aquele, mas tinha noção de que era ali no primeiro andar onde tudo era controlado. Havia uma espécie de painel com vários botões e alavancas enferrujadas bem em frente a uma janela grande que dava visão dos tanques de água e das duas barragens. A garota conhecia vagamente o lugar por saber que ali era onde toda a água do lago Waikidamo ia parar. Ela, porém, nem teve tempo de pensar nisso na hora antes de sentir uma mão em seu ombro e pular de susto.

Suas pernas tremiam e ela permaneceu imóvel, sentindo o coração martelar forte no peito. Queria bater em si mesma por tamanha idiotice de ter vindo naquele lugar sozinha. A ideia parecera brilhante na sua cabeça, mas agora, por um descuido, tudo viera por água a baixo e ela fora pega em flagrante. Sua mente tentava trabalhar rápido para arrumar uma desculpa para estar ali, invadindo uma cena do crime, quando por fim desistiu e ela virou-se, preparada para encontrar o pior.

— Puta merda, você quase me matou de susto! — exclamou com raiva, reconhecendo o garoto de cabelos negros, colocando a mão no peito a fim de se recuperar do sobressalto, apesar de querer estapeá-lo no rosto. — Você é um idiota, Hector!

— Isso você deixou bem claro quando gritou que queria terminar o namoro comigo e me atirou seu livro de biologia. — o rapaz disse com um sorriso debochado, mostrando suas covinhas e Erin olhou para ele indignada, repensando se o tapa na cara do rapaz não era a melhor opção.

— Foi você quem me traiu com Amy Stacy no acampamento de verão, eu tinha o direito de atirar até um carro em cima de você se quisesse! — ela reclamou irritada, cruzando os braços e revirando os olhos, vendo que o ex-namorado segurava uma lanterna e vestia um moletom vermelho com um capuz. — O que você está fazendo aqui além de tentar assassinar sua ex?

Hector a ignorou e passou a mão pelos cabelos, desarrumando-os.

— Meu pai é o delegado da polícia, boneca. Eu descobri que é aqui que acharam a garota. Os legistas provavelmente ainda não a moveram do lugar, devem ter umas cinco viaturas estacionadas aí na frente — ele justificou-se e sorriu naturalmente. — Eu vim tirar fotos.

Erin deixou o queixo cair.

— Fotos?

— Elas fazem sucesso na internet. — ele deu de ombros e caminhou em direção a uma das portas de madeira com um enorme aviso dizendo que a entrada era permitida apenas para funcionários.

— Então era isso o que você fazia quando não estávamos se beijando no seu sofá? — a garota perguntou ainda incrédula, vendo-o sacudir a maçaneta. — Invadia a delegacia do seu pai, achava um arquivo de homicídio ainda em aberto e ia até o local para tirar fotos da desgraça alheia? Amy Stacy de vez em quando vinha com você?

— Eu fiquei com Amy Stacy depois que você terminou comigo e já faz um ano. — Hector murmurou incomodado pelo ataque de ciúmes repentino e fez questão de trocar de assunto. — Meu pai não está me dando um dólar depois que ele descobriu que a festa de boas-vindas do ano passado foi ideia minha e do Kurt. Os detetives estão que nem loucos atrás dele e eu preciso de dinheiro para bancar as festas do time — ele disse, como se não fosse óbvio e suspirou, desistindo de tentar abrir a porta, dando-a um pontapé tão forte que a fez chacoalhar.

— Kurt?

— Foi ele que deu a ideia da festa ser a fantasia. Eu comprei metade das bebidas e ele o resto. — Hector explicou disperso e virou-se para ela. — Mas e você? O que você veio fazer aqui? Aposto que não foi para fazer um tour pela Disneylândia.

Erin pensou em mentir. Dizer que estava ali apenas por curiosidade era muito mais fácil e anulava qualquer pergunta que Hector formulasse. Seus olhares se cruzaram e ela afastou-se do rapaz, virando o rosto para o lado, disposta a não encará-lo mais.

Os motivos para o término do namoro se resumiam em uma festa, álcool, muita maconha e uma consequência de nove meses que Erin resolveu manter em segredo, vendo-se obrigada a pôr um fim no relacionamento. Ninguém sabia daquele segredo além de Lexi e mesmo depois de muito tempo, estar tão perto dele ainda era algo doloroso para ela e ainda lhe provocava um frio na barriga.

— Ontem um detetive me procurou para saber sobre a festa do ano passado. Ele disse que um corpo havia sido encontrado, mas não falou de quem era — ela disse quebrando o silêncio e respirou fundo, se concentrando apenas em responder a pergunta dele. — As represas pegam água do lago Waikidamo. Se o cadáver foi achado nas barragens, significa que eles drenaram toda a água, mas até agora eu não vi nenhum equipamento de drenagem por aqui.

— Então é por isso que a autópsia está demorando? — Hector perguntou, com um sorriso torto no rosto ao mesmo tempo em que se dirigia para outra porta, falhando miseravelmente em destrancá-la. — Por causa do volume de água?

— Têm duas possibilidades. — Erin viu o garoto olhar pela fechadura e continuou com sua a linha de raciocínio, andando em círculos pela sala. — A primeira é que esse detetive metido a Dale Cooper está mentindo e que não tem nada de água nessa história.

As tábuas de madeira rangeram com o seu peso e então, ela parou de repente, vendo uma porta semiaberta em um canto que antes ela e Hector não tinham visto ali. Seus olhos imediatamente procuraram os castanhos do rapaz e ele entendeu, sem precisar que ela explicasse:

— A segunda é que o corpo está bem aqui, embaixo do nosso nariz.

Erin deixou um sorriso estampar seu rosto e observou bem a pintura desbotada na madeira azul celeste da porta, querendo ter o poder de enxergar através das coisas. Seus dedos alcançaram a maçaneta fria com uma velocidade rápida e ela estava prestes a girá-la, quando Hector a impediu, colocando sua mão sobre a dela.

— Pode ser uma armadilha. — ele murmurou e Erin sentiu a respiração quente dele bater em seu pescoço, fazendo seus pelos da nuca se arrepiarem. — Todas as portas estavam trancadas, menos essa... Você não acha estranho?

— Não tem nada de estranho, ela está destrancada porque o corpo está aqui. — ela rebateu, desconfortável pela proximidade do latino, e sem paciência, virou-se para ele com as sobrancelhas erguidas. 

— A gente ainda não sabe se o corpo é de Lexi.

— Ela está morta, Hector. — ela afirmou com convicção um pouco alto demais. — Ninguém fica sumida tanto tempo sem dar notícias.

O rapaz abriu a boca diversas vezes para falar alguma coisa, mas nada saiu. Erin revirou os olhos e soltou a maçaneta com força, aproximando-se ainda mais dele, fazendo a diferença de altura dos dois parecer imensa.

— Por que você está me olhando desse jeito?

— Se é uma armadilha e eu sou o rato que vai pegar o queijo da ratoeira, o que você está esperando para abrir?

— Eu não vou abrir essa coisa! — Hector exclamou incrédulo, com as sobrancelhas franzidas e os olhos castanhos levemente arregalados. — Pode ter uma bomba atrás dessa merda, por que tem que ser eu?

Erin esbravejou:

— Você é o único homem aqui!

— Eu pensei que você era feminista!

Não deu tempo do garoto vê-la revirando os olhos. Um barulho estranho de repente ecoou pelas paredes da sala, como se algum reator estivesse sendo reniciando e as luzes piscaram duas vezes até se apagarem por completo, deixando os dois adolescentes no escuro.

*

Catherine sentiu uma leve ardência quando Gus encostou um algodão com soro em um dos seus cotovelos ralados e mordeu os lábios. Os dois estavam sentados nos bancos da frente do carro de August, quase em frente ao lugar em que o automóvel misterioso avançou sobre a loira. Por pouco, ela realmente não fora acertada, e se não fosse pelo garoto para salvá-la e tirá-la do trajeto do motorista desgovernado, ela provavelmente estaria toda quebrada dentro de uma ambulância em direção ao hospital.

— Isso é mesmo necessário? Eu estou bem, são apenas arranhões. Já fiquei pior e fraturei mais ossos do que posso contar sendo líder de torcida — ela comentou, fazendo uma careta de dor.

— Você podia ter se machucado para valer — Gus murmurou, parecendo estar realmente concentrado no que estava fazendo. Suas mãos, apesar de grandes, trabalhavam com cuidado e Catherine olhou para o loiro de olhos castanhos claros enquanto ele limpava o sangue de seus machucados. — Aquele cara estava dirigindo feito um louco.

— Mas você me salvou e ainda tem um kit de primeiros socorros no carro. Você já pode ganhar o seu troféu de herói do dia, doutor. — ela brincou e Gus permitiu-se tirar a atenção das escoriações para encará-la, sorrindo. Catherine sentiu um estranho calor no peito e suas bochechas coraram, fazendo-a puxar lentamente o seu braço de volta para analisar a gravidade dos seus ferimentos.

— Eu não sou médico, bom... não ainda. Estou terminando o ensino médio no Green Hills. — ele explicou e Catherine concordou levemente, todos conheciam a escola privada só para garotos localizada no bairro mais nobre da região, perto da divisa de Santa Kennedy com a cidade vizinha, onde só os filhos dos mais ricos pais estudavam. Seu pai tinha estudado lá. — Meu pai é cardiologista e eu quero seguir a mesma profissão que ele. — o loiro continuou e voltou o seu olhar para a maleta branca com uma cruz vermelha que estava aberta sobre o painel do carro, remexendo nela até encontrar o pacote com gazes e uma espécie de fita adesiva. — Harvard, talvez.

Catherine levantou as sobrancelhas.

— O que foi? Não acha que eu tenho cara para usar um jaleco? — ele perguntou ao ver a expressão de Catherine e com um gesto, pediu para que ela esticasse novamente o braço.

— Não é isso — ela murmurou, observando-o segurar seu cotovelo com delicadeza, fazendo aquela sensação estranha voltar aos poucos. Os alunos do Green Hills eram conhecidos por terem fama de metidos, mas Catherine espiou o loiro enquanto ele estava concentrado e não conseguiu imaginá-lo sendo mimado pelos pais. — Eu só estou pensando... São quase quinze mil quilômetros da Nova Zelândia até os Estados Unidos.

— Vai dar tempo de dormir bastante no avião — o garoto disse divertido e prendeu a compressa de gazes com dois pedaços de fita, sorrindo com os dentes perfeitamente alinhados para ela assim que terminou o curativo. — Pronto, novinha em folha.

A loira olhou para a bandagem e pareceu satisfeita, sorrindo agradecida.

— Obrigada — ela sussurrou, encostando a cabeça no banco do passageiro no qual estava sentada e virou-se para ele, notando um pequeno corte em seu supercílio. — Não posso dizer o mesmo sobre você.

— Não é nada, isso eu cuido depois. — ele murmurou depois de levar os dedos até o lugar onde ela indicara apontando com o dedo e remexeu-se no banco do motorista. — Preciso me preocupar agora em levar uma princesa até o seu castelo.

— O quê? Não, não precisa. Já dei trabalho demais para você — Catherine disse sem graça, sentindo as bochechas novamente esquentarem enquanto o garoto voltava-se para o volante, girando a chave na ignição. — Sério, eu posso ir andando, minha casa não é longe daqui.

— Ir andando e correr o risco de ser atropelada de novo? Eu não vou poder salvá-la dessa vez, faço questão de deixá-la em segurança — ele reafirmou e Catherine estava concentrando-se para dar uma resposta decente, mas o seu celular interrompeu seus pensamentos e vibrou, avisando a chegada de uma nova mensagem de texto.

— Só um minuto — ela pediu e puxou o aparelho de dentro do bolso da mochila que se encontrava no carpete do automóvel, desbloqueando a tela. — Minha mãe deve estar querendo saber por que estou demorando.

— Tudo bem? — Gus chamou sua atenção e perguntou preocupado, vendo a expressão da garota mudar de repente. Catherine encarou o recado por mais alguns segundos e então sorriu cúmplice, jogando o celular em qualquer canto e fechando o zíper da mochila com rapidez.

— Sim, era só uma mensagem de uma amiga. — ela mentiu e respirou fundo, alisando os cabelos e fechando os olhos, tratando de esquecer aquela espécie de brincadeira estúpida.

— Tem certeza? — o garoto insistiu.

Catherine assentiu e novamente sorriu, querendo mostrar confiança não apenas para ele, mas também para si própria. 

— Preciso que você me mostre o caminho. — o loiro murmurou alguns minutos depois, quando o carro parou no sinal vermelho, ele apoiou as mãos no volante, tamborilando os dedos nele e franzindo levemente as sobrancelhas. — E eu acabei de notar que até agora você não disse o seu nome.

— Você conquista garotas assim? — Catherine não conseguiu segurar e recebeu um olhar confuso em troca enquanto o semáforo ficava verde e o rapaz pisava no acelerador em direção ao fim da rua. — É gentil, fala coisas fofas que qualquer uma ficaria apaixonada e então oferece uma carona e pergunta o nome delas? Você pode ser um assassino e pode estar me levando para o seu cativeiro exatamente agora, é exatamente isso que acontece nos filmes de terror.

— Na verdade, você é a primeira. — ele disse sincero e Catherine ficou na dúvida se aquilo se referia à brincadeira ou o fato dele estar interessado nela. — Qual é, filmes de terror são incríveis.

— Então eu sou a sua primeira vítima? — ela entrou no jogo e fingiu estar assustada, Gus riu novamente e debruçou-se sobre ela assim que novamente pararam em um sinal vermelho, passando o braço por trás do banco do carona no qual ela estava acomodada.

— Se eu quisesse matá-la, já teria o feito e eu acho que no final de contas, matar uma garota tão bonita seria um desperdício. — ele sussurrou e piscou, fazendo graça, vendo a loira prender a respiração com a proximidade de seus rostos. — Que tal essa, funcionou?

Catherine riu sem saber o que exatamente fazer e deu um tapa de leve em seu ombro, condenando-se por conseguir apenas prestar atenção na boca do rapaz. O que ela estava fazendo, afinal de contas? August era um completo desconhecido e o seu repertório com desconhecidos já estava transbordando até a borda de experiências ruins. Como ela podia estar ali, flertando com outro, enquanto Ryan ainda continuava no seu pé, agora praticamente morando na mesma casa que ela?

A garota estava encarando os olhos castanhos adoráveis de Gus com essa pergunta na cabeça, quando desviou o olhar por um segundo e viu a tela de seu celular, ainda com a mensagem que recebera minutos atrás em aberto:

 

“Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Você sabe do que eu estou falando. Na próxima, eu não vou ter dó.”

 

A loira engoliu em seco e respirou fundo, encolhendo os ombros. As memórias da noite em que ela e Lexi dirigiram bêbadas no meio da estrada ainda estavam claras em sua mente, e tudo pareceu fazer sentido: quem quer que fosse que estava mandando aquelas mensagens e dirigindo aquele carro, sabia do seu segredo e estava chantageando-a, recriando exatamente a cena para que Catherine se lembrasse do que a sua versão alcoolizada havia causado. Uma dor se alastrou pelo seu peito e ela viu que suas mãos estavam tremendo de um jeito assustador.

— Você tem certeza que está bem? — Gus perguntou e tentou tocá-la, mas ela se esquivou e agarrou a maçaneta da porta tão forte que os nós de seus dedos ficaram brancos.

— Não. — ela murmurou com o coração batendo forte no peito e encarou seus pés calçados com um par de sapatilhas floridas, fazendo um esforço para não olhar na direção da mensagem ameaçadora. — Olha, você não precisa me levar em casa, ok? Você é muito gentil, mas eu posso ir andando.

— O quê? — o garoto perguntou confuso e Catherine abriu a porta do carro ainda em movimento, obrigando ele a frear o carro bruscamente caso não quisesse que ela se acidentasse. — Ei, espera! Eu falei alguma coisa?

— Não, o problema não é você. Obrigada por ter cuidado de mim — ela sussurrou, incapaz de encará-lo e juntou todos os seus pertences o mais rápido possível, ouvindo dois motoristas buzinarem para eles logo atrás. — Eu... espero que a gente se esbarre de novo.

August ainda estava com o pé no freio, tentando entender o porquê do nada a garota tinha surtado enquanto ela pulava para fora do automóvel e corria apressada por entre os carros da rua.

Sua visão embaçada por culpa das lágrimas que insistiam em cair fez com que ela sem perceber esbarrasse no retrovisor do mesmo carro preto que tentou atropelá-la mais cedo, agora parado no fim da rua.

O motorista com óculos escuros ajeitou o espelho localizado em cima do retrovisor e observou Catherine desesperada. Um sorriso de canto formou-se em seu rosto e ele pegou o celular, digitando uma mensagem rapidamente antes de girar a chave e dar partida.

*

Sam ficou surpresa quando se virou. Um ano depois do sumiço de Lexi e com a residência abandonada durante todo esse tempo, ela jamais imaginaria que algum dia teria novos vizinhos. Não imaginaria também que o novo morador da casa de sua amiga desaparecida seria o misterioso Ethan Williams, e nunca em possibilidade alguma esperaria virar-se e dar de cara com o próprio, segurando uma chave inglesa em uma das mãos e uma chave de fenda na outra.

— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou de novo e Sam levantou as sobrancelhas, notando que o garoto vestia apenas um jeans surrado. Seu abdômen definido estava à mostra e ela viu por trás das manchas de graxa o começo de uma tatuagem que se estendia pelo peito do rapaz e ia até mais ou menos a altura do cós da calça.

— Meu pai fez uma cesta de boas-vindas. — ela disse e piscou, tentando se concentrar.

— Agradeça ele, mas eu não preciso de falsas boas-vindas, principalmente vindas de você. — Ethan disse sério e então se aproximou dela lentamente, fazendo seus narizes quase se tocarem.

O garoto levantou a mão e colocou uma mecha de cabelo castanho-ruivo da garota atrás da orelha, sorrindo com escárnio enquanto a encarava profundamente com seus olhos cor-de-mel. Mesmo sentindo-se incomodada com a audácia do rapaz, Sam sustentou o olhar e recuou um passo, engolindo em seco ao sentir o vidro frio da porta de madeira em suas costas, percebendo que sua respiração estava descompassada.

— Não finja que é uma boa vizinha e que está feliz por eu ser o cara que mora na casa da sua amiga morta.

O coração da garota encheu-se de ódio. Seus dedos apertaram mais o vime da cesta e ela ergueu ainda mais o queixo, olhando fixamente para o rosto anguloso do garoto. Quem aquele bastardo pensava que era para falar desse jeito? Tudo bem que Alexia não fosse a melhor das melhores pessoas, mas ter respeito pelos mortos era uma coisa que Sam prezava e talvez Lexi ainda estivesse viva.

Seus olhos azuis encararam com fúria os de Ethan e ela sentiu cada centímetro da sua pele formigar, sem saber se aquela reação era dada por causa do garoto ou pela raiva que contorcia dentro de si.

— O que está acontecendo?

Uma mulher de aparência jovem chamou a atenção dos dois, olhando-os com uma expressão confusa. Seus braços tatuados estavam à mostra e o cabelo preto curto estava preso em um rabo de cavalo desarrumado. Havia um pano de louças xadrez jogado no seu ombro descoberto e ela carregava uma caixa de papelão aparentando estar pesada.

— Eu estava consertando a moto na garagem e essa louca apareceu aqui. — Ethan disse, afastando-se até desaparecer pela porta dos fundos, deixando as duas sozinhas.

Sam fingiu não estar ofendida e tentou dar o seu melhor sorriso:

— Eu apenas vim... entregar uma cesta de boas-vindas — ela murmurou e remexeu-se desconfortável. — Mas parece que educação não é o forte do seu filho, irmão ou seja lá o que ele é seu.

A mulher contorceu os lábios em um sorriso e colocou a caixa de mudança na mesa de madeira que continuava no mesmo lugar, assim como toda a mobília, que continuava intocável.

— Me desculpe pelo Ethan. Ele é meu irmão, mas... ele puxou o gene difícil do nosso pai — ela confessou, dando de ombros e então sorriu amigavelmente, pegando as cestas da mão de Sam. — Eu sei quem você é. Samanta, filha do Malcolm, não é? Meu nome é Annie. Seu pai é um homem adorável, ontem ele me ajudou a levar algumas caixas para o andar de cima. Por que você não senta e toma um café comigo? É o mínimo que posso fazer tamanha sua gentileza e eu iria ficar agradecida pela sua companhia.

A garota sorriu, um pouco sem graça:

— Eu... adoraria.

— Malcolm comentou que você adora fotografia. — Annie disse e Sam fez uma careta, questionando-se o que diabos mais a irmã de Ethan e o seu pai haviam conversado. — Estou fazendo faculdade de Artes Visuais, em Darwidge. Quem sabe um dia você pode me visitar e me ajudar com os negativos.

— Isso seria incrível. — Sam murmurou, segurando a xícara que a jovem havia acabado de colocar em sua frente, levando a porcelana aos lábios depois de sentir o aroma delicioso que ela tanto amava.

Annie sorriu e sentou-se na cadeira do outro lado, com as pernas cruzadas. Seus dedos tamborilavam na mesa de madeira e a sua xícara cheia de café permanecia ilibada.

— Ele também convidou a gente para um jantar amanhã à noite, na sua casa. Claro, se não for de incomodo para você.

Sam quase se engasgou.

— Eu sei o que você deve estar pensando. Meu irmão matou a sua amiga e agora, ele está morando na casa em que ela vivia, como se o quarto dela fosse um souvenir gigante.

— Eu não pensei isso.

— Todos pensam, Samanta. — Annie interrompeu a garota e suspirou. — A única coisa que eu posso dizer é que ele foi inocentado, eu conheço o meu irmão e sei que ele jamais faria alguma coisa desse tipo. Ele pode não ter uma boa reputação, mas... Nós alugamos essa casa porque era a única que a nossa condição permitia em Santa Kennedy. Ninguém quer morar na casa da garota que desapareceu. O preço abaixou, e acredite em mim, eu quase precisei de um advogado para convencer Jane Grimes a alugá-la para nós.

Sam encolheu-se na cadeira, sentindo o rosto esquentar com vontade de desaparecer dali o mais rápido possível. A culpa parecia apertar sua garganta e ela não conseguia mais encarar Annie ou as paredes amarelas da cozinha em que antes pertencia a Sra. Grimes e era palco de memórias com a sua filha.

— Imagino que deve ter sido difícil. — ela disse baixinho depois de um tempo, segurando mais firme a xícara em suas mãos, sem saber muito quais palavras usar.

Annie deu um sorriso pouco convencido.

— Tudo bem. A vida nem é sempre um mar de rosas... Eu só espero que quem denunciou meu irmão injustamente pague pelo o que fez. Eram três depoimentos contra um, dá para acreditar? Eu tive que pagar a fiança com os últimos centavos da minha herança e os policiais ainda exigiram que Ethan fosse parar em um reformatório.

Sam engoliu em seco. Ela era uma boa atriz, mas estava sentindo suas mãos começarem a transpirar.

— Eu acho melhor eu ir embora. — disse rapidamente, quase derrubando a xícara da mesa ao levantar-se bruscamente do seu lugar. — Meu pai deve estar chegando.

— Claro, foi um prazer conversar com você. — Annie sorriu, parecendo não perceber o nervosismo da morena e levantou-se da cadeira, caminhando até as caixas de papelão no chão, empurrando uma delas até a garota. — Jane levou todos os móveis e pediu para deixarmos o quarto de Alexia intacto até que a polícia aparecesse com mais notícias. Ethan encontrou essas coisas dela perdidas pela garagem e eu pensei que talvez você gostasse de ficar com as coisas da sua amiga.

A garota sorriu e despediu-se da mulher de forma breve, agradecendo pelo café e dizendo que ia esperá-la na noite seguinte, mesmo que uma parte de seu coração não se familiarizasse com a ideia.

Assim que chegou em casa e deu duas voltas na chave da porta dos fundos, ela suspirou aliviada e retirou os sapatos desconfortáveis. Sentando-se no tapete felpudo em frente ao sofá de camurça da sala, ela colocou a caixa em seu colo e dando uma espiada na mesma. Havia dentro dela algumas fotografias perdidas, vários filmes de terror baixados ilegalmente na internet, dois livros de contos, uma medalha de primeiro lugar em uma competição e quatro álbuns do Green Day.

Um sorriso formou em seu rosto pela lembrança e um papel colorido dobrado entre um livro de contos do Edgar Allan Poe chamou sua atenção. Sam abriu o exemplar e quase espirrou de tanta poeira que as páginas amareladas haviam acumulado, deixando que o pavor tomasse conta de suas feições ao encarar o que estava escrito no bilhete:

“O jogo começou e sua vida agora é um campo minado.

Você vai pagar por tudo o que fez.”

*

— Seu idiota, o que você fez? — Erin perguntou, assim que as luzes do lugar se apagaram, deixando o local com uma aparência assustadora. A luz do pôr-do-sol que entrava pelas janelas era insuficiente e a morena só percebeu que estava agarrada ao braço do ex-namorado quando ele precisou movimentá-lo para acender a lanterna.

— Eu estou parado bem ao seu lado! — ele sussurrou e acendeu o objeto. O feixe de luz apareceu no chão e iluminou o lugar à medida que o garoto movia-se pelo assoalho de madeira, com Erin logo atrás.

— Por que estamos sussurrando? — ela perguntou com o tom de voz baixo e segurou-se mais fortemente no rapaz, precisando apertar os olhos para enxergar alguma coisa em meio à escuridão.

— Eu não sei! Onde é a saída dessa droga de lugar? A gente precisa ir embora daqui... tipo, agora! — Hector rebateu na mesma altura e os dois viraram-se bruscamente ao ouvirem um barulho de vidro sendo quebrado atrás deles.

Uma figura humana vestida com uma espécie de manta preta de repente surgiu na frente deles, pegando o casal de adolescentes desprevenidos.

Erin segurou um grito, puxando Hector para trás quando viu uma faca de caça sendo erguida na sua direção. A lâmina refletiu o seu brilho e o anônimo por trás da máscara branca com uma expressão assustadora desferiu uma facada contra os dois.

A garota foi rápida e conseguiu desviar, porém o rapaz não teve a mesma sorte e gritou de dor quando a faca atravessou o seu ombro esquerdo. Erin arregalou os olhos, vendo o sangue escarlate começar a esguichar da ferida. Suas pernas bambeavam e ela levou as mãos ao rosto, não sabendo o que fazer.

Outra facada foi golpeada e o rapaz tentou, inutilmente, acertar o mascarado com a lanterna que permanecia ainda acesa, se desequilibrando e indo ambos ao chão. O anônimo caiu por cima do garoto e levou a faca ao pescoço do mesmo, com a intenção de lhe cortar a garganta. Hector o parou no meio do movimento, bloqueando as mãos do algoz com o antebraço, sentindo suas costelas sendo esmagadas e seus pulmões clamarem por oxigênio.

— Sabe, boneca, eu sei que você ainda está magoada comigo por causa do lance com a Amy, mas você bem que podia me dar uma ajuda aqui. — o garoto murmurou com dificuldade. Seu braço já tremia tamanho esforço que estava fazendo para afastar as mãos do mascarado e ele fechou os olhos, sentindo a ponta da faca começar a perfurar seu pescoço.  

Antes que ele continuasse pedindo socorro, Erin agachou-se e pegou a lanterna, iluminando a sala para tentar achar alguma coisa que a ajudasse. Suas mãos tremiam e o feixe de luz iluminou um suporte para extintor de incêndio fixado na parede. Sem pensar duas vezes, a garota correu até ele e atirou a lanterna contra o vidro para que ele se quebrasse. Os cacos de vidro se espatifaram no assoalho perto dos seus pés e ela arrancou o objeto do lugar e o ergueu desajeitadamente, acertando a cabeça do assassino com toda a força que conseguia.

Hector aproveitou a tontura momentânea do anônimo e ergueu-se o suficiente para atingir-lhe um soco. O mascarado caiu para trás, aparentemente desacordado e Erin correu até o antigo namorado.

— Ele acertou você, por favor, me diga que você está bem — ela disparou preocupada, abaixando-se na altura do rapaz e tocou-lhe no ombro, querendo ver a gravidade do ferimento. Hector fez uma careta pela dor repentina e Erin o olhou apavorada, fazendo-o sorrir torto.

— Os caras no treino de hóquei são mais violentos do que isso. — ele a tranquilizou e ela sorriu aliviada, sentindo as mãos do garoto apertar as suas, que estavam sujas de sangue. Um peso pareceu ter ido embora de seu coração e só de se imaginar sem ele, ela sentiu seu interior despedaçar e o abraçou tão forte que o garoto grunhiu, mas por fim acabou passando os braços em volta da cintura dela e aceitou o abraço de bom grado, enterrando o rosto em seus cabelos.

Os dois ficaram assim até que a garota sentiu os músculos de Hector se tencionando e olhou para baixo, vendo uma faca atravessando o peito do garoto, próximo ao coração. A morena gritou com lágrimas nos olhos e o rapaz começou a tossir sangue enquanto suas mãos desciam até o local em que ele fora atingido, pressionando a região por debaixo da roupa a fim de estancar o sangramento.

Hector mantinha o maxilar travado e Erin ficou desesperada quando o viu o seu rosto perdendo a cor. O assassino apareceu atrás dela e a puxou para trás, fazendo-a bater a cabeça no chão, manchado com o líquido vermelho.

Erin choramingou e pouco antes da lâmina da faca acertar o seu rosto, ela rolou para o lado e o objeto pontudo cravou-se no chão de madeira, dando tempo da garota se levantar e correr até a porta semiaberta que ela antes queria abrir e fora impedida pelo ex-namorado. Seus pés pareciam ser feitos de chumbo e ela tropeçou no meio do caminho, empurrando a entrada da passagem e entrando no cômodo com pouca luz, ela fechou a porta na ponta da faca.

O lugar era uma sala apertada sem iluminação e com alguns móveis, o anônimo retirou a faca da madeira para açoitá-la mais uma vez, dessa vez perto da maçaneta, onde a garota pulou para trás, salvando seus dedos de serem cortados. O local tinha um cheiro horrível de carne morta e Erin foi incapaz de identificar um odor tão desagradável, precisando tampar as narinas com o indicador e o polegar para tentar se concentrar e achar uma saída. Tudo estava escuro e ela tateava as paredes com a mão livre.

Sua visão estava comprometida por culpa das lágrimas e a morena se amaldiçoava profundamente por abandonar o ex-namorado quando seus pés esbarram em alguma coisa e ela olhou para baixo, arrependendo-se logo depois.

No chão, um saco preto volumoso se estendia no assoalho de madeira e Erin não teve necessidade de levantá-lo para descobrir que ali embaixo havia um cadáver e o mau cheiro provinha dele. Suas mãos voltaram a tremer e o seu estômago parecia uma montanha-russa quando ela escutou uma batida brusca na porta e lembrou-se de que tinha que sair dali para procurar ajuda.

Outra batida na porta e a morena entendeu que o seu tempo estava acabando e precisava agir rápido. No canto direito da sala havia uma cadeira, uma escrivaninha daquelas antigas e um armário mais ao fundo, grande o suficiente para ela se esconder. Não perdendo tempo, ela abriu a porta do guarda-roupas e ia se enfiar lá dentro quando pensou mais um pouco e decidiu que aquele lugar era óbvio demais.

Ela olhou para os lados, sentindo o coração martelar desesperadamente no peito e preferiu refugiar-se na escrivaninha no canto oposto do cômodo. Se o assassino se distraísse com o guarda-roupa, ela poderia ganhar tempo e correr para longe dali.

Mais uma batida, dessa vez mais forte. Erin abaixou-se com pressa, engatinhando e refugiando-se debaixo do móvel de madeira, contorcendo-se até que suas pernas sumissem de vista. A porta então foi aberta com brutalidade e a garota encolheu-se ainda mais no seu esconderijo, torcendo para que o assassino desistisse de procurá-la. Da posição que estava, ela conseguia apenas ver os sapatos da pessoa e um pouco dos calcanhares, estranhando quando viu no lugar de uma manta preta, uma calça jeans e botas femininas marrons de cano longo.

Quem quer que fosse andou pela sala, abriu o armário e pareceu se contentar com os uniformes empoeirados dos funcionários da represa pendurados. O salto alto das botas fazia um barulho irritante e Erin protegeu o rosto com as mãos assim que notou que a mulher empurrava o móvel sem nenhuma dificuldade, parecendo saber que a garota estava escondida ali.

— Detetive Christina White. — A mulher apresentou-se e Erin abaixou as mãos devagar, vendo a oficial de pele morena e cabelos da mesma cor apontar uma arma em sua direção. — É um prazer conhecê-la, senhorita McCarthy. Você é bem famosa na cidade.

*

Erin abriu os olhos e resmungou alguns palavrões por conta da dor de cabeça que estava sentindo.

Ela não sabia quanto tempo havia passado desde que fora atacada, mas lembrava-se vagamente que a detetive tinha abaixado o revólver e a conduzido para fora da represa, mandando-a para a ambulância que estacionada esperando para atendê-la. Um enfermeiro fez a garota engolir uns comprimidos coloridos e ela apagou, cansada demais para o interrogatório da detetive e dos policiais sobre o que acontecera.

Sua cabeça doía como nunca e a garota esfregou os olhos, acostumando-se com a claridade do quarto de hospital em que agora se encontrava.

— Vou dizer para a detetive que você acordou. — ela ouviu uma voz atrás de si e quase pulou de susto ao reconhecer o irmão gêmeo, Dylan, sentado em uma das poltronas ao lado da cama. — Não conte para a mamãe, mas quando você receber alta, nós vamos fumar um baseado.

Erin revirou os olhos e ignorou o comentário, vendo o irmão sair do quarto e desaparecer no corredor. Seus pensamentos estavam ocupados demais para ela se preocupar com o vício em drogas do irmão e talvez ela realmente precisasse de alguma coisa para esquecer tudo o que aconteceu.

Uma pontada forte atacou a parte de trás da sua cabeça e ela murmurou mais algumas palavras de baixo calão, levando a mão até o local e percebendo que estava enfaixado, assim como o seu cotovelo e os demais locais que ela havia se arranhado durante a confusão.

— Ótimo. — ela sussurrou e jogou-se na cama, afundando-se no travesseiro nem um pouco confortável da cama. Alguma coisa incomodou-a assim que ela o fez e seus dedos tatearam por debaixo da fronha da almofada, achando um bilhete colorido endereçado com o seu nome.

— Senhorita McCarthy, vejo que já está acordada. — uma médica loira segurando uma prancheta surgiu antes que ela tivesse a chance de abrir o papel e ler o que estava escrito nele. Erin guardou o bilhete rapidamente e ia inventar alguma coisa para reclamar quando olhou para a mulher e viu que ela tinha companhia.

Christina estava parada com os braços cruzados e Sam estava logo atrás, imóvel ao lado da porta, junto com Catherine com a maquiagem borrada. Erin questionou-se internamente se ela estava chorando e Christina interrompeu seus pensamentos:

— Obrigada pelos serviços, doutora — ela agradeceu a médica e assim que a mulher deixou as outra quatro sozinhas, a detetive se virou para a cama da paciente, fazendo a jovem levantar as sobrancelhas:

— Eu vou ser presa?

Os lábios de Sam se contorceram em um sorriso, porém Christina continuou com a postura rígida.

— Você foi atacada, Erin.

— Isso eu sei, já podemos pular essa parte — a morena resmungou e revirou os olhos, recordando-se dos momentos de susto que havia passado. Catherine mexeu-se inquieta de onde estava e ela notou que tanto ela quanto a outra amiga mantinham expressões preocupadas em seus rostos. — O que aconteceu? Por que vocês estão com essa cara como se Grey’s Anatomy tivesse sido cancelada? Aconteceu alguma coisa com Hector, ele está bem?

Sam interferiu, respirando fundo:

— Não aconteceu nada com ele.

— Hector Martínez está no quarto ao lado, recebendo os devidos tratamentos — Christina intrometeu, mantendo o semblante sério. — O que eu quero falar com você é uma coisa mais importante. O corpo que o detetive Matherson encontrou desapareceu.

Várias emoções passaram pelo rosto de Erin e ela encarou a mulher, com os olhos arregalados sem conseguir crer no que estava ouvindo.

— O quê? Mas eu…

— O saco preto que você viu na represa pertencia a um animal morto: um cervo. David Matherson foi afastado do caso. Quem está no controle das coisas sou eu e não sei se você sabe, Erin, mas ocultação de provas é crime. O cadáver podia ser a peça chave para solucionar o caso.

Sam engoliu em seco:

— O que você quer dizer com isso?

— O que eu quero dizer, senhorita Langdon, é que você e as demais senhoritas nessas salas se tornaram oficialmente as suspeitas número um no caso Alexia Grimes.


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Notas finais do capítulo

Agora sim as coisas vão esquentar, hein. O que acharam de Hecrin (Hector + Erin)? Eles merecem voltar ou ela fez bem em terminar com ele? Os segredos da Catherine e da Erin estão implícitos nesse capítulo, quem pegou pegou, quem não pegou ainda vai pegar (ai, que horrível, sempre quis falar isso AHUAHEHU) e por últimooo, mas não menos importante: Sam, sua louca, agarra logo esse boy que a gente quer cena de pegação!

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Beijos.