And In This Pool Of Blood escrita por gaara do deserto


Capítulo 30
Um acontecimento breve e contínuo


Notas iniciais do capítulo

Erm, bem.. Tomei vergonha na cara e decidi terminar o que eu começei.
Quem sabe quando será o próximo?



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- Você tá bem? – perguntou Gerard.

Nem deu tempo pra explicar, levantei de um salto enquanto ouvia os xingamentos dos punks.

- Agora não... Não é uma boa hora... – disse ofegante e rapidamente, me preparando pra continuar a correr. Peguei todo o ar que me restava, dando impulso para mais alguns metros, quando simplesmente voltei para o mesmo lugar, pois Way me puxara pelo braço.

- Tá louco? Me solta!

- Calma – sussurrou ele displicentemente.

- Quê?! – Só o que me faltava era ele estar de acordo com aqueles dois – Eles estão vindo...!

Estava errada. Eles já estavam lá. Instintivamente (ou por pura covardia) me escondi atrás do Way, numa patética tentativa de não ser notada.

- Ei, SAI DETRÁS DESSE CARA! – berrou o cara de moicano – AGORA!

Ele parara de correr, tão ofegante quanto eu. O outro cara ficou um pouco mais atrás, apoiando-se nos joelhos, mas dando incentivos para o colega.

Puxei um pouco a camisa do Way, com muito medo. Ele esboçou um sorriso e sussurrou novamente:

- Calma. – e olhou firmemente para os dois punks, que estavam lívidos de fúria – E quanto a vocês, é realmente muito feio fazerem esse tipo de coisa, viu? – disse, com um tom de repreensão na voz.

O moicano não deixou por menos.

- Se vai defender essa idiota, pode crer, vai se dar mal. – ameaçou.

- Que jeito horrível de falar com um velho amigo, Dalton – retrucou Way, numa espécie de sibilo, seus olhos tornando-se fendas.

O outro punk ficou com um ar meio espantado, e encarou o tal de Dalton interrogativamente.

- Conhece esse aí? – perguntou com a voz rouca.

Dalton arregalou os olhos, como se tivesse lembrado de alguma coisa. Tremulamente prosseguiu:

- Gerard? Gerard Way? – Um sorriso cínico brotou nos lábios dele.

Agora era eu que não entendia a situação.

- Conhece esse cara? – repetiu o outro, chegando mais perto, enquanto eu queria desesperadamente chegar pra mais longe.

Dalton riu alto.

- Se conheço! – exclamou para o outro – Se bem que não o tenho visto ultimamente – acrescentou, puxando o bastão que levava e pousando-o atrás do pescoço.

Foi a vez de o Way rir, sarcasticamente.

- Acho que não fiz tanta falta assim, Dalton – disse, girando os olhos para cima – Tem até um amiguinho novo... Quem é esse aí?

- Jack – respondeu o outro garoto, petulantemente – Mas, se vai por a conversa em dia, é melhor tratar antes dessa garota aí que está com você.

Dalton voltou a atenção novamente para mim.

- Ah é, quase ia me esquecendo de você, pirralha...

Aquilo me deu uma raiva enorme. Não só estava em desvantagem numérica, como detestava – acima de qualquer coisa – ser chamada de pirralha. Saí das costas do Way, irritada.

- Olha aqui, pirralha é a vó! – berrei, impulsivamente.

Os três se surpreenderam, o que me envergonhou, porque era raro essas coisas acontecerem.

- O quê? – riu Jack, o outro ridículo – Não só sabe falar, como sabe xingar muito bem, não é, pirralha? É, até que você vale a pena...

Percebi o olhar do Way tornar-se duro, como se estivesse ficando mais sério, mas ele não disse nada.

- E então, Gerard? – perguntou Dalton – É por causa dessa garota que não tem aparecido mais na casa do Travis?

- Até que não – respondeu Gerard – Só cansei um pouco dessa vida... Ao contrário de vocês, eu não pretendo seguir carreira roubando dinheiro de garotas que voltam para suas casas...

Os punks mostraram-se meio tensos, meio agressivos.

- Acha que tem moral pra dizer isso? – retrucou Dalton – Qualé, deixa a garota, tá querendo bancar o herói, é?

- Se fosse outra garota, até que não me meteria no assunto, mas vocês resolveram encrencar justamente com ela? – e apontou para mim.

- A gente promete cuidar bem dela, Gerard – disse Jack, maliciosamente. Agora eu estava realmente irritada e se o Way não fizesse algo, com certeza, eu faria.

“Como se eu pudesse...”.

- É, me passa pela cabeça o jeito gentil como vocês a tratariam... – sussurrou Way, decididamente mais sério – Mas é uma pena, amigo, você vai ficar só na vontade.

- Quem me impediria? – rebelou-se Jack, dando passos em nossa direção.

Dalton o impediu com o braço e o bastão.

- O que foi? – resmungou ele, com desprezo.

- Gerard – disse ele, olhando-nos -, a conhece mesmo ou só tá querendo lavar um pouco os seus pecados?

- Os dois. – respondeu Way, colocando as mãos nos bolsos da jeans – Ela é minha colega de classe, Natallie Alice Hill. Quanto aos pecados, é talvez eu queira limpar a minha consciência.

- Natallie, é? – disse Jack, sorrindo – Se isso é verdade, o que ela é pra você, Gerard?

A mesma pergunta parecia pairar sobre o rosto do garoto de moicano, que aderiu à pergunta do colega.

- É, Gerard... O que ela é pra você?

Um espasmo de surpresa surgiu no rosto do Way. Não dando atenção aos outros garotos, olhei-o firmemente, pensando num meio de sair de toda aquela confusão sem fazer algo de que nos arrependeríamos.

- Se você não responder logo, Gerard, aí sim a gente vai achar que você tá de enrolação – sibilou num tom desagradável Jack. Way cerrou os punhos, num gesto de que convicção própria. Sua voz foi saindo quebrado, indecisa.

- E-ela é... minha. – respondeu por fim, sublinhando a ultima palavra com a possessão que necessitava.

Não podia ser, ele realmente não tava dizendo aquilo. Até os dois punks fitaram-no meio pasmos. Mas novamente Jack surpreendeu a mim e ao Way, recuperando-se daquela demonstração de autoconfiança de Gerard e lançando-nos mais um desafio.

- É mesmo? Então prove que isso é verdade.

Se eu já estava desconfiada de esse assalto descabido ia me resultar em alguma coisa, nada pode se comparar ao jeito com que o Way voltou-se para mim, com um olhar que dizia tudo: era a única saída continuar com aquele fingimento.

Ele se aproximou de mim, quase 30 centímetros mais alto e eu, no meu complexo de inferioridade que me atacava nas horas mais estranhas, senti um arrepio na espinha, esquecendo que estava sendo observada. As mãos geladas do Way, sempre atípicas para mim porque não me sentia nem um pouco acostumada com aquilo, encostaram-se ao meu rosto, afastando umas mechas de vermelho ou castanho que insistiam em se alojar perto do meu pescoço. Ele sussurrou algo que mesmo baixíssimo, pude ouvir.

- Isso não vai ser tão ruim como da última vez, prometo. – e sorriu. Um sorriso que eu tanto odiara outrora.

Muitas coisas passaram pela minha cabeça naquele momento e no instante seguinte. Era um passado um presente que nós quebrávamos, pois já não sabíamos mais que éramos.

A primeira sensação de que tive consciência foi dos lábios dele encostando-se nos meus, frios como as mãos. Não houve resistência, não pela minha parte.

“Será que eu realmente odeio Gerard Way?”

Um compromisso quebrado. Bert McCracken.

A língua dele invadia a minha boca e eu continuava parada, enquanto o tempo corria em sem parar.

“O Way não é da minha conta!” – quantas vezes já tinha dito isso para Jessica?

Não. Uma negativa que aos poucos deixava de ser verdade assim como na noite do jardim. Na meia-noite da escuridão.

Um compromisso quebrado... Eu estava de fato correspondendo àquele gesto. As mãos dele desceram do meu rosto de me prenderam pela cintura...

Onde eu estava mesmo? Ah, sim. Sendo assaltada.

Mas aquilo já não tinha mais a mínima importância... Talvez eu estivesse ultrapassando os limites que eu mesma impus, mas agora... Não estava sendo sincera com mais nada. Frankie era meu melhor amigo e eu não havia sido sincera com ele.

As verdades são algo que eu já não consigo evitar. Assim como os lábios dele, que parecem doces para mim, que eu já encaro de um outro jeito. Como nunca pensei em encarar.

Quanto tempo terei ficado ali? É um mistério.


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Notas finais do capítulo

Os Way, da mesma forma que o Iero, o Bryar e o Toro, estão zangados comigo. Mas nem recebi seus bilhetes de ameaça por um salário justo ou biscoitos Bono. A greve do correio não deixou, mas se vocês acharem por aí uns bilhetinhos grosseiros e Kinder Ovo, por favor, fiquem com os bilhetes que o Ovo de pascoa atrasado é meu.



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