Após a noite atormentada Kawori acordou na simples casa feita de tijolos e bem simples. Ao ver a luz do sol em seu rosto, percebeu que o dia estava quente demais para o seu gosto, aquilo já mudava totalmente seu comportamento diário. A deixava com um mau-humor insuportável.

–Kuso! - Reclamava ao enfiar seu rosto no travesseiro.

Do outro lado da simples casa, estava Gray e sua nudez.

Como proprietário, ele tinha sua própria maneira de esfriar seu quarto, quatro cubos enormes de gelo nos quatro cantos de seu quarto. Assim, não ficaria incomodado com o sol, assim como Kawori estava.

–Toc-Toc. - Kawo batia na porta de Gray. -Venha abrir essa porta! Eu estou com calor e quero permissão para fazer...

–Pode fazer o que quiser. - Ele abriu a porta rapidamente e interrompeu o final da frase da garota. Sem nem mesmo se tocar, ele apareceu completamente nu em sua frente e ela ficou boquiaberta com a cena que estava ali diante de seus olhos azul celeste.

–Suas roupas... - Ele olhou para si mesmo e imediatamente foi coloca-las, sem nenhum tipo de estranhamento naquilo. -Por que sou uma das únicas que não tem essa mania?! - Gray a olhou questionando sua pergunta retórica. -Você e Lyon sempre faziam isso quanto crianças, Lucy sempre está nua, Natsu sempre queima as roupas dela.

–Talvez você seja a única normal entre nós, nunca se sabe. Fairy Tail pode ter salvação. - Ele riu sentado no baú que ficava no meio de seu quarto enquanto colocava suas botas.

–Não.. Isso não é legal! A guilda tem a anormalidade mais legal que já vi! Não posso ser normal. Tenho que ter algo estranho também... - Colocou a mão sobre o queixo e começou a pensar em algo que a diferenciasse também.

–Sua mecha. - Respondeu sensato.

–Ela não é estranha! Qual é a sua?

–Não tem ninguém na guilda com cabelo branco e uma mecha azul escuro, ou tem? - Ele se virou para ela.

–Não...

–Então. Sua diferença é a mecha. Se você não a tivesse, talvez não teria me chamado a atenção. - Respondeu frio.

–Mas você me conheceu de capuz... - Ela rolou os olhos e mexeu as mãos em forma de questionamento. -Meu capuz é algo que todos também implicam...

–O capuz e a mecha! São as coisas que você tem em incomum como todos nós temos. - Ele se aproximou dela e colocou o capuz em sua cabeça, deixando seu rosto coberto. -Agora temos que ir resolver os problemas do dia-a-dia.

–No caso, meus problemas. - Respondeu fria.

**

Guilda Fairy Tail, 10:50 da manhã.

Todos estavam reunidos na sala principal na espera de alguma solução ou ordem do mestre Makarov. Natsu e Lucy chegaram juntos, também no aguardo de terem notícias de Happy. Mira servia aqueles que estavam sempre a procura de bebida, como a Cana e Gajeel estava a comer algumas panelas no fundo da guilda.

–Então mestre, o que faremos? - Perguntava Erza se aproximando de seu mestre, que estava sentado no balcão do bar.

–Se precisar lutar, iremos lutar. - Kawori entristeceu o olhar. -Mas nunca culpar Kawori BlueIce pelos atos de seu irmão! - Todos assentiram com as cabeças.

–Afinal, qual o nome do seu irmão? - Perguntava Laxus perto de Gajeel, nos fundos do salão principal.

–Korudo BlueIce. - respondeu - Ele nem sempre é reconhecido por Korudo, as vezes os chamavam de apenas BlueIce-sama, ele queria ser tratador como alguém da realeza superior só por ser herdeiro de tudo. - Ela rolou os olhos.

–Você sabe qual magia ele usava? - Perguntou Romeo ao lado e Macao, do outro lado do salão.

–Ele era proibido de usar qualquer magia no nosso bairro, meus pais diziam que ele não tinha o direito de fazer aquilo com as pessoas.

–Por que? - Perguntou Droy

–Eu não me lembro, gomene pessoal... - Seu rosto entristeceu novamente

–Não é culpa sua, todos temos algum passado difícil aqui. - Lucy colocou a mão direita sobre seu ombro esquerdo, reconfortando a garota.

Após algumas discussões e dúvidas tiradas com a guilda, Makarov decidiu então que seriam dividido em três times. Laxus e seu time iriam ficar na frente da guilda fazendo plantão, time do Natsu iria ficar no centro da cidade e o time Erza iria rondar a área atrás da guilda. O resto, exceto Wendy e Gajeel, iriam se passar por cidadãos comuns e perguntar por pistas de alguém suspeito.

–E o que Wendy e eu faremos? - Perguntou Gajeel de boca cheia

–Vão proteger a guilda junto com Mira. - Respondeu o mestre e os dois assentiram com a cabeça.

Mais tarde, como os ataques só aconteciam a noite, todos estavam em suas posições para procurar saber mais sobre Korudo BlueIce.

**

Na área atrás da guilda estavam Erza, Gray e Kawori procurando por algum movimento estranho ou suspeito naquele pedaço. Estavam tão concentrados que mal podiam conversar, Erza e Gray já era hábitos a esse tipo de coisa, mas Kawo não gostava muito do método silencioso.

–Como vocês conseguem? - Perguntou a garota, que estava sentada em frente a uma árvore mais afastada dos dois, que estavam em outras árvores.

–Conseguimos o que? - Perguntou Erza com o braço apoiado no galho.

–Ficar fazendo essas missões nesse completo silêncio! Isso me tira do sério... - Bufou

–Você é inquieta. - disse Gray, sentado no muro da parte de trás da guilda.

Perto de uma das árvores, Kawori sentiu uma presença não muito comum em sua vida, pensou logo em seu irmão. A garota se movimentou rápido até o destino, era capaz de matar alguém com a fúria que havia em seus olhos, mas quando parou suas mãos a um centímetro de distância do pescoço do indivíduo, viu que era Juvia.

–O que você faz aqui?! - perguntou ofegante por ter corrido tão rápido e assustada pois quase acabara de matar uma pessoa da sua própria guilda. -Devia estar na cidade perguntando para as pessoas sobre movimentos desconhecidos! -

Seus olhos encaravam os olhos de Juvia de um lado para o outro e ela estava apenas parada com seu olhar sensato para Kawori, como se sentisse algum ódio por ela.

–Não posso deixar meu Gray-sama com duas rivais do amor. - deixou Kawori perplexa.

–O que aconteceu aqui? - Gray chegou preocupado -Juvia?!

–Gray-sama! - comemorou aliviada

–Você tinha que estar na cidade! Alguém pode ter te visto aqui. - logo, Gray foi frio o bastante para nem se preocupar com o por quê dela estar ali e não lá.

–Façam menos barulho. - sussurrou Erza -Voltem para seus lugares.

Juvia ficou no pé de Gray, que não gostava nada do grude. Erza estava na mesma pose silenciosa encostada na árvore observando o horizonte e Kawori voltou a sentar em "sua" árvore.

**

No outro lado da cidade, estavam Lucy, Natsu e Lily. De olho em tudo que podiam, Natsu estava sentado em cima de uma pedra para poder enxergar mais alto, Lily estava dentro de um buraco na árvore mais alta e Lucy estava escorada em um tronco.

Natsu parecia triste e ansioso por uma briga ao mesmo tempo. Ver Lily sendo um "substituto" do Happy temporariamente é algo que ele não gosta muito, mas foram recomendações do mestre.

–Natsu... - Lucy se aproximou meio entristecida e ele continuava sentado em perninhas de índio olhando para o horizonte. -Pode ter certeza que farei de tudo para ter Happy de volta! - Sorriu e ele continuou calado, dessa vez olhando para ela. -Ele é como um filho para você, todos sabemos disso.

–Ele também é meu amigo, sempre foi... - falou baixo

–Farei de tudo para conseguir seu amigo de volta, assim como você sempre tentou me ajudar, eu tenho que tentar retribuir de alguma forma... - ela olhou para o lado, apreensiva.

–Se você não se expor ao perigo ou ser capturada já vai me ajudar muito... - ela o encarou, quase soltando risos -Perder dois dos meus mais próximos amigos ao mesmo tempo pode ser mais insuportável do que ficar apanhando da Erza, Gray, Laxus, Gildarts e o ojichan juntos.

Ela ficou tão encantada com as sinceras e sábias - pela primeira vez - palavras de Natsu. Ele parecia ter certeza do que estava falando.

–Eu não vou ser tão fraca dessa vez! - sorriu simpática

–Eu não quis... - Natsu e Lucy foram interrompidos por uma tremedeira na terra, logo Lily grita lá do alto:

–Tem alguém chegando! - Os dois magos se encaram e assentem com a cabeça e correm em direção ao exceed.

Reunidos, uma sombra se aproximava. Eram duas pessoas, uma criança e um velho. Ambos usavam uma capa branca com um símbolo em preto, na forma de um coração quebrado.

–O que é aquilo? - Perguntou o gato negro.

–Marca de guilda, provavelmente. - respondeu a loira.

–Eu tô ficando empolgado! - Natsu juntou suas mãos, pronto para o primeiro ataque, mas teve sua excitação interrompida pela seguinte frase:

–Não viemos lutar, Natsu Dragneel. - disse o mais velho.

–E quem é você?! - Perguntou irritado

–Pode me chamar de Poizun. - respondeu confiante de si mesmo.