— Temos que fazer o cronograma. Começar seu enxoval. Talvez possamos comprar das mãos mais delicadas de todo Uruguai.Um casamento com pompa não se faz do dia para a noite- dizia minha mãe frenética, procurando por algo em uma caixa.

— Quero renda espanhola.-sorri.

— Você terá metros dela.- minha mãe sorriu e me beijou a têmpora.

***

A casa se encheu com ares de festa. A mantilha de renda espanhola que eu tanto queria chegou, junto a outros tecidos finos e delicados, prontos para se transformarem em um lindo vestido de noiva.

— Temos que tirar novamente suas medidas antes de começar a fazer o vestido- disse a costureira passando uma fita pela minha cintura._ Vosmcê é a noiva mais bela que eu irei vestir. – disse a mulher enquanto me tirava as medida. Eu não podia esperar para ver o vestido confeccionado. E também contava os dias para pode entrar na Igreja e ver Bento me esperando no altar.

 _ Permiso- disse Isabel entrando tímida no quarto._É que já faz um tempo que Bento está na sala conversando com papa. Creio que ele quer vê-la, Caetana.

— Já acabei.- disse a costureira sorrindo.

Ajeitei a saia do vestido e enganchei meu braço no de Isabel. Bento estava sozinho na sala.

— Onde está meu pai?- perguntei.

— Um guri o chamou e ele saiu.- disse Bento se levantando e beijando minhas mão.

— Bem, vou deixar ustedes a vontade. Mas vou estar no meu quarto, se precisarem de algo.- disse Isabel saindo da sala.

— Contando os dias para o casamento?

— Desde a primeira vez que a vi. - disse Bento me aconchegando em seus braços fortes.

Saimos da sala e fomos a varanda. O sol começava a se pôr deixando a paisagem ainda mais linda.

Bento passou seus braços pela minha cintura.

— Já pensou nos filhos que teremos?

— Já. Muitos guris,para que em sua ausência eu nunca fique só em sua ausência. Para que eu veja usted em cada um deles.

— Como eu vou conseguir ficar longe de usted minha Uruguaiana? – ele me tomou os lábios em um beijo lento e entregue.

— Quando nos casarmos, vamos para o Sul?     

— Não precisa ser assim tão rápido. Podemos ficar por aqui por mais algum tempo.

— Vou sentir falta daqui. – um nó se formou em minha garganta .Ainda não tinha pensado naquilo, que iria ficar longe de casa.

— Caetana, queria te entregar algo especial. – ele colocou a mão no bolso e tirou uma caixinha delicada. _ Algo especial, pra você usar no dia do nosso casamento. – dentro da caixinha um solitário com uma pedra verde._ Esmeralda. Uma pedra preciosa, mas não tão preciosa quanto os verde de seus olhos.

— É lindo. – sorri e ele beijou o anel que acabara de por em minha mão.

***

Os dias iam se passando lentamente e minha ansiedade só aumentava. O vestido já estava pronto,o enxoval também. A capela já esperava pelo arranjo de rosas brancas e o tapete vermelho.

No ano de 1814,no auge dos meus dezesseis anos, eu subiria no altar para me casar com Bento Gonçalves, o primeiro, eterno e único amor da minha vida.