Alguns dias haviam se passado, desde a conversa sobre voltar para Storybrooke, e Emma e Regina estavam preparando as coisas para realizar a mudança. Emma já havia notificado ao jornal em que fazia alguns trabalhos, que iria embora da cidade, assim encerrando a relação profissional que tinham mantido por esse curto espaço de tempo. Regina avisou Zelena que iria voltar para sua cidade natal, mas se dispôs a continuar ajudando no que ela precisasse com os seus negócios, ao que a ruiva aceitou de bom grado. Zelena inclusive afirmou que estava aliviada em ter seu apartamento de volta, pois tinha começado a achar que iria perder ele para as duas em definitivo, o que causou gargalhadas em todas.

Era sábado à noite, e o apartamento da ruiva estava lotado de caixas e coisas sendo embrulhadas. Ruby e Zelena haviam sido convocadas para ajudarem na organização das coisas, então estavam as quatro mulheres empenhadas em tal tarefa.

— Regina, você é muito abusada mesmo, em pouco tempo conseguiu lotar meu apartamento de tralhas suas, ninguém merece uma amiga espaçosa como você, hein? – Zelena reclamava enquanto fechava mais uma caixa de utensílios domésticos. – Para que tanta coisa nessa cozinha? Até parece que é uma mestre cuca ou algo do gênero.

— Zelena, eu não tenho culpa se você nem sabe para que servem essas coisas que você chama de tralha, e para sua informação são para cozinhar, coisa que eu faço magnificamente bem. – Regina respondeu sorrindo.

— Isso é verdade. – Emma resolveu apoiar sua namorada na conversa. – Regina faz obras primas em forma de comida, eu sou muito sortuda, pois se dependesse de mim, com certeza iriamos morrer de fome.

— Que isso, meu anjo. – Regina se aproximou de Emma que estava guardando uns livros em uma caixa, dando um selinho delicado nos lábios rosados da loira. – Não morreríamos de fome não, iriamos pedir comida de tele entrega. Ai. – A morena reclamou ao levar um beliscão em seu braço. – Mas é verdade, meu amor, nos iriamos ser clientes preferenciais de diversos restaurantes que façam esse serviço.

— Emma, eu sinceramente não sei como você aguenta tanto sarcasmo em forma de gente. – Zelena provocou a amiga. – No seu lugar, eu colocaria a Regina para dormir na casinha dos cachorros.

— Agora eu sei o motivo de elas não terem um cachorro. – Ruby entrou na brincadeira. – Regina tem receio de ter que ir dormir junto dele.

Todas riram, enquanto Regina fechou a cara, resmungando que não era nada disso.

— Então iremos arrumar um cachorro, depois de nos mudarmos? – Emma perguntou animada, elas já haviam discutido ter ou não ter um animal de estimação, mas por morarem no apartamento de Zelena, decidiram esperar para quando tivessem sua própria casa. – Ou vai preferir um gato?

— Emma, não dê essa opção a ela, pois gatos não tem casinha na rua, ela vai optar por eles. – Zelena falou sorrindo sarcasticamente. – Não é, Regina?

— Idiota. – Regina falou colocando a língua para a ruiva, antes de se voltar para a sua namorada. – Você realmente quer um cachorro?

— Sim. – Emma deu de ombros, tentando parecer casual. – Pensei que seria um bom treino.

— Treino? – Regina sorriu emocionada. – Você está tentando me falar, o que acho que esta?

— Não sei. – Emma sorriu amplamente. – Estou?

— Zelena, hora de darmos uma volta. – Ruby puxou a ruiva, que foi a contragosto para fora do apartamento, pois queria ouvir o restante da conversa. – Voltamos mais tarde, meninas.

Emma e Regina apenas assentiram positivamente para as duas amigas, enquanto ainda mantinham o olhar uma na outra.

— Regina, eu pensei muito sobre o assunto. E me sentiria muito mais segura, se primeiro tivermos um cachorro. Além do que, eu sempre quis um dálmata. – Emma mordeu o lábio inferior, aguardando a morena falar algo.

— Podemos ter até 101 dálmatas se você assim desejar. Eu nem sei o que falar, Emma. – Regina sorria, um sorriso de encantamento, visivelmente surpresa e maravilhada com a possibilidade que Emma estava lhe apresentando. – Você tem certeza disso, meu anjo? Não quero lhe pressionar a nada.

— Você não está fazendo tal coisa. E eu penso nisso faz tempo já, apenas não tinha falado nada ainda para você, por querer ter certeza. E eu tenho. Eu quero te dar um filho. E acima de tudo, eu quero ter esse filho com você. Mas ainda é cedo, por isso eu quero um cachorro. Não vão ser necessários 101 dálmatas, um vai ser mais que suficiente para nos manter ocupadas. – Emma sorriu para a morena, que se aproximou devagar, até ficarem a um palmo de distância. – O que você acha?

— O que eu acho? – Regina puxou a loira pela cintura, colando seus corpos. – Eu acho perfeito. Obrigada, Emma. Isso significa muito para mim.

— Eu sei que sim, meu amor. E significa muito para mim também. Não preciso falar, o quanto isso me apavora, mas sei que terei você ao meu lado em cada passo. Tanto para o cachorro, quanto para o nosso futuro Henry. – Emma sorriu e capturou os lábios carnudos da mulher de sua vida.

Um beijo se transformou em vários, e quando Ruby e Zelena voltaram quase duas horas depois, encontraram Emma sentada na bancada da cozinha, com Regina no meio de suas pernas, enquanto explorava o pescoço da loira com seus lábios.

— Francamente, eu não sei porque esperava que vocês teriam continuado a guardar as coisas de vocês. Viu, Ruby? Não podemos deixar adolescentes sem supervisão, elas não têm autocontrole e acabam sempre dando amassos em lugares inapropriados para isso, como a bancada da minha estimada cozinha. – Zelena falou negando com a cabeça. – Terei que redecorar o meu apartamento, não confio mais nos meus antigos moveis, todos devem ter sido batizados por essas duas taradas.

— Deixa de ser chata, Zelena. É só você também batizar eles, assim marca o teu território novamente. – Ruby piscou para a ruiva, que deu uma sonora gargalhada.

— Isso foi um convite, Ruby? – Regina perguntou arqueando a sobrancelha, sabia que as duas amigas andavam envolvidas romanticamente, e não entendia porque tentavam esconder isso dela e de Emma.

— Claro que não. – Ruby respondeu rápido demais, recebendo olhares interrogativos das outras três mulheres, resolveu explicar melhor. – Zelena tem várias pessoas disponíveis para isso, não precisa de um convite meu. – O tom usado por Ruby, não deixou dúvidas que esse fato era desconfortável para ela. – Eu vou pegar mais caixas no depósito.

Assim que Ruby saiu pela porta, Zelena olhou para Regina, tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

— O que deu nela? – A ruiva questionou, recebendo olhares incrédulos de Emma e Regina.

— Sério que você não faz nem ideia? – Regina perguntou debochando.

— Zelena, vai atrás dela. – Emma falou, suspirou fundo e continuou. – Sabemos de vocês duas, é meio difícil não perceber. – Emma sorriu para a ruiva, que tinha os olhos surpresos, pois jurava que estava sendo discreta sobre sua amizade com benefícios. – Está bem evidente que Ruby gosta de você, o que acabou de acontecer aqui, foi uma mulher com ciúmes. E só temos ciúmes de quem realmente gostamos, portanto vá atrás dela e conserte isso.

— Eu... – Zelena estava envergonhada, realmente não tinha percebido que Ruby sentia ciúmes dela. – Bom, eu já volto.

Zelena sorriu para as duas amigas e foi atrás de Ruby. Depois de ver a amiga saindo apressada do apartamento, Regina abraçou Emma e falou enquanto mordiscava o queixo da loira.

— Acho que podemos voltar para o que estávamos fazendo, antes dessas duas nos interromperem.

— Organizando nossa mudança? – Emma questionou com a voz um pouco falha, pois os carinhos da morena em seu pescoço estavam lhe tirando a concentração.

— Você sabe perfeitamente bem, que não é sobre isso que estou me referindo. Ou preciso refrescar a sua memória?

Regina parou os beijos no pescoço alvo e encarou Emma nos olhos. Um sorriso safado apareceu nas feições da loira, que com a voz um tanto quanto rouca desafiou a mulher a sua frente.

— Sim. Eu preciso que você refresque a minha memória. Você pode fazer isso? – Emma mordeu o lábio inferior e Regina abriu um lindo sorriso.

— Não tenha dúvidas que eu posso. Você não faz nem ideia do que eu sou capaz.

— Hum, então me mostre. Eu quero saber. Me mostre do que você é capaz.

Mal terminou de falar, Emma teve seu fôlego roubado por um beijo avassalador e dominante da mulher de sua vida.