Annie e Finnick - Até que a morte nos separe. escrita por Carmel Verona
Observo cada movimento de Nate enquanto estamos descendo no elevador de volta para o quarto andar. Como ele respira, como fica encarando a porta e como finge não ligar para o fato de eu estar encarando-o.
Ele pigarreia segundos antes da porta se abrir e eu continuo o observando. Ele sai com pressa e entra no andar.
—Ah, querida - diz Lavigne e eu tiro meus olhos do meu novo aliado por um segundo - Aí está voce! Não vai acreditar no presente que te deram.
Lavigne não tira um sorriso do rosto, o que acaba me dando calafrios, mas decido segui-la mesmo assim.
Quando eu vejo, há um vestido em um manequim no meio da sala. É um vestido longo e vermelho, não tem mangas e tem um belo decote.
—Veio com isso- diz Lavigne, me entregando uma rosa branca - Acho que algum admirador estava esperando você ficar sozinha -ela me dá uma piscadela.
Pego a flor e sinto um peso no estômago. Não é de nenhum admirador. Tenho certeza de que é do Presidente Snow.
—Acho que é para você usá-lo no evento amanhã à tarde - Conclui Nate.
Olho para ele, confusa. Há um evento?
—Você vai para o evento? - Pergunta Lavigne
—Vou - respondo em prontidão.
Não existe a opção “não ir”. Aquele não era um convite, era uma demanda. Enquanto Finnick estiver na arena eu tenho que tomar cuidado. Estou pisando em ovos e sei bem disso.
—Onde está Kallos? - Forço um sorriso. Lavigne parece confusa. Me encara como se eu estivesse falando coisas sem sentido algum ou como se falasse em um idioma estranho. -Eu adoraria se ele pudesse me arrumar para amanhã.
—Claro -diz ela, me olhando de um jeito esquisito, sem expressão. Nunca a vi assim - Vou chamá-lo.
Agradeço Lavigne e vou para o meu quarto. Aquela breve interação com a notícia de um evento havia me deixado nervosa. Sento na cama e abraço um travesseiro enquanto olho para a capital. Sinto meu coração bater rápido e forte, então abraço com força o travesseiro e afundo meu rosto nele.
Tento não pensar em Mags, mas é impossível. Uma sensação horrível toma conta de mim, é como se eu estivesse perdendo tudo aos poucos. Minha família, meus amigos, tudo. Rezo para que Finnick não vá também. Me sinto sozinha e solitária, sem nada nem ninguém. Apesar de conhecer Lavigne e Kallos, não posso pedir para eles irem ao distrito quatro comigo. Finnick tem que sair vivo da arena e eu tenho que fazer tudo ao meu alcance para ajudá-lo.
—Ele tinha medo que isso pudesse acontecer - Diz alguém, me tirando dos meus pensamentos.
Levanto meu rosto e vejo Nate encostado na porta.
—Entre - digo para ele e percebo que minha voz está rouca por conta do nó que sinto apertar minha garganta.
Ele entra no meu quarto e se senta ao meu lado, nós dois olhamos para a janela, vendo a capital, com todos os seus banners e avisos sobre o massacre quaternário. As pessoas param para admirá-los.
—Sei que é difícil.
Solto uma risada controlada quando ele diz isso. Mas logo me mantenho séria. Parece o primeiro exercício para fingir sanidade.
—Desculpe - Digo -Eu tenho algumas dificuldades.
—Tudo bem - Ele sorri para mim. - Eu te ajudo com isso.
Faço que sim com a cabeça.
Eu sei de tudo o que Finnick fez por mim, para me manter segura. Fez coisas que ninguém gostaria ou teria coragem de fazer, e essas são as que eu tenho certeza. Não consigo imaginar o que mais ele pode ter feito, mas sei que faz de tudo por mim. Chegou a minha hora de retribuir todos esses sacrifícios.
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