Regina acompanhou sua mãe até o seu escritório, todas as vezes que fez isso anteriormente, tinha recebido broncas e reclamações, e tinha certeza que desta vez não seria diferente. Cora sentou em seu lugar, fazendo menção para Regina sentar à sua frente, com aquela mesa entre elas, como um abismo que havia se instaurado na relação de mãe e filha. A morena amava sua mãe profundamente, mas não iria mais fazer suas vontades e desejos. Não quando eles iriam contra seus próprios anseios, e Emma era sua prioridade agora.

— Bom, vejo que a viagem foi prazerosa para ambas as partes. – Cora começou com desgosto evidente em sua voz. – Enquanto seu irmão esperava ansioso e planejou uma festa de boas-vindas. Entende o quanto essa situação é insustentável?

Regina respirou fundo, sempre Killian, sua mãe era incapaz de priorizar sua vida, uma vez que seja. Olhou no fundo dos olhos de Cora e respondeu com o máximo de ironia que conseguiu reunir.

— Claro Mamãe, eu sei perfeitamente bem que minhas ações afetam seu precioso filho. Me desculpe, se pela primeira vez em toda a minha vida, decidi me priorizar.

— Regina, mais respeito. Não esqueça que sou sua mãe.

— A senhora que parece sempre esquecer esse detalhe. Mas tudo bem, estou habituada, são anos de experiências. Vamos direto ao assunto que importa de verdade. Depois desta festa indesejada, iremos conversar com o Kill.

— Então essa foi sua escolha?

— A única que faz sentido. – Regina encarava sua mãe, com um ar decidido, nunca antes visto por Cora. – Eu e Emma iremos assumir o nosso relacionamento.

Cora olhava para sua filha, analisando o quanto ela tinha mudado, desde que Emma Swan havia caído em suas vidas. Regina estava radiante, tinha um brilho em seu olhar e respondia sem medo de lhe decepcionar. Diferente do que poderia imaginar, Cora estava orgulhosa disso, pois finalmente sua filha estava trilhando seu próprio caminho. Não saberia se poderia admitir isso em voz alta, mas com certeza, nunca sentiu tanta satisfação em ver sua filha crescendo como mulher.

— Muito bem, tenho apenas uma pergunta para lhe fazer. – Cora aguardou Regina concordar com a cabeça. – Você a ama?

Regina fez que sim com a cabeça novamente, e com a voz em um tom mais baixo que o normal, respondeu calmamente.

— Mais do que imaginei um dia amar alguém. – Seus olhos estavam lacrimejados. – Eu realmente sinto muito ter sido pela namorada do meu irmão, mas eu não consegui evitar e talvez foi a melhor decisão da minha vida. Amar Emma é diferente de tudo que já vi e vivi.

Cora concordou com a cabeça, levantou e falou encerrando a conversa.

— Espero sinceramente que você seja feliz. – E assim saiu do escritório, deixando Regina sozinha.

Regina deixou escapar uma lágrima solitária, que logo tratou de limpar. Para quem acreditava que o amor era uma fraqueza, nunca se sentiu tão plena sendo fraca. Pensava em seu irmão, iria ser difícil ver o ódio estampado em seus olhos, afinal ele sempre a admirou profundamente, e ela nunca tinha falhado em seu papel de irmã mais velha. Essa falha seria épica e mudaria para sempre o relacionamento deles.

Levantou e estava indo para sair do escritório, quando foi surpreendida por Anita. Nem teve tempo de raciocinar, quando percebeu estava sendo beijada ferozmente pela antiga amante. Tentou empurrar a outra morena, que apertou ainda mais o seu corpo contra o de Regina. Fechou a boca, não permitindo que a língua inesperada lhe invadisse, ainda tentando se livrar do abraço apertado em que se encontrava, foram interrompidas por um bater de porta forte.

Emma havia ido atrás de sua morena, preocupada quando Cora voltou para a festa, e Regina permaneceu no escritório. Os olhos da loira estavam estáticos e incrédulos na cena a sua frente.

— Eu posso saber o que raios essa mulher está fazendo grudada em você? Pode me responder, Regina? – Emma estava muito mais do que furiosa, tudo bem que havia retribuído o beijo do namorado, mas Regina não precisava revidar o gesto.

Anita franziu o cenho, qual seria o motivo de tanta revolta da loira, que namorava o irmão de sua antiga amiga? Aproveitando que Regina ainda estava parada como uma estátua no mesmo lugar, questionou.

— E você tem o que a ver com isso? Que eu saiba Regina é livre e desimpedida, pode beijar quem quiser.

Emma olhou de Anita para Regina, a decepção evidente em seus olhos. Sua amada tinha beijado outra mulher, no mesmo dia que havia lhe prometido estar para sempre ao seu lado.

Regina após a fala de Anita, recuperou sua voz, se exaltando.

— Eu não beijei você, está ficando louca? Você entrou aqui sem ser convidada e me agarrou, eu estava te empurrando, não percebeu que não correspondi ao seu beijo? – Regina falou diretamente para a causadora de toda essa confusão. – Por favor Anita, saia daqui e esqueça que existo!

— Regina? Você sempre apreciou minhas investidas, deixou de gostar de mulher, por acaso?

Regina fechou os olhos, odiava a arrogância dessa mulher, abriu os olhos e cerrou os dentes, praticamente rosnando.

— Anita, eu não lhe devo satisfação da minha vida pessoal. Mas vamos deixar claro uma coisa, eu não estou disponível, nem agora e nem nunca mais. Compreendeu? Ou precisa que eu lhe envie um memorando sobre o assunto?

— Estupida. – Anita olhou para Emma, que parecia aliviada com a resposta de Regina, tinha algo muito errado nessa relação de cunhadas. Ainda iria descobrir o que, mas por agora, achou melhor se retirar. Deixando Emma e Regina sozinhas.

As duas ficaram se encarando em silêncio, não se atreviam a se pronunciar, como se houvesse medo do que seria dito. O silêncio foi quebrado por Killian entrando no escritório.

— Irmãzinha, brigou com Anita? Encontrei ela espumando no meio do caminho. – Killian se aproximou, estranhando os olhares intensos que sua namorada e sua irmã estavam trocando. – Algum problema?

— Nenhum, querido. – Emma se manifestou, olhando para o namorado. – Regina apenas não gostou de uma atitude da amiga dela.

Regina arqueou uma sobrancelha, Emma estava lhe provocando, chamando seu irmão por esse adjetivo carinhoso. Não teria a loira, entendido que foi tudo coisa da Anita? Por qual motivo, estaria agindo desta forma?

— Certo. – Killian respondeu receoso. – Vamos lá para fora, tenho uma surpresa para você meu amor.

Isso fez com que a atenção de Regina, se voltasse ao irmão, que surpresa seria essa? A festa já não era surpresa o suficiente? O que mais ele estaria aprontando?