Parecia que Pedro e Miraz voltaram a duelar com mais força e vontade de derrotar um ao outro.

Alguns poucos minutos se passaram até que Pedro conseguisse desarmar Miraz, porém tendo que sacrificar também a sua espada, que voou longe, levando também a de Miraz.

Porém, o mais velho usou seu escudo para tentar machucar Pedro, mas não teve êxito, pois o garoto jogara o objeto longe, deixando Miraz com apenas uma alternativa: sua própria força.

O homem se jogou em Pedro, arremessando o garoto em cima de uma pedra. Miraz esperou um pouco para que ele se levantasse. A vitória já está ganha, pensava Miraz, não tem como um garoto ganhar de um homem no quesito força.

Pedro conseguiu se levantar com um pouco de esforço e após analisar Miraz rapidamente, uma ideia veio a sua cabeça. Usando toda a força que ainda restava em seu corpo, Pedro mirou um murro muito bem dado no ferimento que havia feito em Miraz. O efeito foi inevitável. Miraz caiu de joelhos à frente de Pedro.

– Uma pausa! – balbuciou Miraz.

– Pedro, não é hora para cavalheirismo. – gritou Edmundo.

Skye e Caspian trocaram um olhar rápido. Aquele seria finalmente o fim?

Novamente o silêncio tomou conta do descampado, e Pedro deu as costas para Miraz, indo à procura de sua espada.

Uma lição que o Professor Cornelius sempre frisava nas aulas de esgrima que havia dado a Skye, foi que nunca deve se virar as costas para o seu adversário. E aquilo fez total sentido no momento em que Miraz levantou-se agilmente, partindo para cima de Pedro, que voltou sua atenção rapidamente para o homem.

Mas Miraz não estava tão forte quanto antes. Ele foi desarmado com facilidade por Pedro, que enfiou a espada em seu braço.

Mais uma vez, Miraz caiu de joelhos na frente de Pedro. O garoto, porém continuou parado, sem reação nenhuma. O homem olhou fundo nos olhos de Pedro e disse baixo:

– Qual é o problema meu rapaz? É covarde demais para tirar uma vida?

– Não cabe a mim tirar! – exclamou Pedro.

O garoto virou-se na direção de Caspian, estendendo sua espada para o Príncipe. Caspian parecia um pouco surpreso, mas foi até Pedro e pegou a espada de sua mão. Ele olhou firme para Miraz e em seguida para espada.

– Eu tive a honra de conhecer o meu pai. Mas minha irmã, não teve a mesma sorte. Talvez ela seja a única pessoa digna para isto.

Caspian virou-se para Skye, e como Pedro, ergueu a espada em sua mão na direção da garota.

Finalmente, o desejo de Skye estava se tornando real. Ela teria a chance de matar Miraz. Mas a garota não sabia o que fazer, por isso continuou onde estava. Ela olhou rápido para Edmundo, e o mesmo assentiu.

Após alguns segundos, Skye foi até o irmão e pegou a espada de sua mão. Caspian afastou-se devagar. Naquele momento era só ela e Miraz.

Skye encostou devagar a espada no pescoço de Miraz.

– Eu disse que você iria receber o que merece. – sussurrou ela, sorrindo.

– Talvez eu tenha me enganado. Você é muito parecida comigo. Apesar de continuar sendo uma selvagem. – disse Miraz.

Os olhos de Skye flamejaram de raiva. Ela não era como ele, nem nunca seria. E para provar isso, tomou uma decisão, que apesar de lhe custar muito, era o certo a fazer.

– Tem um pouco de verdade nisso. – Skye respondeu. – Eu sou de fato uma selvagem, mas nunca serei como você.

Após dizer isso, Skye jogou a espada longe. Aquele ato deixou Miraz levemente boquiaberto. Ele olhou para a sobrinha com dúvida fazendo-a sorrir.

– Fique vivo! Mas eu sinto lhe informar que eu, Princesa Skye, e o meu irmão, Príncipe Caspian, iremos devolver aos narnianos o reino que os pertence.

Skye ergueu sua cabeça e olhou para os lordes que estavam por perto. Após encarar um a um, a garota voltou sua atenção para Miraz enquanto colocava sua mão no topo da cabeça do home. Segundos depois, o sorriso sarcástico surgiu novamente no rosto da garota, e ela virou-se de costas e andou tranquilamente até o lugar onde a pouco a mesma ocupava.

Edmundo sorria de uma forma orgulhosa. Ele só queria abraçar a garota que agora estava na sua frente, mas deixou que Caspian o fizesse primeiro.

Uma ovação era feita pelos narnianos, e Pedro segurou forte no ombro do irmão. A guerra havia sido adiada.

Após um longo abraço com Caspian, Skye olhou novamente para Miraz. O homem era erguido por Lorde Sopespian, e um cochichava algo para o outro. Só após alguns segundos, foi que Skye se deu conta de algo que o Lorde segurava.

Sopespian tinha em uma das mãos uma flecha com penas vermelhas, idênticas as que Susana usava. Então Skye entendeu o que ele queria fazer. Sopespian enfiou a flecha em Miraz, e após cambalear para trás, o homem caiu duro no chão. Estava morto.

– Caspian! – gritou Skye.

– Traição! – gritou Sopespian. – Atiraram nele! Assassinaram o Rei!

Skye mal conseguia se mexer. A guerra ainda não havia acabado. O peso que a pouco havia sido tirado de seus ombros, acabara de retornar e com maior força.

– Skye! – gritou Edmundo, colocando as mãos ao redor do rosto da garota. – Vá lá pra cima, rápido!

– Não! Eu não posso! – respondeu a garota.

– Sim, você pode!

– Eu tenho que lutar, será que você não me entende? – gritou Skye.

– Você que não me entende!- disse Edmundo, selando seus lábios, e rapidamente se afastando novamente. – Eu não posso te perder.

Skye olhou para os olhos suplicantes de Edmundo. Ela só queria poder proteger ele de todas as formas que pudesse, mesmo que isso significasse participar de uma guerra.

– Eu não vou te deixar aqui sozinho. Se for para enfrentar um exército, nós iremos fazer isso juntos.

– Eu sinto muito Skye! Mas eu não posso te colocar em risco. – Edmundo disse finalmente, dando dois passos para trás.

De repente Skye foi puxada para cima por uma coisa com garras, que ela subentendeu que era um grifo. Ele não podia ter feito isso comigo, pensava Skye, eu não posso perdê-lo.