- Nem ligo.

- Não gosta de neve?

- Só não simpatizo...

- Que pena - disse ele, rindo.

Estavámos no meu quarto, estudando Fisica e embora isso não fosse divertido para Bert, era otimo estar em sua companhia. Estavámos juntos fazia uma semana e a vida nunca tinha sido melhor. Verdade que os comentários maldosos, por parte do Clube da Luluzinha, aumentaram (Alguém me lembra o nome daquela garota???), mas nem ligava e Bert também não.

Ah, o Frankie não havia deixado nenhum biscoito pra mim. Fiquei "de mal" com ele por duas horas... MENTIRA... Aff, detesto não detestá-lo...

- Depois você só tem que descobrir o valor da velocidade, nada mais... entendeu?

- É bem dificil com você do meu lado...

- Então talvez você devesse ir para casa, se concentrar e...

- Eu disse dificil, não impossivel.

- Okay... - disse, rindo.

 Continuava nevando lá fora, mas fingia não ver. Evitava sair muito em dias assim, limitando-me somente a escola, porque disso, certamente, não dava para fugir.

Levantei-me do chão, onde estivera "estudando" com o Bert (N/A: Não pensem besteira!) e fui até a janela. A neve caia em rodopios, muito branca, como uma fina chuva incessante.

Foi, com uma pontada de alegria que lembrei que o aniversário de Frankie estava chegando. E mesmo sabendo que obviamente ele convidaria uma certa turma de garotos transgressores, sentia-me preocupada com o que ele estaria reservando para Jamia Nestor. Pra mim, mesmo ela me odiando por compartilhar o mesmo oxigênio do Frankie, aquilo não era certo. Mas, o Way fizera ele concordar com essa maluquice... eu não ia insistir em mais nada.

Pelo Frankie, meu grande amigo, juro solenemente que não vou mais me meter nesses assuntos. Que se dane.

- Natallie?

- Hã? Terminou?

- Já. Vê se tá certo e se mereço um dez...

- Hahahaha, isso é o que nós vamos ver.

Frankie rira muito quando soubera onde eu tinha ido e que agora namorava Bert. Com um " Já tava na hora" e comendo todos os meus preciosos biscoitos ( Que exagero...), ele ria de se acabar na minha cama quando eu chegara. Ah, ele deixou tudo uma bagunça. Mas, como eu tava mais alta que bebum em Ano Novo, só me dei ao trabalho de arrumar tudo e amaldiçoar Frankie no dia seguinte.

Jessica também me sacaneara bastante. Segundo ela, isso já tava escrito na minha testa a muito tempo, só eu que não via. Bem, da próxima vez, talvez eu olhe mais atentamente.

- E aí, qual a nota, professora? - Bert perguntou, mexendo nos meus cabelos.

- Por enquanto, não errou nada.

A professora Rachel nesses dias parecia mais cansada do que de costume. Um dia, sem querer, podia jurar que a vi sair da sala de aula com lágrimas no olhos.

Não conseguia pensar em mais ninguém que possa ter causado isso.

Gerard Way.

- Parabéns, Robert McCracken - disse, depois de algum tempo - Tirou dez!

Ele fez uma cara de surpresa.

- Sério? Vamos ter uma nevasca horrivel essa noite. Consegui tirar dez?!

- Nossa, isso foi mesmo animador... - comentei, chegando perto de seu rosto.

- Natallie! - veio um chamado do andar de baixo.

(N/A: Falo do andar terreo, não do inferno. Brrrr! ¬¬\')

- Parece que sua avó tá te chamando... - resmingou ele.

- Já volto.

Sai do quarto me perguntando o motivo dela ter me chamado.

*Ainda mais por ela ter interrompido um momento tão importante...-_-...*

Desci as escadas, rindo disso. Mas parei na hora. E não conseguia acreditar no que estava vendo.

Way estava parado ali, de terno preto, calça jeans, uma gravata vermelha. Ele parecia ter ouvido passos e olhou para a escada, uma expressão curiosa no rosto.

Ao contrário de mim, que tinha congelado ao vê-lo, ele apenas deu um simples sorriso. O mesmissimo sorriso malicioso que dera ao me assustarme no Parque, embora eu fizesse de tudo para esquecer disso.

- Boa-noite, Natallie.

- O que você está...?

Mas não terminara a frase. Minha avó vinha do corredor ao lado da escada.

- Ah, Gerard, desculpe a demora - disse, a voz calma de sempre - Estou procurando a Natallie e...

- Não precisa se desculpar - interrompeu ele, incrivelmente educado - Ela tá bem aqui.

"Alguém me belisque, o que tá acontecendo aqui?!"

- Natallie, até que enfim! Você ainda estava lá no seu quarto com o Bert?

Way ergueu uma das sombrancelhas, mas não demonstrou mais que isso.

- É, a gente ainda tá estudando.

- Meu amor, você estuda demais - disse ela, rindo - Bem, não demore muito com isso.

- Pra onde você vai com... ele? - perguntei, assombrada.

Way retomou o sorriso anterior, calado.

- Ah, você conhece o Gerard? - perguntou minha avó, encantada - Ele é um rapaz muito educado, não?

Senti uma vontade enorme de rir. Gerard devia ser um irmão gêmeo desse aí, ela não podia estar falando da mesma pessoa.

- É, conheço - respondi, tentando não rir - Mas a senhora ainda não disse para onde vai.

- Sim, nós vamos na igreja.

- O quê?

- Igreja, Natallie - repetiu Way, consultando o relogio - E estamos atrasados, Elisabeth.

- Posso falar com a senhora um instante, vó? - puxei-a pelo braço, calmamente.

- O que foi, Natallie?- ela perguntou, espantada.

- Por que o Way está acompanhando você?

- Ele é um amigo, meu amor - explicou ela, ainda assustada - É um rapaz excelente, como já disse. Sempre calado, sabe? Mas muito amigavel com as pessoas...

Tentava ao mesmo tempo não rir de tantos absurdos e acertar minha expressão.

- Vai demorar muito? - perguntei, na falta de opção.

- Não, a missa não demora muito... mas não quero que fique acordada até tarde. Trate de terminar de estudar e deixe o Bert voltar pra casa. Ele tem casa, Natallie.

- O Frankie não é diferente - resmunguei - Só falta ele morar aqui.

- O Frankie não é seu namorado - retrucou ela - E conheço-o a mais tempo que Bert.

- Okay, okay, não precisa se estressar...

- Bem, agora tenho que ir.

Concordei, sem prestar atenção.

- E então? - perguntou Way - Podemos ir?

- Claro.

Minha avó abriu a porta, a noite estava se aproximando. Quando Way acompanhou-a na saída, não pude deixar de olhar.

- Thau, Natallie - sussurrou Way, virando-se para trás e me encarando - Trate de se comportar...

Corei sem quere com aquilo. Minha raiva subitamente cresceu. Não conseguia acreditar no que havia acontecido. Gerard Way era amigo da minha avó???

E esse jeito tão educado? Era uma farsa muito bem construída...

Mas tinha certeza, também, que minha avó não conhecia o Gerard com que eu normalmente convivia, a contragosto.

Restava saber o que ele estava aprontando.

E por que.