A Garota da Biblioteca escrita por LindaLua


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz a grande burrada de excluir minha conta...

Voltando a ativa!

Apenas um pequeno conto!

Bjo no coração de todos!



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Tudo bem eu admito: havia escolhido prestar o vestibular para o curso de Engenharia Florestal porque era pouco concorrido e teria mais chances de passar já que nunca fui considerado um aluno aplicado nos estudos.
Não que eu fosse burro. Isso não.

Meu problema era a bendita da preguiça que sempre tomava conta do meu corpo quando era hora de estudar. A preguiça aliada ao seu escudeiro fiel: o sono. Bastava abrir um livro e minutos depois já estava dormindo e babando em cima de suas páginas.

Sempre foi assim.

Porém, ao entrar na faculdade percebi que precisava vencer essa inimiga ou reprovaria em todas as disciplinas do período. Escolhi um curso fácil de entrar, mas completamente difícil de sair. As matérias eram tanto práticas como teóricas. E tinha os malditos cálculos que me deixavam maluco do juízo.

Já havia passado pela metade do curso e ainda não me acostumara.

Pelo menos posso dizer orgulhoso, que eu, Ronald Weasley, aprendi a driblar minha maior inimiga quando chegava à época das provas e trabalhos que tomavam todo o meu precioso tempo. É claro que muitas vezes obrigava meu melhor amigo, Harry Potter, a colocar meu nome nas resenhas e resumos feitos em grupo só para me vingar do fato de tê-lo convidado para almoçar na minha casa e o cara ter feito o favor de se apaixonar pela minha irmã mais nova. Agora, Harry e minha preciosa caçula, Gina, eram um casal de pombinhos feliz. Sempre juntos, sorrindo e passeando de mãos dadas por aí.

Ele chegou a me pedir ajuda para fazer uma surpresa de “Dia dos Namorados” para ela. Aceitei dar uma mãozinha com a condição de que não passasse pela sua cabeça levar minha irmã para a cama.

—Ficou maluco, Rony? Acha que teria a cara de pau de solicitar sua ajuda para levar Gina a um motel? Tenho amor a minha vida, sabia? – Harry disse irritado – E não somos um casal de adolescentes. Somos adultos!

—Eu sei, mas prefiro continuar imaginando que meu melhor amigo não traçou a minha irmã caçula! – disse dando de ombros.

—Seu idiota! Eu quero apenas montar um piquenique surpresa para ela no jardim da sua casa, perto do lago. Só precisa que a distraia para que não perceba nada.

—Isso é muito fofo! – falei propositalmente para irritá-lo.

—Você é ridículo, cara! – ele me fuzilou com o olhar – Mas sabe qual o meu consolo diante dessa sua babaquice? É que vou passar o “Dia dos Namorados” feliz e bem acompanhado, enquanto o senhor ficará aí sozinho porque não tem coragem sequer de falar com a garota da biblioteca.

É. Harry havia tocado em minha maior ferida.

Para tentar me concentrar melhor, um pouco antes da prova, eu ia para a biblioteca revisar o conteúdo. Sempre escolhia os lugares mais escondidos, sem muita movimentação porque me distraio com muita facilidade.

Até que um dia, quando tirei os olhos de um livro, dei de cara com uma moça sentada duas mesas adiante, de frente pra mim. Ele estava de cabeça baixa, mas se podia ver perfeitamente os traços de sua face. Era bonita. O rosto harmonioso. Nariz afilado. Seus cabelos castanhos estavam presos em uma trança lateral. Em sua volta uma pilha de livros que pelos nomes me fizeram deduzir que a faculdade que cursava era medicina.

A feição dela era de quem estava concentrada ao extremo.

A contemplei por um bom tempo. Aquela universitária chamou a minha atenção pela forma encantadora como lia franzindo a testa, pela leveza em que segurava a caneta e o jeito delicado ao fazer anotações.

Na verdade, eu mergulhei naquela imagem durante uma hora e meia. Isso aí! Uma hora e meia. Acabei perdendo a prova porque só percebi o tempo passar quando a garota se levantou da cadeira, arrumou sua pilha de livros e foi embora. Antes de sair, nossos olhos se encontraram rapidamente. Os dela eram castanhos claros, quase num tom de mel.

Depois desse dia eu passei a frequentar assiduamente biblioteca. Não mais apenas pelo estudo, mas também para poder encontrar aquela linda garota de novo.

Durante três dias seguidos eu fui para o mesmo lugar, no horário em que a vi e nada de encontrá-la novamente. Estava me sentindo um tolo por pensar que entre milhares de alunos iria achá-la tão facilmente. Cheguei a levantar da cadeira e espiar por todos os cantos só para me certificar que não se encontrava sentada em outro local, uma vez que, a nossa biblioteca era a melhor e maior do que qualquer outra no estado. Não era fácil encontrar alguém ali.

No quarto dia eu quase desisti. Por pouco não fui para a lanchonete com Harry e meus demais colegas de sala. Eu não era paciente e muito menos persistente e o que me fez voltar foi o fato de ter se esquecido de fazer um exercício se estatística que valia ponto extra para a nota final.

Quando cheguei a minha mesa de sempre fui surpreendido com a bela imagem da jovem.

Sim. Estava lá.


Com sua monstruosa pilha de livros e toda a delicadeza que poderia existir no mundo.

Ela passou três horas concentrada nos livros, e eu, preso ao fascínio de sua beleza que não me permitia nem sequer desviar os olhos daquela presença física.

Como mesmo que chamavam isso? Amor a primeira vista ou amor platônico? Nunca soube a diferença…

Tive tempo de analisar ainda mais os detalhes perfeitos dela, os gestos, as expressões... E tirei a conclusão que deveria ser uma daquelas meninas sérias, rigorosas consigo mesma e inteligente ao extremo.

Apesar de parecer não ter notado a minha presença, acho que praticamente a biblioteca inteira percebeu a minha. Um cara paralisado secando uma menina com o olhar não passava despercebido por ninguém. É fato.

Quando decidiu levantar torci para que notasse que eu estava ali.

O que não aconteceu.

A moça arrumou seus materiais e se foi.

Meu coração ficou solitário e aos pinotes.

Nem preciso dizer que continuei minha vigília para encontrá-la. E para minha sorte, que nunca foi uma boa companheira, achava a morena dos meus sonhos todos os dias.

—Por que raios você se enfia na biblioteca como se fosse um nerd idiota? - perguntou-me Harry certa vez.

— Por que estou estudando algo magnífico!

—Sério? Não está perdendo o juízo? - ele sabia quem realmente eu era.

—Um pouco. Meu objeto de análise é tão lindo que todos os dias me apaixono ainda mais por ela.

—Cara, você está indo para a biblioteca paquerar as meninas?

—Errado. É “a menina”. Uma jovem bela que cursa medicina.

—E qual o nome dela?

—Eu não sei – respondi.

—Rony você é retardado ou o quê? - Harry resmungou – Fica de paquera com uma moça e não sabe nem o nome dela?

—Como vou saber? Nunca nos falamos! – e meu melhor amigo deu um tapa na minha cabeça.
Com o tempo nossa relação evolui bastante.

Minha “linda menina da biblioteca” passou a me notar. Óbvio que minha figura sempre prostrada no mesmo lugar uma hora havia de despertar sua atenção.

Uma vez ou outra, quando meus olhos azuis cruzavam-se com os castanhos, sorriamos uma para o outro. Acredito que meu sorriso era de um imbecil apaixonado que se derretia pela mocinha como sorvete em dia de calor. O dela era cordial e nunca passava dos exatos dois segundos para voltar as suas atividades.

Uma ajudinha do meu melhor amigo me fizeram descobrir que seu nome era Hermione Granger, que tinha dezenove anos, era a garota mais inteligente do seu curso e o melhor de tudo, solteira. Ouvimos tantos elogios brilhante sobre ela que me senti um verme desnutrido e acabado.

Minha autoestima nota zero me fez imaginar que nunca estaria a altura pra uma garota assim, desse nível.

—Ron, não seja tolo – Gina falou certa vez que conversei com minha irmã sobre o assunto – Você é o maior gato, é engraçado, é gente boa. Pode não ser um “Einstein” como essa tal menina, mas isso não influencia em nada quando rola uma química bacana. Precisa puxar conversa, ou então, outro vai fazer isso no seu lugar.

Minha caçula tinha razão. E também não estava disposto a passar o “dia dos namorados” sozinho, suspirando de paixão como Harrry jogava em minha cara.

Falaria com Hermione. Qual o problema? Se não me desse a menor bola desencanaria dela e pronto!

E se fosse ao contrário?

Aí ferraria tudo porque o “Dom Ruan” aqui não saberá como agir.

Certo. Eu me encontrava mais uma vez no lugar que passou a ser minha segunda casa.

E lá vinha Hermione, caminhando como se pisasse no céu. Tão mansa, tão serena…

Minhas pernas começaram a tremer mesmo estando sentado.

Foi aí que ela tropeçou em um lápis abandonado no chão e a pilha formada de canetas, livros, papéis e cadernos caíram do seu colo.

—Droga! – resmungou envergonhada.

Rapidamente levantei e me ajoelhei para ajudá-la a juntar suas coisas. Como conseguia carregar aquele peso? Não fazia a menor ideia.

Coloquei tudo arrumadinho em cima da mesa que ela sempre costumava ficar. Decidi então puxar assunto à minha maneira.

—Prontinho, senhorita Hermione Granger! – disse seu nome com firmeza.

Os olhos castanhos dela brilharam ainda mais.

—Muito obrigada, Ronald Weasley! – sorriu.

Espera! Espera! Espera um pouco. Ela sabia como me chamava?

—É… Mas… Como você soube…

—O seu nome? – me olhou nos olhos como se me conhecesse há tempos – Acredito que da mesma forma que descobriu o meu: perguntando!

Caramba! Ela também procurou informações ao meu respeito? Não dava pra acreditar nisso!

—Não quero parecer atrevida, mas fiquei curiosa em saber quem era o rapaz que sempre frequentava a biblioteca no mesmo horário que eu! É difícil encontrar alguém que leve uma rotina parecida com a minha – a jovem confessou.

Ele preferiu a sinceridade.

—Na verdade vinha aqui antes de uma prova ou apresentação de trabalho só para dar uma última olhada no conteúdo. Adotei essa rotina por sua causa! – tinha certeza de que minhas orelhas estavam vermelhas.

—Minha causa? – Hermione pareceu curiosa.

—Bem… Você chamou muito a minha atenção.

—Não entendo… – em sua face de boneca estava a dúvida – Por que nunca falou comigo esse tempo todo, então?

—Eu não sei. Insegurança. Talvez…

—Ah… - ela baixou os olhos.

Pronto! O babaca aqui havia realizado a façanha de acabar com um dialogo em menos de cinco minutos. Eu precisava fazer algo, não dava apenas para viver sendo um cara apaixonado e sozinho pela falta de coragem de chegar na garota.

—Incomodo se sentar com você? Prometo não fazer barulho! – brinquei malandro.

—Não. Não vai incomodar em nada! – respondeu firme.

Nesse dia não falamos quase nada um com o outro, mas nos que se seguiram fomos criando uma intimidade fora do comum. Esquecíamos os estudos e conversávamos sobre tudo. Às vezes, quando eu contava algumas de minhas mancadas ou trapalhadas ela ria tão alto que todos ali nos olhavam curiosos e a bibliotecária fazia o famoso “psiu” nos deixando envergonhados.

Quanto mais eu me aproximava dela, mas me apaixonava e ansiava loucamente por sentir o gosto daquela boca tão bem-feita. Descobri que Hermione não era apenas uma imagem perfeita, e sim, uma garota completamente perfeita.

Algumas vezes a acompanhei até o bloco do curso de medicina e sentia a tensão na hora de nos despedirmos. Ela também parecia não querer que nos separássemos, só que eu era tão inseguro que não enxergava o que estava na minha cara.

Na véspera do “Dia dos Namorados”, tentei de todas as maneiras fazer um convite para um passeio ou quem sabe um jantar.

O máximo que consegui foi apenas ficar babando pela beleza de Hermione enquanto passava a limpo o que estava escrito em uma filha branca para seu caderno organizado.

—O que foi? – questionou divertida quando me pegou no flagra suspirando por ela como um boboca.

—Não. Não é nada! Estou pensando em longe.

—E qual seu pensamento? – sempre era curiosa.

—Bobagens da minha cabeça… – tinha que ser um idiota como eu para perder essa grande oportunidade de convidá-la para sair.

A garota voltou a copiar a matéria e eu a fitá-la até o momento em que olhou no celular e percebeu está atrasada.

—Nossa – disse assustada – Preciso ir. A professora que ministra aula no primeiro tempo é severa demais. Um minuto fora do horário e não deixa que entremos em sala de aula – começou a arrumar o material.

—O tempo passa muito depressa quando estou perto de você – criei vergonha na cara para ao menos dar-lhe a entender que possuía interesse em sua pessoa.

—Nós vemos amanhã? – era a primeira vez que me fazia essa pergunta.

—Com certeza!

Hermione me deu um dos seus mais lindos sorrisos e foi embora.

Não dormir naquela noite porque meu subconsciente não parava de me chamar de burro, de covarde e bobalhão. Se eu fosse qualquer outro cara já havia tomado a frente de tudo. Precisava criar vergonha nessa minha cara ou perderia a garota dos meus sonhos.

Quando menos percebi já era dia.

Levantei-me com a ligação do Harry. Era hora de enrolar minha irmã até que ele preparasse o piquenique surpresa para o café da manhã.

Depois disso me desliguei do mundo e passei a pensar apenas em Hermione.

Nem consegui almoçar antes de sair.

Passei em uma floricultura e comprei apenas uma rosa vermelha e pedi à vendedora que amarasse nela uma fita da mesma cor. Podia ter pagado por todas as flores dali, porém, já compreendia de que essência a minha garota era feita.

Cheguei à universidade bem mais cedo do que previa, o que seria um martírio ter que esperar na biblioteca até que ela aparecesse. Só esperava não ter um troço de tanta ansiedade.

Foi caminhando lentamente até o nosso lugar quase que privado quando tomei um susto: Hermione já estava lá. Geralmente eu era o primeiro a chegar.

Parei um pouco e escondi a flor de maneira que não pudesse ver de imediato.

Meu Deus, como ela era linda!

Olhou e minha direção e notei seu rosto corar.

—Oi!

—Oi! – retribuiu-me o comprimento.

—Como foi seu dia? – eu desejava que nenhum outro cara tivesse aparecido e a pedido em namoro.

—Foi normal. E o seu?
—Bem, se tirarmos a parte em que tive que manter praticamente minha irmã em cárcere privado para que não visse a surpresa que o namorado dela estava preparando fora de casa… Também foi normal.

—Surpresa? – Hermione achou interessante.

—Um piquenique estilo café da manhã.

—Entendi – falou timidamente.

Ficamos nos olhando por um tempo até que ela baixou a cabeça e abriu um livro. Essa atitude só me fez imaginar que realmente ela esperava outro gesto da minha pessoa.

Eu precisava deixar de ser um zero à esquerda. Tinha que agir.

Foi então que peguei a rosa e estendi em sua frente. Meu coração acelerou quando ela notou o gesto que havia feito.

Demorou alguns segundos até que dissesse alguma coisa.

—É pra mim? – seus olhos castanhos brilhavam como nunca.

—Sim.

Ela recebeu esse carinho com todo o cuidado e delicadeza. Levou a flor ao nariz e aspirou o perfume que ela exalava.

—Por que, Rony? – jogou a pergunta com suavidade na voz.

Necessitava confessar a ela.

—Porque você é a minha garota. A “garota da biblioteca” – desejei do fundo da minha alma que ela entendesse o que quis lhe dizer.

Quando uma tímida lágrima escorreu de seus olhos castanhos me senti idiota por subestimar a inteligência dela.

Eu e enxuguei com a ponta do meu dedo indicador.

—Vem. Vem comigo! – a puxei pela mão e ela levantou-se da cadeira deixando a rosa em cima da mesa.

—Mas, Ron...

—Vamos – eu sorri e praticamente sai puxando-a pela mão.

A levei para o labirinto que era as centenas de estantes que acomodavam os livros. Um novato se perderia fácil, fácil.

—Ron... – Hermione não conseguia esconder os risinhos de satisfação por está correndo comigo pelos corredores estreitos daquele lugar.

Parecíamos duas crianças correndo pelo bosque.

Quando percebi que estávamos em um canto bem afastado, onde ninguém poderia nos incomodar, encostei-me em um das estantes e a segurei pela cintura. Ela, automaticamente, envolveu meu pescoço com as mão.

Nos encaramos de uma forma mágica.

—Feliz dia dos namorados, Hermione! – sussurrei bem próximo do seu rosto.

—Feliz dia dos namorados, Rony! – me disse radiante.

Quando selamos nossos lábios e nos rendemos um ao outro eu sabia que a partir dali todos os “Dias dos Namorados” eu queria passa ao lado dela.

E sempre que sentimos saudades do nosso primeiro beijo, mesmo já sendo formados, vamos a biblioteca da universidade para reviver esse momento.


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Notas finais do capítulo

Esse conto eu escrevi especialmente para o Dia dos Namorados!

Espero que tenham gostado!

Xerus e mais Xerus!