Todas As Noites, Ás Nove escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo único




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— Teve uma vez também que eu participei de um Torneio de Xadrez. — Sirius tomou mais um gole de sua cerveja no bar lotado, visivelmente entediado, mas Bertha nunca soube interpretar muito bem as pessoas, quem dirá Sirius Black. Ela era uma amiga distante de Dorcas Meadowes e ele estava procurando novas garotas para sair, mas ele estava se decepcionando cada vez mais.

— E você ganhou? — perguntou ele. Bertha sorriu, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

— Ah... Não. — sorriu ela. Sirius uniu a sobrancelhas, sem entender porque ela comentou aquilo. Ele suspirou e tentou mais uma vez.

— E você curte animais?

— Hm... Na verdade eu não consigo me interessar por animais, a não ser que eles estejam em uma guerra ou... Falando. — Sirius ficou em silêncio absoluto observando Bertha rir sozinha. Sentiu vontade de morrer, mas de repente, a garota olhou o relógio e tomou uma cerveja praticamente inteira em menos de segundos. — EU SUPER TENHO QUE IR... TCHAU!

Bertha correu para fora do Três Vassouras, tentando passar entre os grupos que conversavam, mas eles a empurravam e cotovelavam. Quando finalmente saiu, deu alguns passos até ficar atolada em neve. Caiu diversas vezes enquanto cavava buracos para colocar seu pé. Após minutos desperdiçados tentando andar, ela lembrou-se de sua varinha e derreteu o gelo para que pudesse correr, mas escorregou. Após muito esforço, ela conseguiu chegar na passagem secreta e subiu as milhares escadas em direção de Hogwarts, arfante, porém, já no Castelo, ela correu mais um pouco em direção do sétimo andar, para a Sala Precisa.

Fechou os olhos rapidamente, e fora puxada para dentro violentamente.

— Atrasada. — reforçou Severus Snape, voltando para o seu microscópio. Bertha tirou seu cachecol da Lufa Lufa, ainda arfando.

— Eu... Corri... Feito...

— Não me interessa, Jorkins. — retrucou o garoto. — Olha, o dinheiro é seu, estou fazendo meu trabalho, acontece que eu poderia estar fazendo algo do meu interesse, e não perdendo tempo esperando que você decida vir estudar o que você precisa. Não sou eu que corro perigo de não passar nos N.I.E.M.’s.

Bertha ainda estava ofegante após a lição de moral de seu professor particular. Sentou-se de frente para ele, em silêncio, e começou a tentar fazer a poção, que para Snape, era estupidamente fácil.

O silêncio prevaleceu enquanto Snape dava suspiros de insatisfação, anotações peculiares e olhares de tédio. Bertha às vezes se arrependia de ter pedido para que o garoto a ajudasse na matéria, mas era necessário. Caso não alcançasse a nota certa em Poções, jamais poderia ser uma Auror. Mais uma vez ele pegou na mão da garota, guiando sua colher no caldeirão.

— Você está fazendo o movimento errado, preste atenção nas coisas, Bertha. — Ela olhou o caldeirão. — Vê? É devagar, não rápido. Se você for muito rápido, vai acabar misturando mais do que deveria.

Ela assentiu, ele soltou sua mão e ela continuou, não com a mesma segurança de quando ele estava segurando, mas a poção parecia estar funcionando. Snape parecia concentrado no braço de Bertha.

— O que... Você está sangrando. — ela soltou a colher rapidamente, e acabou derrubando o caldeirão. Snape praticamente puxou o braço dela antes que pingasse algo na mesma e os dois assistiram a poção corroer o chão. — Jesus Cristo, parabéns, Jorkins.

— E agora? — indagou ela, assustada. Olhou seu cotovelo. — Meu braço!

O garoto suspirou, girando os olhos. Bertha sentou-se e Snape ajoelhou-se, curando o braço de Bertha em um feitiço que parecia uma canção, apesar dele recitá-la praticamente em sussurros. Ela o observou em silêncio.

— Você tem namorada? — Snape a ignorou. — Eu não, digo, namorado, eu não sou lésbica. Você... Acho que não tem também, digo, namorada... A não ser que você seja gay. O que não tem problema também...

— Pelo amor de Deus, fique quieta. — pediu ele, ainda fazendo o feitiço.

A garota ficou, analisando a sala. Porém o que pareceu horas para ela, e segundos para Snape, logo passou e ela recomeçou a falar.

— Sabe, eu estou no quinto ano. Eu queria ter um namorado, mas eu sou meio... Atrapalhada. Os garotos mais riem de mim do que me olham. — ela riu um pouco. — Sirius Black falou comigo hoje... Mas acho que ele me achou idiota.

Snape conferiu se seu braço estava mesmo curado. Os dedos cumpridos dele alisaram o local, que minutos antes estava sangrando. Ela observou a pinta em seu rosto e a forma que, de alguma forma, seu nariz fora do comum o deixava atraente. Seu cabelo negro também era algo de se avaliar. Ele pareceu incomodado com ela o encarando.

— É horrível a solidão, não é? — O garoto a olhou, ainda sério. — Exijo me apaixonar. Não consigo mais ficar assim.

— Depois que você melhorar em Poções você pensa nisso. — ele levantou-se e arrumou a bagunça que Bertha fizera enquanto ela analisava seu braço novinho em folha. O garoto limpou o caldeirão e deu novamente os mesmos ingredientes para que Bertha recomeçasse. Ela reprimiu um sorriso, mas nada parecia amolecer o coraçãozinho de seu professor de Poções.

— Lily Evans e seu namorado estavam no bar. — comentou Bertha, pretensiosamente. Snape bateu seus olhos nela rapidamente, mas voltou a sentar-se, abrindo seu enorme livro de Poções, pronto para ignorá-la. Bertha suspirou e recomeçou sua Poção, decidida a ignorá-lo também.

Alguns minutos se passaram, e ela não aguentou.

— Se você gosta dela... Por que não fala? — Snape deu um gemido com o silêncio interrompido pela voz infantil de Bertha.

— Pelo mesmo motivo de você não conseguir ficar em silêncio.

— Você tem agonia?

— De você? Sim.

— Nãoooo. — sorriu Bertha. — De pensar em falar com ela. Eu tenho agonia do silêncio. Eu me sinto sozinha.

— Sim.

— Sim o que?

— Bertha, pelo amor de Merlin. — Snape olhou-a, irritado. — Faça o seu trabalho e me deixe fazer o meu, por favor.

Mais alguns minutos se passaram.

— Ok, só mais uma pergunta: Eu sei que vocês brigaram no 5º ano, mas eu lembro de te ver falando com ela mês passado. — O garoto ficou em silêncio enquanto a garota cortava bem os rabanetes.

— O que tem isso? — finalmente indagou.

— O que você disse pra ela? — Snape suspirou.

— Não é da sua conta.

— Por que você é tão ruim comigo? — indagou Bertha, visivelmente magoada. Aquela era a 43ª noite. Todas as noites, às nove, os dois se encontravam para estudar Poções e todas as vezes apenas a voz de Bertha preenchia o local, e quando a de Snape finalmente ressoava, era sempre para reprimi-la. O garoto finalmente fechou seu livro e a olhou, surpreso por ver Bertha chorando enquanto socava sua colher dentro do caldeirão.

Ele ficou em silêncio fitando suas mãos até ela parar de fungar e chorar.

— Eu não tenho amigos... E você também não! Então não entendo porque você é tão... Seco! — Ela socou o caldeirão mais ainda, enxugando as lágrimas com a costa das mãos. — Você já sentiu muita sede e, ao abrir um litro de leite e começar a beber, viu que estava azedo? Eu me sinto assim por dentro... Desde sempre!

Snape sentiu-se devastado.

Riam de Bertha tanto quanto riam dele. Lembrou-se de quando riam de suas perguntas na sala, de suas roupas nos passeios a Hogsmeade, de cada tropeço que dava em corredores lotados ou completamente vazios... Mas ela estava sempre rindo e falando tanto que ele nunca notou que ao mesmo tempo, ela estava sozinha.

Tão sozinha quanto ele.

— Eu... — sua voz falhou, então ele limpou a garganta. — Eu disse que a única coisa que iria acontecer... É que vou amá-la cada vez mais e ela vai me amar cada vez menos.

Bertha olhou Snape, ainda enxugando as lágrimas. Ela olhou sua poção.

— Está certo? — indagou ela. Snape levantou-se e novamente pegou a mão dela, mexendo da forma que o livro pedia. Os dois ficaram assim por alguns minutos. Ele soltou a mão dela e então, finalmente ela estava fazendo da forma certa. O garoto observou-a finalizar a poção, em silêncio, assim como ela.

Bertha virou-se para Snape, segurando um sorriso.

Os lábios dele pareciam querer formar um, mas fora apenas um espasmo antes dele assentir, indicando que ela tinha conseguido. Bertha riu, feliz, batendo palmas para si mesma.

Snape sorriu para Bertha.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu queria escrever sobre a Bertha, mas não queria envolvê-la muito com os Marotos (tem tantos personagens dessa Era), então escolhi o Snape e acabei gostando...

Penso até em fazer mais ones sobre os dois juntos, já que eu li que em uma entrevista a J.K disse que existiu uma menina em Hogwarts que gostava do Snape.

Uma mão lava a outra né hahahaha

O que acharam?



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