Madness Of Teens escrita por Thamiris Malfoy, Marina G


Capítulo 3
Lúcia




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Perdida! Essa era a palavra que resumia o que Lúcia estava sentindo. No meio de tantas pessoas e prédios, ela só conseguia pensar que estava atrasada para a apresentação de calouros da UFMG. Olhou e percebeu os grandes prédios de cor vermelho e branco que estavam em volta, alguns mais alto que outros. Todos com muitas janelas e repletos de adolescentes. Olhou em uma janela e viu seu reflexo, seu cabelo castanho estava preso em um coque frouxo e sua franja estava um pouco bagunçada, os óculos estavam embaçados e seus olhos cinzas estavam mais escuros.
Desistindo da franja Lúcia começou a andar e passando perto de um quadro de aviso, viu que o encontro de calouros seria no auditório que ficava a esquerda. Olhando no relógio viu o quanto estava atrasada e então saiu correndo. Quando Lúcia chegou na porta percebeu que ainda faltavam muitas pessoas, uma pitada de alivio e irritação a invadiram enquanto procurava um lugar para se sentar.
Puxou o mp4 do bolso e pôs os fones, colocando no modo aleatório e ao som de Los Hermanos, Lúcia fechou os olhos e relaxou. Pensou em sua mãe e na avó que haviam ficado na cidade de São Paulo e em como elas ficaram orgulhosa por ela ter passado na faculdade de Direito. Ela fazia tudo por elas, mas nessas horas Lucia sentia muito a falta do pai. Ela balançou a cabeça, afastando as lembranças e voltando a prestar atenção na música, percebeu que um dia seu pai a havia cantado para ela.
Sei que a tua solidão me dói, cantarolou Lúcia, lembrando do pai sentado com um violão de cor âmbar, E que é difícil ser feliz, ele a encarava com um sorriso torto e com olhos brilhantes, Mas do que somos todos nós, a voz dele era calma e cheia de sentimentos, Você supõe o céu, azul era o céu e eles estavam deitados na grama, felizes! Vê, minha pequena?! As coisas mais simples são as que mais importam ele costumava dizer nas diversas conversas que tinham. Conversar com o pai, Arthur era sempre fácil, ele era quem lhe incentivava a fazer tudo o que gostava e nunca perdeu uma apresentação de teatro da filha. Foi ele quem deu a Lucia quase todos os seus livros preferidos mesmo não gostando de ler como a filha - além de lhe passar o bom gosto musical e ensinar a tocar um pouco de violão, coisa que ela não fazia mais, também era o único da família para quem mostrava seus textos. Estas lembranças ainda doíam como milhões de facadas no coração.
Com um solavanco, Lúcia abriu os olhos rapidamente e percebeu que duas meninas tagarelas sentaram ao seu lado. Não percebeu em que momento ela adormeceu, como dizia Fernando Pessoa sentir é estar distraído, e todas as lembranças tinham a esgotado mentalmente, por isso relutante tirou os fones de ouvido e voltou sua atenção para as meninas ao seu lado. Eram gêmeas, de estatura mediana e cabelos ruivos sendo que a única diferença era a cor dos olhos.
Do outro lado estava uma menina com cabelos muito loiros e compridos, a pele era incrivelmente branca e seus olhos eram azuis. Um azul misterioso e profundo. Ela tinha o rosto um pouco redondo, porém delicado. Ficou um pouco intrigada, mas desviou o olhar para o palco bem no momento em que uma mulher com cabelos enrolados e escuros se levantou para falar.
─ Boa Tarde a todos! Sejam bem vindo calouros de 2014. Sei que muitos de vocês estão vindo de cidades distantes, nossa faculdade tem o propósito de oferecer uma educação de qualidade...
Depois de quase duas horas de palestra, Lúcia pode finalmente levantar e sair em meio a uma multidão de adolescentes, olhou no relógio e viu que ainda não passava das quatro. Saiu andando pelo campus, pegou a mochila e procurou seu mp4. Quando acabou esbarrando em alguém e caiu.
─ Ah Droga─ disse Lúcia se levantando, logo percebeu que tinha esbarrado em uma das gêmeas ruivas.
─ Meu Deus, desculpe, desculpe ─ disse a ruiva com olhos amarelos, enquanto a sua irmã gargalhava sem parar.
─ Tudo bem, me desculpe também! ─ disse Lúcia se levantando e pegando a sua mochila.
─ Meu nome é Louise Nottinghan, e essa é minha irmã Lílian ─ disse Louise apontando para a irmã, que estava vermelha de tanto gargalhar.
─ Oi ─ disse Lílian em meio a risadas ─ desculpe, mas foi muito engraçado. Prazer!
─ Ah, meu nome é Lúcia¬ ¬─ e olhando pra Louise, Lúcia perguntou baixinho ─ Ela é sempre assim?
─ Sim ─ disse Louise, rindo da cara de indignação da irmã.
─ Você está sozinha Lúcia? ─ perguntou Lílian
─ Sim, ainda tenho que procurar um lugar para morar, por enquanto a casa dos estudantes é meu novo lar.
─ Nós também, estamos indo comer algo, Você quer ir? ─ Louise disse.
─ Tudo bem, vamos!
Lúcia seguiu as meninas até a cantina da faculdade, onde fizeram o pedido e sentaram-se em uma mesa perto de uma enorme janela de vidro e ficaram conversando sobre várias coisas. As gêmeas começaram a contar um pouco da sua história para Lúcia. Contaram sobre seus pais, e como haviam ficado juntos. Lúcia ficou impressionada com a coragem de Antoni e Elena. Louise contou que o pai morava na Inglaterra e que veio para o Brasil afim de viver o seu amor com Elena. Contou sobre seu irmão mais velho e que ele estava fazendo intercambio no Inglaterra.
Depois que os pedidos chegaram, Lúcia contou que vinha de São Paulo e que há três anos seu pai tinha morrido, relatou como havia acontecido o acidente e que depois passou a viver junto com sua mãe na casa da sua avó Sara. Falou que faria o curso de direito e descobriu que Louise estudaria na mesma turma que ela. Ficou feliz por saber que já conhece alguém. Lúcia sentiu como se já conhecesse as gêmeas a muito tempo, sentindo- se acolhida e amada. Quando saíram da cantina já haviam decidido que morariam juntas, como uma família após se organizarem na nova cidade.


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