Cap.13 - O Plano Nestor

Quando a campa bateu, no fim da aula, vislumbrei de longe uma transtornada Professora Rachel saindo da sala do 1º ano. Olhei para trás e Bert passou por mim, com um sorriso de despedida. Logo em seguida senti um puxão no braço.

— O que foi Jessica? - perguntei assustada.

— Aha, sabia que tava rolando alguma coisa entre vocês dois!

— Cala a boca!

Ela falara tão alto que algumas meninas do Clube da Luluzinha abafaram risadinhas. Mas não fora isso que eu reparara. Way tinha ouvido. Seu rosto ficara rígido e, durante alguns segundos ele pareceu não ter ideia do que fazer.

Segui meu rumo com Jessica, sentindo uma estranha sensação no estomago de ver aquela expressão no rosto do Way.

Não que importasse, é claro!

(N/A: Quem ela quer enganar?)

— Thau - despediu-se Jessica nos portões da escola, tomando outro caminho - Tomara que você se divirta.

E piscou um olho. Fiquei parada que nem um poste até eu ser empurrada pra frente.

— Aê NATALLIE!!!

Frank acabara de pular nas minhas costas.

"Até mataria ele se não estivesse com a cabeça no mundo da lua..."

— Você é louco? - perguntei seriamente quando ele se recompôs.

— Talvez. Vamos pra casa?

— Pensei que você ia com... - Não chegara a terminar a frase. Frank me puxara pra trás de um poste (aha! Que não era eu!) e parecia estar se escondendo de algo. Ou alguém.

— Agora tenho certeza que você é louco. O que foi?

Ele olhava pelas grades do portão. Devia ter visto algo, pois me olhou desesperado.

— Me faz um favor - disse baixinho o pigmeu - Vamos pra casa agora...!

— Por que? O que foi que você fez?

— Nada, nada, depois te conto - Seus olhos haviam se arregalado de medo. Me puxara pelo braço.

— Sério Natallie - sussurou - Depois te conto, agora vamos dar o fora daqui!

Antes de ser puxada novamente pelo braço, pude ouvir claramente:

— FRANKIE! CADÊ VOCÊ?!

Não consegui refrear o sorriso. Era Jamia Nestor.

— Vai me dizer agora o que está acontecendo pigmeu? - perguntei seriamente, meia hora depois, na minha cama. - Não me diga que está fugindo da sua namorada?

Frankie estava sentado no chão, nervoso.

— Sem sarcasmo, Natallie - disse, olhando pra mim - Só digo "obrigado por ter salvado minha pele"... a Jamia nunca vai desconfiar que estaou aqui.

— Nossa, isso explica tanto... - suspirei - Mas você vai ter que voltar pra casa uma hora.

— Não se eu puder evitar!

Ele ficou calado por um instante.

— Você não me renegaria um teto, renegaria? - perguntou, fazendo cara de choro.

"Eu mereço..."

— Você sabe que não.

Frankie pareceu mais aliviado.

— Mas quero respostas - acrescentei - Vai me explicar direitinho o que está acontecendo.

Dessa vez foi ele que suspirou.

— Okay - concordou - Bem, tudo começou quando eu nasci, sabe, não foi fácil e...

— Não é sobre isso que eu estava falando! Quero saber por que fez aquilo com o time de natação, e que saber o que está acontecendo de VERDADE entre você e a Jamia.

Ele ficou pensativo, contando algo nos dedos.

— Nossa, é muita pergunta pra uma criatura só...

— Tudo bem, então você pode sair agora mesmo por aquela porta...

Ele levantou, desesperado.

— Tá bom, tá bom - disse - Mas, Natallie Alice Hill, que isso se chama chantagem.

— Eu chamo de "conte pra sua amiga o que está acontecendo, ela acabou de te salvar de alguma forma".

— Um a zero... Mas posso tomar banho primeiro? Não foi um dia fácil...

— Por ali - indiquei, apontando a porta a direita.

Frankie caminhou decidido.

— Você é a salvação, Natallie!

E entrou no banheiro.

Ri sem querer.

— É, eu sei...

Frankie almoçara depois do banho, pois sabia que ele estava evitando a hora da verdade. Ligou pra mãe, dizendo que tinha que fazer um trabalho na casa de um colega e pareceu convence-la. Depois do almoço, puxei-o de novo para meu quarto, sem dar qualquer chance pra ele fugir.

— Agora... - anunciei - Quero algumas respostas.

Ele se sentou na minha cama, preocupado.

— Nossa, você tá vendo televisão demais, tá parecendo aqueles investigadores do CSI...

(N/A: É, eu assisto esse programa...)

— Bem, o que você quer saber? - perguntou finalmente.

Surpreendi-me.

— Não vai tentar fugir?

— Não - Frankie respondeu - Senão vou acabar indo parar numa cadeira elétrica, setenciado à morte por você.

— Tem ideia de quanto isso foi dramático?

— A vida tem sempre um pouco de drama, de onde acha que os produtores de cinema tiram suas ideias pra filmes e...

— Entendi, entendi.

— Então - disse ele, esfregando as mãos uma na outra - Vamos lá.

Respirei profundamente.

— O que foi aquilo hoje, na piscina? - comecei - Por que você alterou a temperatura da água?

Ele ficou refletindo sobre a pergunta.

— Passável - concluiu - Mas, antes de tudo, Natallie, quero dizer que tudo que fiz foi por livre escolha, okay?

— Tanto faz.

— Decidimos dar uma lição naquele bossais - explicou - Eles atacaram o irmão da Gerard.

— Quê?

— Isso aí, aquele garoto de óculos, Mikey.

— Nem quero saber o que fizeram com ele.

— Ah, você sabe que esse tipo de gente tem criatividade zero. Então, o resto é história. Você sabe o que aconteceu. Tem que concordar que foi um motivo nobre.

— Tá...

Queria perguntar a seguir se ele sabia sobre a professora Rachel. Mas alguma coisa me dizia que não.

— E agora?

— Vocês não foram castigados? Ninguém desconfiou que você, o Way e o resto dos garotos fizeram isso?

— Isso é que é estranho, ninguém procurou a gente - contou - Ah, quem liga, menos problemas pra mim.

— Você fala como se fosse a pessoa mais problemática do mundo... - disse, sentando do seu lado - Mas agora quero saber sobre a Jamia.

— Que tem ela? - perguntou, assustado. Frankie parecia estar fugindo da pergunta, como se ela fosse um marshmallon gigante prestes a devorá-lo.

* Realmente viajei nessa...*

— Natallie?

Parei de devanear. Estava imaginando de verdade a probabilidade de um monstro de marshmallon estar correndo atrás de Frankie.

— Que foi?

— Pensei que você ia me perguntar alguma coisa.

— Ah é... - respondi, recuperando o fio do pensamento - Você tá mesmo namorando com ela?

Ele olhou pros lados, procurando uma forma de responder a pergunta.

— Em parte - respondeu.

— Como "em parte"?

— Até você deve ter percebido que eu não estou exatamente feliz de estar com ela, né?

— Até cego percebe. Por que fugiu dela hoje?

Frankie parecia realmente não saber por onde começar.

> Frankie\'s Pov: Flashback On <

— Frankie, se tem alguém que pode executar essa missão impossivel é você! - Gerard dizia, sentado em daqueles bancos do Parque de Beleville.

— É, cara, você tem meu voto! - apoiou Mikey, batendo nas minhas costas.

Continuava preocupado. Conquistar Jamia Nestor seria quase impossivel.

— Me explica de novo porque sou eu que tenho que fazer isso?

— Claro - respondeu Gerard, espreguiçando-se - Porque vocês tem a mesma idade, estudam na mesma sala e você tem maior chances de mostrar pra Jamia que ela não é a Rainha do Mundo.

— Pensei que gostasse de fazer parte da turma, Frankstein - comentou Ray - Não vai dizer que tá amarelando?

— Claro que não! - respondi, indignado - Mas, fala sério, eu não vou ter que beijar ela, vou?

Mikey quase caiu pra trás.

— Você vai ter que namorá-la! O que espera ficar fazendo com ela? Lendo poesias?

Todos eles cairam na gargalhada. Até eu.

— Pense nisso como um desafio - disse Gerard, levantando-se do banco - Não gosta de se arriscar, Frankie?

— Tá bem, tá bem. Eu aceito... - acabei por concordar - Mas por quanto tempo vou ter que aguentá-la?

— Não por muito - respondeu Gerard - Apenas tempo suficiente para ela aprender a lição.

— Vai pagar o lanche hoje, Gerard? - perguntara Bob, tirando os fones de ouvido, pois não estava prestando atenção em nada.

Todos nós fizemos cara de suspresa.

— É, seu folgado, eu pago o lanche - Gerard balançou a cabeça - E então Frankie?

— Tudo bem - respondi, nervoso.

— É, cara - disse Ray, batendo novamente nas minhas costas - Que a força estaja com você!

— Tanto faz.

Gerard sorriu, passando as mãos pelos cabelos muito negros.

>Frankie\'s pov: Flashback Off<

— Então é essa a história, hein? - disse, no final de sua narrativa.

— É todo a verdade, juro Natallie.

— Bem - comentei, olhando para o meu relógio e constatando que eram 5:30 -, você é que sabe.

— Sem sermões? - perguntou Frankie suspreso.

— Não tenho tempo pra isso agora.

Eu ainda tinha que ir para o Parque de Beleville, encontar um certo rapaz...