O Acordo Perfeito escrita por Mila Karenina


Capítulo 2
A musa do verão.


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer aos que estão lendo e acompanhando!
Revisão 1: 14/02/2016



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"O ódio não cessa com o ódio em tempo algum, o ódio cessa com o amor: esta é a lei eterna."

Saí de casa sob os olhares atentos de minha mãe. Ela não era nenhuma velhota mal cuidada, pelo contrário, era muito bonita; com seus cabelos castanhos e seu corpo em forma. Ela se preocupava comigo é claro, mas não era nada exagerada, me dando a liberdade que precisava para respirar.

Meu pai era totalmente o oposto, era exageradamente protetor. Minha mãe dizia que eu deveria relaxar que com o tempo ele melhorava, bem, até os meus dezoito anos não melhorou.

Fui até a nossa garagem e apertei o botão para desligar o alarme, logo o meu carro fez um barulho. Sim, eu tinha um carro e ele costumava ser meu xodó. Não era nenhum carro de luxo, era apenas o meu amado Voyage 1.6 que gostava tanto.

Abri sua porta e entrei, nada como o conforto de seu carro. Este havia sido o meu presente de dezoito anos. A minha mãe me ajudou a convencer meu pai que achava muito cedo e perigoso eu ter um carro, o que eu discordava totalmente. Já que tinha uma carteira porque não um carro?

Saí da garagem rumo à rua, logo dei de cara com Matt, que saía com a sua moto que não sei dizer que modelo. Eu não pude perder a oportunidade, então abri o vidro elétrico lentamente e pus a cabeça para fora.

— E aí chupetinha, como está? Já largou a chupeta? — perguntei e ele suspirou.

— Você vai me pagar por aquela ceninha, Clarckson! — Ele falou em tom zombeteiro. Foi aí que lembrei de uma coisa, ou melhor, de uma pessoa. Cory, meu irmão gêmeo precisava da minha carona para a escola.

— Droga.


Dei ré no carro.

Logo meu irmão gêmeo apareceu com a mochila nas costas. Ele vestia um casaco de moletom vermelho, junto com uma calça jeans clara. Ele com certeza era muito bonito, não por parecer comigo, até porque não somos tão parecidos. Cory era um doce de menino, tão doce que às vezes me dava diabetes, enquanto eu era uma pessoa completamente antipática. Além de ser também, pelo menos dez centímetros maior que eu.

Cory entrou no carro e bateu a porta devagar, ele costumava ser muito sútil. Para o meu total azar ele também era amigo do babaca do Matt, o que me ocasiona diversas visitas do otário em minha casa. Sempre que isso ocorria o que fazia era me trancar em meu quarto e não sair nem para respirar.

Meu irmão acenou para Matt, que em seguida acelerou a sua moto e sumiu pelas ruas. Suspirei, odiava aquele barulho. Tudo que me trazia lembranças de Matt era considerado no mínimo irritante.

— Acordou de mau humor, Mel? — Cory perguntou, enquanto ajeitava seu arrepiado cabelo castanho.

Decerto, ele era um dos mais bonitos da escola. Tinha olhos verdes como os meus, mas os dele não pareciam sonolentos. Os dele erão diferentes dos meus, tinham um brilho especial. Ele era aquele tipo de bom menino, que não bebe e nem fuma, e namora a mesma menina há cinco anos, Savanah, a filha turca de minha tia Eleonora. Eles era completamente apaixonados desde pequenos e namoravam desde os treze anos, o casamento era destino mais óbvio em minha mente.

— Não estou de mau humor, só não é exatamente divertido acordar e dar de cara com o Hamilton! — afirmei. Cory sorriu. Suspirei; finalmente parando o carro, pois já estávamos no estacionamento da escola.

Saímos do carro juntos. Eu com meu habitual jeans desbotado de tanto usá-lo e um casaco de moletom branco com meu all star preto, nada muito sugestivo. Me vestia pior que um saco de batata. Meu irmão tinha a sua mochila preta nas costas. Logo Vanessa veio em nossa direção, ela sempre foi caidinha pelo meu irmão, que como é um bom menino, nunca deu bola para ela.

— Meus gêmeos prediletos chegaram! — Vanessa falou abraçando Cory, que a afastou sutilmente, ele nunca era mal educado.

— Menos Vanessa. — Chamei sua atenção, ela me abraçou. Revirei os olhos, nunca fui fã de abraços.

Ainda abraçadas, entramos na escola e o corredor estava cheio como sempre. Aquele dia seria um legal, pois tinha ensaios para a peça da escola, que eu ainda não sabia qual seria. Eu tinha quase certeza de que seria Romeu e Julieta, o clássico.

Matt passou por nós e me jogou um sorrizinho que parecia esconder algo. Mostrei o dedo do meio e sorri de volta, ele balançou a cabeça em negação, entrando no ginásio.

Fiz questão de ficar na porta do ginásio para ver Mike, e deu certo. Alguns minutos depois ele chegou, com a sua calça skinny e o casaco do time. Ele tinha os lindos cabelos loiros penteados para o lado e quando percebeu minha presença, me lançou um olhar.

— E aí Mel, fala Vanessa! — Ele nos cumprimentou e juro que pude sentir a baba caindo. Ele era uma overdose de perfeição: cabelos lindos, olhos hipnóticos e um corpo de deixar qualquer modelo na mão.

Foi aí que percebi que não tinha o respondido e estava olhando feito boba para o seu rosto. Não sabia o que dizer, então Vanessa me beliscou.

— Ah! Oi, Mike! — respondi em um tom que percebi estar meloso demais, ele pareceu confuso e entrou no ginásio.

Quando percebi que ele havia ido embora, me xinguei por dentro e chutei a parede. Como eu podia ser tão tapada? Talvez as dicas de Matt fossem valer de alguma coisa.

— Relaxa aí, Mel! — Vanessa pediu, mas eu ainda estava pilhada.

— Eu sou muito idiota mesmo! — Reclamei e puxei-a pelo corredor.

O dia estava frio. Enquanto corríamos para a sala de aula, senti calafrios pelo meu corpo, o que eu ignorei totalmente. Agora teríamos aula de Química, minha atual matéria preferida.

Não, eu não sou uma boa aluna. Pelo contrário, meus pais frequentemente erão chamados na escola por causa de minhas notas. O meu irmão pelo contrário, era o melhor de sua sala. A única matéria que eu conseguia me sair bem, era justamente Química.

Sentei-me na carteira que infelizmente ficava ao lado da de Katherine, ex namorada de Mike e atual peguete de Matt. Eles não se importavam nem um pouco de dividir meninas e isso me deixava um pouco decepcionada com Mike. Mas ainda assim, comparar Mike com Matt era demais.

A professora entrou. Ela era uma mulher de cerca de sessenta anos, com cabelos escuros e olhos claros, um corpo magro e sobrancelhas grossas. Assim que me viu, ela lançou-me um olhar gélido, que logo imaginei ser uma nota baixa.

— Melanie Clarckson Guire. — Ela praticamente soletrou meu nome inteiro.

— Lá vem bomba. — Sussurrei, ninguém pareceu ouvir.

— Se aproxime. — Ela pediu e obedeci, levantando-me e indo em direção á sua mesa.

Todos da sala me olhavam e senti minhas bochechas queimarem. Costumava ser muito tímida e isso às vezes me atrapalhava em muitas coisas; uma delas era conquistar Mike.

— Parabéns, você tirou a maior nota da sala. — A professora entregou a minha prova e suspirei aliviada.

— Obrigada. — Agradeci e voltei para a minha carteira, ainda sob os olhares atentos de todos.

— Parabéns. — Katherine falou baixo, sorri em resposta.

O resto da aula passou rapidamente. Fiquei completamente aliviada, então saí da sala animada para o ensaio da peça. O corredor parecia congestionado e todos olhavam alguma coisa que estava em um armário. Logo percebi que o armário era meu, então empurrei algumas pessoas e fiquei pasma ao ver o que estava ali.

Era uma foto minha ou melhor um pôster de quando tinha quatorze anos e estava na praia. Naquela época era uma garota gorda e feia. Meus cabelos estavam volumosos naquela foto e minha barriga tão redonda e sem cintura que senti vontade de pegar aquela foto e rasgá-la. Em cima da foto havia um título "A musa do verão", mas antes de rasgar a foto, com certeza rasgaria a cara de quem fez isso, e eu sabia quem havia feito aquilo; quem era o único a ter acesso à essas babaquices. Era ele. Matt Hamilton, o meu odiado vizinho.

— Eu disse que ia ter volta. — O idiota apareceu na multidão de pessoas que olhavam a foto e riam e sussurrou no meu ouvido. Me calei, pois iríamos nos acertar depois.


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Notas finais do capítulo

Responda nos comentários: Foi golpe baixo isso que o Matt fez não foi?