Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 7
Capítulo 6 - Castelo de areia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal!
Não deixarei vocês sem leitura para o fim de semana!
Aqui vai mais um capítulo fresquinho pra vocês.
Desde já aviso: Emoções fortes!!!
Ótima leitura.



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Assim que chegaram em casa ambos ficaram na cozinha. Suzana sentou-se a mesa e levou as mãos à barriga. Esboçava um sorriso. Carlos olhava aquela cena, mas não conseguia sorrir como ela.
– Quer comer alguma coisa?
– Você vai comer comigo?
– Estou sem fome. Mas você precisa comer alguma coisa Suzana, saiu em jejum de casa e não comeu nada até agora.
– Pode fazer um lanche pra mim então?
– Claro.
Ele abriu o armário e a geladeira vendo o que poderia usar e fez um lanche para Suzana. Não precisou perguntar como ela queria, conhecia cada gosto da mulher como a palma de sua mão, aliás, conhecia a mulher do mesmo jeito que sabia que ela também o conhecia. Exatamente por isso procurou ao máximo disfarçar como se sentia diante dela.
Entregou o lanche e um copo de suco a Suzana que agradeceu. Enquanto ela comia resolveu falar alguma coisa, pois tinha certeza que se ficasse em silencio ela notaria algo de estranho.
– Vamos ter que fazer algumas mudanças aqui em casa.
– Que tipo de mudanças?
– Você não pode fazer esforço, então não é bom ficar subindo e descendo escadas. Você vai ter que ficar todo o tempo lá em cima ou então passar a ficar aqui embaixo. Mas pra isso teríamos que mudar seu ateliê de lugar.
– Não Carlos, isso vai dar muito trabalho. Lá em cima tem banheiro, então acho que vou ficar lá mesmo... Prisioneira dentro da minha própria casa. - diz com um sorriso quase imperceptível.
– Você quis assim, então vai ter que aguentar.
As palavras saíram um tanto amargas demais. Ambos se deram conta disso. Carlos, entretanto conseguiu contornar a situação.
– Estará prisioneira, mas terá um servo sempre a seu dispor durante todo esse tempo. É uma compensação vai?!
Suzana riu e continuou a comer.

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Suzana já estava acomodada no quarto do casal. Dormia. Carlos a observava.
Seus olhos involuntariamente seguiram na direção da barriga dela. O lado racional lhe dizia que aquilo era inútil, não havia nenhuma mudança lá, afinal havia poucas horas que retornaram do médico com a notícia de que ela estava grávida, mas nem assim Carlos conseguiu a encarar por muito tempo. Era inevitável não pensar que aquela criança não era sua.
Saiu do quarto e seguiu em direção ao pequeno escritório que tinha feito em casa. Era um cômodo recente e ele decidiu o montar na casa para não ter que ficar sempre longe de Suzana por causa do trabalho. Uniria o útil ao agradável.
Sentou diante da sua mesa e apoiou a testa na mesma. Ficou assim por um tempo até enfim levantar e pegar o telefone. Discou o número do escritório e esperou.
– Castiel advocacia, bom dia.
– Lia? Bom dia sou eu, Carlos.
– Bom dia doutor Carlos, como o senhor está? Correu tudo bem no médico com a senhora Suzana?
– Sim, correu tudo bem sim. - ele pode sentir a indiferença na própria voz - Por favor, Lia, me mande por e-mail todos os processos que estou cuidando, vou trabalhar aqui em casa por tempo indeterminado. A gravidez da Suzana vai precisar de cuidados especiais e não tenho quem cuide dela.
– Gravidez? - pergunta a jovem com uma empolgação contagiante na voz - Pensei que era apenas uma consulta de rotina. Parabéns doutor Carlos, que Deus abençoe.
Carlos deu um longo suspiro, se forçando a agradecer à jovem.
– Obrigado Lia. Ah, devido a esse afastamento não marque nenhuma reunião. Diga que terei que me afastar pra esse tipo de coisa no momento. Não passe meu celular pra ninguém e anote todos os recados. No fim de cada dia me ligue e passe todos, verei quem é urgente e quem pode esperar.
– Sim senhor. Mais alguma coisa?
– Não, creio que seja só isso mesmo. Obrigado Lia.
– De nada doutor e mais uma vez parabéns pelo bebê.
Ele desliga. Ficou imaginando como seria receber felicitações por um filho que sequer era seu e o pior, mostrar uma alegria que por mais que ele tentasse não conseguia sentir.
Como conseguiria ficar feliz sabendo que a mulher estava grávida de outro homem?
Saiu do escritório e voltou para o quarto, onde viu que Suzana continuava a dormir. Ficou a olhando e imaginando por quanto tempo conseguiria aguentar toda aquela situação, ou melhor, se realmente conseguiria aguentar.

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Passaram se algumas semanas e o casal resolveu contar a novidade para a família.
Muitos felicitaram ao casal, mas não perderam a oportunidade de fazer piadinhas, o que deixou a ambos chateados. Carlos foi o que mais sofreu com tudo aquilo.
Ele estava deitado ao lado de Suzana, com as costas voltadas para ela.
– Carlos?
– O que foi?
– Tudo bem?
– Tudo.
– Você não consegue mentir pra mim.
– Não sei do que está falando.
Ela coloca o a mão no braço dele fazendo que ele se virasse para ela.
– Você está chateado por causa dos comentários não é?
Ele suspira pesadamente. Senta na cama apoiando as costas na cabeceira.
– Estarei mentindo se disser que não.
– Não dê ouvidos. Eu também ouvi muita coisa.
– Mas não o que eu ouvi Suzana. Até agora as vozes ficam fazendo eco dentro da minha cabeça. "Nossa Carlos, não sabe fazer filho não, teve que fazer inseminação?"
Suzana não disse nada, na realidade não sabia o que dizer.
– Imagina se descobrem que além de tudo o esperma nem meu é. Minha vergonha seria muito maior.
– Vergonha? Foi isso mesmo o que ouvi?
– Seja realista Suzana. O filho não é meu.
– Claro que é você é o pai.
– Você sabe que não é assim. Pra você e quem não conhece toda a história vai dizer que é meu filho, mas pra mim...
– Pra você o que?
Ele a olha por alguns instantes. A língua coçava para falar tudo o que sentia quanto aquilo, mas pensou no que poderia causar a ela.
– Pra mim é difícil Suzana, só isso. Agora vamos dormir, estou cansado. Boa noite.
Virou-se novamente na cama dando as costas para a mulher. Palavras se repetiam em sua mente como um mantra. Esse bebê não é seu filho.
Foi difícil pegar no sono.

**************************************************************

Carlos estava ao telefone no seu escritório falando com Lia. A mesma fazia conforme o chefe a instruiu. Todo o dia passava todos os recados recebidos.
Enquanto falava com ela Carlos fazia anotações em uma agenda.
– Certo. Ah sim Lia, quase me esqueci. Me passe os dados da sua conta, vou depositar seu pagamento esse mês. Como não sei quando voltarei ao escritório é bom ter isso em mãos.
A jovem fez o que ele pede. Carlos confirma os dados quando ouve Suzana gritar por ele.
– Lia, preciso desligar.
Sem muitas explicações ele desliga e corre para o quarto onde a esposa estava. Subiu a escada correndo, saltando os degraus de dois em dois.
Chegando ao quarto não encontra a esposa e corre para o banheiro, onde a encontra curvada com uma das mãos na barriga.
– O que foi amor, o que aconteceu?
Suzana levanta o rosto e mostra uma das mãos para ele. Estava suja de sangue.
Sem pensar muito Carlos a pega no colo e corre para o carro. Disparou rumo ao hospital mais próximo e sequer temeu ser parado por algum guarda de transito enquanto dirigia e ligava para doutor Robles ao mesmo tempo.
– Pra que hospital está indo? Estou indo pra lá agora. Mantenham a calma.
Carlos disse em que hospital estava indo, mas nem de longe conseguiu manter a calma. Assim que chegou disparou com a mulher nos braços pra recepção. Dois enfermeiros colocaram Suzana em uma cadeira de rodas e seguiram com ela para dentro de uma porta onde Carlos não fazia ideia de onde levaria, pois não permitiram sua entrada.
Já estava entrando em desespero quando doutor Robles chegou.
– Não sei o que estão fazendo com ela doutor, não me deixaram entrar e nem me falam nada nessa merda de hospital!
– Fique aqui, darei noticias logo.
O médico se identificou e conseguiu permissão para ir onde Suzana havia sido levada.
Quase uma hora após a chegada deles ao hospital que Carlos teve permissão para vê-la.
Ela estava deitada em uma cama, chorando. Carlos deduziu o motivo.
– Sinto muito. Fizemos o que foi possível, mas não tivemos como evitar. Foi um aborto espontâneo. - disse um dos enfermeiros que havia a socorrido. - Acabamos de fazer a curetagem e assim que o médico de vocês terminar de assinar alguns papéis vocês já poderão ir.
Carlos apenas concordou sem dizer nenhuma palavra. Foi até a esposa e segurou sua mão. Suzana não o olhou.
– Sinto muito amor.
Ela sentou com dificuldade, o olhar cheio de fúria direcionado a Carlos.
– Sente muito? Sente muito Carlos? Pode comemorar agora, não era isso que você queria?
A voz exaltada da mulher atraiu a atenção de outros pacientes e dos enfermeiros presentes no local.
– A causa da sua vergonha não existe mais Carlos, pode comemorar.
– Você não sabe o que está falando...
– Ah não? Quem fazia questão de dizer todos os dias que eu esperava um filho de outro homem, o filho de um cara que eu sequer sabia quem era?
Carlos olhou ao redor e viu que todos voltaram à atenção para ela.
– Suzana, para com isso, você não está bem.
– Claro que não estou bem, perdi meu filho, mas pra você isso é ótimo, você nunca quis essa criança não é mesmo? Vai pode comemorar Carlos, sua vontade desde o inicio foi realizada, não tem mais neném nenhum aqui, nenhum!
Ela começou a chorar descontroladamente. Um dos enfermeiros com o auxilio de uma seringa aplicou algo no soro que ela tomava na veia e em pouco tempo ela foi se acalmando.
Carlos olhava a mulher ainda sem acreditar nas palavras que ela havia dito. Sente a mão de doutor Robles em seu ombro.
– Ela vai ficar bem. Vocês dois vão ficar bem.
Carlos não conseguia acreditar nas palavras do médico.


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Notas finais do capítulo

Espero que o coração de vocês tenha resistido. Capítulo tenso não é?
Semana que vem posto mais.
Ah, aproveitando, postei uma One Shot na categoria "Naruto" e gostaria muito que vocês também lessem e deixassem reviews, mesmo que não tenham o costume de ler fics nessa categoria, façam esse esforcinho pela autora amiga de vocês aqui vai... rs. Abaixo segue o link (espero vocês lá =D )

https://fanfiction.com.br/historia/640568/Someone_to_look_after_her/



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