Desde a pior briga da história de Sirius e Morgana, os dois andavam se evitando, nem mais trocavam insultos quando se esbarravam nos corredores – mas era melhor eles se evitando do que brigando como nas semanas anteriores.

Megan estava animada e aquelas eram as melhores semanas de sua vida. Finalmente, depois de seis longos anos sonhando com o garoto dos cabelos cor de palha, ele era finalmente seu. A única coisa que a entristecia, era o pedido de namoro. Pareciam que estavam namorando e que eram o casal de namorados mais fofos (e insuportáveis, de acordo com Sirius) que Hogwarts já conheceu, mas ele não fizera o pedido direito. Eles apenas se beijaram e – a pesar daquele ser o melhor beijo da vida de Megan – um beijo não necessariamente oficializava uma relação.

Eles estavam em um canto afastado da biblioteca “estudando” – de fato estavam tentando estudar, mas nada os impedia de se beijarem ou roubarem beijos apressados um do outro. Nunca estudar fora tão divertido para a corvina.

– Meggy – chamou Remus uma hora, quebrando o confortável silencio que tinha entre os dois, a garota murmurou um “uhum” e levantou a cabeça, com uma parte de sua consciência pensando no tão sonhado pedido de namoro oficial – Eu... – ele suspirou, como se alguma coisa o preocupasse, por alguns poucos segundos, Megan pensou que ele fosse falar algo como “eu não sei se quero mais ficar com você” – Eu sei que, com Sirius e Morgana afastados desse jeito, eu nunca vou conseguir falar pra todo mundo o que estava escrito na última página do maldito livro – ela estava certa em um ponto. Era algo realmente importante.

A garota sentiu um temor subir em seu peito: - E... E o que estava escrito Remmy? É realmente algo das trevas como você pensava? – ela torcia para que ele não confirmasse, mas, para seu terror, foi o que ele o fez, levando a mão para o bolso interno de suas vestes e tirando um pequeno pedaço de pergaminho amassado, entregando para Megan, que o pegou, desamassando-o com as mãos trêmulas – “Quando aberto e lido, aquela mais amada se envolverá em um perigo mortal” – sussurrou olhando para Remus com lágrimas em seus olhos – M-mas isso... Isso não nos envolve não é? – ele abaixou a cabeça – Por favor, não me diga que você também leu o livro Remus!

– Eu o li – respondeu ele num sussurro, se sentindo absurdamente culpado, cerrando o punho e socando a mesa – eu não sabia o que ia acontecer... Os garotos pediram para que eu tentasse traduzi-lo e... Me desculpe Meggy, eu não sabia... – murmurou ele arrastando a cadeira para mais perto dela, envolvendo-a em um abraço e secando as lágrimas que escorriam por seu rosto – Se eu soubesse nunca o teria lido... Nenhum de nós na verdade. – suspirou pesadamente, afagando seus longos cabelos castanhos – Não vou deixar nada acontecer com você – sussurrou baixinho em seu ouvido e beijando-a suavemente nos lábios logo em seguida. – Vou me sentir eternamente culpado se alguma coisa acontecer. Vou te proteger.

Megan tremia e, pela primeira vez, suas palavras não conseguiram confortá-la. Aquela maldição estava sob ela agora, nada poderia mudar seu destino... Ela poderia passar a vida toda sendo atormentada por isso, não viveria nenhum segundo em paz ao pensar que alguma coisa mortal aconteceria com ela.

Enterrou a cabeça no peito de Remus e desatou a chorar. Nunca se sentira tão vulnerável: - Isso vale para Lily e Morgana também não é? – comentou entre um soluço e outro – Eu sei que, apesar de tudo, o Sirius a ama. Você já contou pra eles? – perguntou levantando a cabeça. Ele negou com um suspiro de pesar e ela encostou sua cabeça em seu peito enquanto era embalada em seus braços, ficaram por bons minutos abraçados, em silencio, Megan escutava as batidas rítmicas de seu coração, como para ter certeza de que ele continuava vivo e Remus estava com os olhos fechados, sentindo seu peito subir e descer, como se também se certificasse que ela ainda estava ali.

– Eu te amo Meggy – sussurrou perto de seu ouvido.

– Eu também te amo Remmy. – respondeu ela com o começo de um sorriso se formando em seus lábios. E, naquele momento, um pedido de namoro fofinho como ela via nos filmes não lhe era mais seu principal objetivo. Megan levantou a cabeça, dando um longo e demorado beijo nos lábios do loiro, aproveitando cada segundo como se fosse o último.

(...)

– O que é “absurdamente importante que vai nos fazer arrepender de nossos atos” que você quer falar? – perguntou Sirius entrando no dormitório aproveitando o tempo livre que tinham depois do almoço (tempo livre no qual Frank Longbottom estava “ocupado demais” com sua namorada Alice “estudando” na biblioteca) se jogando em sua cama, colocando os pés ainda calçados para cima e cruzando os braços para detrás da cabeça – Deve ser algo muito importante mesmo para você não estar “estudando” com a Meg.

Remus tacou uma almofada no amigo: - Vim falar do livro – respondeu ligeiramente chateado por não estar com Megan, queria ficar o mais próximo dela possível para que nada de ruim lhe acontecesse – Coisa que alguém não deixou que eu falasse da ultima vez.

– Tudo bem, fale dessa merda de livro. – disse Sirius bufando irritado.

Sentindo uma raiva inexplicável pelos amigos, Remus não foi tão “delicado” quando fora com Megan na noite anterior na biblioteca, simplesmente tacou o papel com a tradução da última página para Sirius, fazendo o pergaminho voar aberto no rumo de seus olhos: - Vocês acabaram de colocar a vida delas em perigo – disse ele com a voz fria – Parabéns marotos.

James fora ver o que tinha escrito no pergaminho e, assim que o leu, simplesmente congelou. A frase “Aquela mais amada se envolverá em um perigo mortal” não saia de sua cabeça e ele rapidamente, antes que pudesse se dar conta, estava pensando em Lilian, na doce e bela ruiva que ele tanto amava apesar de todos os foras que ela lhe dera. Rapidamente entendera a raiva de Remus e seu corpo foi tomado por um sentimento que raramente sentia. O remorso.

Sirius, mesmo que evitasse, pensou em Morgana. A Malfoy que ele tanto odiava, ou que fingia odiar. Aquela mais amada se envolverá em um perigo mortal. Pela primeira vez em seis anos ele se arrependeu de não ter cumprido o pedido de Remus para que eles devolvessem uma coisa. E fez uma nota mental para nunca mais entrasse na Sessão Reservada, para nunca mais discutir com o amigo sobre algo que ele achava das trevas. Mas de nada adiantaria as suas promessas. A merda já estava feita. Em um ataque de raiva, amassou o pedaço de pergaminho que ainda flutuava na altura de seus olhos e o tacou de volta para Remus, que o desamassou, guardando na gaveta de seu criado mudo.

– Tem como reverter isso? – perguntou James esperançoso num fio de voz, encarando o nada por alguns segundos – Por favor, Aluado, fala que tem como reverter isso? Se alguma coisa...

– Eu não sei. – respondeu ele dando de ombros e suspirando pesadamente – Eu queria poder dizer que tem um jeito Pontas, mas eu não sei. – e fechou os olhos com força quando notou que algumas lágrimas começavam a se formar – Mas vou ver se encontro um jeito de mantê-las protegidas... Ou, pelo menos, vou tentar.

(...)

Remus nunca pediu tanto algo para a Professora Mcgonagall em sua vida. Quase teve que implorar de joelhos, incluindo que se responsabilizaria por todas as merdas que os amigos fizessem dali para frente se ela assinasse a permissão que o fazia entrar a Sessão Reservada. Finalmente, depois de bons dez minutos insistindo, ela cedeu, assinando o termo e o olhando de maneira acusadora, provavelmente pensando que ele procurava alguma coisa para livrar os amigos de alguma encrenca.

E, de certo modo, ela estava certa.

Aproveitou a aula de Poções para conversar com Megan sobre o que tinha conseguido e que não poderiam ficar juntos o próximo horário livre, já que ele estaria ocupado, realmente estudando. Ela não se importou, também estava temerosa com o livro e queria poder ajuda-lo (apesar de que, falar com Flitwik e convencê-lo de assinar o termo que a permitia entrar na Sessão Reservada seria impossível e mais fácil ver um unicórnio voando).

Os dois tempos nas masmorras se arrastavam, Sirius e James se pegavam olhando preocupados para as “suas garotas”, com a culpa os remoendo a cada segundo que se passava e eles planejavam entrar na Sessão Reservada com Remus para ajuda-lo (o loiro rapidamente negara, deixando bem claro que eles poderiam mexer em alguma coisa errada – de novo).

Depois da aula de Transfiguração, Remus fora um dos primeiros a deixar a sala, dando um rápido e apressado selinho em Megan antes de sair correndo para a biblioteca. Mostrara o bilhete assinado por Mcgonagall, permitindo-o entrar na Sessão Reservada para Madame Pince e ela conduziu até o lugar, receosa, abrindo o cadeado que trancava as portas de aço.

– Obrigado Madame Pince – agradeceu o garoto sem esperar por uma resposta e começou a procurar, sem saber direito por onde começar. Queria que Megan estivesse ali com ele, provavelmente ela lhe daria alguma luz por qual prateleira ele iria primeiro – Se concentre Aluado – disse ele num sussurro, se sentindo afogar com todos aqueles livros ao seu redor – um livro de feitiços defensores poderosos – repetiu para si mesmo várias vezes – Um livro de feitiços defensores poderosos, podem ser úteis. Eu acho... – e suspirando pesadamente, focou sua atenção naquele ponto.

Depois de muito tempo, o intervalo estava acabando e ele não tinha achado nada que pudesse ajuda-los. Então, como se o destino brincasse com sua cara, ele encontrou um estranho livro de couro no final da prateleira, bem escondido no meio de dois grossos livros de feitiços das trevas. “Salve a quem ama” era o titulo dele, o garoto soltou uma risada aliviada, pegando-o e o foleando.

– Perfeito! – sussurrou na mesma hora que o sinal batia, indicando o final de seu tão precioso tempo livre e o começo de mais uma chatíssima aula de História da Magia com o professor fantasma. Praguejando baixinho, Remus deixou o livro em um lugar que se lembraria, colocando novamente a mochila nas costas e saindo da Sessão Reservada.

(...)

– Você é mesmo incrível Remmy! – exclamou Megan se jogando nos braços do amado namorado, ele não conseguiu não sorrir, e era a primeira vez que sorria tão naturalmente naqueles últimos dias, ele a girou na torre de Astronomia, não ligando para os olhares de Sirius e James. O sol se punha no horizonte e ele os tinha convocado para mais uma “reuniãozinha na torre de Astronomia” para conversarem mais uma vez sobre o livro. Daquela vez, Morgana e Lilian não estavam presentes, para evitar confusão (já que Sirius e a loira estavam se evitando e James e a ruiva tinham tido mais uma briga).

– Por favor – pediu James educadamente enquanto tapava os olhos quando eles se beijavam – Não façam isso aqui e... Você tem certeza de que vai funcionar Aluado?

– Claro que vai – comentou o garoto ainda abraçado à namorada, dando um rápido selinho nos lábios da mesma. No chão da torre, em cima de um lenço de seda de Megan, tinham alguns fios de cabelo. Um loiro, curto e fino de Remus. Um castanho, também curto, de James. Outro castanho, ondulado, de Sirius. Um ruivo, longo e liso de Lilian. Um branco, com leves ondulações de Morgana. E um castanho, levemente cacheado e igualmente longo de Megan.

– Isso parece aquelas macumbas que os trouxas pensam que fazemos – comentou Sirius mantendo uma distancia segura do lenço e dos fios de cabelo – Como conseguiu os cabelos da Lilian e da Malfoy? – perguntou olhando admirado para Megan.

A garota deu de ombros: - Coisa de garota e a agilidade de uma gata – respondeu ela sorrindo orgulhosa, fazendo Sirius e James revirarem os olhos – Pode começar a... Fazer o que tem pra fazer. – comentou ela se afastando de Remus.

O loiro suspirou, sacando a varinha: - Nos connected – sibilou num sussurro que Megan quase não conseguiu ouvir. Os fios de cabelo em cima de seu lenço de seda, de uma hora para a outra, flutuavam há meio metro do chão, com um estranho brilho dourado envolvendo cada um, os seis fios se uniram em uma só luz dourada, quase cegando os quatro ali presentes.

– Uau. – sussurrou Sirius – Isso foi mesmo parecido com aquelas macumbas que os trouxas acham que fazemos. –Remus revirou os olhos – E o que isso fez, afinal?

– Nos deixaram ligados – respondeu ele – Se elas estiverem em apuros, onde quer que estiverem, nós iremos saber. Nos mantenha ligados, foi o que eu disse. – e depositou um delicado beijo na testa de Megan – Assim, poderei te proteger – sussurrou tão baixo que os amigos não conseguiram ouvir.

Um sorriso se formou nos lábios de Megan e ela puxou para mais um beijo, fazendo Sirius e James soltarem reclamações. Ainda com os rostos próximos e com os olhos fechados, ela sussurrou: - Eu confiaria minha vida a você Remus. Sem pensar duas vezes.