Bruno P.O.V

Pois é, pois é, fomos encher o saco do Taylor. Bom, ele não acorda cedo quando não tem escola (sim, porque hoje tem reunião de professores). Nós estávamos indo até a casa dele quando o celular da Melissa tocou. Todos pararam e esperaram ela atender, e depois desligar.

- Alô? – ela deu uma pausa grande – Que? Mas puta que pariu, vocês são muito folgados, vão viajar, pegam as malas, não me avisam... Depois falam que eu sou a ovelha negra da família e eu não entendo o por que... – e ela deu mais uma pausa. – ATÉ MÊS QUE VEM? VOCÊS ESTÃO ZUANDO COM A MINHA FACE NÉ? – ela gritou e deu uma pausa menor. – Tá bom então. Se eu explodir nossa casa, culpa vai ser de vocês, que me deixaram sozinha. Tchau, beijos, vou dar festas todos os dias, fui. – Ela desligou o telefone e todos riram.

Continuamos o caminho, discutindo como é que faríamos as festas na casa da Melissa. Claro que da Camilly, surgiu a opinião de que me amarrassem como pinhata sabe... A opinião do Luck... Bom, eu não gostei. Cara, ele queria que assistíssemos a um show de uma banda sinistra lá... Vou saber o nome? Bom, a idéia da Melissa era normal, churrasco.

Chegamos à casa de Taylor, e como o desnaturado havia deixado a porta da frente destrancada, entramos na maior facilidade, e no silencio, é claro. Fomos até o quarto dele, que estava somente de cueca. E a Melissa ficou olhando pra bunda dele, enquanto Luck olhava feio pra ela. Camilly quase rachava a cabeça na parede de tanto rir.

- Quando eu falar três, a gente grita o mais alto possível, até o quanto a gente agüentar, falou? – Cochichava Melissa. – Um... Dois... Três! – Ela disse, e nos inclinamos bem perto do moleque, e gritamos, por uns 18 segundos, sendo que no 10º segundo, o Taylor pulou da cama assustado e começou a gritar junto com a gente, só que de espanto. Foi a cena mais retardada que eu já vi cara. Cinco pessoas gritando na mesma casa, mesmo lugar, mesma hora. E você deve estar se perguntando: “Onde estão os pais desse moleque?“ Pois é. Parece que todos os pais do mundo estão viajando, menos os meus. Os pais do Tay, eu não sei quando voltam... Ou é daqui dois meses, ou três.

Depois paramos de gritar, é claro, se não os vizinhos iam achar que éramos loucos.

Camilly caiu sentada no chão e não parava de rir da cara do Taylor, e é claro, da boxer que o moleque estava usando. Bom, eu não achei graça nenhuma, até porque eu também uso boxer... Mas voltado, depois que Camilly se recuperou, se levantou.

Melissa também estava rindo, e olhando pra cara do Tay, ria mais ainda.

 O Taylor estava totalmente vermelho, enrolado num lençol, foi procurar uma calça pra vestir.

Achou então, uma calça jeans, toda fudida, rasgada no joelho e meio manchada. Vestiu-a. Eu só fiquei olhando, me segurando pra não rir.

- Que porra é essa? O que vocês estão fazendo aqui? Como vocês entraram? – Pediu Tay, que estava com o cabelo todo bagunçado, procurando o óculos.

- A porra é que estamos aqui, há. Viemos aqui para te acordar. A porta estava aberta. – Respondeu Melissa.

- Vieram aqui pra que? Hoje não tem aula. – Disse ele colocando o óculos.

- Eu sei né débil mental. Viemos aqui pra tirar com a sua cara. – Respondeu ela e riu.

- Tá, agora fala o motivo real.

- A gente veio aqui pra te acordar, e pra pular na sua piscina, já que a minha... Bom, eu não quero limpar a zona sozinha depois... – Isso quer dizer que tinha piscina na casa dela e eu não vi? – E depois ir pra minha casa, já que meus pais viajaram sem me contar... E nem a pau que eu fico sozinha lá sabe... Então, bóra lá pular na tua piscina?

- Beleza... – Taylor disse. – Mas antes, é claro, eu vou trocar de roupa.

- Não, nós vamos pular de roupa e all star. – Respondeu ela e foi procurar algum lugar fechado para se trocar.

- Ela nem é irônica, beleza? – Eu disse, e rimos.

- Não mesmo. – Camilly riu, e depois fez o mesmo que Melissa.

Depois de meia hora, estávamos todos prontos, e iríamos pular da piscina, de “bomba”, mas aí a fresca da Camilly disse que a água tava gelada demais. Peguei ela nos ombros e pulei na piscina. Bom, é claro que ela não parava de gritar e me dar tapas nas costas... E me arranhava também... Mas tirando essa, o pulo foi normal e ela não me matou.

- Seu desgraçado, faz isso da próxima vez e eu te mato! – Ela disse arrumando o cabelo.

Não rolava muita conversa, entre grupo, sabe? Não era como naquelas tardes, em que juntava apenas eu, Camilly, Melissa e Taylor, para ficar fazendo baderna na chácara da minha tia. A gente conversava de tudo, brincava ainda. Acho que isso, é porque ainda tínhamos 6 anos de idade. Mas depois do incidente do aniversário da Melissa, elas se tornaram as piores pessoas do mundo, e eu e o Tay, a odiamos.

Melissa boiava, relaxava, e Luck e olhava boiar. Camilly, abandonada pela amiga, não tinha mais o que fazer, a não ser tentar bater o recorde de segundos que ela conseguia ficar embaixo da água, e implicar comigo. E é claro que eu adorava, e implicava também. O Tay, coitado, ficou isolado, não tinha com quem brigar, nem com quem conversar, já que eu estava sendo quase afogado toda hora. Então ele simplesmente fez a mesma coisa que a Camilly: ficou tentando bater o maldito recorde de segundos em baixo da água.

Camilly veio tentando andar super rápido, mas o Taylor colocou o pé na frente da garota. Aconteceu que ela me deu mais um selinho acidentalmente, coisa que eu não gostei nada, ela quase quebrou meu nariz.

E ai, começaram a me zoar.

- HÁ, DOIS POMBINHOS! – Disse Melissa tirando com a minha cara.

- HAHAHAHA DOIS NAMORADINHOS! – Taylor, o traíra, gritava praticamente no meu ouvido.

- Que pombinhos daonde, quem me beijou foi ela! – Eu me defendi.

- Eu não te beijei! O Taylor colocou o pé na minha frente quando eu estava vindo enxer seu saco, daí eu tropecei e... E te dei um selinho ACIDENTALMENTE! E quase quebrei meu próprio nariz. – Camilly dizia saindo da piscina.

- Nossa. Não agüentou, eu nem te zoei direito e você já vai embora? – Pediu Melissa.

- Não vou embora, eu vou tomar sol. Não acha que eu sou muito branca não? Eu acho. – Respondeu Camilly, estendeu uma toalha no chão, longe da piscina, onde não havia sol, e se deitou.

- Deixa ela, Mely, ela não gosta que tirem ela do sério. – Luck disse.

- Ela não é igual a mim. – Melissa disse, e deu uma risadinha.

Depois do que Melissa havia dito, Luck levou meio a sério e começou a “brincar” com ela.

Sim, Luck afogou a garota. Sem intenção, mas afogou. Ela desmaiou, acho que engoliu muito água... Sei lá, eu não sou médico.

Luck a tirou da piscina, e a levou para a beira.

- Meu deus, e agora? – Pedia Luck, que estava mais branco do que o normal, estava desesperadérrimo.

- ALGUÉM AQUI SABE FAZER RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA? – Gritou Camilly, que estava desesperada.

Melissa estava ficando como no dia do aniversário dela. Meio roxa, e mais branca que o normal. E eu fiquei com medo. Medo que ela e Camilly nos odiassem mais do que odeiam. Iria ser insuportável (mais do que já é) conviver com elas, ainda mais que os pais e o irmão de Melissa foram viajar.

Taylor estava boiando na piscina, e quando percebeu a gritaria, saiu da água e se ajoelhou do meu lado.

- E MAIS UMA VEZ EU PERGUNTO! ALGUÉM AI SABE FAZER RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA? – Gritou mais uma vez Camilly.

Um silêncio horrível permaneceu por três segundos, até que alguém toma forças para respirar, e responde:

- Eu sei.