Camilly P.O.V

Entramos na escola. A nossa classe era no final do corredor. Exatamente! Além da nossa classe ser no primeiro andar (sim, porque o primeiro andar não tem bebedouro), é no final do corredor. No final. NO FINAL! Esse diretor gosta de ferrar os alunos mesmo em. Principalmente eu. A Mely fala que é paranóia minha, mania de perseguição. Mas eu não acho.

Andamos, andamos e chegamos na nossa classe. Quando entrei na sala dei um berro:

- CARALHO, O QUE ACONTECEU AQUI? PUTA QUE PARIU! EU QUERO ESCOLHER MEU AMIGO DE SALA ENTÃO!

Pois é. A classe toda estava com as carteiras unidas em duplas. Isso sim é mania de perseguição. Querem acabar com a minha vida!

- O que é isso mocinha? Se não fosse pelas suas belas notas, você estaria encrencada. Dois palavrões? E aos berros? Não, não. – Disse a BRUXA da professora de História.

- Tá bom, dona. O que aconteceu aqui? Os alunos ficam fora dois dias fora e já mudaram a escola?

- Não, senhorita Wonder. O diretor fez isso com somente essa classe.

- POR QUÊ? – Alterei meu tom de voz. Sacanagem fazer isso com a MINHA classe.

- Abaixe o tom de voz, garotinha. O diretor viu que há muitas discussões e desentendimentos nessa classe, então vocês vão ter que se entender à força.

- Mas as únicas pessoas que brigam aqui, só sou eu, Melissa, Taylor e Bruno!

- Exatamente. Vocês atrapalham a classe.

- Então por isso...

- Exatamente. Por isso todas as carteiras estão juntas, pois os outros alunos também entrar nessa “ onda “ de discussão. – Sim, ela tem a irritante mania de dizer “ exatamente “ toda hora.

- Tá bom então. Posso pelo menos escolher com quem vou me sentar? – Disse rangendo os dentes.

- Não.

- ENTÃO COM QUEM VOU SENTAR? – Gritei.

- Com o senhor Bittencourt. – Parecia que tudo estava rodando. Eu não estava assimilando as palavras da professora. Com quem? Com um gay. Não apenas um gay qual quer. O GAY DO BRUNO!

- O QUE? EU ENTENDI DIREITO TIA? EU VOU TER QUE ME SENTAR DO LADO DESSA VACA? – Gritou uma voz aguda no meu ouvido. Provavelmente o Bruno. Me virei e olhei para a cara dele. Estava quase roxo de raiva.

- Ih a lá! O emozinho está colorido! – Caí no riso. Intencionalmente a classe toda riu.

- EMO É O CARALHO!

- Então é gay?

- MUITO MENOS GAY!

- Pare de gritar, ignorante.

- Parem de discussão vocês dois. Vão se sentar juntos e pronto. Não quero saber se vocês se odeiam ou não. Ordens do diretor.

- Então tá bom, dona. Mas me aguarde! Minha mãe que paga essa porcaria de escola, e eu não vou me sentar ao lado desse... Desse ser repugnante. – Me virei e fui me sentar no meio da classe. Aonde provavelmente a professora queria que eu sentasse. Conheço-a. A mais de dois anos.

Olhei para Mely. Estava branca como papel e andava devagar, parecia que tinha visto um fantasma.

Ela se sentou na carteira que estava do meu lado, se virou pra mim e disse:

- Eu estou lascada. Lascada não. Fudida.

- Hey, você acha que eu quero sentar com você? É claro que não. Eu vou dar um jeito nisso. A se vou. – Disse Taylor se sentando ao lado dela.

- Desculpa Taylor, não pedi sua opinião. – Disse Mely-branca-como-algodão.

Bruno ainda estava discutindo com a professora. Ele parecia indignado. Mas eu já estava começando a aceitar que meu pior inimigo sentaria todos os dias do meu lado. Há boas vantagens nisso. Como por exemplo, arranhá-lo com minhas unhas sem que perceba. Bom, ele irá perceber depois que começar a sangrar.

Bruno voltou e se sentou do meu lado.

- Peguem suas apostilas, a aula vai começar. – Disse a bruxa de História.