Um novo trilhar escrita por Nyne


Capítulo 18
Capítulo 17 - Linhas tortas


Notas iniciais do capítulo

Antes das minhas desculpas, e mesmo já sendo quase metade de janeiro, feliz 2016 gente!
Peço desculpas pela demora, mas não sei se se lembram, estava em fase de mudança no meu trabalho. Pois bem, ainda estou me adaptando e por ser muita coisa, mal consegui entrar no Nyah e nas fics nesses últimos tempos.
Peço que me perdoem.
Vou postar mais um capítulo, mas não tive tempo de revisar, então caso encontrem erros, por favor, me perdoem ok? Assim que possível vou revisar.
Ótima leitura e desde já, obrigada por não terem me abandonado.



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Carlos e Suzana olhavam o GPS, buscando certeza de que haviam chegado a seu destino.

– É aqui mesmo amor.

– Bom, então vamos entrar.

Suzana e Carlos se dirigiram até o portão da instituição e tocaram o interfone, anunciando sua chegada.

– Marcamos com a senhora Gutierrez.

Assim que termina a frase, Carlos ouve um som metálico. Era o portão sendo aberto.

O casal foi recebido por uma jovem que aparentava não ter mais que 25 anos.

– A senhora Estela já virá atende-los. Por favor, fiquem a vontade.

Carlos sentou em um dos sofás presentes no local, enquanto Suzana observava algumas fotografias espalhadas por quase toda a parede.

Pouco depois, Estela vai pessoalmente recebe-los.

– Boa tarde. Fico feliz que tenham vindo.

– Nós que agradecemos pelo convite.

– Bem, vamos começar? Vou apresentar cada setor da instituição.

O lugar era amplo, bem arejado e passava até mesmo a sensação de um lar. Inicialmente Suzana achou que o lugar estava mais para um colégio interno do que qualquer outra coisa.

Após mostrar todo o lugar, Estela pergunta se querem conhecer algumas das jovens gestantes.

– Podemos? - pergunta Suzana com certa empolgação na voz.

– Claro. Na verdade faço questão que conheçam. Me acompanhem por favor.

Havia mulheres de vários tipos e idades, diferente de como Suzana imaginou. Depois da conversa que teve com Estela, chegou a pensar que só encontraria mães adolescentes por lá, mas não foi o que aconteceu.

Como se pudesse ler os pensamentos de Suzana, Estela começou a dar algumas explicações.

– Muitas das mulheres que estão foram usuárias de drogas ou até mesmo foram abandonadas pelos companheiros. Em grande maioria são moças novas, mas muitas já não são mais consideradas adolescentes.

– Apesar das inúmeras causas que devem ter trazido essas mulheres pra cá, consigo ver que estão felizes. - diz Carlos.

– Fazemos de tudo pra que tenham uma gravidez saúdavel aqui. Além do mais, elas sabem que acima de qualquer coisa, queremos um bom futuro pra essas crianças.

Enquanto Estela falava, Suzana notou que uma moça parecia distante das demais mulheres. Se encontrava sentada em um canto, com as pernas esticadas, deixando a barriga já levemente visível.

– Por que aquela moça não está com as outras?

Estela olha para a moça a qual Suzana se referia e dá um suspiro.

– Ela é um dos nossos casos mais complicados.

– E pode nos dizer porque? - questiona Carlos.

– Claro. Venham até a minha sala, por favor.

O casal a acompanha e ao chegarem, Estela pede que eles sentem, enquanto ela pega uma pasta em seu arquivo.

– Aquela moça se chama Paula e está aqui desde o terceiro mês da gravidez. Acabou de entrar no quinto.

– E qual foi a causa que a trouxe aqui? - pergunta Carlos.

Estela senta-se, ficando de frente para o casal, abrindo a pasta que havia pego minutos antes.

– Melhor começar do começo. Aquela moça tem 22 anos. Filha única de pais muito rígidos. Sempre foi aluna modelo na escola, não tem nenhum vicio.

Carlos e Suzana se olham, sem entender o que aquilo pode ter a ver com o fato da garota estar lá.

– Como toda jovem, sonhava em se casar, construir uma família e, diferente do que podem imaginar por vê-la aqui, queria sim, ter filhos. Conheceu um rapaz e começaram a namorar. Aí que a história realmente começa a ficar triste.

– Imagino o que pode ter acontecido - diz Carlos. - A senhora disse que os pais eram rígidos certo? Certamente a moça engravidou do namorado e ficou com medo dos pais, por isso fugiu.

– Quem dera tivesse sido assim tão fácil senhor Castiel... - diz com um sorriso sem alegria.

– O que houve então?

– Por ter sido criada em um lar de extremo rigor, Paula foi ensinada que deveria esperar até o casamento para se relacionar intimamente com um homem. O namorado sabia disso, mas um dia, cansado de esperar e sem a menor intenção de dar o futuro que a jovem desejava, ele a estuprou.

Suzana leva as mãos a boca, chocada com o que acabara de ouvir, enquanto Carlos pareceu entrar em estado de choque.

– Com medo das ameaças que o rapaz fez, ela não o denunciou. Ele sumiu e deixou a garota sozinha. Após algum tempo ela descobriu que estava grávida e escondeu dos pais, que quando descobriram, não tiveram uma reação nada boa.

– Meu Deus... Coitada dessa menina. - diz Suzana com os olhos marejados.

– Os pais a expulsaram de casa. Disseram que ela era a vergonha deles, que desonrou a família.

– Não acredito que fizeram isso com a própria filha. Monstros! - diz Carlos entre dentes.

– Não acaba aí. Sozinha, grávida, achando que era a culpada por tudo o que estava acontecendo, ela tentou tirar a própria vida. Graças a Deus não conseguiu.

– Como ela chegou até aqui?

– Nós a conhecemos no hospital, no dia em que uma das nossas meninas foi para ganhar neném. Conversamos com ela e depois de muito insistir, a convencemos a vir pra cá.

Suzana aperta a mão de Carlos, que a olha, sentindo o mesmo que ela. Aquela garota havia sofrido tanto ou até mais que eles dois.

– Nós podemos conversar com ela?

– Por mim tudo bem senhora Castiel, mas acho difícil que ela se abra. Tudo o que aconteceu com ela fez com que se tornasse muito fechada, praticamente vive isolada em seu próprio mundo.

– Mesmo assim gostaríamos de tentar, se a senhora permitir, é claro.

– Tem minha permissão, com toda certeza. Além do mais, acho que fará bem a ela. Por favor, fiquem aqui enquanto vou chama-lá.

Assim que Estela sai, Suzana olha para o esposo.

– Será que vai aceitar conversar com a gente?

– Não sei. só nos resta esperar pra ver.

************************************************************

Após algum tempo, Estela abre a porta e Carlos e Suzana ficam surpresos ao ver que Paula estava com ela.

– Vou deixa-los a sós. Com licença.

Assim que Estela sai, Carlos e Suzana se apresentam. Paula, apesar de educada, não os encara.

– Desculpe atrapalhar você... Paula não é? Mas te achei tão triste, tão sozinha lá fora. - diz Suzana, tentando uma aproximação.

– Estou acostumada com isso. Ser sozinha. Doía no começo, mas já passou.

– Faz tempo que está aqui? Se quiser falar sobre isso, claro...

– Pouco mais de dois meses.

– Bem... Você já sabe o sexo? Se é menino ou menina?

– Não sei. E pra falar a verdade, não tenho o menor interesse em saber.

Suzana olha assustada para Carlos, que tenta tranquilizar a esposa com o olhar.

– Seu nome é Suzana não é? E o seu Carlos, certo?

Eles acenam positivamente com a cabeça.

– Imagino que vocês não têm filhos não é?

– Não. Tivemos uma menina, mas ela faleceu. Na verdade, nasceu morta. - diz Carlos, fazendo com que a menina ficasse um pouco baqueada com a informação.

– Não tentaram ter outros?

– Não posso mais engravidar Paula. No dia que minha filha nasceu, tive que fazer uma cirurgia pra retirar o útero.

A jovem fica calada, apenas encarando o chão.

Após algum tempo de um silencio constrangedor, ela cruza os braços e começa a falar.

– Eu sempre quis ser mãe. Ver minha barriga crescer, sentir o neném mexer dentro de mim... Mas hoje, toda vez que olho pra essa barriga, minha vontade é de dormir e não acordar nunca mais.

– Não fale assim moça... - diz Carlos em um tom de voz mais para compreensivo do que repressor.

– Não me importa se é menino, menina, se é um, dois... Não quero me apegar a essa criança, não quero vê-lá, se possível não quero nem ouvir o choro dela quando nascer.

– Me dói o coração ouvir você dizer essas coisas. - diz Suzana com a voz chorosa.

– Se dói seu coração ao me ouvir dizer isso, imagina se conto minha história e de como fiquei assim. - diz apontando com raiva para a barriga.

Carlos olha sério para Paula. Sabia que era natural a raiva que ela sentia, aquele ódio. Ele mesmo já havia sentido aquilo. Se aproximou dela e, mesmo um tanto temeroso do que estava prestes a dizer, não recuou.

– Você sabe qual é o propósito desde lugar não sabe?

– Sei. Assim que essa... Criança nascer - diz praticamente cuspindo as palavras - Vou entrega-lá para adoção e vou desaparecer daqui.

– Não tem medo de se arrepender?

– Nenhum pouco. Se pudesse adiantar a saída dessa coisa de dentro de mim, o faria, só pra sumir desse lugar, dessa cidade, de tudo isso de uma vez.

– Não se importa, mesmo sabendo que nunca mais vai poder ver seu filho?

– Não, não me importo.Isso aqui não é e nunca vai ser meu filho.

– Está certa do que está falando?

– Tão certa quanto a Terra é redonda.

Carlos olha para Suzana, que ainda estava horrorizada com tais palavras.

Ele olha naqueles olhos, decidido a devolver o brilho a eles e também se lembra da frase de sua mãe, que dizia que ele e a esposa deviam dividir o amor deles com quem realmente precisasse.

Olhou brevemente para Paula e em seguida fixou os olhos na barriga dela. A criança que crescia lá, que até então estava destinada a não ter amor algum, receberia dele e de Suzana todo o amor do mundo.

– Você tem razão em uma coisa Paula. Essa criança não é e nunca vai ser seu filho. Porque a partir de agora, essa criança já tem pais.

– Carlos... O que você está falando? - pergunta Suzana confusa.

Mesmo ouvindo o que a esposa diz, ele continua a dialogar com Paula.

– Está disposta a já assinar os papéis onde abre mão da criança?

Paula fica em silencio por um breve momento, enquanto Carlos permanece com a postura firme e Suzana sente o coração disparar dentro do peito.

– Se eu fizer isso, assim que a criança nascer, vou poder ir embora? Assim que tiver alta do hospital?

– Você vai ser livre pra fazer o que quiser, te dou minha palavra. Mas nunca mais você verá a criança. mesmo que se arrependa. A partir do momento que assinar o papel, perderá todo e qualquer direito sobre ela.

Paula olha para Carlos e em seguida para Suzana. Olha para a barriga, mas não dirige nenhum gesto de carinho a ela.

– Vamos chamar a Estela. Quero assinar o que tiver que assinar o quanto antes.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Quero saber a opinião de vocês sobre a Paula. Acham que ela vai mudar de ideia?
Bem, no próximo capítulo muitas coisas vão acontecer. Espero por vocês.
Beijos!



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