Nunca Fui Beijada escrita por Larissa Carvalho


Capítulo 22
Contra o Tempo


Notas iniciais do capítulo

Eu amei tudo galera.
Tenho muito a agradecer.
Obrigada pelos comentários e pelo apoio até aqui.
E vamos, que vamos... #nuncafuibeijada2
Beijos e boa leitura



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POV DIMITRI

Continuei ali. Parado.

Olhando para frente como se fosse a última coisa que eu veria.

Como se fosse a última respiração.

Ela tinha ido.

E levou meu coração com ela.

Cristian tinha feito o pedido de Rose. Ele me entregou a carta, mas não como ela havia planejado. Ele me entregou a carta algumas horas depois do baile. Depois do vídeo mal gravado com Jesse.

Nós dois discutindo e mostrando para todos o quão babacas nós éramos. Por incrível que pareça, ninguém esperava isso do rei do baile. Todos me olharam o resto da festa como se eu tivesse cometido um crime. E realmente, eu o tinha cometido. Eu matei a única pessoa que me amou por mim mesmo.

Passei a carta de Rose, por entre meus dedos, observando-a apenas com a luz do dia, exibida em poucos cantos do meu quarto. A cortina branca e fina, estava meio aberta e eu pude achar a abertura da carta e ver as letras com nitidez.

Nem parecia que o baile tinha sido ontem.

A aula e o trabalho, eu me entendia depois. Ivan apresentaria por mim e Rose. Eu não podia encará-la depois de tudo que eu fiz. Mereci cada palavra, e por mais que minha alma estivesse destruída, eu sabia que ela estava certa em se proteger de mim, indo embora.

Olhei para a minha cama ainda bagunçada e me debrucei sobre a minha escrivaninha, agora tentando focalizar as letras e entende-las.

Eu sabia que aquela seria a última lembrança de Rose e eu não queria que fosse.

Querido Dimitri,

Romeu não merecia Julieta.

E Julieta morreu por ele.

E não por motivos idiotas, mas porque ele era pra ter arrancado ela daquele balcão e levado para longe dali, independente de sobrenome ou brigas. Eram pra ter ido embora com seu amor.

Não acredito em merecimento. Se fosse assim, ninguém seria feliz. As pessoas mesmo com seus modos errados de ver a vida, se esquecem da palavra feliz. Por que... Qual é a graça de se apaixonar e pensar?

Não existe amor impossível ou merecimento. Você se apaixona por alguém possível.

A única coisa que existe, é a falta de coragem para apostar todas as fichas. E se perder, qual é o problema?

Na vida há amores longos e curtos. E as pessoas que tem amores longos, são as corajosas o suficiente pra ficar.

Com amor, Rose.

– Vai deixa-la ir embora? – era a voz da minha mãe. Eu respirei fundo olhando para a figura em é na porta.

Salto preto, vestido vermelho tubinho, olhos chocolate e um sorriso raro. Era a minha mãe mandando eu acordar para a realidade. Eu precisava de Rose. Eu a queria como nunca quis ninguém.

Eu sabia que nunca mais amaria uma pessoa como eu a amava agora. E eu não poderia deixar isso escapar pelas minhas mãos assim tão fácil. Na vida há amores longos e curtos. E as pessoas que tem amores longos, são as corajosas o suficiente pra ficar.

– Não. – eu disse, ainda com sua carta na minha mão.

Levantei em um pulo da cadeira e corri feito louco pela porta, esquecendo de pedir licença ou falar qualquer outra coisa. Corri enquanto descia as escadas.

Peguei a chave do carro em uma mesinha de vidro perto da porta e corri com mais velocidade até meu carro. Meu nervosismo me fez ter dificuldade para abrir a porta, porém eu consegui depois de alguns segundos perdidos.

Arranquei com o carro dali, lembrando das palavras de Rose. Não existe amor impossível ou merecimento. Você se apaixona por alguém possível.

Virei o carro com mais velocidade na esquina da casa de Rose e não me importei de parar o carro de qualquer maneira. Sai, deixando a porta aberta e corri para a porta da casa da minha Roza. Parecia tão silencioso que um frio percorreu minha espinha.

Bati algumas vezes, mas o que consegui foi o silencio. Já estava ficando desesperado quando escutei meu nome, com o grito de uma voz fina e velha conhecida.

– Dimitri. – gritou Tasha. Eu virei-me para ela. Ela estava na porta de sua casa.

– O que quer? – perguntei.

– Aeroporto. – gritou. Eu fitei-a de modo confuso. – Ela está no aeroporto. Ela foi embora. – gritou.

Fitei-a assustado.

Assenti e corri para o carro. Depois que sai da rua de Rose, eu só pedia internamente para que ela ainda não estivesse em algum avião. Meu carro parou em um engarrafamento. Eu estava à cinco minutos de Rose e parado no engarrafamento mais demorado da minha vida.

Buzinei, mas não adiantava. Eu continuaria ali por algum tempo. Então eu fiz o que me veio à cabeça. Abri a porta do carro e corri. Corri até o meu destino. Corri entre os carros buzinando até Rose. Torci para ela estivesse lá, que me escutasse, que aceitasse o meu perdão e a minha mentira.

Corri como nunca atrás da mulher que eu amava. Respirei fundo quando a porta do aeroporto abriu e quando aquele ar condicionado fez um efeito imediato na melhoria da minha respiração.

Corri até uma garota loira no outro lado do balcão e respirei fundo antes de continuar a falar. Fitei-a e tentei parecer menos desesperado.

– Bom dia. – comecei. A moça fixou seus olhos azuis em mim e sorriu. – Poderia me dizer qual é o próximo voo?

Ela assentiu e conferiu em seu computador de modo lento. Eu queria apressá-la, mas ela poderia não me ajudar se eu o fizesse, então preferi arriscar.

– Para Nova York, senhor.

– Aonde fica, o portão de embarque? Aonde fica? – perguntei, começando a ficar histérico.

– Siga reto e vire à sua esquerda senhor. – falou.

– Obrigada. – disse. Mas não sei se ela escutou, pois eu já estava correndo.

Corri e esbarrei nas pessoas, mas não tive tempo de pedir desculpas. A única coisa que existe, é a falta de coragem para apostar todas as fichas. E se perder, qual é o problema? As palavras de Rose me torturavam a cada passo que eu dava. Corri ainda mais pelo aeroporto e virei aonde a moça tinha falado. Consegui identificar os cabelos ruivos de Janine e minha boca se abriu.

– Rose? – gritei. Ela tinha que estar naquele pequeno círculo.

Ainda distante e correndo, eu continuei gritando. Eu só conseguia continuar pensando em seu rosto, em sua risada, em seu jeito de comer, em seu jeito de cantar, em seu modo de ver a vida... Na sua boca.

Eu só pensava nela.

Os olhares ali foram direcionados para mim e eu comecei a parar de correr, quando me dei conta de que ela não estava mais ali. Janine me olhou com pena... Assim como Adrian e Sydney. Eu enfim parei, à uma boa distância deles. Revendo tudo isso.

Eu tinha um carro parado no meio de um engarrafamento, eu tinha a mulher da minha vida em um avião para Nova York, eu tinha uma proposta de faculdade para Princeton, eu tinha uma mãe com uma empresa que precisava de mim e por fim eu estava ali. Parado. Como homem... O homem que nunca fui.

Não acredito em merecimento. Se fosse assim, ninguém seria feliz. As pessoas mesmo com seus modos errados de ver a vida, se esquecem da palavra feliz. Por que... Qual é a graça de se apaixonar e pensar?


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Notas finais do capítulo

Bom, fiquem ligadinhos no meu perfil que até segunda feira eu dou inicio à parte dois dessa história galeraa!
Beiiijooocaaas