Beacon Falls: Parte 1 escrita por Bloody Unicorn


Capítulo 21
Elena




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Depois de andar pela cidade vazia, eu vou até a ponte. A ponte onde meus pais morreram, onde eu deveria ter morrido junto. Não havia nada lá também. Eu suspiro e me deito no asfalto.

Nada acontecia. Comecei a pensar em tudo que tinha acontecido nas últimas semanas. Era estranho pensar em quanta coisa havia mudado em tão pouco tempo.

Depois do acidente, eu precisava de alguém. Não de um amigo, ou de um irmão, ou uma tia. De alguém. E Stiles sempre esteve lá. Cheguei a conclusão que não foi idiotice achar que ele poderia esquecer ela por mim. Eu fui sua primeira em tudo e ele teria esquecido, se Lydia não tivesse começado a se importar com ele logo depois. E Dean... Bem, ele poderia ser uma substituição temporária. Mas algo me dizia que se nós ficássemos não seria temporário, e eu não queria isso. Eu ter ido no hotel no dia anterior, foi algo muito desesperado. Ele não seria uma distração, e tudo que eu precisava era de uma.

Se eu pudesse contar para minha mãe tudo que estava acontecendo, ela provavelmente apenas sorriria e diria para eu seguir meu coração. Só que eu não tenho ideia do que meu coração quer. Sei o que minha mente e corpo querem. E isso é algo fácil de resolver.

Continuei com meus devaneios até ouvir um barulho forte na água. Me levantei num pulo e olhei para o mar, embaixo da ponte. Não havia nada ali. Então, eu olho para o lado e me vejo. Desmaiada no chão, na beirada do mar.

Eu vou até lá e me assisto, colocando toda a água dentro de mim para fora.

“É tudo minha culpa.

Eu ouço eu dizer, chorando. Não me lembrava daquilo, de nada daquilo. Tudo que me lembrava era estar dentro do carro e então, hospital. Duas pessoas, que eu não reconheci, se aproximam e me ajudam. Uma delas entra na água para buscar meus pais. Eu assisto enquanto os corpos de meus pais e o meu são levados.

Eu estava acordada dentro da ambulância. Eu conversava com os paramédicos. Estava completamente consciente.

“Tente se acalmar e nos conte o que aconteceu.”

“Estava tudo bem, a gente ia... a gente ia...”

“Não consegue se lembrar para onde estavam indo?”

“Iriámos buscar meu irmão na casa da minha tia... é, é isso.”

“O que aconteceu quando estavam na ponte?”

“Eles tavam discutindo... eu acho, não lembro porque. Eu tentei distrai-los, tentei fazer eles pararem. Eles me mandavam parar mas eu queria que eles parassem, eu... Ah, minha cabeça.”

“Tudo bem, deite-se. Já estávamos chegando.”

“Cadê eles? Eles tão bem?”

“Já estávamos chegando”

E então eu apago.

Porque eu não me lembrava de nada daquilo? Da discussão, da queda...

Meus pais vão para o necrotério e eu fico sedada até minha tia, Jenna, chegar. Eu assisto de fora da sala, enquanto ela me conta o que aconteceu. E eu enlouqueço. Literalmente, a culpa era minha e eu não estava aguentando aquilo. Um dia depois, me levam para a ala psiquiátrica e eu ouço Jenna falando com um senhor do lado de fora. Eles falavam alguma coisa sobre hipnose. Ele oferece ajuda, dizendo que apagaria a lembrança, e assim, a culpa. Tudo teria sido causado pela pista escorregadia, e não pela pista escorregadia e minha teimosia. Jenna consente logo após assinar os papeis para ser minha guardiã e de Jeremy. Eu acordo dois dias depois e tenha que lidar com o luto. Mas o luto causado por uma simples chuva e uma estrada molhada.

Vou até o necrotério e fico olhando seus corpos, durante o que parecem horas. Eu não iria chorar. Estava cansada de chorar.

Mas então, as lembranças do carro começam a me atingir. Comecei a lembrar da discussão, de eu chamando a atenção deles. De Stiles me mandando mensagem me perguntando sobre o trabalho de biologia. De eu tentar mostrar ao para meu pai no celular e ele tirar as mãos do volante por dois segundos. O suficiente para o carro derrapar e cair. Me lembrei de lutar contra a falta de ar. De ver meus pais desmaiados e de tentar tirá-los da água, sem sucesso. Eu saindo do carro e conseguindo ar. Eu já sabia que eles estavam mortos. E não aguento. Choro e grito mais do que era humanamente possível. Eu me odiava. Eu deveria ter ficado dentro do carro. Era minha culpa.

...

Depois de eu implorar perdão para dois cadáveres, eu acordo. Sinto lágrimas correrem pelo meu rosto e percebo que estava chorando de verdade. Olho para Dean e vejo que seus olhos estavam tão vermelhos quanto os meus deveriam estar. Mas ele não estava mais chorando. Ele encarava o chão, com a cabeça encostada no joelho. Mais tarde eu descobriria, que tudo que falamos em nossas mentes também foram ditos no mundo real, por isso eu estava chorando quando acordei.

Olho para minha direita e vejo que Stiles ainda estava dormindo. Não havia lágrimas em seu rosto e ele estava imóvel. Deaton e Sam estavam mais afastados. Noto que Sam estava conversando com Derek dentro do carro enquanto Deaton estava lendo algo, encostado em uma árvore distante.

–-- Você ta bem? –-- Ouço Dean perguntar e me viro para ele, que continuava na mesma posição.

–-- Não. –-- Eu respondo. –-- Acho que nunca mais vou ficar bem. –-- Era verdade.

Ele retira o braço direito do joelho e estende para mim. Eu me aproximo um pouco e o deixo me abraçar, enquanto minha cabeça pousa em seu joelho e a dele em cima da minha. Ele passa a mão por meu braço repetidamente e aquilo me da um certo conforto. Então beija meu cabelo e me sinto segura. Mas a culpa não se vai, e eu sabia que nunca iria.

Ficamos assim durante um bom tempo. Eu sentia meus pés ficarem dormentes mas não quis sair dali. Era como se eu finalmente tivesse achado meu porto seguro. E eu sentia que era recíproco.

Eu abro meus olhos quando ouço passos na minha frente. Era Deaton, ele estava com um olhar de preocupação.

–-- O que foi? –-- Eu pergunto, saindo dos braços de Dean, relutantemente.

–-- Dean ficou fora por uma hora. Você, por duas. Mas, Stiles... –-- Ele engole em seco. –-- Já vão fazer quatro horas e meia. E isso talvez não fosse um problema se ele estivesse demonstrando o que está acontecendo em sua mente, como vocês fizeram.

–-- O que isso quer dizer? –-- Pergunta Dean, se levantando e me ajudando a fazer o mesmo.

–-- Talvez devêssemos tirá-lo daqui.

–-- Não podemos tira-lo daqui! –-- Eu podia sentir a irritação começando na voz de Dean. –-- Você nos disse que ficaríamos deitados aqui até acordamos! Ele não acordou ainda. Como vamos saber que isso não vai ferrar a cabeça dele??

–-- Eu temo que se não tirarmos ele agora, as consequências podem ser muito piores. Eu lhes avisei que a porta estava aberta por muito tempo e...

–-- Não me venha com esse papo! –-- Dean aponta o dedo na cara do Dr e eu tento puxa-lo, em vão. Sam e Derek se aproximam. –-- O que ta acontecendo com ele? Você não é um sábio, ham? Então me diga porque ele não acordou até agora!

–-- Eu não tenho como lhe dar essa informação porque as possibilidades são infinitas. Meu papel é aconselhar, e agora eu aconselho vocês a levarem ele a um hospital.


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