Minha vontade era de ir o mais rápido possível para casa, ninguém dava noticias, eu precisava saber como minha amiga estava, se ela ainda era humana ... os uivos agoniados de Tyler me impediam de sair dali.

Era um verdadeiro cenário de filme de terror, os uivos, os quatro garotos que discutiam sobre as possibilidades de quem poderia ser o vampiro, em quanto a outra parte da matilha, provavelmente estava fazendo ronda. A floresta estava escura, mas já apontava que o dia logo amanheceria.

Fazia quase quatro horas que minha família tinha feito o ultimo contato, e eu já estava pensando, loucamente, no pior. Os uivos do lobisomem trancafiado, foram embora, dando espaços para os gritos dolorosos do meu amigo.

– Já vai acabar. – Jacob garantiu alisando o meu braço.

– Ninguém ligou ainda, já deviam ter feito contato. – ele riu sem humor.

– Você tá uma pilha, de novo. – abaixei a cabeça, sorrindo.

– É, eu acho que sim.

– Não tem que tentar bancar a heroína com todo mundo o tempo todo. – sentei na escada, percebendo que os outros garotos já não estavam mais lá. – Sua família tem o controle. Eles vão conseguir cuidar dela. Vamos nos concentrar aqui, antes de mais nada. – ele sentou ao meu lado unindo nossas mãos.

– Acho que eu nunca vou te agradecer o suficiente por isso. – sorri. – Sei que vocês dois não são melhores amigos.

– E nunca seremos.

– Nunca diga nunca, Jake. – ele riu, assentindo.

– Isso tudo logo vai acabar. – prometeu.

– E ficaremos juntos. – vi o sorriso em seu rosto aumentar.

– Não importa o que aconteça. – assenti.

****

– Katherine? – era a voz rouca, e fraca de Tyler do lado de dentro da pedreira.

Eu e Jacob corremos abrindo a porta encontrando o mesmo no chão ainda amarrado pelas correntes. Ele estava fraco, era notável, provavelmente precisaria de pelo menos um dia para se recuperar. Jake o desacorrentava o mais de pressa que podia em quanto eu me ajoelhei ao seu lado.

– Pode me ouvir? – perguntei.

– Sim. Na verdade, só estou um pouco fraco. – respondeu em um fio de voz.

– Em algumas horas estará bom. – Jacob o tranquilizou.

– Nós vamos a minha casa, você ficará lá. Pelo menos por hoje. – disse a ele.

– A dor é ... inexplicável. – falou deixando um gemido escapar quando finalmente se viu longe das correntes.

– Já passou Ty. – sorri o ajudando a levantar.

Meu celular vibrou, era uma mensagem da minha mãe, lancei um olhar significativo para Jacob. Pedindo que explicasse o que havia acontecido a Tyler em quanto eu conversava com minha mãe.

Rose: Filha, deu tudo certo. Caroline foi caçar, assim que explicamos tudo a ela. Está confusa e sentindo-se muito sozinha, já que é um mundo totalmente diferente para ela. Quando você voltar acredito que ela se sentirá melhor. Falando nisso, como estão as coisas por ai? Eu amo você, beijos.

Kath: Em menos de uma hora eu estarei de volta, mãe. Tyler está bem, na medida do possível, levarei ele até ai, acredito que Calisle vai ser bastante útil. Eu e Jacob também estamos bem, vivos. Amo você, e até logo.

Obs: Diga a Caroline que eu estarei ai o mais rápido o possível.

******

Entrei em casa correndo sob os protestos de Jacob que ajudava Tyler a subir as escadas da varanda que ficava em frente a enorme mansão. Havia um aglomerado de pessoas em cima de Caroline, que se esquivou para me ver. Mamãe correu para o meu abraço me tirando do chão.

– Você está bem! – ela garantiu.

– Eu disse que estaria, mãe.

Não consegui tirar os olhos da minha amiga recém-vampira, e nem ela de mim. Era visível sua expressão de angustia e dor. Provavelmente por causa do meu cheiro, ou o de Tyler, que se acomodava no sofá com a ajuda de Alice e Esmee.

A loira, a alguns metros de mim sorriu sem humor, e eu retribui correndo ao seu encontro. Caroline estava fria, como todas as pessoas da minha família, era mais como se eu estivesse abraçada com um mármore. Mas, tenho que admitir, ela estava ainda mais bonita.

– Tá legal? – perguntei ainda abraçada com ela.

– Seu namorado fede muito. – respondeu rindo. – Sem ofensas, Jacob.

– As ordens. – a voz dele era grave, sem emoção nenhuma.

– Eu acho melhor te soltar, antes que ele me ataque. – ela falou se separando de mim.

– Não é isso ... é só que, foi hoje. Como vamos saber se você tem alto controle o suficiente? – perguntou coçando a cabeça.

– Ele tem razão. É melhor não abusar. – ela disse. – E ... o seu cheiro é muito bom. – riu fazendo uma careta estranha e eu a acompanhei.

– É estranho. – falei.

– Não imagina o quanto, é muito estranho. – respondeu rindo. Mas, logo sua expressão mudou.

– Car?

– Não, eu tô bem. – garantiu. – Eu não ... não posso chorar, não é? – riu sem humor e eu assenti.

– Você vai se acostumar, com o tempo. – segurei sua mão.

– Você fala como se soubesse.

– Tenho estudado, não quero ser uma imortal desatualizada. – ela riu.

– Calisle me contou. Quando vai ser?

– Depois da formatura. – respondi.

– Quando vai ser o que? – Tyler perguntou.

– Minha transformação.

– O QUE? – ele e Jacob gritaram.