Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 3
Possibilidades


Notas iniciais do capítulo

Olá Galera!
Amei os comentários, vocês são maravilhosos, mas ainda sim espero por mais comentários. Estou feliz que estejam gostando.
E sem mais delongas... Boa leitura!



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– Bom... Ele é bem bonitinho. – falei.

– Bonitinho? – perguntou Lissa. – O cara é um Deus.

Eu rolei os olhos. Não estava nem um pouco a fim de concordar com ela. Dois dias tinham se passado depois que chegamos em um lugar novo, com pessoas novas... E aqui estava eu.

Cabelos presos em um coque frouxo e avental escondendo o primeiro short velho que eu peguei na caixa de papelão no quarto da Lissa. A St. Vladimir quase nos matava com exercícios e lições de casa logo no segundo dia de aula.

Tenho pena das pessoas que estudaram a vida toda ali. Lissa tinha ido no segundo dia de aula comigo. E me impediu de cair feito uma jaca podre no segundo dia também. E me arrumou mais, ela conseguiu me fazer por um jeans novo. Santa Vasilisa.

Recebi olhares do garoto com os olhos chocolate o tempo todo nesses dois dias. Adrian disse que ele era do time de futebol. O capitão para ser mais exata. E que ele namorava com uma garota... Essa ele me disse o nome, Tasha Ozera.

Eu procurei não me importar com isso, mas o fato de Lissa corresponder os olhares do irmão dela, Cristian Ozera... Estavam me enlouquecendo.

Eles andavam juntos para cima e para baixo. Eddie disse que eles eram amigos e não se desgrudavam.

Será que no banheiro também era assim? – perguntei a mim mesma.

Continuei debruçada no balcão no novo bar. Já tínhamos clientes, mas não tantos. Era hora do almoço e sábado. Mamãe tinha posto uma musica ambiente perfeita e todos que comiam, sorriam e brincavam em suas mesas.

Pareciam bem confortáveis... Até o sininho da porta me fazer sair dos devaneios. Lá estava ele novamente. Os olhos chocolate. Os meus olhos chocolate. Olhos que me encontraram. Senti minhas pernas tremerem e agradeci por estar sentada em uma daquelas banquetas.

Mordi a boca e recebi um risinho irônico de Lissa. Eu ignorei os olhares do garoto e dos seus fiéis escoteiros. Hoje eram apenas dois. Cristian Ozera, suponho. Lissa quase quebrou o copo que limpava do outro lado do balcão quando o viu. Ele também a encarava. E o outro garoto, o louro com um jeito engraçado.

Foi a minha vez de sorrir vitoriosa para Lissa. Ela se ajeitou e eu gargalhei baixinho.

– Oh, por favor, Liss. – murmurei. – Pare de babar. Ele nem é tão bonito assim. – coloquei a azeitona na boca e sorri.

Ela rolou os olhos.

– Acho melhor você ficar quietinha, maninha. – ela sorriu por cima do meu ombro. – O seu garoto maravilha está vindo pra cá.

Eu engasguei com a azeitona e tentei me esconder. Relaxa, Rose. Ele só quer pedir guardanapo ou o cardápio.

– Com licença. – disse. Eu já tinha saltado na banqueta a essa altura, e tentava desesperadamente continuar de costas para ele. Sua voz era rouca... E eu já estava tremula só de ouvi-la.

– Sim? – perguntei. Peguei o pano em cima da bancada e comecei a limpá-la.

– Pode me ver o cardápio? – perguntou.

O cardápio, Rose. Só o cardápio. – pensei.

Virei-me para encará-lo e fingi um sorriso.

Ainda com uma distancia segura dele, me debrucei no balcão e peguei um dos cardápios. Assim que lhe entreguei, ele sorriu. Mas não foi qualquer sorriso. Foi o meu tipo de sorriso. O de tirar o folego de qualquer garota.

– Você é da minha escola não é? – perguntou. Eu demorei alguns segundos para formular a resposta.

– Ah... Sim. – gaguejei. Oh meu Deus... Como uma pessoa conseguia me deixar tão nervosa?

– Oh, prazer... – ele estendeu a mão para mim. – Sou Dimitri Belikov.

– Ah. – murmurei. Seu nome era ainda mais forte quanto à atração que fazia em mim. Eu apertei sua mão e algo diferente me atingiu. Não foi algo que eu já tenha sentido. Foi uma eletricidade boa.

– E o seu é... – começou. Eu demorei a entender, mas logo gargalhei com a minha lerdeza.

– Sou Rosemarie, mas me chamam de Rose.

Ele tirou sua mão da minha ainda de um jeito delicado. Quase bati nele pela falta que aquela eletricidade me fazia, mas preferi me conter.

– Quando decidirem, você pode chamar a Lissa. – falei.

– Não, não podem. – disse Lissa. Eu a encarei. – Estou ocupada. Você que está sem fazer nada, Rose.

– Então, a Rose está sem fazer nada hoje à noite também?

Eu girei minha cabeça abruptamente de Lissa para Dimitri. Algo que dizia que a minha irmã esta totalmente divertida com aquilo tudo.

– A Rose está livre hoje à noite. – respondeu Lissa. Eu fitei-a.

– A Rose está bem aqui. – falei. Dimitri sorriu com o tom confuso da minha voz. – E não está livre. – respondi olhando em seus olhos.

Lissa puxou o cardápio da mão de Dimitri e sorriu.

– Eu levo isso, você cuida dela. – disse. Como se não fosse nada, ela endireitou o avental ainda do outro lado do balcão e debruçando-se nele, pulou.

Mamãe tinha nos ensinado a fazer isso no verão passado. Eu aprendi mais rápido que ela. E sempre éramos alvo de admiração quando fazíamos isso. Principalmente quando estávamos cantando. Ela saiu em direção à mesa do fundo, com o seu melhor sorriso e rebolado.

Eu poderia rir com aquilo, mas estava encrencada com o olhar do garoto na minha frente. Ele tinha um sorriso brincalhão nos lábios e eu estava cada vez mais irritada com isso.

– Vai ficar ai quanto tempo me olhando? – perguntei já irritada. Ele sorriu ainda mais, apoiando um de seus cotovelos no balcão.

– O dia todo, até você sair comigo. – falou.

Eu rolei os olhos. Difícil era eu não acertá-lo com o bloquinho de notas no bolso da frente do avental de flor que Lissa e mamãe tinham comprado.

– Desculpe estragar seus planos de ficar ai o dia todo, nós fechamos às dez.

– Então teria que me fazer sair daqui né? – perguntou. – O que significa que sairia comigo. – disse.

Eu arfei.

Dei-lhe as costas e comecei a recolher os copos de bebida que deixavam no balcão, que era bem extenso, até o final do bar que era grande, e que significava que esse garoto ia ficar me seguindo por um tempo.

Achei algumas notas de cinco e dez como gorjeta, e as coloquei no bolso do avental, eu teria que dá-las para Lissa mais tarde e dividir.

– Ah qual é... – murmurou atrás de mim. – Só uma volta... Prometo.

– Não. Desculpe. – falei. Eu queria dizer sim, mas eu sabia o que essas voltas representavam... Eu queria o momento certo, eu queria as borboletas.

– Rose, você não pode ser uma garota normal e aceitar sair comigo? – perguntou. Eu parei, deixando seu corpo forte e com músculos baterem de encontro com as minhas costas. Senti aquela eletricidade de novo.

– Isso é sério? – perguntei, virando-me. – Está falando que não sou normal?

– Estou falando que quero sair com você. O que é preciso para que você diga sim?

– Você nem me conhece. – rebati. Seus olhos denunciaram concordância, mas ele se manteve firme.

– E se eu quiser conhecer? – perguntou. Ele aproximou seu rosto. Consegui sentir sua respiração. E alguma coisa diferente no meu estomago. Algo que denunciou uma reviravolta.

Tomei todo autocontrole que eu tinha e dei um passo pra trás, remexendo em alguma coisa do outro lado do balcão. Ele pareceu confuso, mas depois que viu uma folha oficio na minha mão, pareceu não dar importância.

– Quer me conhecer? – perguntei irônica. Coloquei a folha oficio no seu peito e sorri. – Preencha uma ficha.

E saí para a cozinha do bar.

Se Dimitri Belikov voltasse a fazer aquelas reviravoltas no meu estomago, eu poderia pensar que eram borboletas, e ai... Eu ia saber que tinha uma possibilidade. A de ser beijada.


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Notas finais do capítulo

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