Sui Generis escrita por Human Being


Capítulo 6
Axioma do Sr. Cole: A soma da inteligência no planeta é uma constante, e a população está crescendo.


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior...

Os bravos guerreiros de Ouro e Bronze, acompanhados de sua Deusa protetora na terra, seguem em uma jornada insólita para tentar resolver o... problema do segundo Cavaleiro de Gêmeos. Depois de passagem por Câncer, Leão e Virgem, eles seguem em direção ao Salão do Grande Mestre em busca do conhecimento necessário para reverter essa terrível situação. Enquanto isso, o Segundo Cavaleiro de Gêmeos tenta... Relaxar um pouco e acalmar os ânimos. Porém o Cavaleiro de Virgem está vindo ao seu encontro para confrontá-lo sobre o... estado dos cavaleiros de Ouro que seguem em sua jornada escadarias acima.



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Santuário de Atena, Casa de Gêmeos.

– Kanon!

O referido, ou melhor, a referida abre os olhos ao ouvir a voz ligeiramente anasalada que o chamava na porta da área privativa do Templo de Gêmeos. Percebe, então, que estava quase dormindo dentro da banheira quente onde tinha se colocado; por mais estranha que isso pudesse parecer, dado seu histórico com águas batendo pelo seu pescoço.

Isso não mudava o fato de que alguém o chamava insistentemente na porta. Pelo cosmo...

– Não acredito. O "Chato" de Virgem? Mas que diabos...

– Kanon! Eu sei que você está aí, responda! - Shaka, insistente como sempre foi, tinha simplesmente colocado na cabeça que confrontaria o cavaleiro suplente de Gêmeos e era isso que ele faria. Afinal de contas, essas brigas no Santuário tinham que ter um fim! E, claro, sempre sobrava para ele, logo ELE, colocar um ponto final na situação.

Enquanto isso, Kanon pensava que em condições normais de temperatura e pressão já teria saído pela porta de sua morada para literalmente enxotar o virginiano dali. Não que a ideia fosse ruim, mas como ele faria isso no atual estado em que se encontrava?

– Kanon! Apareça aqui agora! Eu preciso falar com você!

Kanon começou a se enxugar sem fazer barulho, imaginando que talvez, se ele ficasse bem quieto, Shaka se cansaria e iria embora. Bom, pensando melhor, sabia que as chances de isso acontecer eram próximas de zero. Cri-cri como era o virginiano, era bem provável que o sabão que ele planejava lhe passar, pelo motivo que fosse, seria o ponto alto do seu dia. Suspirou, aborrecidíssimo; e ficou ainda mais aborrecido ao perceber que o cosmo de Shaka já não estava mais na entrada dos aposentos privativos do templo, e sim na porta do seu quarto.

– Eu vou contar até três para você abrir a porta desse quarto, senão eu vou colocá-la abaixo! E eu estou falando sério!

"Pense rápido, Kanon, pense rápido!" - Kanon se esforçava para encontrar uma solução. Súbito, uma luz cruzou seus pensamentos. Abriu a porta do armário e colocou a primeira camisa que encontrou pela frente, sem se preocupar com as roupas de baixo de que ele obviamente no momento não dispunha devido ao seu atual estado.

– Um...

Kanon abotoava a camisa apressadamente, mas tendo o cuidado de deixar alguns botões em seu colo desabotoados. Então conferiu se a camisa cobria pelo menos o mínimo necessário de suas coxas.

– Dois...

Kanon deu uma rápida ajeitada nos cabelos.

– Três! - Shaka já se preparava para elevar seu cosmo e derrubar a porta quando foi surpreendido pela abertura súbita da mesma.

– Pronto! Já tá aberta! - Respondeu com voz melodiosa a moça loira, linda e escultural que abriu a porta, exiguamente vestida com uma camisa masculina displicentemente abotoada de modo que tanto suas pernas longas como seu colo farto ficassem à mostra, deixando pouco espaço para a imaginação do indiano. Indiano esse que, aliás, estava preparado para tudo, menos para isso.

– Err...

– O que foi, lindo? Tanta pressa e agora fica assim quietinho?

Shaka, de olhos abertos e vermelho como um tomate maduro, lutava para encontrar as palavras necessárias para interagir com a moça seminua que via à sua frente. Mas depois de muito gaguejar conseguiu formar uma frase completa.

– O-o-o-o-onde está Ka-Kanon de Gêmeos, s-s-senhorita?

– O Kanon agora não vai poder falar com você não, sabe... Ele está meio cansado, a gente teve uma noite meio agitada...

– Moça, v-v-você não e-está entendendo, e-e-eu preciso fa-falar com ele... - Shaka, ainda vermelhíssimo e sem conseguir tirar os olhos do colo da moça à sua frente, teimava em falar com o cavaleiro suplente de Gêmeos. Foi surpreendido pela moça loira que, enquanto lhe olhava de maneira lânguida, saiu do quarto vagarosamente e passou as mãos de maneira altamente sugestiva pelo seu peito.

– Olha, por que você não deixa isso pra lá? O Kanon teve uma noite ocupada, está super cansado, dormindo um soninho... Inclusive eu estou aqui, sozinha, solitária, carente...

– Mo-mo-mo-moça, o-o que vo-vo-você es-está fa-fazendo?... - Shaka parecia às raias de uma apoplexia nervosa.

– ...Então a gente podia aproveitar um pouquinho, né? Você é tão bonitinho... - Disse a moça fazendo biquinho. - Meio mirradinho, mas é bonitinho. A gente bem que podia começar com um beijinho, que tal?

– G-G-GAAAAH! - Essa foi a deixa para que Shaka se desvencilhasse da moça e saísse correndo dali.

– Esse Shaka é uma figura... Seria cômico, se não fosse trágico... - Terminada a encenação, Kanon começou a rir consigo mesmo. - Mas, agora que eu me livrei do chato, vem a pergunta: o que diabos eu vou vestir? Não vai ter uma roupa que me sirva desse jeito. Andar de camisa por aí também não é opção... E eu aposto que o Saga não tem roupa de mulher em casa. Ou pelo menos assim espero...

– Pô, lindona... - A voz grave de Máscara da Morte o interrompeu e fez com que seus olhos se abrissem desmesuradamente. - Tudo bem que o virgenzinho não dá conta de apagar teu fogo, mas se é assim eu bem que posso ajudar...

OOO

Enquanto isso, a trupe que subia as escadas em direção ao Salão do Grande Mestre já tinha passado por Libra e Escorpião, visto que os ocupantes dessas casas integravam o grupo. Mas acabavam de se deparar com outro problema ao alcançar a entrada de Sagitário.

Na porta do templo, tamborilando os dedos nos braços cruzados, se encontrava Aiolos, evidentemente à espera do irmão que um dia fora mais novo. Há muito tinha sentido o cosmo do irmão de volta ao Santuário, mas algo lhe dizia que ele estava arrumando encrenca de novo. Porém nem mesmo o lendário cavaleiro de Sagitário pôde evitar a surpresa ao ver seu irmão todo arranhando, acompanhado de outros cavaleiros de ouro em estado ainda pior.

– Aiolia, o que significa isso? - Aiolos perguntou tentando fazer sua voz parecer intimidadora. O que era difícil: nos seus atuais quatorze anos ela ainda estava oscilando um pouco, apesar do restante do cavaleiro aparentar mais idade do que ele parecia ter. - Aliás, o que aconteceu com todo mundo? Vocês andaram brigando de novo?

– Não, a gente não brigou, pelo menos não agora. - Bufou Aiolia. - Mas ó, a gente vai ter que passar, nós meio que estamos com pressa.

– Não senhor, Aiolia de Leão. Antes vai me explicar o que está acontecendo, tim-tim por tim-tim... ´

É necessário acrescentar aqui que, pese o fato de que Aiolia de Leão já era um homem naturalmente irritadiço, poucas coisas o tiram tanto do sério quanto ser doutrinado pelo irmão como se ainda fosse o molequinho remelento de quem Aiolos seguramente se recordava. Infelizmente para ele, porém, esse era um dos passatempos prediletos de seu irmão.

Mas a situação era grave, e Aiolia não queria começar mais uma briga com Aiolos por conta desse assunto.

– Senhorita... - Aiolia se voltou para Saori, e disse cochichando. - Explica pro Aiolos que a gente precisa passar, ou então ele nunca vai acreditar que essa reunião de gente aqui não significa uma nova ameaça mundial.

Saori assentiu, e tomou a frente.

– Aiolos, olha, eles estão aqui por um pedido meu, sabe? Eles precisam me fazer um favor lá no salão do Grande Mestre...

– Sim, senhorita. Por mim não tem problema deles passarem, mas... O Saga todo quebrado desse jeito faz parte do seu favor? - Aiolos levantou uma sobrancelha. Apesar de seu corpo de adolescente, ele era um rapaz bastante inteligente e vivaz, e que por isso mesmo não acreditara nem um minuto nas palavras da sua deusa (que aliás era uma péssima mentirosa). - Olha, se aconteceu alguma coisa e vocês não querem me contar, tudo bem, mas não precisa mentir pra mim. Especialmente a mando do meu irmão.

Dito isto, Aiolos, já perto de Aiolia, deu-lhe um tapa na nuca.

– Ai, p****! - Aiolia protestou imediatamente, e mais imediatamente ainda levou outro tapa. - Pra que é que você fez isso?

– Primeiro, pela tentativa de me enganar. Segundo, por falar palavrão na minha frente! - Rosnou Aiolos. - Quantas vezes eu já não te falei pra maneirar essa boca?

Enquanto Aiolia levava tabefes do irmão, Milo tentava, sem muito sucesso, disfarçar seu riso.

– Chega, Olos! Eu não sou mais nenhum moleque pra você ficar me batendo desse jeito, ainda mais na frente desse povo! E você, bichinho de m****, vai engolir essa risadinha escrota! - Dito isto, Aiolia quis partir para cima do escorpiano, no que foi imediatamente segurado pelo irmão. - Me solta, Olos, que agora eu pego ele! Eu pego!

– Tá pensando que eu tenho medinho de você, Xaninho? - Devolveu Milo, que prontamente foi segurado por Mu. - Vem aqui, seu gato vira-lata, que eu vou te ensinar uma coisa!

– CHEGA OS DOIS! - A voz majestosa de Shion interrompeu a altercação. - Mas será possível que vocês não aguentam ficar nem cinco minutos sem brigar?

– Gente, VAMOS EMBORA? - Saori pressionou. - Não sei se vocês estão lembrando, mas a gente tem o problema do Kanon pra resolver!

– Que problema do Kanon? - A atenção de Aiolos, antes exclusivamente voltada em deter o irmão, foi imediatamente capturada.

– Não é nada não! - Interrompeu Saga, já impaciente. - Agora pelo amor de Zeus, vamos embora?

– Ei, mas é sério! Qual é o problema do Kanon? – O jovem cavaleiro de Sagitário continuava insistindo.

O lendário Aiolos de Sagitário tinha um defeito, apesar de sua propalada perfeição: Era curioso. Extremamente curioso. Tanto é que foi um dos primeiros a descobrir o segredo dos gêmeos e muitas outras coisas do Santuário, tudo isso devido a sua curiosidade. Aliás, foi isso que definiu sua morte, e salvou a vida da pequena Deusa Atena, que contava à época com quase quatro anos de idade (1): Aiolos ouviu um barulho e resolveu ir ver o que era. Não diziam que a curiosidade matou o gato? Nesse caso, foi o arqueiro. Mas fato é que para capturar sua atenção basta isso: uma história incompleta e que ninguém se dignava a dividir com ele.

– O Kanon virou uma garota! - Seiya, assim como Aiolos, era extremamente curioso; mas diferia do cavaleiro de Sagitário por simplesmente não conseguia manter a boca fechada.

– Hein?- Aiolos ladeou a cabeça, enquanto os outros cavaleiros olhavam para cima com uma expressão desconsolada. - Seiya, deixa de brincadeira. Qual é o problema do Kanon?

– Seiya, pelo amor que você tem à vida, mantenha essa boca fechada! - Dohko já estava ficando alterado.

– Fala sério, você está pedindo pro Seiya calar a boca pelo amor que ele tem à vida? - Hyoga não disfarçou um risinho. - Péssima escolha, mestre. Esse aí não tem amor NENHUM à vida. Vocês já deviam saber disso, não?

– Aiolos, eu não estou de brincadeira! É verdade! Se estiver duvidando, passa na casa de Gêmeos para ver!

– NÃO, não, espera, não faça isso. - Aiolia interrompeu o Pégaso, capturando o olhar aturdido do irmão para si. - Aiolos... Me prometa agora que SOB NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA você vai aparecer lá.

– Mas...

– Aiolos, NÃO! - Aiolia estava se desesperando.

Conhecia o irmão e sabia do seu defeitinho. Já conseguia ver Aiolos descendo feito uma bala para ir conferir a novidade, apenas para ser trucidado pelo ex-rapaz enfurecido. E ele, não só como cavaleiro, mas como bom namorado de amazona de prata que era, sabia que a combinação da fúria de uma mulher com técnicas avançadas de luta podia ser fatal.

– Aiolos... - Mu resolveu intervir, usando seu melhor tom professoral e doutrinário. - Eu quero que você dê uma boa olhada na gente. Agora, dá uma boa olhada no Saga. É, foi o Kanon que fez isso com a gente. Ele realmente virou uma mulher porque caiu numa lagoa encantada, antes que você pergunte não foi uma cirurgia de mudança de sexo. Mas o certo é que no momento ele está absolutamente puto da vida e nós estamos subindo para tentar achar uma solução antes que ele se torne um serial killer de saias. Então agora você já sabe de tudo, e se descer lá pra conferir o que aconteceu você estará por sua conta e risco. Fui claro?

Aiolos piscou várias vezes, mantendo silêncio.

– Mas... Será que agora ele não está mais calmo? - Aiolos perguntou inquisitivamente. - Bom, eu podia descer lá só como quem não quer nada...

– Falta de amor à vida é mal dos sagitarianos em geral? - Hyoga perguntou, irônico.

– Aiolos, pelos deuses, deixe de se comportar como um molequinho curioso! - Saga explodiu. - Se tá todo mundo falando pra você ficar fora disso, fique fora disso! Ora!

– Ei, você veja aí como fala comigo! Não sou curioso e muito menos molequinho! - Aiolos rebateu imediatamente, recebendo em troca um olhar carregado de ironia do cavaleiro de Gêmeos.

– Bem se vê... - Saga ia rebater algo, mas Saori já estava perdendo a paciência.

– Gente, VAMOS ANDANDO? Senão a gente fica o dia inteiro nisso! - A Deusa exclamou, exortando todos a seguirem adiante. - Vocês estão esquecendo que ainda falta passar por Capricórnio, Aquário e Peixes?

E, enquanto todos seguiam em frente, Aiolos ficava para trás, matutando sobre o paradoxo que Saga lhe impusera, mesmo que involuntariamente.

Se ele ficasse quieto em seu templo, morreria de curiosidade. Se ele descesse para averiguar a situação, acabaria por dar razão ao geminiano!

Pouco tempo depois, Aiolos solta um grunhido e sai como uma bala em direção à porta da frente de seu templo.

OOO

Casa de Gêmeos...

Kanon, uma vez mais, acabava de se arrepender amargamente de mais um de seus planos infalíveis.

Não que o plano tenha dado errado. Shaka, a uma altura dessas, deveria já ter corrido até a Índia, tamanha a velocidade com que saiu ventando do terceiro templo. Mas o que Kanon não previra é que Máscara da Morte, justo ele, estaria entrando exatamente na hora em que ele 'seduzia' o Homem Mais Próximo de Deus.

Agora Kanon se encontrava no corpo de uma mulher seminua e perigosamente exposta diante do cavaleiro da quarta casa, tido como antigo cavaleiro mais cruel do Santuário e promíscuo de primeiríssima categoria.

– E aí, como vai?(2) - Disse o italiano, lançando para a 'moça' seu melhor olhar 43, seu mais safado sorriso e seu tom de voz mais sedutor. Isso talvez faria qualquer mulher a considerar a hipótese de passar uns bons momentos com o rapaz, mas em Kanon teve o efeito oposto: Fez que todos os seus pelos se eriçassem e uma expressão de horror surgisse em seu rosto.

Imediatamente Kanon começou a imaginar uma rota de fuga rápida, a mais rápida possível...

– Mas o que é isso, gatinha? Eu te assustei? Eu não mordo não! Quer dizer, só se você quiser, aí...

– Não é nada disso que você está pensando! - Disse o ex-rapaz, afastando-se do outro e aproximando-se da porta de seu quarto enquanto exortava sua mente para pensar numa saída, rápido.

– Gatinha, eu só vou pensar no que você quiser, viu? - Máscara, como um raio, bloqueou a porta do quarto e já se lançava a perseguir a moça loira e linda ainda há pouco se oferecia sensualmente ao cavaleiro de Virgem, não deixando de pensar consigo que tinha tirado a sorte grande. - Mas então, vem aqui com o papaizão que eu vou te mostrar uma coisinha, quero dizer, uma coisona...

– Máscara da Morte! - A moça, sem opção quando se viu cercada pelo italiano maior do que ela e com cara de predador sexual, resolver parar o canceriano pelos ombros com um tranco. - Não é nada disso que você está pensando, cara! Acredite!

– Huuum, mas eu não tô pensando em nadinha, eu juro! - Continuava o outro, num tom de voz grave e melodioso e, enquanto perseguia a 'garota' pelo templo, a envolvia numa 'dança de acasalamento' que até o momento só estava arrancando dela uma expressão horrorizada. - Mas por que é que você está tão arisca, meu docinho? A gente não vai fazer nada que você não queira...

– Que docinho o quê! Sai de perto de mim!

– Mas gata, você não estava tão arisca assim com o Budinha, por que agora tá se fazendo de difícil?

– Sai de perto! Sai de perto! - Kanon continuava se esquivando do canceriano, pensando se não era melhor soltar logo uma Explosão Galáctica na cara dele e se livrar logo do assunto. Mas, apesar da situação insólita, ele tinha consciência de que seu cosmo estava tão desbalanceado quando seu corpo; um ataque de cosmoenergia seria uma má idéia. Espancar o cavaleiro de Câncer, como fez com os outros, também não era: O cavaleiro de Câncer era um excelente lutador que também não se negava a utilizar técnicas 'ortodoxas' quando necessário. Além disso, Máscara da Morte queria lutar para capturá-lo, os outros não. Kanon sabia que, em seu íntimo, correria um risco enorme se continuasse a briga com o canceriano, que podia ficar 'ligado' com isso e aí sim ele estaria em uma enrascada.

Enquanto isso, Máscara continuava a perseguir a loira pela área privativa do templo de Gêmeos, certo de que depois que a apanhasse, com certeza a 'pegaria de jeito'... E, finalmente, conseguiu agarrar o braço da garota para lhe dar uma boa prensa na parede. Assim que tentou, porém, foi sumariamente atirado até a outra ponta da sala pela loira que, aparentemente, era bem mais forte do que parecia.

– TIRA ESSA MÃO CHEIA DE DEDOS DE CIMA DA MINHA PESSOA! Seu tarado idiota, tá pensando o quê? - Berrou a moça, que já não parecia mais apavorada; estava possessa.

– Gata, deixa de fazer doce que ainda agorinha você estava toda oferecida pra cima do Shaka! - Máscara estava ficando meio irritado, mas ainda teria o sabor da conquista. Ah, se teria. - Então agora não vem dar de santinha pra cima de mim não!

– Mas nem que eu tivesse realmente dando mole pro Shaka, eu NUNCA, JA-MAIS daria mole pra você, seu imbecil!!! - Berrou de volta a moça, que de novo se esquivava do italiano, que já tinha levantado e partido para cima dela como um raio, apenas para levar outro safanão. - EU JÁ DISSE QUE NÃO É NADA DISSO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO! Máscara, para com isso! Eu não sou uma mulher, eu sou o Kanon!

Máscara, desta feita, imediatamente interrompeu suas 'táticas de sedução' e olhou para a moça com estranheza.

Inegavelmente essa afirmação o 'broxou' um pouco. Afinal ele, como bom homem promíscuo que era, já pegara muita mulher na vida e não tinha preconceitos; mas se tinha uma coisa que ele não gostava era de mulher doida. Tinha péssimas recordações de mulheres doidas. E para que aquela loiraça estivesse dizendo que ela era Kanon de Gêmeos, era uma de duas: Ou ela estava mentindo ou ela era maluca. E nenhuma das duas coisas era bom sinal.

– Ok... - Máscara deu um suspiro resignado. - Eu admito, fui meio rápido demais... Vem cá, vamos conversar um pouquinho antes pra gente se -heh- conhecer melhor...

– Ai, minha santa paciência... Máscara! - A loira impacientou-se. - Não tem conversa nem meia conversa! Eu sou o Kanon, já falei...

– Lindona, deixa de brincadeira chata...

– Eu NÃO estou brincando!

– Não? - Máscara deu uma risada seca, misturando espanto e ironia. - Ok, falando sério agora: Querida, você andou usando alguma coisa?

– Bem que eu gostaria, pelo menos eu não estaria numa situação dessas! Mas não!

– Então você está tirando uma com a minha cara?

– Não! É verdade, eu juro pelo... Pelo sangue sagrado de Athena!

– Mocinha, vem cá: Você realmente quer que eu acredite numa loucura dessas? - Máscara da Morte já estava ficando bem irritado. - Você está brincando com fogo, e vai acabar se queimando...

– Olha, eu estou falando a verdade e eu posso provar! - Kanon continuou, visto que o canceriano levantou uma das sobrancelhas. - Duvida, Domenico Pierino Lucchese?

– Como... Como você sabe meu nome verdadeiro? - Máscara arregalou os olhos em surpresa. - Não, não... Eu me lembraria se eu tivesse saído com uma mulher como você. Ou então eu enchi a cara de verdade e acabei te falando meu nome!

– Não, seu idiota! Eu estou falando a verdade! Eu sou o Kanon, cara!

– Que Kanon o quê! Nem que quello strupicio tivesse resolvido virar uma travecona! Ainda assim não seria você, que é mais baixa do que ele e não tem gogó!

– Travecona é o seu c*! - Bradou a moça, indignadíssima. - Aliás, papaizão, se eu não fosse o Kanon como é que eu iria saber, por exemplo, que fui eu quem te arrumou os remédios pra você tratar aquele probleminha que você teve depois de ter passado o Carnaval no Brasil?

– O q... Ele JUROU que não falaria isso pra ninguém!

– EU NÃO FALEI, ESTÚPIDO! Mas, se você continuar me enchendo desse jeito, eu conto pra todo mundo que você voltou de lá com gonorréia!

Máscara da Morte parou de falar e olhou atentamente para a moça diante de si, assombradíssimo.

– K... Kanon?

– Ah, finalmente! - Exasperou-se a moça.

– Mas... Como pode isso?

– Aquela coisa toda com o Shaka era que eu queria um jeito de enxotar o indiano daqui. Mas era tudo fingimento. No momento, infelizmente, eu sou o Kanon... - O ex-rapaz soltou um suspiro resignado. - Antes que você pergunte, NÃO foi uma cirurgia de mudança de sexo.

– Isso eu percebi...

– Como?

– Kanon... Principiante cê sabe que eu não sou, né. - Máscara da Morte deu uma risada seca, ainda observando atentamente os detalhes anatômicos da loira. Levou um tapa na mão, porém, quando tentou levantar um pouco a camisa dela para dar uma conferida na sua retaguarda.

– Qué isso, rapaz? Quer que eu te quebre a cara? - Kanon protestou imediatamente. - Ó o respeito!

– Cara, foi mal, eu sei que é você quem tá aí dentro de 'recheio', mas... A tua nova 'embalagem' tá primeira de luxo! Kanon, você se deu conta de que você virou uma p*** de uma gostosa?

– Muito obrigada por reparar, carcamano abusado! - Kanon deu outro tapa no italiano. - Agora me fala se não é o cúmulo do azar.

– Mas como foi isso? Você não tava na China aturando o digníssimo Dohko de Libra?

– Eu sei lá! Tudo que eu sei é que os imbecis do Milo e do Aiolia começaram a brigar e eu, numa das minhas crises de burrice, resolvi me meter no meio pra tirar o Mu da reta. Acabei levando um golpe e caí dentro de uma lagoa que dizem que é mágica. Aí... eu acordei aqui, assim.

– Gente, que absurdo... - Máscara continuava bestificado. - Mas e aí?

– E aí? E aí que eu não tenho a mais mínima idéia do que fazer pra consertar isso.

– E o Dohko? Ele não tem uma idéia de como te tirar dessa?

– O velho não sabe de nada. Um inútil, isso o que ele é e... Que barulho foi esse?

"Ops" Pensou Aiolos, enquanto tentava se esgueirar entre uma das colunas da entrada da sala privativa de Gêmeos.

Em menos de uma fração de segundos, porém, tinha diante de si Máscara da Morte e uma beleza loira que não se comparava a nenhuma outra que tinha visto em sua vida. A lástima, porém, é que ambos estavam com cara de pouquíssimos amigos...

– Errr... Oi?

OOO

Conseguirão os cavaleiros de Ouro e Bronze, juntamente com sua Deusa Protetora, chegar sãos e salvos no Salão do Grande Mestre? Ou serão novamente impedidos pelas agruras do Destino? Conseguirá Aiolos de Sagitário sobreviver ao fato de ter sido novamente pilhado no lugar errado, na hora errada e metendo o bedelho onde não é chamado? Ou será então o fim do Arqueiro de Ouro e ele novamente perecerá sem conhecer os prazeres da carne?

Tudo isso e muito mais nos próximos capítulos!

Stay tuned!


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Notas finais do capítulo

1 - Bem, deixem-me explicar: Para deixar a história toda mais plausível (e convenhamos, em MUITOS momentos a história original de Kurumada não faz sentido nenhum), eu tomei a liberdade de fazer algumas modificações:

— A primeira delas é Saori Kido ser uma menininha de três anos, e não uma recém-nascida no momento em que foi 'raptada' por Aiolos e levada aos cuidados de Mitsumasa Kido. A mesma alteração eu faço para os outros cavaleiros de bronze, que seriam todos três anos e uns quebradinhos mais velhos do que suas idades originais. Vamos combinar: Seiya, Shun, Hyoga, Shiryu e cia. ilimitada. com dezesseis, quase dezessete anos de idade à época dos acontecimentos da Saga do Santuário é bem mais imaginável do que um bando de moleques de treze anos hipertrofiados. O mesmo vale para Saori Kido, Ikki e todos os outros cavaleiros de bronze.

— Os cavaleiros de Prata vão ganhar quatro anos em suas idades originais. Inclusive, e principalmente, as meninas!

— Os cavaleiros de Ouro mais velhos (Saga e Kanon) mantém suas idades originais. Mas, eu não acho plausível que Shura, um moleque de dez anos de idade, pudesse matar um rapaz de catorze. Então eu vou deixar o capricorniano com atuais vinte e seis anos de idade, três a mais do que sua idade oficial (tá, continua forcação de barra acreditar que um moleque de treze anos seria capaz disso, mas ok, deixa assim mesmo...). Todos os outros cavaleiros de ouro ganharão mais dois anos em suas idades originais, o que deixaria Máscara com vinte e cinco anos, Afrodite com vinte e quatro anos, e os outros, que teriam vinte, ficam com vinte e dois. E Aiolos, como já explicado, foi trazido de volta nos mesmos catorze aninhos que tinha quando perdeu a vida. Pobrezinho.

2 - Para ter uma idéia melhor da cena, basta imaginar MM falando como Joe Tribianni: How are you doing?