Pomo de Sealan escrita por JuhAntunes


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Yeeei, depois de mil anos, finalmente Pomo de Sealan está oficialmente arrumada e organizada!
Enjoy!



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"Afastado de qualquer cidade, lugar ou criatura, há uma grande montanha, conhecida como A Montanha Infernal. Muitos que foram pra lá morriam ou não voltaram por alguma razão. E quem voltava enlouquecia, pois a montanha era protegida pela grande Deusa Sealan. Todos oravam e pediam ajuda à ela para tudo o que se pode imaginar. Porem, ninguém poderia invadir seu espaço e território.

A cidade é dividida como qualquer outra: há os "mahaan" nobres e ricos, com privilégios, riquezas e grandes mansões. Nomes conhecidos e o nobre nariz arrebitado e egocêntrico mandando em todos. Há os "madhy", pessoas não tão ricas ou nobres, mas também não são pobres. Sobrevivem trabalhando da maneira que podem, com seus mercados ou fazendas. E há os "abhaaga", pobres miseráveis que não tem ao menos um trigo para comer de manhã. Costumam ser os chamados "escravos de esmolas" ou vivem o resto da sua vida nas ruas e becos.

A única razão de a montanha ser tão bem protegida é devido à pequena cidade construída pela Deusa, perto do penhasco da montanha, apelidada pelos habitantes de Great Fall. Seu principal protetor físico é uma criatura temida e assombrosa, criada por sealan. Seus olhos fundos e negros avaliam sua alma. Sua pele pálida, fria e esquelética com poucos pelos assombram suas noites. Seu urro desperta seus piores medos. Suas garras atravessam qualquer corpo. Sabe-se que se ver essa criatura alta e esguia, com rosto de crânio de boi e corpo humanoide, não há mais esperança de permanecer vivo. Ikugun é o responsável por toda e qualquer morte de invasores."

— Ridículo!

Abellona Schwerin estava no auge da beleza. 19 anos muito bem vividos em uma casa grande e luxuosa. Era alta, usava sempre roupas caras e elegantes feitas por encomenda. Seus cabelos longos e levemente ondulados eram verdadeiros fios de ouro. Porém, sua beleza sutil e leve era apenas externa. A jovem nobre era rude, mesquinha e completamente egoísta. E uma das coisas que mais incomodava era a história do Ikugun. Acreditava fielmente que era apenas uma história para crianças ficarem longe da entrada de Great Fall, e pra isso, os mais velhos criaram Ikugun.

Era a quinta vez que lia a lenda no livro de criaturas. Estava aguardando convidados para o grande baile de premiação do seu pai. Ele havia ganhado uma medalha por ser tão fiel ao líder e Rei de Great Fall, Snorri Annlúin. Porém, não estava animada assim. Teria que ver outros nobres com quem não suportava conversar, não gostava de ver os empregados andando entre os outros, muito menos gostava de ver o pai como um cão domesticado.

De repente, uma ponta de curiosidade bateu. Muitos nobres viriam à festa, mas também viriam aqueles que ajudaram meu pai em momentos difíceis. Será que ele viria?

—Ellie — chamou Abellona. Ellie era a única empregada que ela poderia contar – ainda tem a lista de convidados não é?

—Tenho sim senhora...

—Sabe se o Ahadi vem?

—Ai senhora... Você sabe muito bem onde esses seus pensamentos podem levar.

Ahadi era o pior mercenário que Great Fall poderia ter. Seus trabalhos eram sempre muito bem cumpridos, porém das piores formas. Além de cobrar absurdos pelos seus serviços. Mas mesmo assim, Abellona se sentia encantada com o homem. 27 anos, muito alto, cabelos negros e raspados nas laterais. Sempre armado e muito bem malhado. Tão frio quanto Abellona, porém, era gentil e educado com quem julgasse merecer. Conheceu Abellona após o pai pedir para recuperar um antigo tesouro da família, e desde então, a nobre procura atenção e companhia do homem.

—Saber eu até sei, mas o que custa se interessar um pouquinho não é?

—Só toma cuidado senhora. Mas ele virá a festa, e a senhorita sabe muito bem reconhecê-lo...

—Sei sim Ellie. E mantenham as outras empregadas ocupadas na festa!

*************

Ahadi olhava fixamente para o relógio de pendulo na parede esburacada devido às facas. Estava 1 hora atrasado para a festa dos nobres a qual fora convidado. Tentava entender por que havia aceitado o convite. Mas já que havia aceitado, teria que ir. Levantou-se lentamente e foi arrumar a roupa. Não gostava de nada muito "pomposo", então escolheu a clássica calça preta com bolsos, uma blusa cinza e um colete. Pegou sua Pimenteira (pequena, simples, mas útil), guardou-a no colete e saiu.

Decidiu ir andando. Sua cabana de madeira arrumada era quase perto da grande mansão da família Schwerin. As ruas estavam quase desertas, com exceção de alguns homens e mulheres. Nos becos, as *randee trabalhavam, olhando para o homem com desejo. Ahadi já estava cansado delas. Tinha medo que esse cansaço tivesse a ver com Abellona. Não poderia continuar com esse relacionamento. Não era saudável pra nenhum deles. Por mais complicada e irritante que fosse, a nobre ainda tinha a visão romântica, enquanto o mercenário já havia desistido dessa vida.

Mais alguns metros e chegaria à mansão. Olhou para o lado e viu um abaagha morrendo de fome e frio. Sua Irmã e ele já estiveram naquela situação. Conseguiram sair dessa vida aliando-se com quem não devia: um feiticeiro horrendo que poderia ajuda-los a sair da miséria. Em troca, matariam e acumulariam as riquezas para o velho. Um dia, em um ataque de ódio, Ahadi matou o feiticeiro e fugiu com sua irmã e com toda a riqueza que tinham direito. Ao invés de viverem como mahaans, decidiram morar o mais afastado possível das cidades, numa cabana média de madeira, e ganhando a vida como mercenários.

A irmã teve um destino mais triste. Após um acidente no meio de uma missão, Uru ficou cega, e precisou se afastar completamente do emprego, isolando-se em casa, e só saindo se necessário. Ahadi se sentiu culpado muitas vezes. E sente até hoje. Mas não podia ficar assim pra sempre. Precisava manter a mente limpa para conseguir sobreviver à festa.

Parou a frente da grande mansão e tocou a campainha. Realmente não estava animado, mas é suicídio recusar um pedido dos mahaans, principalmente se for da família Schwerin. A empregada abriu a porta e ele entrou. A festa era no grande salão, onde havia bebidas, alguns aperitivos, empregadas para os cantos, muitos convidados e o bêbado do amigo do rei: L. H. Bernocth. Tudo o que fazia era tomar medidas para limpar a própria bunda. Ao fundo, viu a Abellona. Olhava pra ele como sempre olhou: desejosa, confiante, medrosa. O romance (se é que poderia ser assim chamado) entre os dois sempre foi escondido. Não só por causa da idade, mas por que Ahadi não deixava de ser um pobre mercenário, e casamentos ou relacionamentos entre mahaans madhys não eram permitidos.

A nobre chamou para subir para o andar dos quartos e o mercenário foi atrás. Mas diferentemente do que Ahadi achou que aconteceria, a Srta. Schwerin levou para a última porta do corredor. Ela era grande, de madeira com um escaravelho talhado bem no centro da porta. Grandes pregos de metal estavam segurando as madeiras e um grande cadeado dourado e prata impedia a passagem pela porta.

— Nunca vi essa porta, Abellona. — indagou Ahadi. — Por que estamos aqui e o que tem do outro lado dessa porta?

— Talvez o que eu estava procurando desde pequena. O segredo de toda Great Fall. Os segredos de Sealan. O motivo de escolha da Montanha Infernal como "refugio" da cidade. Tudo o que eu sempre desacreditei. Tá aí dentro. Vou desmascarar toda essa mentira que esses babacas acreditam!

— Isso é arriscado, suicida e ridículo. O que quer conseguir descobrindo esses segredos?

— Quero conseguir algo que provavelmente é a única coisa que acreditei em toda a minha vida

A loura tira do bolso do vestido justo e decorado a chave do cadeado e abre a grande porta. Dentro havia uma sala escura, iluminada apenas com algumas velas. Vários livros, cadernos e mapas estavam dispersos em três mesas longas e aparentemente velhas. Na mesa de centro, havia um livro aberto com o maior mistério da montanha infernal: o Pomo de Sealan. Uma esfera de platina pequena e mais poderosa que a própria deusa. Capaz de realizar tudo que se quer, sem nenhuma restrição.

— Se eu conseguir esse pomo, eu vou ter tudo o que eu sempre quis. Uma vida só minha, com poder, com tudo o que eu quis... Ficaríamos juntos sem ninguém nos enchendo... Podemos pisar encima de todos que nos detestaram, todos os que nos prejudicaram. Curaria sua irmã, Uru. Não acha que ela merece?

— O que você quer Abellona?

— Invadir o templo de Sealan, pegar o mapa, e ter em nossas mãos o que podemos por direito.

~continua~

 

*Randee: prostitutas, garotas de programa.


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