Natsu sentado na poltrona perto da porta e Lucy enrolada na toalha de pé ao lado do garoto de cabelos rosa aguardavam explicações de Kawori-chan, que estava tremula de medo do que poderia acontecer com ela.

–Olha! Eu não sei se vocês vão acreditar em mim mas eu juro por tudo que eu não tenho nada a ver com os atos do meu imprudente irmão! - Ela fazia gestos com as mãos ao falar e andava para lá e para cá, enquanto Natsu e Lucy se davam pequenas encaradas enquanto ouviam o que ela tinha a dizer. -Ele sempre foi tão poderoso e sempre quis mais! Nossos pais o tratavam com diferença por ser tão ganancioso e eu não consigo lembrar de mais nada sobre ele... - Seu olhar entristeceu.

Sentou-se na cama da loira e esperava que eles dissessem algo que a reconfortasse, mas nada saiu da boca de Natsu. E se não fosse Lucy, talvez ninguém teria acreditado nela.

–Eu acredito no que você diz, Kawo-chan. - Suspirou ao dizer. -Você não precisa ter medo, a Fairy Tail nunca iria te condenar por atos do seu irmão. - Dirigiu-se em direção a garota e sentou-se ao seu lado.

–Mas vocês convivem apenas uma semana comigo e eu já estou trazendo problemas! - Possuía lágrimas em seus olhos.

–Jamais encararíamos isso como problemas.

–Como pode ter tanta certeza disso? - Olhava triste e curiosa para a loira. -Talvez se eu partir, tudo irá parar! Meu irmão só quer que eu volte e eu vou fazer.

–Natsu me encontrou em um barco, me tirou de lá e me levou até a guilda. - O garoto prestava atenção nas palavras da loira. -Pensei que quando chegasse, todos iriam me odiar por um simples garoto bagunceiro e irresponsável, cabeça dura e destruidor me levasse até lá. Pensei que ninguém me aceitaria, mas todos foram bem simpáticos.

Kawori prestava atenção nas belas e sinceras palavras da Heartfilia e com elas, sentia o quanto Lucy era grata por ter conhecido Natsu e por ele ter realizado o sonho dela.

–Logo então meu pai trouxe problemas. - Kawo se surpreendeu. -Outra guilda tentou atacar Fairy Tail tudo para me ter de volta, eles me sequestraram, derrubaram a guilda e fizeram um estrago maior que o Natsu. - Ele rolou os olhos ao ouvir. -Mas em momento algum, eles me culparam por algo. Ele - apontou com os olhos para o garoto na poltrona - me salvou de todas as maneiras que pôde, e eu confesso ter trazido muitos problemas para a guilda. Mas eles nunca, nunca me culparam por nada! - Natsu sorriu disfarçadamente. -E quando eu tentei me culpar, alguém me disse que:

[FLASHBACK: ON]

–Por que voltar a um lugar que você não quer? - Estava Natsu em pé ao lado de Lucy, que estava sentada em um barriu, triste e abalada com Happy junto. -Esse é único lugar para onde você precisa voltar. - Apontou para si mesmo. Você é a Lucy da Fairy Tail! - E a garota desabou em lágrimas.

[FLASHBACK:OFF]

–E foi naquele momento que percebi que tinha escolhido a guilda certa para ficar. E você fez a mesma escolha que eu! Não posso deixar que vá embora. - Natsu concordou com a cabeça.

–Obrigada Lucy-san! - Kawo-chan lhe deu um abraço como se ela fosse a criança mais fofa do mundo e Lucy fosse sua mãe. Aquelas palavras com certeza reconfortaram a garota. Natsu pode despertar um sorriso ao ver a cena. Lucy ficou corada e então abraçou a garota também.

–Kawori!!! - Ao abrir a porta bruscamente e chegar ofegante, estava Gray.

–Gray? - Disseram os três em uníssono.

–Sabia que você estaria aqui. - Ele já voltou ao seu estado normal ao ver que a garota acabara de desmanchar um abraço apertado com a loira. -Ninguém vai te expulsar da guilda coisa alguma! - Ela sorriu e imediatamente começou a chorar.

–Droga não chore... Você é mais forte que isso! - Coçou a cabeça.

Lucy acabou tendo lembranças...

[FLASHBACK: ON]

–Por que voltar a um lugar que você não quer? - Estava Natsu em pé ao lado de Lucy, que estava sentada em um barriu, triste e abalada com Happy junto. -Esse é único lugar para onde você precisa voltar. - Apontou para si mesmo. Você é a Lucy da Fairy Tail! - E a garota desabou em lágrimas.

–Droga não chore... Você é mais forte que isso! - Dizia Gray ao ficar sem jeito vendo a menina loira chorar.

[FLASHBACK:OFF]

–Natsu... - Ele voltou ao mesmo mundo que os outros. -Onde está o Happy? - Perguntou Lucy.

–Tem razão! - Ele levantou imediatamente -Happy!

–Como você conseguiu perder o Happy?! - Questionou Gray. -Será que...

–Não se atreva Gray! - Natsu começou a liberar chamas pelas mãos. -Ele está por aqui em algum lugar. - Sua voz era forte e raivosa.

Horas depois os quatro Gray, Kawori, Natsu e Lucy se reuniram no tapete central da casa da mesma para ter notícias de Happy, mas ninguém sabia de nada.

–Ele não pode ter sido pego, ninguém faz mal a gatinho algum! - Soltou Lucy.

–Meu irmão odiava qualquer animal... Menos corvos.

–Kawori! - Lucy a repreendeu e a garota logo entendeu que aquilo iria piorar o estado do Salamander.

–Seu irmão... Ele vai pagar! - Natsu estava completamente em chamas. Talvez ter visto Lucy, Levy e Happy sofrerem nas mãos de uma só pessoa tenha sido demais para ele.

–Ele pode ser o que for mas ainda é meu irmão, Natsu. - Ela seguia firme, mesmo com a expressão assustadora que ele possuía em seu rosto.

–Ele machucou meus amigos, então machucou a mim também. - Respondeu seco e se aproximou da garota de forma amedrontadora,

–Natsu você não é assim... - Lucy falou baixo e ele a encarou.

–Tem razão... - Voltou ao seu estado normal, e expressão de tristeza tomou seu rosto. -Nós vamos encontra-lo. - Gray e Kawori assentiram com a cabeça.

Após a "discussão" breve e o climão que estava entre Kawori e Natsu, Gray e Kawori decidiram ir esclarecer tudo para a guilda inteira. O garoto de cabelos rosa estava abalado demais para ir embora então Lucy sugeriu que o amigo ficasse na casa dela, mesmo sabendo do que todos iriam dizer depois.

–Pode dormir na minha cama, eu durmo no tapete. É confortável. - Tentava sorrir para ele não se sentir tão mal.

–Lucy... - Ela parou de sorrir e o encarou. -Se importa de dormir comigo? - Ela ficou corada e espantada. Não sabia nem como responder aquilo e ao tentar, acabou gaguejando mais que o normal.

–P-Por que? V-Você pode t-ter a cama to-toda para você... - Dava leves passos a distância do garoto.

–Podemos dormir no chão se quiser, só não quero que tentem te levar também. - Ela ficou mais aliviada e então aceitou dormir com ele no chão. Afinal, assim nenhum dos dois correriam o risco de serem capturados pelo irmão malvado da Kawo-chan.

Eles colocaram travesseiros e lençóis no chão e uma coberta para cada um. Lucy ficou virada para o lado direito e Natsu para o esquerdo, ambos forçavam o sono a vir.

**

Guilda, 3:40 da manhã.

A guilda estava esvaziando e todos estavam seguindo seu rumo. Sobraram Kawori e Gray para conversar sobre o dia. Os dois saíam em direção a porta principal da guilda para seguirem seu caminho também.

–Agora que todos já sabem de tudo, você devia ficar mais aliviada. - Dizia Gray -O mestre ficou orgulhoso pela sua coragem de conseguir contar tudo para ele.

–Só segui seu concelho. - Ela sorriu. -Gray... Estou com medo.

–Ainda?! - Ele ficou surpreso e logo protestou. -O mestre já disse que nada irá mudar em relação a você.

–Não, não é isso. - Ela olhou para o horizonte. -Não tenho onde dormir. - Disse a garota.

–E a casa da Lucy?! - Ele perguntou.

–Natsu não veio aqui e provavelmente não foi para a casa dele já que seria uma tortura estar lá sem o Happy... - O garoto do gelo colocou a mão no queixo de forma pensativa -Onde acha que ele pode estar? - A garota levantou uma sobrancelha e fez a famosa "aquela carinha" para Gray, que logo captou a mensagem dela.

–Hm... - Ele riu -Sendo assim, você deve vir comigo. - Ela ficou corada, porém, zangada com o abuso.

–N-Na sua casa? D-Dormir com você? - Gaguejou

–Sim.

–Mas você fica nu o tempo todo! Imagine na sua casa. - Ela riu e ele rolou os olhos. -Tenho absoluta certeza de que irá tentar me tarar! - Ela fez bico.

–Vou me comportar, tem dois quartos. - Ele sorriu para a garota, que ficou muito mais confortável com a notícia.

–Então tudo certo... Eu aceito. - Sorriem um para o outro, e seguem caminho até a casa do Fullbuster. A lua estava mais radiante que o sol naquela noite.