O pequeno John havia acabado de passar por aqueles grandes portões da St. Louis School numa alegria imensa. Estava animado com seu primeiro dia de aula na nova escola e não escondia isso.

John Watson, o garoto de 9 anos, tinha mudado de casa graças à promoção que seu pai havia recebido no trabalho. Era um menino do campo, muito alegre, divertido e comunicativo. Estava indo diretamente para um meio urbano e não parecia tão preocupado com isso. Gostava de fazer amizades nos lugares que passava, e o que mais queria era já iniciar algumas ao chegar na nova escola.

O loiro correu, sem olhar para trás, para o pátio onde as crianças esperavam os professores, deixando sua mãe um tanto surpresa e orgulhosa do filho. John já lançava sorrisos para alguns grupinhos de crianças, tentando se familiarizar com o lugar. Muitas delas corriam pelo pátio brincando de pega-pega ou algo parecido. Ele só precisava fazer alguma amizade e tudo ficaria bem.

- Oi, eu sou o Mike! – um menino um pouco gordinho surgiu na frente de John, igualmente sorridente – Você é novo aqui?

- Sou novo sim! Meu nome é John e...

- Vem brincar logo, eles vão brincar de esconde-esconde e eu não quero perder! – interrompeu Mike - Você vai conhecer alguns amigos meus.

John, não recusando o convite, foi arrastado por Mike até sua roda de amigos e logo o apresentou a todos. Tempo depois, a brincadeira se iniciou e um tal de Greg era quem procuraria todos.

Tentando não perder tempo, o loiro correu para se esconder próximo aos bancos onde o fluxo de crianças era maior e ele não seria achado tão rápido. Se meteu atrás de um dos bancos e se agachou no chão para ver os pés de Greg por baixo do banco. Estava crente de que o novo amigo não o acharia. Alguns minutos se passaram e John acabou se perdendo nos pés de todas aquelas crianças, tendo como consequência os pés de Greg fora de vista.

- ACHEI! – gritou alguém atrás dele. John virou no exato momento que Greg se pôs a correr até o lugar onde batia, rindo feito louco. O loiro apenas deu uma risada e começou a sair do esconderijo falho, quando colocou seus olhos em um par de íris azuis. O dono destas logo desviou-as para o chão, fingindo que não o olhava. John o analisou: cabelos negros encaracolados e bagunçados, roupas que não pareciam muito infantis, dono de uma pele muito branca e, principalmente, isolado. Sentia que o menino não tinha amigos à metros de distância apenas observando seu rosto mal humorado e um pouco triste. Sem pensar muito, foi logo ao encontro do menino.

- Oi, tudo bem? Meu nome é John, sou novo aqui e...

- Eu não quero saber – interrompeu bruscamente o moreno. O loiro já começava a ficar irritado com essas interrupções. “Porque não deixam eu me apresentar?” ele pensava.

- Calma, eu só quero conversar com você!

- Pois é, eu não quero conversar – o menino parecia levemente irritado.

- Por Deus, só tô tentando ser seu amigo...

- Eu não tenho amigos.

- Devia ter, amigos são pessoas legais – John falava sorrindo – Você pode brincar com eles, chamar eles para ir dormir na sua casa, pode pedir um pedaço do lanche deles que eles não vão reclamar... Ter amigos é muito bom, você não sabe o que tá perdendo.

- Também não quero saber – disse o moreno, balançando a mão como quem quer afastar algo – Vai brincar com esses seus “amigos”, pode me deixar sozinho.

O loiro apenas o olhou por um tempo para ver se o garoto cedia mas depois desistiu, bufando um “que cara chato” antes de sair de perto dele. Voltou até o ponto onde a brincadeira acontecia e descobriu que teria que contar. Um pouco chateado, mas sem tirar o grande sorriso do rosto, John se voltou à parede, fechou seus olhos e começou:

- Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez... LÁ VOU EU!